Trinta Anos de Luta do Partido

Ho Chi Minh

1960


Fonte: Ho Chi Minh. Escritos II (1954-1969), p. 51-68. Edições Maria da Fonte, 1976.
Transcrição: Igor N. Dias
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Fernando A. S. Araújo.

O nosso Partido festeja este ano o seu trigésimo aniversário. Durante estes trinta anos, ele suportou a prova de lutas heroícas e conquistou brilhantes vitórias. Por ocasião deste aniversário, queremos deitar um olhar retrospectivo sobre o caminho percorrido, a fim de recolher daí ensinamentos preciosos e determinar corretamente as tarefas revolucionárias que se colocam na hora atual e no futuro próximo, para marchar rumo a maiores e mais brilhantes vitórias.

Da mesma forma que as grandes modificações surgidas no nosso país são inseparáveis da evolução geral do mundo, o crescimento do nosso Partido está intimamente ligado ao dos partidos irmãos.

A vitória da grande Revolução de Outubro na Rússia, ao destruir uma parte importante das forças do capitalismo abrira o caminho da libertação à classe operária e aos povos oprimidos do mundo inteiro. Em 1919, sob a direção de V. Lenine, os verdadeiros revolucionários de todos os países fundavam a III Internacional e, desde então, foram criados partidos comunistas em numerosos países. No início, é graças à ajuda direta do Partido Comunista Chinês e do Partido Comunista Francês que o marxismo-leninismo e a influência da Revolução de Outubro rasgaram a cortina de ferro do colonialismo francês para atingir o Vietname.

A partir de 1924, assistiu-se ao crescimento do movimento revolucionário no Vietname, os nossos operários levaram a cabo uma série de ações sucessivas e passavam rapidamente das lutas econômicas às lutas políticas.

A aliança do marxismo-leninismo com o movimento operário e o movimento patriótico devia conduzir à criação do Partido Comunista Indochinês no início do ano de 1930 (a partir de Março de 1951 – Partido dos Trabalhadores do Vietname – N. d. T.).

Este acontecimento marcou uma viragem duma extrema importância na história da revolução do nosso país.

Ele provou que a nossa classe operária tinha crescido e era capaz de tomar nas suas mãos a direção da revolução.

Em linhas gerais, a história do nosso Partido passou por vários períodos:

No início, durante quase quinze anos, o nosso Partido teve de trabalhar na clandestinidade. A todo o instante, ele tinha de fazer frente à selvagem repressão do colonialismo francês. As prisões de Poulo Condore, de Lao Bao, de Son La e tantas outras prisões abarrotavam de comunistas. Um grande número de dirigentes e de militantes sacrificaram heroicamente a sua vida. Nós tínhamos contudo uma confiança inabalável na vitória final do Partido e da revolução, e as nossas fileiras engrossavam e reforçavam-se incessantemente.

Desde os primeiros dias da sua existência, o Partido ergueu a bandeira da revolução nacional democrática e tomou a direção do movimento de libertação nacional. Nessa época, a classe feudal tinha capitulado perante o imperialismo; a burguesia, estando fraca, não esperava mais nada do que um entendimento com o imperialismo para encontrar uma saída que lhe permitisse sobreviver. As camadas pequeno-burguesas apesar da sua efervescência estavam encurraladas no impasse. Só a classe operária, a mais heroíca e a mais revolucionária de todas, resistia sempre ferozmente aos imperialistas colonialistas. Armada com a teoria revolucionária de vanguarda e com as experiências do movimento proletário internacional, ela mostrava-se o dirigente mais capaz e mais digno da confiança do povo do Vietname.

No espírito do marxismo-leninismo do qual estava impregnado, o Partido avançou uma linha revolucionária justa. Já no seu programa sobre a revolução democrática burguesa elaborado em 1930, ele definiu claramente os seus objetivos anti-imperialistas e antifeudais, para a realização da independência nacional e da palavra de ordem "a terra aos camponeses". Este programa respondia perfeitamente às profundas aspirações dos camponeses que formam a grande maioria do nosso povo.

