MIA > Arquivos Temáticos > Imprensa Proletária > Revista Problemas nº 16 > Novidades
No curso da segunda guerra mundial e no período de após guerra, ocorreram modificações essenciais na situação internacional. A derrota militar dos Estados fascistas, na qual a URSS teve papel decisivo, fortaleceu as posições do socialismo e enfraqueceu as do capitalismo. A correlação de forças entre o sistema socialista e o sistema capitalista modificou-se em favor do socialismo e em detrimento do capitalismo. A crise geral do capitalismo acentuou-se. O fortalecimento das posições socialistas, o nascimento das novas democracias libertadas das cadeias imperialistas, o aprofundamento da luta de classes entre o proletariado e a burguesia e o enorme desenvolvimento do movimento de libertação nacional nas colonias e países dependentes, tudo isto demonstra o aprofundamento agudo da crise geral do capitalismo.
A formação de dois campos — o imperialista e o democrático — e a luta entre os mesmos, são os traços mais importantes da presente situação internacional e representam nova etapa na luta entre os dois sistemas.
A força dirigente do campo imperialista e antidemocrático, é o imperialismo americano. A guerra, resultado do desenvolvimento desigual do capitalismo em diferentes países, acentuou ainda mais essa desigualdade.
E como resultado desta guerra, restringiu-se consideravelmente a base do imperialismo. Três grandes Estados imperialistas — Alemanha, Japão e Itália — sofreram uma derrota militar e foram suprimidos como grandes potências. A França foi grandemente enfraquecida e também perdeu sua posição antiga de grande potência. As posições da Inglaterra foram igualmente prejudicadas. De todos os grandes Estados capitalistas, só os Estados Unidos saíram da guerra fortalecidos do ponto de vista econômico e militar.
Em tempos de paz, de maneira muito mais acentuada do que em tempos de guerra, evidenciam-se as diferenças entre a situação econômica dos Estados Unidos e a dos outros países capitalistas. Assim, por exemplo, a parte dos Estados Unidos na produção industrial capitalista mundial elevou-se para 60%, quando era de 48% no período de 1925 a 1929: a produção do aço passou de 49% em 1929 para 55% em 1943 e, em 1947, atingiu 64% da produção mundial(1). Todos os traços fundamentais do imperialismo revelaram-se nos Estados Unidos, o principal país imperialista. A propósito esclareceu Lenin:
"os traços parasitários do capitalismo americano moderno surgiram de maneira particularmente destacada"(2).
Essas palavras foram confirmadas com força excepcional. Não é por acaso que o capital monopolizador americano tomou a direção da luta contra a democracia mundial e o socialismo.
Como todo Estado imperialista, os Estados Unidos já realizaram uma política expansionista em etapas anteriores de sua História. Entretanto, até a segunda guerra mundial, a expansão americana se limitara princialmente ao hemisfério oriental e ao Oceano Pacífico. Durante a segunda guerra mundial, enquanto a URSS e os países democráticos procuravam firmar como objetivos fundamentais da guerra a restauração e o fortalecimento da ordem democrática na Europa, a liquidação do fascismo e a conjuração das possibilidades de uma nova agressão da parte da Alemanha, os Estados Unidos, de acordo com a Inglaterra, procuravam livrar-se, no mercado mundial, de concorrentes como a Alemanha e o Japão e firmar sua hegemonia no mundo. Depois da guerra, a luta dos Estados Unidos pela supremacia mundial reforçou-se consideravelmente.
A política externa do imperialismo americano tornou-se particularmente agressiva em 1947.
O "plano imperialista Truman-Marshall", que é o desenvolvimento lógico e a expressão da linha fundamentalmente reacionária da política americana de após guerra, representa uma nova expressão do expansionismo americano: a rejeição direta dos princípios de colaboração internacional, de reconhecimento dos direitos soberanos dos outros Estados, uma tentativa de ditar sua vontade aos povos de todo o mundo, que o imperialismo dos Estados Unidos pretende submeter à sua dominação econômica e política.
O imperialismo americano é hoje o organizador das forças reacionárias em todo o mundo. Os dólares e os armamentos americanos sustentam os regimes reacionários na Grécia, Turquia, China e outros países, e estimulam o fortalecimento da reação na Europa, na Ásia e em outros continentes. Os monopólios americanos tentam igualmente fascistizar a estrutura política interna dos Estados Unidos.
O reforçamento da agressividade do imperialismo americano, como afirma a Declaração dos representantes dos nove Partidos Comunistas, está condicionado ao fato de que:
"a luta entre esses dois campos — entre o campo imperialista e o campo anti-imperialista — desenrola-se nas condições de acentuação contínua da crise geral do capitalismo, de enfraquecimento das forças do capitalismo e de fortalecimento das forças do socialismo e da democracia"(3).
A acentuação das contradições do imperialismo americano contemporâneo verifica-se nas condições do desenvolvimento dos monopólios, por saltos sucessivos, à base da gigantesca concentração da produção e do capitai, à base ainda da importância consideravelmente aumentada (peso especifico dos Estados Unidos no sistema econômico capitalista mundial nas condições de um aprofundamento agudo dos problemas de escoamento da produção para o capitalismo de após-guerra. O camarada Stálin observou:
"A desigualdade de desenvolvimento dos países capitalistas, com o tempo, leva geralmente a uma ruptura brusca do equilíbrio no interior do sistema mundial do capitalismo e, nessa ocasião, o grupo de países capitalistas que se considera menos aquinhoado em matérias primas e mercados, tenta geralmente modificar a situação e proceder, por meio do emprego da força armada, a uma nova partilha das esferas de influência em seu proveito. O mundo capitalista divide-se então em dois campos inimigos entre os quais estoura a guerra"(4).
O chefe da delegação soviética à segunda sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, o camarada Vichinsky, demonstrou de maneira convincente que os representantes dos monopólios americanos, das maiores empresas nos ramos dirigentes da indústria americana e dos meios bancários, especuladores habituais da guerra, são os mais ativos propagandistas da ideia de uma nova guerra.
O imperialismo americano realiza uma política externa expansionista em todos os planos: medidas militares estratégicas, expansão econômica e luta ideológica. A política agressiva dos círculos reacionários dos Estados Unidos tem um objetivo de longo alcance: a preparação de uma nova guerra para estabelecer a supremacia mundial dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, fazendo o maior barulho possível a respeito de uma nova guerra e acentuando a tensão nas relações internacionais, os círculos dirigentes dos Estados Unidos têm em vista um objetivo mais imediato: manter artificialmente uma alta conjuntura econômica no interior do país.
Criando uma psicose de guerra, os monopólios americanos procuram fazer aumentar as encomendas de guerra dos governos e conseguem fazer crescer as despesas militares, tanto nos Estados Unidos, como nos países que deles dependem.
