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Escrito: 26 de Novembro de 1961
Transcrição para a web: (desconhecida)
Fonte da transcrição: "A onde vai a Alemanha", publicado em português
em 1933, Edições UNITAS. Posteriormente publicado por outras editoras
sob o título "Revolução e Contra Revolução
na Alemanhã".
Tradução: Mário Pedrosa (1933)
HTML por Alexandre Linares para o Marxist
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O objetivo destas linhas é marcar, pelo menos em largos traços, como a situação política mundial se encadeia no presente momento, - em virtude das contradições fundamentais do capitalismo em declínio, contradições complicadas e agravadas por uma tremenda crise comercial, industrial e financeira. As considerações rapidamente esboçadas abaixo estão longe de se estenderem a todos os países e, por isso, exigem sejam estudadas coletivamente e com seriedade.
1 - A Revolução espanhola criou premissas políticas gerais favoráveis a uma luta imediata do proletariado pela conquista do poder. As tradições sindicalistas do proletariado espanhol se manifestaram logo de início como um dos principais obstáculos no caminho do desenvolvimento da revolução. A Internacional Comunista foi apanhada de surpresa pelos acontecimentos. Absolutamente impotente o começo da Revolução, o Partido Comunista adotou uma posição falsa em quase todas as questões essenciais. A experiência espanhola demonstrou - recordemos ainda uma vez - que terrível instrumento de desorganização da consciência revolucionária dos operários avançados representa a atual direção da I.C. O atraso extremo da vanguarda proletária em relação ao desenrolar dos acontecimentos, a dispersão, no sentido político= das lutas heróicas das massas operárias, o acordo mútuo existente de fato entre o anarco-sindicalismo e a social-democracia - tais foram, em essência, as condições políticas que permitiram à burguesia republicana, aliada à social-democracia, restabelecer o aparelho de repressão e, desfechando golpe sobre golpe nas massas que se levantavam, concentrar nas mãos do governo considerável potência política.
Segundo este exemplo, vemos que o fascismo não é absolutamente o único recurso da burguesia na sua luta contra as massas revolucionárias. 0 regime que existe atualmente na Espanha se assemelha, antes de tudo, ao que se chamou o kerenskismo, isto é, o último (ou "penúltimo") governo "de esquerda" que a burguesia pode apresentar na sua luta contra a Revolução. Mas um governo desta espécie não significa necessariamente que haja fraqueza e prostração. Na ausência de um poderoso partido revolucionário do proletariado, uma -combinação de semi-reformas, de frases esquerdistas, gestos ainda mais de esquerda e repressões, pode ser muito mais útil .à burguesia do que o fascismo.
Inútil dizer que a Revolução espanhola não está terminada Ela não deu solução a nenhum de seus problemas mais elementares (questões agrária, clerical e problema das nacionalidades), e está longe de ter esgotado os recursos revolucionários das massas populares. A revolução burguesa nada mais podará dar do que já deu. No que diz respeito à revolução proletária, a situação atual na Espanha pode ser considerada. pré-revolucionária, mas nada mais. É muito provável que o desenvolvimento progressivo da revolução espanhola dure por um período de tempo mais ou menos longo. E por aí o processo histórico abre, de algum modo, um novo crédito ao comunismo espanhol.
2 - A situação na Inglaterra pode também, e não sem justas razões, ser considerada como pré-revolucionária, se se admite em rigor que, entre uma situação pré-revolucionária e uma situação imediatamente revolucionária, pode haver um prazo de vários anos, período em que se produzirão fluxos e refluxos.
A situação econômica da Inglaterra tornou-se de extrema gravidade. Mas a superestrutura política nesse país arquiconservador está excepcionalmente em atraso para com as mudanças que se produziram na base econômica. Antes de recorrer a novas formas e métodos políticos, todas as classes da nação inglesa ainda procuram. descobrir alguma coisa no velho celeiro, virar pelo avesso a roupa velha de vovô e vovó. É fato que na Inglaterra, a despeito de uma terrível decadência nacional, não existe ainda nenhum partido revolucionário importante nem, no seu antípoda, um partido fascista. Foi graças a isso que a burguesia teve a possibilidade de mobilizar a maioria do povo, sob o estandarte "nacional", quer dizer, sob a mais fútil palavra de ordem que possa existir. Em circunstâncias pré-revolucionárias, o mais obtuso conservantismo que se poderia supor obteve uma formidável predominância política. Para que a superestrutura política se adapte às condições reais do país, será preciso provavelmente mais de um mês e talvez mais de um ano.