O partido pôde assim realizar a união das grandes forças revolucionárias em torno da classe operária, ao passo que os partidos das outras classes faliram ou ficaram isolados. O papel da direção do nosso Partido – o Partido da classe operária – não cessava de confirmar-se e alargar-se.

No dia imediato à sua fundação, ele organizava e dirigia um movimento de massas duma amplitude sem precedentes no nosso país, o movimento dos sovietes do Nghe-Tinh em 1930. As massas operárias e camponesas das duas províncias do Nghe An e do Ha Tinh sublevavam-se, derrubavam a dominação imperialista e feudal, estabeleciam o poder soviético dos operários, dos camponeses e dos soldados e proclamavam as liberdades democráticas para o povo trabalhador.

Ainda que mergulhado num mar de sangue pelo imperialismo, o movimento dos sovietes do Nghe-Tinh testemunhou o heroísmo e o poder revolucionário das massas trabalhadoras do Vietname. Apesar da sua derrota, ele não deixava de temperar as forças que deviam triunfar por sua vez na Revolução de Agosto.

Quando, em 1936, o perigo fascista e a ameaça duma guerra mundial se precisaram, o nosso Partido aliando-se à Frente Democrática Antifascista Mundial e à Frente Popular Francesa, desencadeou um amplo movimento de massas pela Frente democrática contra o fascismo e a reação colonialista na Indochina. Ele dirigiu a ação reivindicativa das massas populares pelas liberdades democráticas e o melhoramento das condições de vida. Este movimento englobou milhões de pessoas e elevou a sua consciência política. O prestígio do Partido estendeu-se e reforçou-se entre as massas trabalhadoras.

Pouco depois do rebentar da Segunda Guerra Mundial, os imperialistas japoneses invadiam o Vietname e reuniam-se com os colonialistas franceses, para estabelecerem a sua dominação sobre o nosso país. O Partido soube modificar a tempo a sua ação. Ele fundou a Liga Viet Minh e as organizações de massas para a salvação nacional (1941) para unir estreitamente todas as forças patrióticas num único bloco contra o fascismo e o colonialismo. Ele adiou provisoriamente a palavra de ordem da revolução agrária, limitando-se a preconizar a diminuição das taxas de arrendamento e de juro e a confiscação das terras dos imperialistas e dos traidores para as entregar aos camponeses. Fazendo isto, ele procurava reunir todas as forças na luta contra os imperialistas e os lacaios, ganhar elementos patriotas entre os latifundiários, alargar a frente nacional para a salvação da pátria.

Esta justa política do Partido provocou um recrudescimento do movimento revolucionário. Criaram-se bases de resistência. Fundaram-se os primeiros destacamentos do exército de libertação do Vietname. Em coordenação com a guerra dos povos do mundo contra o fascismo, o Partido desencadeava a guerrilha contra os japoneses.

Criaram-se assim as condições que permitiram ao Partido, no momento em que o glorioso Exército Vermelho soviético esmagou o fascismo, desencadear por altura de Agosto de 1945 a insurreição geral para a tomada do poder.

A Revolução de Agosto triunfava. Tinha nascido a República Democrática do Vietname.

Fundado a partir de alguns núcleos de militantes, forjado e temperado em lutas extremamente duras, o Partido não possuia ainda em 1945 senão cerca de 5000 aderentes (dos quais um certo número se encontrava sempre nas prisões imperialistas). No entanto ele tinha podido realizar com estes efetivos muito limitados a união de todo o povo e tomar a direção da insurreição nacional e conduzi-la à vitória.

Esta grande vitória do povo vietnamita é igualmente a primeira vitória do marxismo-leninismo num país colonizado.

Quase a seguir à vitória da Revolução de Agosto, o governo francês traiu os acordos que tinha assinado conosco e desencadeou a guerra de agressão.

Nessa época, o nosso país encontrava-se a contas com enormes dificuldades. O nosso povo não estava ainda plenamente recomposto da terrível fome provocada pelo imperialismo francês e pelo fascismo japonês. O inimigo dispunha largamente de forças armadas modernas, de terra, de mar e de ar, enquanto que nós tínhamos apenas alguns regimentos de infantaria recentemente organizados, sem grande experiência e com falta de tudo. A despeito destas extremas dificuldades, o Partido decidiu resistir resolutamente, preocupando-se ao mesmo tempo em dirigir a luta patriótica e em consolidar as forças populares.