Em sua conversa com o correspondente em Moscou do "Sunday Times", o camarada Stálin acentuou que:
"os rumores a respeito de uma nova guerra" são necessários aos reacionários para:
"1.° — intimidar, com o espectro da guerra, certos homens políticos, ingênuos, seus "adversários", e ajudar assim seus respectivos governos a extorquir maiores concessões desses "adversários";
"2.° — Opôr obstáculos, durante algum tempo, à compressão dos orçamentos militares de seus países;
”3.° — impedir a desmobilização das tropas e, assim, impedir o rápido crescimento do desemprego"(5).
As medidas estratégicos militares, tendo por fim provocar a guerra e a propaganda da guerra são, nas mãos dos monopólios americanos, instrumentos poderosos para manter em nível bem alto seus lucros sempre crescentes. A "militarização" da economia, as encomendas de guerra e o crescimento das despesas militares do Estado, criam uma procura suplementar para numerosos produtos industriais e permitem, igualmente, manter em nível alto as encomendas das empresas. Além disso, a propaganda guerreira permitiu ao governo americano vender a outros países seus excedentes de guerra, armamentos e material militar já antiquados.
O imperialismo americano efetua sua política expansionista sob a capa da luta pela democracia e o progresso. Isto também não é por acaso. A agressão americana desenrola-se num momento em que as forças democráticas mundiais se fortaleceram e retemperaram no fogo da luta contra os agressores alemães e japoneses, quando a autoridade internacional da URSS em seu caráter de centro e baluarte da democracia mundial, aumentou e se fortaleceu consideravelmente.
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Lenin ensina que a base material dos monopólios é a concentração da produção e do capital. Eis porque começamos a análise das raízes econômicas do expansionismo americano pelo estudo dos mais recentes movimentos na concentração da produção nos Estados Unidos.
A segunda guerra mundial trouxe uma concentração e uma centralização da produção e do capital, maiores que durante os vinte anos decorridos entre as duas guerras, e esses processos, além do mais, desenvolveram-se de maneira mais intensa durante a segunda guerra do que durante a de 1914 a 1918.
A análise aprofundada da concentração da produção nos Estados Unidos demonstra que durante a segunda guerra mundial a importância absoluta e relativa (o peso específico) das grandes empresas aumentou consideravelmente na economia, e aos saltos, o que é visível pelos dados sobre a concentração das indústrias de transformação relativa aos anos de guerra, constantes da tabela n.° 1.
Tabela nº 1 | ||||||
Concentração das indústrias manufatureiras nos Estados Unidos em 1939-1944 (*) | ||||||
Grupos de empresas (firmas) com número de trabalhadores ocupados |
Número total de empresas (firmas) |
Número total de trabalhadores ocupados | ||||
em milhares | em % | |||||
1939 | 1944 | 1939 | 1944 | 1939 | 1944 | |
Total | 203.900 | 218.381 | 10.800 | 16.694 | 100 | 100 |
Divididos como segue: | ||||||
de 1 a 99 | 187.477 | 197.638 | 2.787 | 3.138 | 25,8 | 18,9 |
de 100 a 499 | 14.000 | 15.938 | 2.782 | 3.225 | 25,8 | 19,3 |
de 500 a 9.999 | 2.374 | 4.461 | 3.811 | 5.248 | 35,3 | 31,4 |
mais de 10.000 | 49 | 344 | 1.420 | 5.083 | 13,1 | 30,4 |
(*) "Economic Concentration and Word Ward II", págs. 313-319. | ||||||
A unidade de base do cálculo nas cifras acima não é a empresa, mas a firma. Nos cálculos também estão englobadas “firmas” que não empregam o trabalho assalariado, e oficinas de artesãos que empregam alguns operários. Nessas cifras estão incluídos não só os operários como também todo o pessoal da empresa, com exceção dos serviçais e dos patrões. Os dados apresentados exprimem diretamente a concentração do capital e, somente de maneira indireta, a concentração da produção. |
A concentração da produção fortaleceu consideravelmente o papel dirigente da oligarquia financeira na vida econômica e política dos Estados Unidos. No número de junho da revista "Economic out-lock", encontramos as seguintes cifras que ilustram o papel e a importância dos grandes monopólios americanos na economia do país: 250 das maiores sociedades controlam cerca de 2/3 do ativo de todas as indústrias dos Estados Unidos. O ativo dessas sociedades é aproximadamente igual ao de toda a indústria manufatureira dos Estados Unidos às vésperas da guerra. Os fundos líquidos de 63 das maiores sociedades são suficientes para açambarcar o ativo de 71.000 firmas industriais, pequenas e médias. Menos de 4% de todas as sociedades na indústria de transformação recebem 84% dos lucros líquidos de toda a indústria. Em 1937, 1% de todos os acionistas das 200 maiores sociedades não financeiras dos Estados Unidos centralizavam mais de 2/3 das ações emitidas por essas sociedades(6).
Os monopólios não dominam unicamente o setor industrial da economia: 80% das empresas de serviços públicos pertencem a 40 das maiores sociedades, 92% do ativo dos transportes ferroviários estão nas mãos de 45 sociedades e 81,5% do ativo das sociedades de seguro de vida estão nas mãos das 17 maiores companhias de seguro(7).
Entretanto todas essas cifras ainda não dão uma ideia completa do concentração efetiva da riqueza nacional nas mãos de um pequeno punhado de indivíduos.
De fato, mesmo essas enormes sociedades industriais, financeiras e de transportes, nos Estados Unidos, estão sob o controle de uma camada superior da oligarquia financeira do país. 8 grupos capitalistas-financeiros são os proprietários autênticos da riqueza nacional dos Estados Unidos, da qual dispõe a vontade.
A esmagadora maioria das empresas industriais, bancárias e de transportes, está nas mãos de 5 grupos de famílias da oligarquia financeira: Morgan, Rockefeller, Kuhn-Lieb, Mellon e Dupont e de 3 grupos locais: Chicago, Cleveland, Boston. Esses 8 grupos capitalistas-financeiros já em 1935 controlavam sociedades com um capital total (ativo) de 61.025 milhões de dólares, isto é, 29% de todo o ativo das sociedades bancárias, e não financeiras dos Estados Unidos. Morgan controlava sociedades com um ativo de 30.210 milhões de dólares, Kuhn-Lieb, sociedades com um ativo de 10.852 milhões de dólares, Rockefeller, 6.613 milhões, Mellon, 3.338 milhões, Dupont, 2.628 milhões, o grupo de Chicago, 4.267 milhões de dólares, o de Cleveland, 1.403 milhões, e o de Boston, 1.719 milhões de dólares. Esses 8 grupos oligarquico-financeiros são os reis sem coroa dos Estados Unidos.