Não há razão de, se pensar que o esboroamento do bloco "nacional" - e este esboroamento é inevitável num futuro relativamente próximo - trará diretamente, seja uma revolução proletária (bem entendido, na Inglaterra não pode haver outra revolução), seja um triunfo do "fascismo". Ao contrário, é infinitamente mais provável que, encaminhando-se para um desenlace revolucionário, a Inglaterra passe ainda por um prolongado período de demagogia radical, democrática, socialista e pacifista, ao gosto de Lloyd George e do Labour Party. Assim, pode-se afirmar, sem dúvida alguma, que o desenvolvimento histórico da Inglaterra dará ainda ao comunismo britânico um prazo considerável para transformar-se efetivamente em partido do proletariado, para o momento em que estiver próximo o desenlace. Não se deve, entretanto, concluir do que precede que se possa continuar a perder tempo em experiências perigosas e em ziguezagues centristas. Na situação atual do mundo, o tempo é a mais preciosa das matérias-primas.
3 - A França, que os augúrios da I. C. colocavam, há dezoito meses ou dois anos, "na primeira fila do surto revolucionário", é na realidade o país mais conservador da Europa e talvez do mundo. A estabilidade relativa do regime capitalista na Franca provém, em grande parte, do estado de atraso do país. No domínio financeiro, Paris tenta mesmo igualar-se a Nova York. A "prosperidade" atual das finanças da burguesia francesa tem por fonte imediata a pilhagem perpetrada em Versalhes. Mas é precisamente a paz de Versalhes que gera a maior ameaça para todo o regime da República Francesa. Entre a cifra da população, a das forças produtivas e a da renda nacional da França, de uma parte, e a sua situação internacional, atualmente, de outra parte, existe uma contradição gritante que levará inevitavelmente a uma explosão. Para manter a sua efêmera hegemonia, a França, como país "nacionalista" e também como país radical-socialista, viu-se forçada a procurar no mundo inteiro apoio nas forças mais reacionárias, nas formas mais arcaicas de exploração, na inominável corja romena, no regime em decomposição de Pilsudsky, na ditadura militar na Iugoslávia ; teve de conservar as diversas frações existentes na nação alemã (a Alemanha e a Áustria), manter também o corredor aberto para a Polônia, na Prússia Oriental, favorecer a intervenção japonesa na Manchúria, instigar a camarilha militar japonesa contra a U.R.S.S., manifestar-se como o inimigo principal do movimento emancipador dos países coloniais etc., etc. A contradição entre o papel secundário da França na economia mundial e os privilégios monstruosos que possui, e suas pretensões na política mundial, se manifestará de mês a mês mais nitidamente, acumulando perigo sobre perigo, abalando a estabilidade interior, provocando receios e descontentamentos nas massas populares e acarretando deslocamentos cada vez mais profundos da opinião pública. Esses processos, sem dúvida, se manifestarão a partir das próximas eleições parlamentares.
Mas, por outro lado, tudo nos obriga a supor que, se não se derem grandes acontecimentos fora desse país (por exemplo, a vitória da Revolução na Alemanha, ou então, ao contrário, a vitória do fascismo), n desenvolvimento das relações internas na própria Franca produzir-se-á, para o período mais próximo, de modo relativamente "rítmico", o que oferece ao comunismo a possibilidade de utilizar, para consolidar-se, um período considerável de preparação, até o momento em que sobrevierem situações pré-revolucionárias.
4 - Aos Estados Unidos, que são o país capitalista mais poderoso, a crise atual pôs a nu, com uma violência impressionante, pavorosas contradições sociais. Depois de um período de prosperidade inaudita, que espantou o mundo inteiro, espécie de fogo de artifício de milhões e milhões, os Estados Unidos passaram de repente á, desocupação de milhões de homens, a um período de miséria espantosa, de miséria biológica para os trabalhadores. Esse abalo social, de uma extensão formidável, não poderá passar sem deixar traços no desenvolvimento político do país. Presentemente, ainda é difícil estabelecer-se, pelo menos quando se está, longe do país, qual possa ser a radicalizarão das massas operárias americanas. Pode-se calcular que foram a tal ponto pegadas de surpresa pela crise catastrófica da economia geral, ficaram tão abatidas e desconcertadas pela desocupação, ou pelo medo da desocupação, que ainda não tiveram tempo de achar as conclusões políticas mais elementares a propósito da calamidade que sobre elas se abateu. Para isso é preciso tempo. Mas as conclusões virão. A imensa crise econômica, que tomou um caráter de crise social, se transformará. fatalmente em uma crise da consciência política da classe operária americana. E' muito possível que a radicalização revolucionária das largas camadas operárias se manifeste não no período da conjuntura econômica mais baixa, mas, pelo contrário, já quando se voltar a uma nova atividade, a um novo surto. De um modo ou de outro, na vida do proletariado, e, mais geralmente, do povo americano, a crise atual há de inaugurar uma nova época. Podem-se esperar novas mudanças e permutas nos meios dirigentes dos partidos, novos esforços para a criação de um terceiro partido etc. O movimento sindical, já aos primeiros sintomas de uma mudança de direção na situação econômica no vértice, sentirá violenta necessidade de libertar-se das presas da vil burocracia da Federação Americana do Trabalho. Ao mesmo tempo, possibilidades ilimitadas se abrirão para o comunismo.