No início da resistência, o Partido prosseguiu a execução do seu programa pela diminuição das taxas de arrendamento e de juro usuário. Contudo, desde que a resistência ganhou amplitude, fez-se sentir a necessidade de consolidar ainda mais as forças populares, principalmente o campesinato; o nosso Partido empreendeu então resolutamente a mobilização da população pela reforma agrária, a fim de realizar inteiramente a palavra de ordem: "a terra aos camponeses". Esta justa política provocou um novo impulso das forças da resistência que avançaram, sucessivamente de vitória em vitória.

Durante aproximadamente oitenta anos, o nosso povo tinha sido oprimido e explorado até à última gota de sangue pelos colonialistas franceses. O nosso exército, formado originalmente por pequenas seções das quais várias não dispunham senão de setas de bambu, forjara-se nas provações de 9 anos de resistência. O nosso povo soldara-se num bloco de aço inquebrantável. As nossas formações de guerrilha, e as nossas milícias populares transformaram-se em tropas de heróis, resolutas no combate, determinadas a vencer.

Foi esta sólida coesão, este heroísmo, este espírito de sacrifício de todo o exército e de todo o nosso povo, que estiveram na origem da grande vitória de Dien Bien Phu em Maio de 1954. As forças armadas do imperialismo francês incapazes de se reerguerem tiveram de aceitar o armistício. Os acordos assinados em Genebra restabeleciam a paz com base no reconhecimento da independência, da soberania e da integridade territorial de todos os povos indochineses.

Pela primeira vez na história, um pequeno país colonizado triunfava sobre uma grande potência colonialista. Esta gloriosa vitória não era apenas a vitória do nosso povo, mas também a das forças da paz, da democracia e do socialismo do mundo inteiro.

Uma vez mais, o marxismo-leninismo tinha iluminado a via da classe operária e do povo vietnamita e conduzira-os à vitória na sua resistência pela salvação da pátria e pela salvaguarda das realizações da revolução.

Desde o restabelecimento da paz, o Vietname encontra-se face a uma nova situação, estando o país provisoriamente dividido em duas zonas. O Norte, inteiramente liberto, edifica o socialismo, enquanto que os imperialistas americanos e seus lacaios mantém a sua dominação no Sul. Eles procuram transformá-lo numa colônia e numa base militar americana com vista a provocar uma nova guerra, e entregam-se a uma repressão de uma sangrenta selvageria contra os patriotas. Eles violam cinicamente os Acordos de Genebra e opõem uma recusa sistemática à conferência consultiva para a discussão das eleições gerais livres e da reunificação pacífica do país. Eles são os inimigos mais ferozes de todo o nosso povo.

Como consequência desta situação, a revolução vietnamita deve atualmente levar por diante duas tarefas:

  1. Edificar o socialismo no Vietname do Norte.
  2. Completar a revolução nacional democrática no Sul.

Estas duas tarefas visam ambas o mesmo objetivo: a consolidação da paz, a reunificação do país com base na independência e na democracia.

Na resolução da XV sessão, o Comitê Central do nosso Partido definiu nestes termos as tarefas comuns a todo o país:

"Reforçar a união nacional, lutar energicamente pela reunificação da pátria com base na independência e na democracia, concluir a revolução nacional democrática em todo o país, consolidar custe o que custar o Norte e fazê-lo avançar rumo ao socialismo; edificar um Vietname pacífico, reunificado, independente, democrático e próspero; contribuir ativamente para a salvaguarda da paz na Indochina, no Sudeste Asiático e no mundo".

O Vietname do Norte deve absolutamente marchar em direção ao socialismo. E a característica mais importante deste período de transição no Vietname é precisamente esta passagem direta ao socialismo dum país agrícola atrasado, sem atravessar a etapa capitalista.