Durante a guerra, a riqueza dos magnatas do capital financeiro americano cresceu ainda mais. Se, às vésperas da guerra, havia nos Estados Unidos 3 sociedades industriais, cada qual com um ativo de um bilião de dólares ou mais, durante a guerra entraram para essa categoria 5 outras sociedades industriais: Curtis-Wright, Dupont de Nemours, e Bethleem Steel Co., a Socony Vacuum Oil Co., e a Ford. Em 1941 havia em todas as esferas econômicas dos Estados Unidos 32 companhias com ativos que ultrapassavam um bilhão de dólares. Em 1944 o número de companhias bilionárias elevava-se a 40.
Seis grandes sociedades, que controlavam em 1939 cerca de 10% do ativo das sociedades industriais, adquiriram cerca da metade das empresas do governo vendidas pelo Estado em 30 de junho de 1946(8). Em 1943 e 1944, os 8 grupos capitalistas financeiros citados controlavam 106 das maiores sociedades de indústrias manufatureiras dos Estados Unidos. Os lucros dos monopólios americanos aumentaram de maneira fabulosa durante a guerra. As rendas de todas as sociedades ativas dos Estados Unidos, conforme dados oficiais, habitualmente subestimados, elevaram-se, deduzidos os impostos, de 4 bilhões de dólares em 1939 para 12,2 bilhões em 1943, e continuaram a aumentar depois da guerra até 17,4 bilhões em 1947. Durante a guerra não só aumentou a cifra absoluta dos lucros, como também a taxa dos lucros. A renda líquida das sociedades industriais manufatureiras elevava-se, em percentagem do capital próprio a 3% em 1938; 7,1 % em 1939; 8,9% em 1940; 12,5% em 1941; 11,2% em 1942 e 11% em 1943.
Depois da guerra, a taxa dos lucros continuou a aumentar. Os lucros líquidos, em relação ao capital próprio, atingiam em 1948, nas sociedades industriais de automóveis. 21 %, na alimentação 21 %, nas indústrias têxteis e de confecções 19%(9). Como se sabe, com o desenvolvimento do capitalismo, a taxa dos lucros tende a diminuir. Esse fato extraordinário de uma elevação da taxa dos lucros prova que durante a guerra e os anos de após guerra, o grau de exploração da força do trabalho aumentou de forma acentuada. Esse aumento do grau de exploração, não só freou a tendência decrescente da taxa dos lucros, mas provocou sua elevação.
A concentração da riqueza nas mãos dos maiores monopólios aumentou ainda mais a tendência geral da oligarquia financeira a se ligar ao aparelho estatal nos Estados Unidos. Como se sabe, na época do imperialismo os monopólios têm sempre em suas mãos o aparelho governamental que dirigem de acordo com seus interesses. Entretanto, nunca na história dos Estados Unidos a oligarquia financeira determinou tão absolutamente como hoje a política interna e externa do governo. O aparelho estatal dos Estados Unidos está praticamente invadido de todos os lados pelos negocistas de Wall Street. A dominação econômica e política dos monopólios dá à política interna e externa dos Estados Unidos um caráter agressivo, imperialista.
A formação de monopólios destinando-se especialmente à indústria de guerra, monopólios que adquiriram grande importância na economia norte- americana, tem um papel importante no fortalecimento da política expansionista dos Estados Unidos. Assim, por exemplo, o capital social das 4 maiores sociedades de aviação dos Estados Unidos, ao fim da guerra, estava dividido da seguinte maneira: Curtis, 428 milhões de dólares; Consolidated Vultee Aircraft, 144 milhões de dólares; Douglas 177 milhões de dólares; United Aircraft, 219 milhões de dólares. Lembremo-nos, em comparação, que às vésperas da guerra, em 1939, o capital social da Cia. Universal de Eletricidade elevava-se a 233 milhões de dólares, a da Kreisler, a 115 milhões de dólares, e o da Westinghouse a 136 milhões de dólares. A formação dos monopólios especiais de indústrias de guerra prova que, ao contrário do que aconteceu depois da primeira guerra mundial, o governo dos Estados Unidos decidiu manter e desenvolver ainda mais sua base de indústria de guerra, e criar as condições favoráveis a uma rápida conversão da indústria, na eventualidade da preparação de uma nova guerra. Os monopólios especiais das indústrias de guerra são um fator importante no fortalecimento das tendências militaristas nos Estados Unidos.
O crescimento e o fortalecimento dos monopólios americanos são influenciados pela decadência dos monopólios alemães e japoneses e pelo enfraque cimento das posições internacionais do capital monopolizador inglês. Atualmente, o poder produtivo dos monopólios americanos constitui o elemento preponderante do poder produtivo do capitalismo industrial mundial. 250 grandes sociedades americanas controlam 40% do poder produtivo do capitalismo industrial mundial. O aumento do peso específico da economia dos Estados Unidos na economia capitalista mundial, a acentuação do processo de empobrecimento da classe operária americana e, em consequência, a restrição do mercado interno americano, geram para o capitalismo de após guerra dificuldades nunca antes encontradas nos problemas da realização. O imperialismo americano, se bem que ocupe posições dominantes no mundo capitalista,-sente entretanto que sua posição econômica é absolutamente precária. Daí a febre expansionista e agressiva do imperialismo americano.
Apresentou-se novamente depois da guerra o problema da luta pela par tilha do mundo. As formas mais importantes dessa luta pela nova partilha dum mundo já partilhado, que são, segundo Lenin, Os sintomas fundamentais do imperialismo, sofreram modificações importantes no período de crise geral do capitalismo. O aprofundamento da desigualdade de desenvolvimento em cada país capitalista, o enorme crescimento do poder dos monopólios e a diminuição do número de grandes Estados imperialistas ávidos por açambarcar novos territórios, fizeram com que a luta pela redivisão do mundo adquirisse inevitavelmente os caracteres de uma luta pela supremacia mundial. A Alemanha fascista, como se sabe, fazia sua política agressiva não apenas sob a forma da luta pela anexação de colonias ou de territórios, mas sob a forma de guerra de conquista visando impôr sua hegemonia em todo o mundo.
Depois da segunda guerra mundial, a força fundamental da luta pela supremacia mundial é representada pelo Imperialismo americano. A novidade na luta pela redivisão do mundo na etapa de aprofundamento da crise geral do capitalismo consiste em que os círculos dirigentes dos outros Estados imperialistas ajudam o imperialismo americano em sua luta pela supremacia mundial.
Como sempre, no mundo capitalista, a presente situação internacional também se caracteriza por graves contradições entre os círculos imperialistas dos diversos países. O regime da propriedade privada capitalista e a concorrência condicionam e inevitavelmente provocam desacordos e conflitos entre os parceiros do campo imperialista. Atualmente, por exemplo, as contradições se acentuaram entre os Estados Unidos e os países capitalistas da Europa e em primeiro lugar, entre os Estados Unidos e a Inglaterra, em relação à partilha das esferas de influência.
