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Primeira Edição: Leon Trotsky, In Defense of Marxism, New York 1942.
Fonte: "Em Defesa do Marxismo", publicação da Editora "Proposta Editorial"
Tradução: Luís Carlos Leiria e Elisabeth Marie
Transcrição: Icaro Daniel Petter
HTML: Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução: © Editora Proposta Editorial. Agradeçemos a Valfrido Lima pela autorização concedida.
Meu querido Joe:
Se Shachtman afirma que a carta citada por mim, sobre a Espanha, foi assinada não só por ele, mas também por Cannon e Carter, então está completamente enganado. Eu não teria, evidentemente, escondido as outras assinaturas que, na verdade, não existiam. Como você poderá ver pela fotocópia, a carta foi assinada só por Shachtman.
Abern e Burnham estão indignados por eu citar suas declarações orais sem uma "verificação" prévia. Querem evidentemente dizer que em vez de publicar estas declarações que lhes são atribuídas, e de dar a ambos a total possibilidade de confirmá-las ou negá-las, eu deveria ter enviado daqui um comitê de investigação, com cinco ou sete pessoas imparciais e um par de mecanógrafos. E por que a terrível comoção moral? Várias vezes Burnham identificou a dialética com a religião. Sim, ê um fato. Mas nesta especial ocasião não pronunciou a frase que eu cito (tal como fui informado). Oh, que horror! Oh, cinismo bolchevique! etc.
O mesmo com Abern(1)! Na carta que me enviou mostra claramente que está se preparando para uma cisão. Mas, veja bem, ele nunca disse a Goldman a frase sobre a ruptura. É uma difamação! Uma invenção desonesta! Uma calúnia! etc.
Pelo que recordo, meu artigo sobre a moral começa com uma citação sobre os suores morais da pequena-burguesia desorientada. Agora temos um novo caso do mesmo fenômeno no nosso partido.
Ouvi que os novos moralistas citam meu terrível crime em relação a Eastman e o Testamento de Lênin(2). Que hipócritas infames! Eastman, por iniciativa própria, publicou o documento num momento em que nossa fração decidiu interromper toda atividade pública, com o fim de evitar uma ruptura prematura. Não esqueçam que foi antes do famoso Comitê Sindical Anglo-Russo e antes da Revolução Chinesa, inclusive antes do surgimento da oposição de Zinoviev. Fomos obrigados a manobrar para ganhar tempo. A Troika, pelo contrário, queria utilizar a publicação de Eastman para provocar algum tipo de aborto da oposição. Apresentaram um ultimato: ou assinava a declaração escrita pela Troika em meu nome, ou abririam imediatamente a luta sobre esta questão. O centro da oposição decidiu unanimemente que essa alternativa, nesse momento, era absolutamente desfavorável, decidiu que eu aceitasse o ultimato e assinasse o meu nome na declaração escrita, pelo Burô Político. Transformar esta necessidade política em uma questão moral abstrata, só é possível para charlatões pequeno-burgueses que estão prontos a proclamar: 'pereat mundus, fiat justitia" (o mundo pode perecer, viva a justiça!), mas que para suas próprias atuações diárias têm uma contabilidade muito mais indulgente! E esta gente pensa que é revolucionária! Se comparados a eles, os nossos velhos mencheviques foram heróis.
W. RORK (Leon Trotsky)
Coyoacán (México), D.F.
Notas:
(1) Ver carta de Trotsky a Abern, de 29 de janeiro de 1940. (retornar ao texto)
(2) Foi Max Eastman o primeiro a difundir o "Testamento de Lênin". Entregando- o ao New York Times para publicação. Trotsky desautorizou esta iniciativa. A edição de Pathfinder Press (ed. cit.), e a de EDI (Défense du marxisme Paris, 1972) citam a este respeito a seguinte explicação de Trotsky: "Eastman publicou este documento sem consultar a mim e aos demais, e com isso aprofundou terrivelmente a luta interna na União Soviética. No Burô Político, que foi o começo da cisão. Pela nossa parte, tentamos evitar uma cisão. A maioria do Burô político pediu-me, exigiu-me, que tomasse uma posição a respeito disto. Assinei então um documento muito diplomático". (retornar ao texto)
Inclusão | 04/08/2009 |
Última alteração | 20/01/2013 |