Os imperialistas franceses legaram-nos uma economia das mais miseráveis. A pequena produção representa a maior parte duma agricultura excessivamente atrasada. A indústria é insignificante. A agricultura e a indústria ficaram gravemente devastadas por quinze anos de guerra. E mais ainda os colonialistas franceses juntaram-lhe ainda os malefícios da sabotagem econômica quando deviam evacuar o Vietname do Norte.

Nestas circunstâncias, a nossa tarefa mais importante é edificar a base material e técnica do socialismo, fazer avançar progressivamente o Vietname do Norte, dotá-lo de uma indústria e duma agricultura modernas, dar-lhe uma base cultural e científica de vanguarda. Nesta revolução socialista em que temos de transformar a velha economia e construir uma nova, o trabalho de edificação é tarefa essencial e a longo prazo.

De 1955 a 1957, tínhamos como tarefa principal a restauração econômica em que estávamos essencialmente empenhados em restaurar a agricultura e as bases industriais para curar as feridas da guerra, estabilizar a economia e começar a melhorar as condições de vida do povo.

Graças aos esforços conjugados de todo o Partido e de todo o povo, graças à ajuda fraternal do campo socialista, cerca do final de 1957 esta tarefa estava no essencial realizada com sucesso. O nível da produção industrial e agrícola atingiu aproximadamente o de 1939. Os resultados eram particularmente brilhantes para as culturas alimentares: o Vietname do Norte que não produzia senão 2,5 milhões de toneladas de paddy em 1939, produzia mais de 4 milhões em 1956.

No decurso deste período, as relações de produção sofreram importantes modificações, novas relações de produção substituiram progressivamente as antigas. A reforma agrária que se acabava de completar abolia definitivamente o regime de propriedade feudal e libertava as forças de produção no campo; uma dúzia de milhões de camponeses viam realizar o seu sonho: a divisão das terras. O monopólio econômico dos capitalistas estava liquidado. O nosso Estado tomava nas mãos todas as alavancas econômicas, edificava uma economia de Estado de caráter socialista e assegurava a direção de toda a economia nacional. Graças à ajuda generosa e desinteressada dos países irmãos, em primeiro lugar da União Soviética e da China, restaurávamos 29 empresas industriais antigas e edificávamos 55 novas.

Em numerosas regiões, os camponeses organizaram-se em grupos de ajuda mútua contendo os embriões do socialismo. Foram criadas cooperativas agrícolas a título de experiência. Numerosos artesãos aderiram a grupos de produção.

A indústria e o comércio capitalistas privados começavam a empenhar-se na via do capitalismo de Estado sob formas inferiores e médias: encomendas executadas para o Estado, fornecendo este as matérias-primas, organização de retalhistas privados em depositários dos armazéns de Estado, etc.

Tendo sido concluída com sucesso a restauração econômica, o Partido dirige atualmente a realização do plano trienal (1958-1960). Este apoia-se na transformação socialista da agricultura, do artesanato, da indústria e do comércio capitalistas privados, sendo o elo principal a transformação socialista, e o desenvolvimento da agricultura. É necessário transformar e desenvolver a agricultura para criar as condições da industrialização do país. O desenvolvimento da indústria e das nossas exportações só é possível com base numa agricultura socialista e próspera.

No plano trienal, a transformação socialista constitui o problema chave. E nós concentramos os nossos esforços na conclusão das reformas, precisamente para criar as condições favoráveis a uma rápida edificação do socialismo.

A linha do Partido para a transformação socialista da agricultura visa fazer passar pouco a pouco os camponeses individuais a grupos de ajuda mútua portadores de embriões do socialismo, a cooperativas agrícolas de tipo inferior (semi-socialistas), seguidamente a cooperativas agrícolas de tipo superior (socialistas).