Essas contradições apareceram muito nitidamente durante o exame dos problemas alemães, e, em particular do problema do Ruhr, na luta pela subordinação dos países do Oriente Médio e Próximo, nas conferências sobre o comércio exterior internacional e as relações financeiras. O reerguimento econômico dos países capitalistas da Europa vai ainda acentuar, ao mesmo tempo, as contradições entre os mesmos e os Estados Unidos e as contradições entre cada um deles. Mas, ao mesmo tempo, a particularidade importante na disposição atual das forças políticas mundiais é a atitude rastejante dos círculos dirigentes dos outros Estados imperialistas, inclusive dos líderes trabalhistas ingleses, diante do imperialismo americano. Receosos do desenvolvimento das forças democráticas, estão prontos a trair os interesses nacionais de seus países e a transformar estes últimos em apêndices da economia americana. Isto estimula a conduta agressiva do imperialismo americano, que se prepara para uma nova guerra a fim de impor sua dominação a todo o mundo e que procura solucionar suas contradições econômicas internas com uma expansão no exterior.
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O desenvolvimento e o fortalecimento dos monopólios americanos ocorre no quadro de uma acentuação aguda e de um aprofundamento das contradições fundamentais do capitalismo americano e, em particular, das contradições entre o crescimento dos meios de produção, efetuado em vista da obtenção do máximo de lucros, e a diminuição do poder aquisitivo de amplas camadas da população americana.
O problema dos mercados que, como o indicou o camarada Stálin, já era, depois da primeira guerra mundial, o problema fundamental do capitalismo contemporâneo, agravou-se consideravelmente depois da segunda guerra mundial. O problema dos mercados fortalece e acentua o caráter agressivo da política dos monopólios americanos.
Durante a segunda guerra mundial o potencial de produção da indústria americana aumentou aproximadamente de um terço. Todo o aumento do capital fixo produziu-se na indústria de guerra e nos ramos conexos. Uma parte enorme desse potencial poderia ter sido tecnicamente convertida no produção de paz, mas havendo de um lado, a natureza capitalista da economia americana que reduz os mercados e, de outro, o fato de que uma parte desse poder é posta de lado para fins agressivos, a reconversão em indústria de paz não se efetua senão em proporção insignificante.
Isto prova a profundidade da decomposição do imperialismo americano e constitui um fator importante na preparação de uma nova guerra mundial, desejada pelos círculos reacionários que esperam com a guerra manter o pleno rendimento de seu aparelho de produção industrial. O camarada Stálin observou; sobre esse ponto:
"...o desenvolvimento do capitalismo não impede, ao contrario, prepara a decomposição progressiva do capitalismo"(10).
A acentuação do desequilíbrio na economia americana teve grande importância. Produziu-se uma grande modificação na estrutura econômica americana sob a forma de um brusco desenvolvimento da indústria.
Já às vésperas da guerra a economia dos Estados Unidos se caracterizava por uma hipertrofia do desenvolvimento industrial, sensível nos domínios da indústria pesada e da construção de máquinas. As necessidades de equipamento e as rendas de amplas camadas da população eram insuficientes para absorver a produção da indústria americana.
Durante a guerra, aumentou ainda mais a importância da indústria e, em particular, da indústria de construção de máquinas, da metalurgia e da química. A percentagem dos trabalhadores e empregados ocupados na indústria de transformação em relação à cifra total de pessoas ocupadas, sem contar a economia camponesa, elevou-se de 33% em 1939 para 42% em 1944 87% dos trabalhadores suplementares ocupados na indústria de transformação americana foram aliciados durante a guerra para os setores de armamentos, construção de máquinas, metalurgia e indústria química. O número de operários ocupados nesses ramos aumentou, em relação ao número total de operários industriais, de 35% em 1939 para 56,5% em 1944. A hipertrofia do ramo de construção de máquinas pesa particularmente na economia dos Estados Unidos. Em 1939 a produção de máquinas e da indústria metalúrgica representava 23,6% do conjunto da produção industrial, e em 1944, 44%. Não se deve esquecer que às vésperas da guerra, a capacidade produtiva do ramo de construção de máquinas na América era utilizada em menos de 50% de suas possibilidades.
O crescimento do desequilíbrio na economia americana, durante os primeiros anos de após guerra era encoberto por numerosos fatores temporários. A economia dos Estados Unidos experimentou por essa época uma brusca elevação da atividade dos negócios e de prosperidade. Este era determinado pelos seguintes fatores:
Se as despesas com a manutenção das forças armadas atingiram 14,5 bilhões de dólares contra 1,1 bilião de dólares em 1939, isto é, aumentaram 13 vezes(13).
No fim da guerra grandes excedentes de material e armamentos ficaram nas mãos do governo dos Estados Unidos. Entretanto, hoje, esse país continua a completar suas reservas estratégicas. O diretor dos armamentos do exército e da marinha, Richard Depre, anunciou que o material estratégico sera completado com uma quantia de 2 bilhões de dólares durante os 5 anos vindouros.
Tabela nº 2 | |||||
Produção mercantil da indústria nos Estados Unidos em 1944-1947 | |||||
(em bilhões de dólares, preços de 1944) | |||||
1944 | 1945 | 1946 | 1947 |
1947 | |
jan-ago média anual |
em % do ano de 1944 |
||||
Produção total industrial | 156,1 | 139,0 | 113,0 | 120,0 | 77,9 |
compreendendo | |||||
Construção de máquinas | 56,6 | 40,5 | 21,8 | 24,8 | 44,0 |
Outros ramos industriais | 99,5 | 98,5 | 91,2 | 95,2 | 96,0 |
Mais de dois anos e meio já se passaram desde o fim da guerra. Durante esse tempo a indústria americana recomeçou o fabricação dos tempos de paz que havia interrompido ou diminuído bastante. Atualmente, devido à sua concentração, o escoamento desses produtos ultrapassa uma vez e meia o nível de ante da guerra.
Apesar disso, a produção industrial em 1947 era inferior à de 1944 em 23% e manteve-se no nível do quarto trimestre de 1946. A construção das máquinas diminuiu de mais de metade, não atingindo senão 44% do nível de 1944. É significativo que justamente a produção desse ramo de construção de máquinas, que inclui até as usinas de aviação e os estaleiros navais, tenha diminuído em 1947 de 40% em comparação a 1944. Isto significa afinal que a diminuição das encomendas de guerra não foi compensada por uma produção de ferramentas, de material e de artigos de consumo. Se se levar em conta que mesmo durante a guerra a capacidade de produção americana nos ramos de construção de máquinas não foi utilizada plenamente, compreende-se como é grande a capacidade atualmente inutilizada. Na siderurgia e na indústria de metais não ferruginosos, bem como na indústria química, o desperdício da capacidade produtiva também aumenta.