No passado, os Estados Unidos por mais de uma vez conheceram explosões violentas de movimentos de massas revolucionárias ou semi-revolucionárias. Todas as vezes, esses movimentos logo se apagaram: seja porque, em cada uma' dessas ocasiões, os Estados Unidos entrassem numa nova fase ativa da ascensão econômica, seja porque esses movimentos fossem caracterizados por um grosseiro empirismo e por uma completa insuficiência teórica. Nada resta dessas duas circunstâncias. Novo surto da vida econômica (que não se deve considerar de antemão como impossível), terá de se apoiar não no "equilíbrio" interior, mas no caos atual da economia mundial. 0 capitalismo americano entrou numa época de monstruoso imperialismo, do aumento constante de armamentos, de intervenções nos negócios do mundo inteiro, de conflitos militares, de abalos de toda sorte. Por outro lado, sob a forma do comunismo, as massas do proletariado americano, que se radicalizam, têm - ou, mais exatamente, podem ter, sob a condição de uma política justa - não mais o que tinham outrora, uma mistura de empirismo, de misticismo e charlatanismo, mas uma doutrina cientificamente fundada, que estaria à altura dos acontecimentos.
Transformações radicais como essas permitem prever com segurança que é inevitável e relativamente próxima uma mudança na consciência revolucionária do proletariado americano, a qual já não será mais "um fogo de palha" que se apaga facilmente, mas o início de um verdadeiro e grande incêndio revolucionário. 0 comunismo nos Estados Unidos pode caminhar com segurança para um grande futuro.
5 - A aventura iniciada pelo czar, na Manchúria, provocou a guerra russo-japonesa; a guerra provocou a Revolução de. 1905. A aventura japonesa atual na Manchúria (1) pode acarretar uma revolução no Japão.
O regime feudal e militar do país, no começo deste século, ainda servia com algum sucesso os interesses do jovem capitalismo japonês. Mas, no novo quarto século, que acaba de decorrer, o desenvolvimento do capitalismo provocou uma decomposição extrema das antigas formas sociais e políticas do país. O Japão, a partir desse tempo, já por várias vezes se pôs em movimento para a revolução. Faltava-lhe, entretanto, uma forte classe revolucionária para responder pelas tarefas indicadas pelo seu próprio desenvolvimento. A aventura da Manchúria pode apressar a catástrofe revolucionária do regime japonês.
A China atual, por mais enfraquecida que esteja pela ditadura das camarilhas do Kuomintang, difere profundamente da China que o Japão, seguindo as potências européias, violentou no passado. A China não está em condições de botar para fora no primeiro impulso o corpo de expedição japonês, mas a consciência nacional e a atividade do povo chinês cresceram; centenas de milhares, milhões de chineses passaram pela experiência da vida militar. Os chineses improvisarão exércitos cada vez mais freqüentemente. Os japoneses sentir-se-ão sitiados. As estradas de ferro servirão muito mais para necessidades estratégicas do que para utilidades econômicas. Tornar-se-á necessário enviar tropas cada vez mais numerosas. Estendendo-se, a expedição da Manchúria começará a esgotar o organismo econômico do Japão, causará, um descontentamento crescente no interior do país, agravará as contradições e aproximará mais a crise revolucionária.
6 - Na China, a necessidade duma defesa resoluta contra a invasão imperialista deve também dar origem a sérias conseqüências políticas internas. O regime do Kuomintang cresceu, graças ao movimento revolucionário e nacional das massas, que foi utilizado e abafado pelo militarismo burguês (graças à colaboração da burocracia de Stalin). É precisamente por isto que o regime atual, pesado de contradições e vacilante, é incapaz de tomar uma iniciativa de guerra revolucionária. A necessidade de se opor uma defesa às violências japonesas agirá cada vez mais contra o regime do Kuomintang, entretendo o estado de espírito revolucionário das massas. Nessas condições, a vanguarda proletária, guiada por uma política justa, pode recobrar o terreno perdido tão tragicamente no curso dos anos de 1924-1927.
7 - Os acontecimentos atuais na Manchúria mostram em particular a ingenuidade dos senhores que reclamavam do governo soviético a entrega pura e simples da estrada de ferro da China Oriental aos chineses. Teria sido entregar levianamente esta via férrea ao Japão, em cujas mãos se teria tornado um poderoso instrumento, não só contra a China, mas também contra a U.R.S.S. Se até agora alguma coisa reteve a corja militar do Japão em sua intervenção na Manchúria e se alguma coisa pode conservá-la ainda hoje, nos limites da prudência, é o fato da estrada de ferro da China Oriental ter continuado como propriedade dos sovietes.
8 - Entretanto, não poderá a aventura na Manchúria, a que o Japão se entregou, levá-lo a declarar a guerra à U.R.S.S.? Esta possibilidade, bem entendido, não está excluída, por mais razoável e circunspecta que se mostre a política do governo dos sovietes. As contradições internas do Japão feudal e capitalista fizeram evidentemente o seu governo perder o equilíbrio. Não faltaram instigadores (a França!) . E, segundo a experiência feita pelo czarismo no Extremo Oriente, sabemos de que é capaz uma monarquia militar e burocrática que perdeu o equilíbrio.