Nos nossos campos, uma população muito densa vive em superfícies de terra restritas; as técnicas agrícolas são ainda antiquadas e a produtividade continua a um nível muito baixo. O simples fato de se reagrupar, de melhorar os métodos de cultura e de gestão assegura desde já uma produtividade mais elevada à das explorações individuais. Foi o que os nossos camponeses compreenderam. Eles têm, por outro lado, tradições revolucionárias, uma profunda confiança no Partido e estão prontos a responder aos seus apelos. Eles também aderem com entusiasmo aos grupos de ajuda mútua e às cooperativas agrícolas empenhando-se na via do socialismo. Na hora atual, já mais de 40% de famílias camponesas entraram para as cooperativas.

A consolidação das relações de produção socialistas provocará necessariamente um bom desenvolvimento da agricultura. Este facilitará o crescimento da indústria. E por seu turno, este crescimento da indústria fornecerá à agricultura os meios hidráulicos, os adubos, os novos instrumentos agrícolas, a energia elétrica e as máquinas agrícolas de que ela necessita.

A transformação socialista pacífica da burguesia nacional é uma outra tarefa de primeira necessidade. No plano econômico, nós não confiscamos os seus meios de produção, mas aplicamos uma política de remissão. No plano político, continuamos a conceder-lhes direitos razoáveis e o lugar que ela ocupa no seio da Frente da Pátria.

Devido ao caráter colonial do nosso país, a nossa burguesia nacional constituiu sempre uma classe pouco importante, travada no seu desenvolvimento pelos colonialistas e pelos feudais que a impediam de erguer a cabeça. É por isso que um grande número dos seus membros se juntaram ao povo na luta anti-imperialista e antifeudal e participaram na guerra patriótica. Este é o seu aspecto positivo. Todavia, devido ao seu caráter de classe, eles não querem, abandonar a exploração e nutrem a esperança de poderem continuar a desenvolver-se na via do capitalismo. Mas no quadro da marcha do Vietname do Norte para o socialismo, tais aspirações não poderiam de forma nenhuma realizar-se. Eles apercebem-se de que devem aceitar as reformas socialistas, porque não podem fixar-se fora da grande família vietnamita. E na sua grande maioria, eles compreenderam bem a necessidade de aceitarem sinceramente esta transformação socialista. Eles aperceberam-se de que este é, para eles, o único caminho de honra de de futuro.

No domínio da cultura e da educação, alcançamos igualmente grandes sucessos. Sob a dominação francesa, mais de 95% da população vietnamita não sabia ler nem escrever. Hoje, no Norte, o analfabetismo encontra-se no essencial aniquilado.

Eis alguns números sobre os efetivos escolares:

 

1939
(Toda a Indochina)
1959-1960
(Só o Vietname do Norte)
Universidades 582 7.518
Escolas técnicas 438 18.100
Escolas de ensino geral 540.000 1.522.200

E alguns dados estatísticos respeitantes ao serviço sanitário:

 

1939
(Vietname do Norte e do Centro)
1959
(Só o Vietname do Norte)
Hospitais 54 138
Dispensários de aldeias 138 1.500
Médicos 86 292
Enfermeiros 968 6.020
Quadros sanitários nas aldeias - 169.000

Para falar simples e sumariamente, pode-se dizer que o socialismo visa antes de tudo libertar o povo trabalhador do flagelo da miséria, dar trabalho a toda a gente, colocar cada um ao abrigo das necessidades e proporcionar-lhe o bem-estar e a felicidade. Todo o Partido e todo o povo devem contribuir para o aumento da produção, para a prática de economias e para a aplicação em todas as suas atividades da palavra de ordem: produzir a um ritmo rápido assegurando a qualidade e baixando o preço de revenda.

Com base nos sucessos alcançados até aqui, devemos empreender uma séria preparação para iniciar os planos ulteriores a longo prazo.

Por que é que alcançamos estes sucessos?

1. Porque o nosso Partido, sempre firme na sua posição de classe proletária, sempre fiel aos interesses da sua classe e do povo, soube adaptar o marxismo-leninismo às realidades do nosso país e avançar programas políticos justos. O nosso Partido dirigiu uma luta incenssante contra as tendências reformistas da burguesia e o aventureirismo político das camadas pequeno-burguesas no movimento nacional, contra a fraseologia "esquerdista" dos trotskistas no movimento operário, contra as tendências de direita e de esquerda no seio do Partido, tanto na determinação como na execução da estratégia e da tática revolucionária nas diferentes etapas. O marxismo-leninismo ajudou-nos a superar estas provas. Foi ele que permitiu ao nosso Partido tomar não só a direção do movimento revolucionário em todo o país, mas ainda mantê-la solidamente nas mãos em todos os domínios e arrasar todas as manobras da burguesia que procurava disputar-nos a direção.