Em 1947 a produção do alumínio diminuiu de 41% em relação ao máximo atingido durante a guerra, a do aço laminado diminuiu de 19% e a da borracha sintética de 35%. A capacidade da indústria do alumínio, excetuando-se as empresas do governo, menos rendosas, era utilizada em 1946 em 60% e a da indústria do aço laminado em 70% (janeiro-setembro de 1947). É importante salientar que depois da guerra o máximo da época da guerra não foi mais atingido nos ramos industriais como a siderurgia e a indústria algodoeira. Em comparação com 1944, os anos de 1946 e 1947 revelam uma diminuição de produção nos Estados Unidos de 25,7 milhões de toneladas de fundição, 35,7 milhões de toneladas de aço, 117 milhões da toneladas de carvão; além disso foram utilizados menos de 770 milhares de fardos de algodão do que em 1945.
A produção de uma série de artigos civis aumentou. Entretanto, o aumento, dessa produção não compensou a diminuição da utilização das matérias primas e dos combustíveis que resultou da diminuição das encomendas do governo. A produção da indústria manufatureira nos Estados Unidos, mesmo sem se levar em conta a da construção de máquinas, diminuiu em 1946 (média mensal para janeiro-agosto) de 4% em comparação com 1944(14).
Enquanto a indústria americana se debate em meio a contradições insolúveis e o volume de sua produção às vésperas de uma crise ainda é muita menor que o volume atingido durante a guerra, a URSS dá a todo o mundo o exemplo de sua organização de após guerra, de sua reconstrução planificada e de um desenvolvimento irresistível no caminho do progresso.
Não há muito tempo, foram publicadas pelo Gosplan as cifras referentes à. realização dos planos estatais, ao restabelecimento e ao desenvolvimento da economia nacional em 1947. De acordo com essas cifras, foi atingido no quarto trimestre de 1947 o nível médio trimestral da produção de 1940. Em 1947, em comparação com 1946, a produção bruta de toda a indústria da URSS aumentou em 22%, se se incluir a indústria leve e têxtil que se eleva a 33%, a produção de numerosas variedades importantes de ferramentas aumentou mais de duas vezes. Assim, apesar das imensas perdas e das destruições da guerra infligidas pelos bárbaros fascistas à economia nacional da URSS, o país do socialismo, dois anos e meio depois da guerra, pôde restabelecer o nível de antes da guerra de sua produção industrial e ultrapassar consideravelmente o nível dos anos anteriores à guerra. Isto mostra as enormes e fundamentais vantagens da estrutura soviética da sociedade e do Estado, e o aumento ininterrupto de poder do campo anti- imperialista e democrático, conforme assinala Molotov:
"O regime soviético assegura todas as possibilidades para uma expansão contínua das forças produtivas e para um reerguimento contínuo do bem estar dos trabalhadores das cidades e dos campos, o que não existe nem pode existir em qualquer país capitalista(15).
Já entre as duas guerras ficou patente que a economia dos Estados Unidos se caracteriza por uma instabilidade maior e por crises cíclicas mais acentuadas que a economia dos outros países capitalistas. Assim, por exemplo, durante os anos de crise de 1929 a 1933 o volume da produção manufaturada nos Estados Unidos diminuiu de 46%, quando o volume da produção manufaturada dos outros países capitalistas da Europa diminuirá de 30%. Essa instabilidade cíclica americana demonstra que os traços fundamentais da crise do capitalismo se manifestaram nos Estados Unidos de maneira mais aguda, já que a América é o principal país do capitalismo monopolista.
O aprofundamento da crise geral do capitalismo, o fortalecimento do desequilíbrio entre os diferentes ramos da economia americana têm como consequência um agravamento da instabilidade e das oscilações cíclicas no desenvolvimento de após guerra da economia americana. Mesmo os magnatas do capital americano sentem isso e é por esse motivo que suas tentativas para dominar a economia dos outros países tornam-se cada vez mais insistentes e agressivas. A expansão imperialista destina-se, não só a ampliar os mercados externos para as mercadorias americanas e as esferas de investimentos do capita! americano, como também a transferir as dificuldades da crise econômica inevitável que se aproxima para os ombros dos países europeus e asiáticos. Não é pois por acaso que os economistas ingleses e franceses mais realistas se opõem a relações econômicas mais íntimas com os Estados Unidos, e em particular ao "Plano Marshall", demonstrando muito justamente que sua realização terá como consequência inevitável o aumento da instabilidade e das oscilações cíclicas na economia dos Estados europeus, o aprofundamento e a acentuação das dificuldades econômicas que já hoje atravessam os países europeus, tudo devido à crise dos Estados Unidos.
Os economistas burgueses americanos pretendem demonstrar, no interesse de seus patrões de Wall Street, que a instabilidade das relações econômicas internacionais é que explica o agravamento do problema do escoamento da produção. Por exemplo, o professor de Economia da Universidade de Harvard, Gottried Haberler, afirma que as perspectivas atuais de comércio externo são mais sombrias do que o eram depois da primeira guerra mundial. Diz ele:
"As devastações da guerra são hoje incomparavelmente mais importantes do que há 25 anos atrás. As oportunidades objetivas de uma paz duradoura, baseadas sobre uma solução amistosa das questões de após guerra, são evidentemente menores que depois da primeira guerra mundial. Isto não cria uma atmosfera favorável a uma política mercantil mais liberal"(16).
Não é difícil compreender que Haberler tenta justificar a utilização, pelo governo dos Estados Unidos, do comércio externo, como meio de subordinar os outros países à América. De fato, a vitória, bem como o aniquilamento dos agressores alemães e japoneses, criaram condições favoráveis a uma colaboração internacional e, em particular, ao desenvolvimento do comércio externo dos Estados Unidos. Como demonstrou o camarada Stálin em suas entrevistas com o representante do Partido Republicano dos Estados Unidos, Harold Stassen, as condições para o desenvolvimento do comércio externo dos Estados Unidos são hoje muito mais favoráveis do que em qualquer época anterior.
Entretanto os monopólios americanos não têm intensão de desenvolver o comércio externo à base da colaboração com os outros povos. O Plano Marshall demonstra claramente que o governo americano considera a exportação dos capitais e o comércio externo como um meio de estabelecer a dominação mundial dos Estados Unidos e de submeter os outros povos. Além disso:
"É preciso não se esquecer que a economia dos países capitalistas engendra, ela própria, guerras de agressão"(17).
