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Fonte: trecho do pronunciamento realizado na plenária final do 10º Congresso.
Transcrição: Diego Grossi Pacheco
HTML: Fernando A. S. Araújo,
Janeiro 2008.
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Camaradas, temos um partido combativo, que não é fechado; um partido — em certo sentido — alegre porque luta por ideais elevados, com a certeza de que eles podem ser conquistados. Por isso me alegra na realização deste 10º Congresso, sobretudo o entusiasmo e a numerosa participação de delegados de quase todo o Brasil. E todos aqui se reúnem para discutir com seriedade o futuro da nossa organização.
Não tenho dúvidas sobre o nosso futuro, pois nosso Partido está vivendo um momento, como acentuou aqui o companheiro Renato Rabelo, de expansão — está vivendo um momento de crescimento organizado. O nosso Partido vive uma situação de real importância para os destinos do nosso país.
Saímos, nestes oitenta anos de luta, daqueles períodos duros em que o Partido não passava de uma força — sem dúvida — combativa e cheia de heroísmo, porém fechada e com dificuldades para se relacionar e se impor na sociedade brasileira como uma organização respeitável e digna de ser ouvida e seguida pelos brasileiros.
Por isso, companheiros, devo dizer que este Congresso assinala um ponto de viragem para o nosso Partido. Estou certo de que nas próximas eleições vai ficar definido melhor ainda como o PCdoB vai conquistando posições sólidas na sociedade brasileira — um partido que se impõe pela defesa não somente dos ideais grandiosos, como é a conquista do socialismo, mas sobretudo por saber dar soluções aos problemas cruciais que se colocam a cada momento na vida do nosso país.
Companheiros, dirijo este Partido — como principal dirigente, digamos assim — desde 1962. Claro que não era somente eu, pois se tratava de uma direção coletiva de companheiros abnegados, de quem não posso falar sem lembrar com saudades e com respeito pela sua combatividade — companheiros como Maurício Grabois, Pedro Pomar, Lincoln Oest, Carlos Danielli, Ângelo Arroyo, Luis Guilhardini e outros tantos que estiveram presentes na direção deste Partido e que pagaram alto preço pela coragem de desafiar um regime de traição e brutalidade em nosso país, para defender os interesses do nosso povo. Esses companheiros foram todos assassinados pela repressão e morreram com honra no seu posto de luta. Portanto, camaradas, devo dizer que dirijo este Partido desde 1962, com a sua reorganização, e assumindo maiores responsabilidades ainda com a morte dos principais dirigentes daquela época.
Agora vou fazer — em abril de 2002 — 67 anos de militância no PCdoB; e militância ininterrupta. Jamais interrompi a minha militância em nenhum momento. Fui sempre um combatente esforçado para realizar as tarefas do nosso Partido. Quero colocar diante de vocês uma questão, que é uma questão também de princípios. Devo dizer que dentro de duas semanas (em 1º de janeiro) completo 90 anos de idade; por isso peço aos camaradas que me dispensem da função de principal dirigente do Partido — quer dizer, de presidente nacional do Partido Comunista do Brasil. No nosso Partido não há cargos vitalícios e eu tampouco, com isso, estou pedindo aposentadoria. Quero morrer, companheiros, na minha banca de trabalho, continuando a lutar pelos ideais que procurei defender durante a vida. Mas penso que não tenho mais condições de poder dirigi-lo como principal posição de direção. E, por isso, companheiros, peço dispensa desse cargo e aponto para minha substituição o companheiro Renato Rabelo, um bom camarada que vem se destacando no nosso Partido e procurando seguir as suas tradições de luta. Vou continuar como membro do Comitê Central na minha banca de trabalho, mas já não tenho condições físicas para continuar à frente do principal cargo de direção.
Devo dizer, companheiros, que essa substituição se faz normalmente e se faz como é devido. Por isso quero aqui agradecer a vocês todos o grande apoio que sempre tive nas fileiras do nosso glorioso e heróico Partido Comunista do Brasil.
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Inclusão | 22/01/2008 |