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Primeira Edição: Leon Trotsky, In Defense of Marxism, New York 1942.
Fonte: "Em Defesa do Marxismo", publicação da Editora "Proposta Editorial"
Tradução: Luís Carlos Leiria e Elisabeth Marie
Transcrição: Icaro Daniel Petter
HTML: Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução: © Editora Proposta Editorial. Agradeçemos a Valfrido Lima pela autorização concedida.
Queridos camaradas:
Recebi "Ciência e Estilo" de Burnham, O tumor está aberto, e isto é uma vantagem política importante. O atraso teórico da oposição "radical" americana está expresso no fato de que Burnham apenas repete — com alguns exemplos "modernizados" — o que Struve escreveu na Rússia há mais de quarenta anos, e, num grau superior, o que Dühring ensinou à social-democracia alemã há três quartos de século. Isto é assim, do ponto de vista da "ciência", No que diz respeito ao estilo, prefiro Eastman.
O interesse do documento não é de modo algum de caráter teórico: a milionésima primeira refutação professoral da dialética não tem mais valor do que todas as precedentes. Mas, do ponto de vista político, a importância do documento ê indiscutível. Mostra que o inspirador teórico da oposição não está de maneira nenhuma mais próximo do socialismo científico do que esteve Muste, o antigo associado de Abern. Shachtman mencionou a filosofia de Bogdanov. Mas é absolutamente impossível imaginar a assinatura de Bogdanov em tal documento, inclusive depois de sua ruptura definitiva com o bolchevismo. Creio que o Partido deve perguntar aos camaradas Abern e Shachtman, como eu faço agora: O que vocês acham da "ciência" de Burnham e do "estilo" de Burnham? A questão da Finlândia é importante, mas em última instância é um episódio, e a mudança da situação internacional, mostrando os fatores autênticos dos acontecimentos, pode dissipar de uma vez as divergências sobre este ponto concreto. Mas agora, depois da publicação de "Ciência e Estilo" podem os camaradas Abern e Shachtman continuar tendo a mínima responsabilidade, não pelo pobre documento como tal, mas pela concepção global de Burnham sobre ciência, o marxismo, a política e a "moral"?
Os minoritários que se preparam para uma cisão devem pensar que vão estar ligados, não por uma semana, nem só durante a guerra soviético-finlandesa, mas sim por anos, a um "dirigente" que não tem, em sua concepção global, nada em comum com a revolução proletária.
O tumor está aberto. Abern e Shachtman já não podem continuar repetindo que a única coisa que desejam é discutir um pouco sobre a Finlândia e Cannon. Não podem continuar brincando de cabra cega com o marxismo e a Quarta Internacional. Deve o Socialist Workers Party permanecer nas tradições de Marx, Engels, Franz Mehring, Lênin, Rosa Luxemburgo — tradição que Burnham qualifica de "reacionária" — ou deve aceitar as concepções de Burnham, que são apenas uma reprodução mal feita do socialismo pequeno-burguês pré-marxista?
Sabemos muito bem o que significou politicamente no passado tal revisionismo. Agora na agonia mortal da sociedade burguesa, as conseqüências políticas de Burnham serão incomparavelmente muito mais imediatas e contra-revolucionárias. Camaradas Abern e Shachtman, vocês têm a palavra!
Leon Trotsky
Coyoacán (México), D.F.
Inclusão | 31/07/2009 |