A luta que se trava no Extremo Oriente não tem por objeto, já se vê, a tomada de uma via férrea: é a sorte de toda a China que está em jogo. Nessa formidável batalha histórica, o governo dos sovietes não pode ficar neutro, não pode adotar uma atitude que seja a mesma para a China e para o Japão. Os sovietes têm a obrigação de tomar, totalmente e sem restrição, o partido do povo chinês. Só por uma irredutível fidelidade à luta emancipadora dos povos oprimidos é que o governo dos sovietes poderá efetivamente repelir os ataques que vêm do Oriente, do Japão, da Inglaterra, da França, dos Estados Unidos.
Sob que forma auxiliará o governo soviético, no período imediatamente próximo, a luta do povo chinês? A resposta depende das circunstâncias históricas concretas que se apresentarem. Mas, se fora estúpido entregar de bom grado ao Japão a estrada de ferro da China Oriental, seria igualmente estúpido subordinar toda a política dos sovietes no Extremo Oriente à questão dessa via férrea. Numerosos indícios parecem apontar que a conduta da corja militar japonesa nesse caso provém de uma intenção consciente de provocação. Os instigadores diretos dessa provocação são os governantes da França. 0 fim da provocação é obrigar a U.R.S.S. a meter-se em complicações no Oriente. O governo soviético, em face disso, não deve mostrar senão mais reserva e perspicácia.
As condições essenciais do Oriente - imensidade dos territórios, populações incalculáveis, estado econômico atrasado - implicam, em todo o processo, em lentidão, em marasmo, num movimento rastejante. Em todo caso, não existe, do lado do Extremo Oriente, perigo imediato ou grave para a União Soviética. Durante o próximo período, os principais acontecimentos se desenrolarão na Europa. Desse lado é que podem advir grandes possibilidades, mas é também daí que podem surgir grandes perigos. Por enquanto, só o Japão no Extremo Oriente está com as mãos atadas. A União Soviética deve conservar as suas livres.
9 - No fundo da política mundial, que está longe de ser pacífica, a situação na Alemanha se destaca com nitidez. Os antagonismos políticos e econômicos atingiram nesse país uma gravidade inaudita. 0 desenlace se anuncia muito próximo. Esta chegando o momento em que a situação pré-revolucionária tem de se transformar em situação revolucionária ou . . . contra-revolucionária. Segundo a direção e a solução que tiver a crise alemã, a sorte não só da Alemanha (o que já seria muito), como também os destinos da Europa, os destinos do mundo inteiro, serão decididos por muitos anos.
A edificação da U.R.S.S., a marcha da revolução espanhola, o desenvolvimento de uma situação pré-revolucionária na Inglaterra, o futuro do imperialismo francês, a sorte do movimento revolucionário na China e na Índia, - tudo isso se reduz direta e imediatamente a uma só pergunta; qual será o vencedor na Alemanha no correr dos meses vindouros? 0 comunismo ou o fascismo?
10 - Depois das eleições de setembro do ano de 1930 para o Reichstag, a direção clo Partido Comunista alemão afirmou que o fascismo tinha alcançado o seu ponto culminante e que iria, dali por diante, entrar em rápida decomposição, preparando o caminho para uma revolução proletária. A oposição comunista de esquerda (bolchevique-leninistas) riu-se, então, deste otimismo de estouvados. O fascismo provém de duas condições: de um lado, de uma grave crise social; de outro lado, da fraqueza revolucionária do proletariado alemão. A fraqueza do proletariado, por sua vez, tem duas causas: primeiro, o papel histórico particular da social-democracia, que ainda é uma agência poderosa do capitalismo nas fileiras do proletariado; em seguida, a, incapacidade da direção centrista do P.C. em unir os operários sob a bandeira da Revolução.
O fator subjetivo para nós é o P.C., pois a social-democracia é o obstáculo objetivo que é preciso suprimir. O fascismo cairia, de fato, em pedaços, se o P. C. fosse capaz de fazer a união da classe operária, transformando-a em poderoso pólo de atração de todas as massas oprimidas da população. Mas a política do P. C., desde as eleições de setembro, só tem feito agravar a sua inconsistência: frases declamatórias sobre o "social-fascismo", namoro com o chauvinismo, imitação do fascismo autêntico com o objetivo de fazer-lhe concorrência no mesmo mercado, e essa aventura criminosa do "referendum vermelho". tudo isso impede que o P, C. se torne o guia do proletariado e do povo. Só conseguiu reunir sob a sua bandeira, nestes últimos meses, os novos elementos que uma crise formidável empurrou para êle quase que violentamente. A social-democracia, apesar de uma situação política que lhe deveria ter sido mortal, pôde, entretanto, conservar o grosso de seus efetivos, graças ao auxílio do P. C., e mantém por enquanto as suas posições, apesar de perdas consideráveis, é verdade, mas no entanto de importância secundária. Quanto ao fascismo, a despeito das fanfarronadas de Thaelmann, Remmele e outros, mas perfeitamente conforme os prognósticos dos bolchevique-leninistas, deu, de setembro do ano passado para cá, um novo e enorme salto para a frente. A direção da Internacional Comunista não soube nem prever nem prevenir. Limita-se a registrar as derrotas. Suas resoluções e outros documentos no máximo representam - desgraçadamente - a fotografia do posterior do processo histórico.