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A concentração da riqueza nacional nas mãos dos grandes monopólios foi inevitavelmente acompanhada de um agravamento do empobrecimento absoluto e relativo da classe operária. Já Marx dizia:
"... A acumulação da riqueza num polo significa a acumulação no polo oposto da miséria, dos sofrimentos, da escravidão, da ignorância, do embrutecimento e da degradação moral da classe cujo produto constitui o capital"(18).
Nos Estados Unidos os maiores capitalistas possuem bilhões de dólares enquanto os salários da maioria dos trabalhadores americanos se mantêm num nível extremamente baixo e nitidamente insuficientes para garantir o mínimo indispensável à vida. Os salários dos trabalhadores americanos são menores do que o valor da força de trabalho, não só durante os anos de crise, como também durante as fases prósperas.
Durante a segunda guerra mundial o salário real dos trabalhadores diminuiu. Os monopólios enriqueceram e passaram para os ombros da classe operária o peso das despesas de guerra. Assim, mesmo segundo os dados do Departamento do Trabalho e da Direção da Produção de Guerra, o valor dos meios fundamentais de subsistência (mínimo vital N. C. T.) aumentou em 43% durante a guerra, enquanto o salário-hora básico aumentou ao todo 20% durante esse período.
No período de após guerra, o empobrecimento absoluto e relativo da classe operária americana aumentou grandemente. Depois da guerra diminuiu o número total de operários ocupados na indústria, e particularmente nos ramos que exigem trabalho mais especializado onde os salários são mais elevados, como por exemplo, na construção de máquinas,
Além do mais, no período de após guerra o desemprego readquiriu um caráter crônico. Segundo os dados oficiais do Departamento do Trabalho havia nos Estados Unidos, em agosto de 1947, 2.121.000 desempregados. Mas esses dados são reduzidos pelo menos de metade, pois que não incluem todos os indivíduos capazes de trabalhar e que foram expulsos da produção depois da guerra. Além disso, 7.784.000 pessoas não trabalhavam senão uma parte da semana; destas, 6.357.000 trabalhavam de 15 a 34 heras por semana e 1.427.000 não atingiam senão 15 horas por semana(19).
Em consequência das modificações na composição da mão de obra nos diferentes ramos produtivos e da diminuição da semana de trabalho, o salário médio dos operários americanos continuou a baixar. Em agosto de 1947 o salário semanal médio dos operários na indústria era inferior em 6% ao de 1943(20).
Durante esse tempo, no decurso dos anos de 1946 e 1947, os preços de todos os artigos de consumo aumentaram bruscamente. Mesmo segundo os dados oficiais, grandemente reduzidos, do Departamento do Trabalho, o índice do custo de vida era, em outubro de 1947, 27% mais alto que em agosto de 1944 os preços dos produtos que ocupam o lugar principal no orçamento de um operário, aumentaram de maneira especial. Os preços dos produtos alimentares aumentaram em outubro de 1947 em 45%, em comparação com outubro de 1945(21). Os impostos também aumentaram. Mais de metade das famílias operárias dispõem hoje de recursos consideravelmente inferiores ao mínimo vital. Segundo os dados do jornal "Economic Notes" de maio de 1947, uma família operária da cidade, composta de 4 pessoas, necessita hoje como mínimo vital de, pelo menos, 72,5 dólares por semana. E o salário semanal médio de um operário na indústria era de 49,03 dólares em julho de 1947(22).
Conforme a declaração de Murray, presidente do Congresso das Organizações dos Industriários (C. I. O.), o salário real de um trabalhador industrial diminuiu de 18% em fins de 1947, em comparação com 1945.
A diminuição do salário real do operário americano e o aumento do desemprego foram acompanhados de um aumento dos lucros dos monopólios que, em 1947, eram uma vez e meia mais altos do que os maiores lucros de tempos de guerra. A parte dos salários nos valores recém-criados diminui incessantemente. Na primeira metade de 1947, em comparação com a primeira metade de 1945, o salário nominal por unidade de produção industrial aumentou de 17%, os preços de 39%. Os lucros, depois de deduzidos os impostos, aumentaram de 142%(23).
A redução do nível de vida de amplas camadas da população nos Estados Unidos leva naturalmente à restrição do mercado interno, o que aumenta ainda mais as tendências expansionistas do capital monopolizador americano.
Durante esse tempo, freando o progresso técnico, entravando a mecanização da produção, os monopólios freiam o ritmo de acumulação, o que também leva à restrição do mercado interno. Os monopólios americanos tentam compensar a redução do mercado interno com a expansão no exterior.
As contradições do capitalismo americano, e em particular as contradições entre a produção e a procura, aumentaram consideravelmente em 1947. A conjuntura favorável, criada depois da guerra pela repentina elevação do nível dos negócios, foi utilizada pelos monopólios americanos para fins cúpidos e egoístas. Eles asseguraram para si enormes lucros por meio do sistema do preços altos, baixando consideravelmente, por essa razão, o poder de compra dos trabalhadores americanos. Durante esse tempo, em 1946, medidas de organização da produção foram tomadas para transferir certas partes da indústria para a produção de paz. Assim, em 1947, a indústria americana, procurando aumentar incessantemente o volume da produção de paz, defrontou-se com o obstáculo de mercados cada vez mais reduzidos.
De abril e agosto de 1947 a produção industrial dos Estados Unidos, foi continuamente reduzida. Durante os últimos meses de 1947 o índice do volume de produção começou a subir ligeiramente, mas durante todo o ano de 1947, a produção industrial oscilou em torno do quarto trimestre de 1946. Em 1947, o desenvolvimento parou e manifestou-se uma tendência à diminuição dos investimentos. Segundo os dados do Departamento do Comércio, o valor dos artigos de produção, inclusive ferramentas, mas incluindo os que interessam à economia camponesa e às construções de casas, atingia 7.300 milhões de dólares na primeira metade de 1947, contra 7.040 milhões de dólares da segunda metade de 1946. Durante a segunda metade de 1947, segundo cálculos do Departamento do Comércio, o valor dos investimentos atingiu 8.580 milhões de dólares.
Além disso, em comparação com 1946, o índice dos preços de ferramentas aumentou de 20% e o custo dos trabalhos de construção de 15%. Segundo nossos cálculos aproximados o volume dos trabalhos de investimento, expresso em quantidades materiais, manteve-se em 1947 no nível do segundo semestre de 1946. É importante notar que a parte das despesas de equipamento na indústria e nos transportes tem diminuído. O volume da construção industrial no volume geral dos investimentos (exclusive a economia camponesa) baixou de 37,2% em 1946, para 34,6% em 1947, e as construções comerciais ou diretamente ligadas ao comércio baixaram de 19,0% a 17,4%(24).
