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Editorial

21 de Junho de 1974


Fonte: Jornal Combate, nº 1, Diretor Interino: M. Fernanda Dias.
Transcrição: Manoel Nascimento. Fevereiro 2008.
HTML:
Fernando A. S. Araújo, Fevereiro 2008.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

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Este jornal nasce e viverá segundo a evolução das lutas das massas trabalhadoras. Em todos os campos em que a luta de classes se manifeste, nos locais de produção (fábrica e campo) nos quartéis, nos bairros, nas colectividades de recreio e cultura, nas lutas dos presos comuns e em todas as lutas das minorias contra a opressão — este jornal procurará estar presente.

O nosso objectivo é o de dar a conhecer e unificar as diferentes lutas dos trabalhadores e de todos os oprimidos. Desenvolveremos para isso dois grandes tipos de trabalho: por um lado, o reforço deste jornal, por outro, fomentar o trabalho de organização de reuniões de massas entre trabalhadores inseridos em lutas diferentes. O trabalho conjunto do jornal e de reuniões de massas contribuirá para acelerar a fusão das lutas doa trabalhadores e a união de todos os explorados.
Sublinhamos que este jornal não é nem pretende ser o órgão de nenhum partido, mas está e continuará aberto, sem qualquer sectarismo, ao trabalho de todos os progressistas e revolucionários, com ou sem partido, que aceitem a nossa plataforma de unidade prática expressa nos 9 pontos do nosso Manifesto.

Os textos deste jornal serão, em principio, de três tipos:

a) Aprofundamento dos pontos do Manifesto, como resultado de reuniões de massas entre lutas particulares diferentes.

b) Artigos sobre lutas particulares resultantes de reuniões a diversos niveis com os trabalhadores participantes nessas lutas.

c) Textos informativos resultantes de reuniões com os correspondentes do jornal.

Os redactores do jornal, integrados no seu colectivo de redacção, serão a caneta das massas trabalhadoras e das suas vanguardas em luta. com o objectivo de se inserirem nas lutas como o peixe na água.

Os colaboradores deste jornal terão um papel activo:

— no fomentar de contactos que conduzam a reuniões de massas inseridas em processos de lutas particulares,

— na materialização e organização do jornai e na sua distribuição junto das massas populares,

— na organização de reuniões de informação e de inquérito por intermédio de discussão.

As lutas das massas trabalhadoras contra a exploração e contra a opressão são a razão de ser deste jornal. Só para as lutas dos trabalhadores e de todos os oprimidos este jornal existe.


Nota:

(1) O jornal Combate foi publicado em Portugal, no âmbito das inúmeras iniciativas políticas e populares que se seguiram ao derrube do fascismo em 25 de Abril de 1974 e que durante um ano e meio transformaram o que começara por ser um golpe militar num ensaio de profunda reorganização social. Apesar dos obstáculos ao desenvolvimento das lutas, e quaisquer que fossem os rumos seguidos, em todos os casos os trabalhadores conseguiram alcançar o poder suficiente para abrir as portas das empresas e para permitir que o movimento político mais amplo minasse a disciplina patronal. Foi nestas condições que o jornal Combate surgiu e pôde subsistir. E o fim desta situação ditou o fim do jornal. A colecção do Combate constitui um repertório indispensável para quem se interesse pelas lutas sociais em Portugal em 1974-1978 ou, mais amplamente, pelo movimento da classe trabalhadora contra todas as formas de capitalismo, tanto privado como de Estado.
O primeiro número do Combate, junto com o Manifesto inaugural, data de 21 de Junho de 1974, e o último, nº 51, data de Fevereiro de 1978. Os primeiros dez números do Combate tiveram uma periodicidade semanal e beneficiaram de uma distribuição muito ampla. Do nº 11 (22 de Novembro de 1974) até ao nº 47 (22 de Outubro de 1976) a periodicidade foi praticamente quinzenal, com algumas lacunas. O contragolpe de Novembro de 1975, destinado a estabelecer uma democracia representativa assente numa constituição, deu lugar a uma orientação política que dificultou as ocupações, e os últimos quatro números, desde o nº 48 (Fevereiro de 1977) até ao nº 51 (Fevereiro de 1978), foram cada vez mais difíceis de organizar e por isso saíram com uma periodicidade irregular.
(fonte: http://jornalcombate.blogspot.com)

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