11 - A hora em que será preciso tomar resoluções se aproxima. Ora, a I.C. não quer tomar conhecimento do caráter verdadeiro da situação mundial atual, ou então, mais exatamente, teme fazê-lo. O Bureau da I.C. procura sair-se do embrulho, expedindo folhas de agitação que nada significam. O partido dirigente da I.C., o Partido russo, não tomou posição. "Os líderes do proletariado mundial" estão com um boi na língua. Julgam ficar de fora calando-se. Estão dispostos a ficar quietos, nos seus lugares, enquanto for possível. Esperam durar, aguardando os acontecimentos. Substituíram a política de Lenine pela do avestruz. Aproxima-se o momento, um desses momentos decisivos na história, em que a I.C., depois de ter cometido grandes erros, que não passavam entretanto de erros "parciais", embora abalassem ou destruíssem as suas próprias forças acumuladas nos cinco primeiros anos de sua existência, se arrisca a cometer um erro fundamental, fatal, que pode arrastar nas suas conseqüências a própria I.C., suprimi-Ia, como fator revolucionário, da carta política, durante todo um período histórico.
Que os cegos e os covardes não o vejam! Que os caluniadores e jornalistas assalariados nos acusem de estarmos ligados à contra-revolução! Não estará subentendido que a contra-revolução não é absolutamente o que reforça o imperialismo mundial, mas sim o que perturba a digestão do funcionário comunista? A calúnia não fará. medo aos bolchevique-leninistas e não os reterá no cumprimento do dever revolucionário. Nada a calar, nada a atenuar. É preciso dizer clara, energicamente, aos operários avançados: Depois do "terceiro período" de aventura e fanfarronada, chegou o "quarto período", o período do pânico e das capitulações.
12 - Se se traduzir o silêncio dos dirigentes atuais do P . C . R.. em linguagem clara, esse silêncio significa: "Deixem-nos em paz". As dificuldades internas na U.R.S.S. são extremas. Como não estão regularizadas, as contradições econômicas e sociais continuam a agravar-se. A desmoralização do aparelho, resultado inevitável de um regime plebiscitário (2) tomou proporções verdadeiramente ameaçadoras. As relações políticas e, antes de tudo, as relações no interior do Partido, as relações entre o aparelho desmoralizado e a massa desagregada, atingiram o máximo de tensão. Toda a sabedoria da burocracia consiste em esperar que as coisas melhorem, em adiar. A situação na Alemanha encerra evidentes ameaças de perturbações. Mas o aparelho stalinista teve precisamente, acima de tudo, as perturbações. "Deixem-nos em paz! Deixem-nos primeiro sair das contradições mais graves aqui do interior. Lá. fora... depois veremos". Eis o estado de espírito das esferas superiores da facção stalinista. Aí está. precisamente o que esconde o escandaloso silêncio dos "líderes" no instante mesmo em que o dever mais elementar do revolucionário é pronunciar-se clara e nitidamente.
13 - Não há nada a admirar em que o silêncio pérfido da direção de Moscou tenha dado sinal de pânico entre os líderes berlinenses. No momento em que é necessário preparar-se para conduzir as massas às batalhas decisivas, a direção do P.C. A. se mostra amedrontada, tergiversa e se sai da enrascada com frases ocas. Essa gente não tem o hábito de agir sob a própria responsabilidade. Está agora desejando poder demonstrar que o "marxismo-leninismo" exige que se fuja ao combate.
A esse respeito, parece que ainda não chegou a construir uma teoria completa. Mas esta já paira no ar. Anda de boca em boca e se trai nos artigos e discursos. Eis o sentido dessa teoria: o fascismo sobe irresistivelmente; de qualquer modo, sua vitória é certa; em vez de nos lançarmos "cegamente" na luta e sermos batidos, é mais prudente batermos em retirada, darmos ao fascismo a oportunidade de tomar o poder e de, com isso, comprometer-se. E então - oh! então - mostraremos de que somos capazes.
O espírito de aventura e a leviandade, conforme às leis da psicologia política, se transformaram em prostração e capitulação. A vitória dos fascistas, que se considerava há um ano como inimaginável, é tida hoje como assegurada. Um Kuusinen qualquer, inspirado nos bastidores por um qualquer Radek, prepara para Stalin uma genial fórmula estratégica: bater em retirada em tempo oportuno, afastar as tropas revolucionárias das linhas de fogo e armar ao fascismo uma armadilha, que seria... o poder governamental.
