(1929-1972): Dirigente do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B). Nasceu em em Niterói, Rio de Janeiro. Muito jovem ainda começou a trabalhar nos estaleiros de construção naval em São Gonçalo, RJ. Aos 15 anos já fazia parte do movimento sindical. Ingressou na União da Juventude Comunista em 1946, tornou-se membro do Partico Comunista do Brasil e, em 1954, foi eleito no IV Congresso do PCB para o Comitê Central, órgão de direção máxima do Partido. Atuou em diversas áreas e em seus últimos anos de vida era responsável pela imprensa de seu partido. Representou o Partido em diversos congressos internacionais. Bem humorado e muito inquieto, gostava de brincar com os companheiros nos intervalos das atividades. Decidido e solidário, não recusava nenhuma tarefa. Morto aos 43 anos de idade, em São Paulo. Foi preso no dia 28 de dezembro de 1972, às 19 horas, na Rua Loefgreen, no bairro de Vila Mariana, pelos agentes do DOI-CODI/SP, para cuja sede Danielli foi levado. Durante três dias, Carlos Nicolau foi muito torturado sob o comando do então major do Exército, Carlos Alberto Brilhante Ustra, do capitão Dalmo Lúcio Muniz Cirillo e do "Capitão Ubirajara", codinome do Delegado de Polícia Aparecido Laerte Calandra. Apesar das torturas, seus algozes não conseguiram arrancar dele nenhuma informação, conforme os testemunhos dos militantes políticos que estiveram presos junto com ele. Danielli foi lentamente assassinado. Mesmo com o corpo todo esfolado, respondeu sempre de maneira altiva a seus inquisidores: "É disso que vocês querem saber? Pois é comigo mesmo, só que eu não vou dizer." Afirmou diversas vezes: "Só faço o meu testamento político." No 1° dia foi torturado pela Equipe C, chefiada pelo Capitão Átila e integrada pelo capitão Olavo, "Mangabeira" (apelido do escrivão de Polícia de nome Gaeta), "Oberdan" ou "Zé Bonitinho". No 2° dia ficou nas mãos da Equipe A, chefiada por "Dr. José" e integrada por "Jacó", "Rubens", "Matos", "Capitão Tomé" e o investigador do Departamento de Polícia Federal Maurício, vulgo "Lungareti ". No 3° dia foi torturado pela Equipe B, chefiada pelo capitão do Exército Orestes, vulgo "Ronaldo", e seus subordinados: "Capitão Castilho", ex-policial do DOPS Pedro Mira Granzieri e o soldado da Aeronáutica Roberto, vulgo "Padre". Finalmente, no 4° dia, novamente nas mãos da Equipe C, Carlos Nicolau foi assassinado. Como testemunhas de sua morte sob tortura, há os depoimentos prestados na Auditoria Militar do casal Maria Amélia de Almeida Teles e César Augusto Teles, que foram presos e torturados juntamente com ele. Há ainda declarações do ex-preso político José Auri Pinheiro, informado por um torturador, na Polícia Federal do Ceará, que Danielli havia sido exterminado. Assinam o laudo de necrópsia os médicos legistas Isaac Abramovitch e Paulo A. de Queiroz Rocha. A notícia da morte de Danielli foi dada a conhecimento público, através de uma nota oficial dos órgãos de segurança, que dizia ter sido morto mais um "terrorista" ao tentar fugir quando era levado a um encontro com um companheiro. Na certidão de óbito consta como local da morte a Av. Armando de Arruda Pereira, 1800, em São Paulo, tendo sido enterrado no Cemitério de Perus. Em 1981, seus restos mortais foram trasladados por familiares e pelos Comitês Brasileiros pela Anistia de São Paulo e Rio de Janeiro para Niterói, onde foi enterrado dignamente. Em conseqüência das denúncias do casal César e Maria Amélia, as torturas e o assassinato de Danielli chegaram a ser objeto de apreciação pelo STM: "O Superior Tribunal Militar negou a apuração das denúncias sobre as mortes do estudante Alexandre Vanucchi Leme e Carlos Nicolau Danielli, que teriam ocorrido no DOI-CODI do II Exército... somente o General Rodrigo Otávio pediu a apuração dos fatos que considerou graves, assim como as várias denúncias de torturas feitas pelos acusados. Em seu voto solitário, o general Rodrigo Otávio pediu que as peças referentes às torturas e sevícias... fossem encaminhadas ao Procurador-Geral da Justiça Militar, para apuração dos possíveis crimes previstos nos artigos 209 do Código Penal Militar e 129 do Código Penal Comum." (Folha de São Paulo-09/05/78) No seu voto, o general justificou sua atitude, demonstrando que "a fragilidade das provas trazidas como respaldo à veracidade da segunda hipótese, indicariam a necessidade de uma apuração mais completa sobre evento tão contundentemente grave." O Relatório dos Ministérios da Aeronáutica e Marinha mantêm a farsa de que Carlos Danielli foi ferido em tiroteio 3 dias após a sua prisão e que morreu a caminho do Hospital das Clínicas. O Ministério do Exército, sequer cita Danielli em seu relatório, apesar de sua morte ter ocorrido nas dependências do II Exército.
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