2. Graças ao marxismo-leninismo, o nosso Partido pôde compreender que nas condições dum país agrícola atrasado como o nosso, a questão nacional é no fundo, a questão camponesa, a revolução nacional é essencialmente uma revolução de camponeses sob a direção da classe operária, e o poder popular é essencialmente um poder operário e camponês. É por isso que em cada fase da sua história, o nosso Partido aprendeu e resolveu corretamente o problema camponês e consolidou a aliança dos operários e dos camponeses. Ele lutou com tenacidade contra os desvios de direita e de esquerda que subestimam o papel dos camponeses na revolução, ignoram que eles constituem o grosso das forças da revolução, que eles são o aliado principal e o mais digno da confiança da classe operária, a força fundamental que deve construir o socialismo de acordo com a classe operária. Estes desvios não compreendem que a aliança dos operários e dos camponeses é a própria base da Frente Nacional e do poder popular. A experiência adquirida pelo nosso Partido na sua ação revolucionária mostrou-nos que cada vez que os nossos quadros davam uma justa solução às aspirações mais ardentes dos camponeses e aplicavam devidamente o princípio da aliança dos operários e dos camponeses, a revolução dava um rápido salto em frente.

3. O nosso Partido soube reunir todas as forças patrióticas e progressistas no seio da Frente Nacional e realizar a união nacional na luta anti-imperialista e antifeudal. Sendo os operários e os camponeses, a força essencial do bloco de união nacional, a sua aliança é a base sobre a qual assenta a Frente Nacional. Na formação, na consolidação e no desenvolvimento da Frente Nacional, o nosso Partido combateu sempre o sectarismo, o isolacionismo assim como as tendências para a união sem princípios no seio da Frente. Trinta anos de experiência no trabalho de união nacional provaram ao nosso Partido que é necessário lutar contra estes desvios para assegurar o seu papel dirigente na Frente Nacional e para consolidar a base operária e camponesa, que permitiu à Frente Nacional alargar-se e consolidar-se.

4. O nosso Partido cresceu na conjuntura internacional favorável criada pela grande vitória da Revolução socialista russa de Outubro. Os sucessos do nosso Partido e do nosso povo não se podem dissociar do apoio fraternal da União Soviética, da China Popular e do campo socialista, do movimento comunista e operário internacional, do movimento de paz e de libertação nacional do mundo inteiro. Se o nosso Partido pôde ultrapassar todas as dificuldades, conduzir a nossa classe operária e o nosso povo aos gloriosos sucessos de hoje, é precisamente porque ele sabe ligar o movimento revolucionário do nosso país ao movimento revolucionário da classe operária mundial e dos povos oprimidos.

Nós estamos sinceramente reconhecidos ao Partido Comunista da União Soviética e ao Partido Comunista Chinês que ajudaram o nosso Partido a forjar-se num partido da classe operária de tipo novo.

Guardamos sempre na memória os grandes serviços que o Partido Comunista da União Soviética, o Partido Comunista Chinês e o Partido Comunista Francês prestaram generosamente ao nosso Partido e ao nosso povo durante a luta revolucionária.

De hoje em diante, no caminho que conduz a novos sucessos, na edificação do socialismo no Vietname do Norte e na luta pela reunificação da pátria o nosso Partido aplicar-se-á ativamente a desenvolver a solidariedade internacional da classe operária. Ele contribuirá ativamente para fortalecer o poderio do campo socialista com a União Soviética à cabeça, fará o máximo de esforços para inculcar profundamente no nosso povo o sentido do internacionalismo socialista estreitamente ligado com o verdadeiro patriotismo; ele reforçará os estreitos laços já existentes entre o movimento revolucionário no nosso país e o movimento dos trabalhadores e dos povos oprimidos do mundo inteiro em luta pela paz, pela democracia, pela independência nacional e pelo socialismo.