Se essa teoria fosse definitivamente adotada pelo P. C. A. e determinasse o curso político desse Partido para os meses próximos, seria preciso ver nisso uma traição, por parte da I.C., de uma gravidade histórica não menor do que a que foi cometida pela social-democracia em 4 de agosto de 1914; e as conseqüências seriam hoje ainda mais pavorosas.
O dever da Oposição da Esquerda é dar o alarma: a direção da I.C. conduz o proletariado alemão a uma catástrofe imensa, que consistirá numa capitulação diante do fascismo, causada pelo pânico.
14 - A tomada. do poder pelos "nacional-socialistas" terá como efeito, antes de tudo, a exterminação da elite do proletariado alemão, a destruição de suas organizações; ela lhe tirará. toda a fé em si mesmo e no seu futuro. Se tomarmos em conta a maior maturidade e a gravidade ainda maior dos antagonismos existentes na Alemanha, a obra infernal do fascismo italiano parecerá provavelmente insignificante; seria uma experiência quase humanitária em comparação com o que poderia fazer o nacional-socialismo alemão.
Bater em retirada, dizeis, vós que ontem fostes os profetas do "terceiro período"! Os líderes e as instituições podem bater em retirada. Alguns indivíduos podem esconder-se. Mas a classe operária, diante de um poder fascista, não terá abrigo, não saberá onde esconder-se. Com efeito, se admitirmos o que há de mais monstruoso e inverossímil, isto é, que o Partido Comunista evitará efetivamente a batalha e abandonará, por conseguinte, o proletariado a seu inimigo mortal, essa atitude não teria outro sentido senão este : combates terríveis se dariam não antes da tomada do poder pelos fascistas, mas depois, isto é, em condições infinitamente mais favoráveis para os fascistas. A luta de um proletariado traído por sua própria direção, pegado de surpresa, desorganizado, desesperado, contra o regime fascista, se transformaria numa série de terríveis convulsões sangrentas, que ficariam sem resultado. Uma dezena. de levantes proletários, uma dezena de derrotas, uma após outra, não poderiam sangrar e enfraquecer o proletariado alemão tanto quanto o debilitaria neste momento um recuo diante do fascismo; quando apenas começa a ser posta a questão de saber quem será senhor em território alemão.
15 - O fascismo ainda não chegou ao poder. O caminho do poder ainda não lhe está aberto. Os líderes do fascismo ainda não ousam dar provas de insolência: compreendem a importância da partida a jogar, sabem que se trata, para cada um, de arriscar a cabeça. Nessas condições, somente as tendências à capitulação, nas altas esferas do comunismo, podem simplificar o problema e facilitar a sua solução.
Se, atualmente, mesmo os círculos influentes da burguesia temem as experiências do fascismo, é precisamente porque não querem perturbações; não desejam uma longa guerra civil cheia de ameaças; por outro lado, a política de capitulação do partido comunista, que abre para o fascismo o caminho do poder, empurrará totalmente para o lado dos fascistas as classes médias, a pequena burguesia ainda hesitante e também camadas consideráveis do proletariado.
Bem entendido, o fascismo que no momento triunfa cairá algum dia, vítima das contradições objetivas e de sua própria inconsistência. Mas, de modo mais imediato, num futuro que se pode prever, no decorrer dos 10 ou 20 anos que se seguirão, a vitória do fascismo na Alemanha significará uma ruptura no desenvolvimento da tradição revolucionária, o desmoronamento da I.C., o triunfo do imperialismo mundial nos seus aspectos mais odiosos e mais sanguinários.
16 - A vitória do fascismo na Alemanha determinará inevitavelmente uma guerra contra a U.R.S.S.
Seria de fato uma verdadeira estupidez política pensar-se que os nacional-socialistas alemães, chegando ao poder, começassem por declarar a guerra à França ou, pelo menos, à Polônia. Uma guerra civil inevitável contra o proletariado alemão entravará fortemente o fascismo em sua política exterior durante todo o primeiro período de sua dominação. Hitler terá tanta necessidade de Pilsudsky quanto Pilsudsky de Hitler. Ambos se tornarão na mesma medida os instrumentos de ação da França. Se neste momento o burguês francês teme a tomada do poder pelos .fascistas alemães, como um salto no escuro, não é menos certo que, no dia da vitória de Hitler, a reação francesa, "nacionalista" ou radical-socialista, se apoiará inteiramente no fascismo alemão.
Nenhum dos governos burgueses "normalmente" parlamentares pode por enquanto correr o risco de empenhar-se numa guerra contra a U.R.S.S.; semelhante empreendimento acarretaria incalculáveis complicações internas. Mas, se Hitler chega ao poder, se esmaga em seguida a vanguarda proletaria alemã, se pulveriza e desmoraliza por muitos anos o proletariado em conjunto, o govêrno fascista será o único capaz de fazer a guerra à U.R.S.S. Neste caso, agirá, bem entendido, em contato com a Polônia e a Rumânia, com outros estados limitrofes e, no Extremo Oriente, com o Japão. Numa emprêsa dessas, o govêrno de Hitler não seria senão o órgão executivo de todo o capitalismo mundial. Clemenceau, Millerand, Lloyd George, Wilson, não puderam fazer abertamente a guerra à República dos Sovietes, mas puderam, durante três anos, sustentar os exércitos de Denikin, de Koltchak, de Wrangel. Hitler, no caso de ser vitorioso, tornar-se-ia um super-Wrangel da burguesia mundial.