A tendência constatada para uma diminuição do volume dos investimentos na indústria é confirmada pelos dados sobre o movimento do número de trabalhadores na construção e pelo valor dos contratos concluídos. De janeiro a abril de 1947, o número dos trabalhadores na construção era mais alto que nos meses correspondentes de 1946, e em maio de 1947 o número desses trabalhadores era ainda menor que no mês correspondente de 1946. O número médio de operários empregados na construção era de 2.047.000 de maio a agosto de 1947, contra 2.120.000 durante o período correspondente de 1946.
O valor dos contratos concluídos que corresponde às perspectivas das construções era, segundo a revista "Engineering Record" de 2 de outubro de 1946 9,2% menos de maio a agosto de 1947 do que no período correspondente de 1946.
A reprodução aumentada do capital fixo constitui, como se sabe, a base material da fase de desenvolvimento de um ciclo. A diminuição constatada do volume de investimentos é incontestavelmente um sintoma importante da aproximação de uma crise econômica cíclica nos Estados Unidos.
O aumento dos estoques de mercadorias é igualmente muito significativo a esse respeito. Uma quantidade sempre maior de mercadorias acumula-se sob a forma de reservas comerciais. As reservas de mercadorias no comércio atacadista e varejista passaram de 13.542.000 dólares em setembro de 1946 para 16.875.000 dólares em setembro de 1947, ou seja, um aumento de 23 %. O aumento das reservas na esfera de troca das mercadorias traduz incontestavelmente o crescimento das dificuldades para realizar essas mercadorias. O fato de que as rendas dos assalariados são insuficientes para comprar as mercadorias produzidas é demonstrado igualmente pelas cifras relativas ao aumento das vendas a crédito. O valor das mercadorias vendidas a crédito aumentou de 9.022 milhões de dólares em outubro de 1946, para 12.050 milhões em outubro de 1947(25).
Essas cifras, provam, elas também, a aproximação de uma nova crise de superprodução nos Estados Unidos. Os monopólios americanos procuram uma saída para todas essas dificuldades crescentes na expansão para o exterior. Os apologistas do capitalismo americano, inclusive seus lacaios socialistas de direita na Europa (Blum, Bevin, Saragat, etc...), desejosos de fortalecer a dominação do capitalismo monopolizador, procuram convencer os povos da Europa e da Ásia que a restauração de seus países é impossível sem o auxílio dos Estados Unidos. Mas uma análise objetiva da economia de após guerra demonstra que os povos da Europa e da Ásia, através de esforços resolutos, podem restabelecer sua economia mesmo sem o auxilio dos Estados Unidos. Os imperialistas americanos, compreendendo que, em consequência da insuficiência do nível de vida atual das amplas massas populares, é impossível a utilização integral da capacidade produtiva da indústria americana, vendo que o mercado americano é muito restrito, procuram estrangular a indústria dos outros poises. O Departamento de Estado americano ocupa-se atualmente na execução desses objetivos do imperialismo americano. Essas "ideias" formam a base do "Plano Marshall" sobre o "reerguimento" da Europa que, na realidade, é um plano de escravização e de dominação política dos países europeus no interesse dos imperialistas dos Estados Unidos.
De janeiro a agosto de 1947, a exportação mensal média das mercadorias dos Estados Unidos atingia 230 milhões de dólares, contra 247 milhões dos três anos de 1936 a 1938. Mesmo levando-se em conta a modificação dos preços, a exportação dos Estados Unidos elevou-se aproximadamente duas vezes e meia em relação ao nível de antes da guerra. É muito importante notar-se que no aumento geral das exportações, foi a expedição dos produtos acabados que aumentou mais rapidamente. O volume dos produtos acabados nas exportações totais passou de 49% (média de 1936 a 1938) para 60% em 1947 (janeiro a agosto), e o volume das matérias primas nas exportações totais baixou de 23 % para 11%. A exportação dos metais ferruginoso laminados era, em 1947, inferior em 48% à de 1940, enquanto a exportação de máquinas e peças avulsas exclusive o material de transporte e a indústria de automóveis, aumentou duas vezes. O crescimento indicado das exportações, demonstra claramente que depois da guerra a dependência dos Estados Unidos para com os mercados mundiais aumentou e que as exportações têm um papel cada vez maior na conjuntura econômica movediça dos Estados Unidos. Entretanto a política reacionária dos monopólios americanos que criou uma grande tensão nas relações internacionais e que tende a limitar as importações americanas, a utilizar créditos no estrangeiro como arma para reforçar a dominação mundial dos Estados Unidos e o arruinar os outros países, essa política aumenta as contradições no desenvolvimento do comércio externo dos Estados Unidos. As exportações dos Estados Unidos ultrapassam consideravelmente as importações. De janeiro a novembro de 1947, as exportações, expressas em valores, ultrapassam as importações em 8.145 milhões de dólares. Isto levou inevitavelmente a uma grande redução dos recursos em dólares e em valores americanos dos outros países e os obrigou a restringir um pouco sues importações nos Estados Unidos.
Nos últimos meses, sobretudo em consequência da falta de dólares nos países da Europa e da América Latina, verificou-se uma redução das exportações americanas. O maior volume de exportações foi atingido em ma’0 de 1947; nos meses seguintes as exportações diminuíram. De junho a novembro de 1947 as exportações atingiram em média, exclusive as reexportações. 1.170 milhões de dólares, isto é, diminuíram 17%, e em novembro diminuíram 19% em relação ao mês de maio. Assim, em 1947, a situação da economia americana começou a sofrer uma redução de exportações.
O "Plano Truman-Marshall", que é o desenvolvimento lógico e a expressão das tendências mais reacionários da política externa de após guerra dos Estados Unidos, foi elaborado em 1947, isto é, justamente na época em que a ameaça de uma crise cíclica de superprodução começou a se fazer sentir na economia americana. Com o auxílio do Plano Marshall, o imperialismo americano procura dominar a economia dos países europeus a fim de, arrastando esses países no turbilhão da crise, enfraquecer os choques dessa mesma crise nos Estados Unidos.
Entretanto, as esperanças dos monopólios americanos ligados ao Plano Marshall estão condenadas ao fracasso. O "Plano Marshall", plano de escravização dos países da Europa, significa por si mesmo a acentuação das contradições capitalistas e não pode atenuar a profunda crise econômica que se aproxima dos Estados Unidos, crise cujo caráter inevitável está condicionado às leis econômica incontroláveis do capitalismo.
O camarada Molotov, em seu discurso na ocasião do 30.° aniversário da grande Revolução Socialista de Outubro, disse o seguinte, referindo-se ao Plano Marshall:
"De maneira nenhuma isso justifica as esperanças segundo os quais seria possível aos Estados Unidos evitar as dificuldades internas crescentes ou impedir a chegada de uma profunda crise econômica e sua cisão cada vez mais acentuada em dois grandes grupos principais: o grupo imperialista, que está hoje em primeiro plano onde faz tonto barulho, e o grupo democrático ao qual pertence o futuro"(26).