Durante os três últimos decênios, sobrevieram no mundo modificações extremamente importantes. O mesmo aconteceu no nosso Partido e no nosso povo.

Há trinta anos, o nosso povo viva sob a mais dura dominação colonialista. O nosso Partido que acabava de ser fundado era heróico, mas ainda fraco. A URSS, então único país socialista, estava submetido ao cerco imperialista.

O Partido Comunista Chinês e o Exército Vermelho chinês foram objeto de ataques raivosos da parte dos nacionalistas reacionários. Os outros partidos irmãos estavam ainda no seu começo.

O imperialismo punha e dispunha de 5/6 da terra e estava comprometido na via do fascismo.

Rapidamente, nessa época, a maior parte da humanidade sufocava sob a odiosa opressão capitalista. A situação internacional mudou então completamente e hoje ela é rica em perspectivas. A URSS, uma das maiores potências do mundo, está em vias de edificar o comunismo; tornou-se ao mesmo tempo a cidadela inabalável da paz mundial. O socialismo é agora um sistema mundial, imenso e forte, estendendo-se da Europa até à Ásia, englobando mais de um bilhão de habitantes. Atualmente existem no mundo 85 partidos comunistas e operários com um efetivo de 35 milhões de combatentes resolvidos a lutar pela paz, pelo socialismo e pelo comunismo.

Numerosas colônias tornaram-se Estados independêntes. O movimento de libertação nacional rompe impetuosamente por todo o lado: na Ásia, na África e na América Latina. O imperialismo afunda-se cada vez mais.

O Vietname do Norte está inteiramente liberto e a RDVN está orgulhosa de pertencer à grande família socialista, tendo à cabeça a União Soviética. O nosso Partido, com centenas de milhares de membros, organiza e dirige o nosso povo na edificação do socialismo no Norte e na luta pela reunificação do país. O nosso Partido está na frente da luta revolucionária de todo o nosso povo . Erguendo bem alto o estandarte do patriotismo e do socialismo, ele dirige resolutamente o nosso povo na luta pela edificação dum Vietname pacífico, reunificado, independente, democrático e próspero, contribuindo para a salvaguarda da paz no Sudeste Asiático e no mundo.

Para levar a bom termo esta tarefa tão pesada como gloriosa, é dever do nosso Partido realizar os seguintes objetivos:

  1. Reforçar-se no plano ideológico e aperfeiçoar a sua organização. Deve alargar as suas organizações nas massas duma forma segura e o mais amplamente possível, principalmente nas massas operárias, para reforçar o elemento proletário no seu seio.
  2. Todos os militantes devem esforçar-se por estudar o marxismo-leninismo, reforçar o seu espírito de classe proletária e assimilar bem as leis do desenvolvimento da revolução vietnamita. Eles devem mostrar-se à altura das exigências da moral revolucionária, lutar energicamente contra o individualismo, reforçar neles o senso coletivista proletário, mostrar-se laborioso e poupado para a edificação da pátria, ligar-se estreitamente às massas trabalhadoras, entregar-se sem reserva aos interesses superiores da revolução e da pátria.

A edificação do socialismo no Vietname do Norte exige do nosso Partido que ele possua a ciência e a técnica e, por conseguinte, que os seus membros façam todos os esforços para elevar o seu nível cultural, científico e técnico.

O nosso Partido deve reforçar a sua direção em todos os domínios:

É sob a bandeira do marxismo-leninismo que o nosso Partido, heróico exército invencível e seguro do nosso povo, cerra ainda mais estreitamente as suas fileiras. Ele avança corajosamente na condução dos trabalhadores do nosso país a novos sucessos na luta pela edificação do socialismo do Vietname do Norte e pela reunificação da nossa pátria.

Viva o Partido dos Trabalhadores do Vietname!
Viva o Vietname pacífico, reunificado, independente, democrático e próspero!
Viva o socialismo!
Viva a paz mundial!


Inclusão 06/04/2015