Não se trata de adivinhar (o que, aliás, seria impossível) como terminaria um conflito de tão formidáveis dimensões. Mas é absolutamente claro que, se fôsse declarada pela burguesia mundial uma guerra aos sovietes, depois da ascensão dos fascistas ao poder da Alemanha, isso resultaria em um terrível isolamento para a U.R.S.S., que teria de lutar não para viver, mas para escapar à morte nas condições mais penosas e perigosas. O esmagamento do proletariado alemão pelo fascismo, por si só, comportará, pelo menos, um semidesmoronamento da República dos Sovietes.
17 - Mas a questão deve ser resolvida na Alemanha, antes de sair do campo das batalhas européias. E' por isso que dizemos que a chave da situação mundial está na Alemanha. Quem está. com essa chave? Ela ainda está, por enquanto, nas mãos do Partido Comunista, O Partido ainda não a deixou cair. Mas poderá perdê-la. A direção do Partido o leva a isso.
Aquele que prega uma "retirada estratégica", isto é, uma ,capitulação, aquele que tolera semelhante prédica, é um traidor. Os propagandistas de uma retirada diante dos fascistas devem ser considerados como agentes inconscientes do inimigo nas fileiras do proletariado.
O dever revolucionário elementar do P.C.A. é dizer: O fascismo só pode chegar ao poder por meio de uma guerra civil implacável e exterminadora, sem tréguas. É o que devem saber, antes de. tudo, os operários comunistas. É o que devem saber os operários social-democratas, os sem-partido, o proletariado em geral. É o que deve saber o proletariado mundial. É o que deve saber, antes de tudo, o Exército Vermelho.
Mas, de fato, a luta é desesperada?
18 - Em 1923, Brandler exagerava monstruosamente a. importância dos efetivos do fascismo, dissimulando com isso a capitulação. 0 proletariado mundial está até hoje sofrendo as conseqüências dessa estratégia. A capitulação histórica do. P.C.A. e da I.C., em 1923, serviu de base à ascensão do fascismo. Atualmente, o fascismo alemão dispõe de uma força política infinitamente superior à de que dispunha há. 8 anos. Não cessamos, durante todo esse tempo, de prevenir a subestimação do perigo fascista e não somos nós quem agora vá negá-lo. É precisamente por isso que podemos e devemos dizer aos operários revolucionários alemães: Vossos líderes caem de um extremo no outro.
Por enquanto, a principal força dos fascistas é a do número. Sim, eles obtêm votos numerosos nas eleições. Mas não é o boletim de voto que decide na luta social. Os principais efetivos do fascismo continuam a ser constituídos pela pequena burguesia e a nova classe média que se formou: pequenos. artesãos e empregados no comércio nas cidades, funcionários, empregados técnicos, intelectuais, camponeses arruinados. Na balança de uma estatística eleitoral, mil votos fascistas pesam tanto quanto mil votos comunistas. elas, na luta revolucionária, mil operários pertencentes a uma grande empresa representam uma força cem vezes maior do que a de um milhar de funcionários, de amanuenses, contados com suas esposas e sogras. A principal massa fascista se compõe de uma poeira de humanidade.
Os socialistas-revolucionários, na revolução russa, foram o partido dos votos numerosos. Com eles votaram, nos primeiros tempos, todos aqueles que não eram burgueses conscientes. Mesmo na Assembléia Constituinte, isto é, depois da Revolução de Outubro, os socialista-revolucionários tiveram ainda a maioria. É por isso que se consideram o grande partido nacional. Entretanto, verificou-se que não eram senão um grande zero nacional.
Não temos a intenção de traçar um sinal de igualdade entre os socialista-revolucionários russos e os nacional-socialistas alemães. Mas, indiscutivelmente, há entre os dois alguns traços de semelhança muito importantes para quem quiser elucidar a questão ora tratada. Os socialista-revolucionários constituíam o partido das confusas esperanças populares. Os nacional-socialistas são um partido de desespero nacional. É a pequena burguesia que se mostra mais capaz de passar da esperança ao desespero, arrastando consigo uma parte do proletariado. O grosso dos efetivos nacional-socialistas, como o dos socialista-revolucionários, é uma poeira de humanidade.