Os monopólios americanos calculem que em tempos de paz, mesmo com o aumento de suas exportações de acordo com o Plano Marshall, não podem assegurar a utilização da crescente capacidade produtiva da indústria. É por isto que precipitam com todas as suas forças a preparação de uma nova guerra mundial, como método provado para manter os lucros num alto nível. Mas, entre os desejos dos imperialistas de desencadearem uma nova guerra e as possibilidades de organizá-la, há uma grande distância.
Contra os planos agressivos do imperialismo americano, que levam ao desencadeamento de uma nova guerra, levantam-se as forças democráticas de todo o mundo, à cuja frente se encontra a URSS, e que são maiores que as forças da reação mundial. Nos Estados Unidos também se desenvolve um movimento maciço das forças progressistas democráticas contra a política reacionária interna e externa do governo americano. Uma das primeiras provas disto é a organização do novo "terceiro partido" nos Estados Unidos.
Os principais partidos dos Estados Unidos, o Partido Republicano e o Partido Democrata, são os partidos do capital monopolizador; inspiram e dirigem a política agressiva dos Estados Unidos. É por esse motivo que a organização de um novo partido de massas significa que as forças democráticas dos Estados Unidos decidiram intensificar sua luta contra a reação desencadeada. O centro desse novo partido é a organização "Cidadãos Progressistas da América" (Progressive American Citizens); com sua luta contra a reação; conquistou a simpatia e o apoio de amplas camadas populares americanas.
Apesar das duras perseguições e da opressão, o Partido Comunista dos Estados Unidos reforça suas fileiras e sua influência na classe operária, move uma luta consequente e intransigente contra a política imperialista e os ideólogos do capital monopolizador americano, contra a expansão do imperialismo americano, e em particular contra o Plano Marshall, que é um plano de escravização da Europa e de preparação de uma nova guerra mundial. Uma luta obstinada é igualmente movida dentro dos sindicatos. Cerca de um milhão e meio de sindicalizados, unidos no Congresso das Organizações dos Industriários (C.I.O.) manifestou-se a favor da criação do terceiro partido e se levanta contra o Plano Marshall.
Uma ampla frente única das forças democráticos se desenvolve na luta contra as forças da reação.
A ampliação e o fortalecimento dessa frente criarão as condições de importância fundamental para levar avante a luta contra os promotores americanos de uma nova guerra, e por conseguinte, a luta por uma paz duradoura entre os povos, conduzida sem desfalecimentos pelo campo anti-imperialista e democrático, sob a liderança da URSS.
Notas de rodapé:
(1) “Iron Age”, 9-1-1947 — pág. 90: “Metal Statistics”, 1947 — págs. 115. 260: “Steel" 5-1-1948, pág. 326. (retornar ao texto)
(2) V. I. Lenin — “Obras Escolhidas”, vol. I, pág. 882 — Edição em Línguas Estrangeiras — Moscou. (retornar ao texto)
(3) "Cahiers du Communisme”, n. 10 — pág. 966 — Paris. (retornar ao texto)
(4) J. Stálin — "Discurso aos eleitores" — "Cahiers du Communisme” — Fevereiro de 1946 — pág. 105 — Paris. (retornar ao texto)
(5) J. Stálin — "Cahiers du Communisme", pág. 382 — n. 8 — Setembro de 1946 — Paris. (retornar ao texto)
(6) “Economic Out-look” — junho de 1947, págs. 4 e 5 — New York. (retornar ao texto)
(7) "Economic Concentration and Word Ward II", págs. 55-56. (retornar ao texto)
(8) “Economic Out-look” — junho de 1947, págs. 4 e 5 — New York. (retornar ao texto)
(9) National City Bank of N.Y. — Economic Conditions, março, 1946 — "News Republic", 20-10-47, pág. 20 — New York. (retornar ao texto)
(10) J. Stálin — "Obras" - vol. 7 - pág. 95 - Edição Russa - Moscou. (retornar ao texto)
(11) Calculado segundo o material publicado em “Survey of Current Business", 1947-1946 — Federal Reserve Bulletin, setembro de 1939, pág. 731 — EE.UU. (retornar ao texto)
(12) Survey of Current Business, fevereiro-outubro de 1947 — Pág. 9 — EE.UU. (retornar ao texto)
(13) Survey of Current Business, setembro de 1947 — Pág. 4 — EE.UU. (retornar ao texto)
(14) Os dados sobre a produção — preços e quantidades — são calculados de: “Statistical abstract of the US”, 1946 ; ‘‘Survey of Current Business”, 1946-47; “Monthly Bulletin of Statistics”, 1947; “Iron Afie”, 16-10-1947; “American Metal Bulinete“, 8-10-1947. (retornar ao texto)
(15) V. Molotov — “30.° Aniversário da Grande Revolução Socialista” — Outubro — “Cahiers du Communisme”, n. 12 — Pág. 1333 — Paris. (retornar ao texto)
(16) Gottfried Haberler — “Economic Reconstruction”, pág. 333 — Editado por S. Harris — 1945 — New York. (retornar ao texto)
(17) V. Voznesenski — "L'Économie de guerre de l’URSS” — Pág. 12. (retornar ao texto)
(18) K. Marx — “O Capital", vol IV, pág. 117 — Edit. Costes. (retornar ao texto)
(19) “Monthly Labor Review”, outubro p« 1947, pág. 477 — Estados Unidos. (retornar ao texto)
(20) Monthly Labor Review”, outubro de 1947, pág. 485 — Estados Unidos. (retornar ao texto)
(21) “Federal Reserve Bulletin”, dezembro de 1947, pág. 1543 — Estados Unidos. (retornar ao texto)
(22) “Monthly Labor Review”, outubro de 1947, pág. 497 — Estados Unidos. (retornar ao texto)
(23) “New Republic” 20 de outubro de 1947, págs. 22 — New York. (retornar ao texto)
(24) "Survey of Current Business”, outubro de 1947. (retornar ao texto)
(25) “Federal Reserve Bulletin”, pás. 1540, dezembro de 1947. (retornar ao texto)
(26) V. Molotov — “30.° Aniversário da Grande Revolução Socialista" Outubro — “Cahiers du Communisme”, n. 12, pás. 1341. (retornar ao texto)
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É preciso não esquecer que quanto mais desesperada for a situação de nossos inimigos, de melhor grado recorrerão aos “meios extremos” que são os únicos que dispõem os que estão fatalmente condenados ao fracasso na sua luta contra o Poder Soviético.
Stálin
Inclusão | 23/08/2013 |