19 - Entregando-se ao seu pânico, os nossos infelizes estrategistas esquecem o essencial: a grande superioridade social e combativa do proletariado. As forças do proletariado não foram gastas até o esgotamento. O proletariado não só é capaz de lutar, mas de vencer. Quando nos falam em uma deficiência do estado de espírito que existe nas empresas, vemos na maior parte dos casos a expressão do marasmo que reina entre os observadores, isto é, entre os funcionários do Partido, que perderam o norte. Mas é também preciso considerar que os operários não podem deixar de ficar perturbados diante de rima situação complexa e da confusão que se manifesta nas esferas superiores. Os operários compreendem que uma grande batalha exige uma direção segura. O que assusta os operários não é a força dos fascistas, não é a necessidade de uma luta encarniçada. O que os inquieta é a falta de segurança da direção, suas hesitações, suas tergiversações, no momento mais grave. Se existe certo acabrunhamento nas fábricas, uma deficiência, desaparecerão sem deixar vestígios assim que o Partido levantar sua voz fortemente, claramente, com toda a segurança.
20 - Indiscutivelmente, os fascistas dispõem de quadros seriamente formados para a batalha, possuem batalhões de choque experimentados. Não se deve considerar isso levianamente: os "oficiais", mesmo num exército criado para a guerra civil, desempenham um papel importante. Mas o que decide não são os oficiais, são os soldados. Ora, os soldados do exército proletário são incontestavelmente superiores aos do exército de Hitler, mais seguros e mais senhores de si mesmos.
Quando o fascismo tiver tomado o poder, achará facilmente seus soldados. Quando se dispõe do aparelho do Estado, pode-se formar um exército com filhos de família, intelectuais, empregados de administração, operários desmoralizados, capengas etc. Exemplo: o fascismo italiano. Se bem que devamos dizer que o valor combativo da milícia fascista na Itália ainda não foi seriamente posto à prova. Mas trataremos, por enquanto, do fascismo alemão, que ainda não está no poder. Ainda tem de conquistar o poder numa luta contra o proletariado. Será possível que o Partido Comunista tenha formado, para essa luta, quadros menos bons que os dos fascistas? E pode-se admitir um instante que os operários alemães, senhores de poderosos meios de produção e de transporte, que constituem, pelas próprias condições de trabalho, o exército do ferro, do cobre, do trilho, do fio elétrico, não manifestem na luta decisiva a sua superioridade infinita sobre a poeira de humanidade que Hitler representa? Há ainda um importante elemento de força para uma classe ou um partido: é a idéia que esse partido ou essa classe tem das relações de forças existentes no país. Em toda guerra, o inimigo se esforça por dar uma idéia exagerada de suas forças. Era este um dos segredos da estratégia de Napoleão. Hitler é, em todo caso, capaz de mentir não menos habilmente do que Napoleão. Mas a sua fanfarronada não lhe será útil, nesta guerra, senão a partir do momento em que os comunistas começaram a dar-lhe crédito. O que é sobremodo importante fazer agora, é uma estimativa real das forças. De que dispõem os nacional-socialistas nas fábricas, entre os ferroviários, no exército? Com quantos oficiais organizados e armados podem contar? Uma análise clara da composição social dos dois campos, um recenseamento permanente e vigilante das forças que se confrontam, eis as fontes de um otimismo revolucionário que não comportaria erro.
A força dos nacional-socialistas, neste momento, consiste menos em seu próprio exército do que nas dissensões de seus inimigos mortais. Mas é precisamente a realidade do perigo fascistas, o crescimento e a iminência desse perigo, é a consciência da necessidade de prevenir esse perigo custe o que custar, que impõem aos operários o dever da cerrar fileiras em sua própria defesa. A concentração das forças proletárias se fará tanto mais rapidamente e com tanto maior sucesso quanto o instrumento essencial desse processo - isto é, o Partido Comunista - se mostrar mais confiante em si mesmo. A chave da posição ainda está, por enquanto, nas mãos desse partido. Ai dele, se a deixar cair
Nestes últimos anos, os funcionários da I.C., em todas as ocasiões e invocando toda sorte de pretextos, por vezes absolutamente injustificáveis, deram sinal de alarma contra os perigos de guerra que ameaçavam imediatamente a U.R.S.S. Atualmente, esse perigo se apresenta em toda a sua realidade e sob aparências concretas. Para todo operário revolucionário, o seguinte axioma deve ser considerado como evidente: se os fascistas tentam tomar o poder na Alemanha, é forçoso que se siga uma mobilização do Exército Vermelho. Para o Estado proletário, trata-se simplesmente de sua própria defesa revolucionária no sentido mais amplo, A Alemanha não é só a Alemanha. É o coração da Europa. Hitler não é somente Hitler. É candidato ao papel de um super-Wrangel. Mas o Exército Vermelho não é somente o Exército Vermelho. É o instrumento da revolução proletária mundial!
26 de Novembro de 1931.
Notas do Tradutor (Mário Pedrosa):
(1) Ver o livro de L. Mantsó: Tempestade sobre a Ásia (A luta pela Manchúria), Edições UNITAS.(retornar ao texto)
(2) Relativo ao plebiscito, onde os problemas a resolver não se discutem livremente, mas são colocados sob a forma de ama alternativa2.(retornar ao texto)
Inclusão | 05/12/2003 |