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Durante três meses prolongou-se na direção do nosso Partido uma crise nociva e perigosa.
O Bureau Político do Partido esforçou-se para superar essa crise restabelecer a unidade ideológica na direção de nosso Partido e a coesão no domínio da organização.
O Pleno do Comitê Central, que se realizou no mês de julho, sem designar pessoas, sem definir quem representava pessoalmente as concepções errôneas e as vacilações ideológicas, forneceu ao Partido uma análise marxista-leninista clara e uma apreciação dos problemas determinantes da crise ideológica existente na direção do Partido. Desde então, ficou claro para os camaradas presentes ao Pleno que uma parte da direção manifestava graves vacilações ideológicas em face dos problemas fundamentais do movimento operário e internacional. Essas vacilações diziam respeito igualmente à apreciação das tradições históricas desse movimento e das conclusões que era preciso tirar para a linha de conduta do Partido, para as tarefas atuais que se colocam diante do Partido, em relação com o problema fundamental da unificação dos partidos operários.
O Secretário Geral do Partido, o camarada Wieslaw Gomulka, cuja posição errônea, antimarxista, foi precisamente a causa da crise na direção do Partido, não participou dos trabalhos do Pleno de Julho. Assim, em vista da ausência do camarada Gomulka, esse Pleno não pôde tomar conhecimento de todos os elementos da crise; não pôde, sequer constatar publicamente a existência de tal crise, em toda a sua extensão, e não pôde, por conseguinte, tomar todas as resoluções políticas e de organização indispensáveis para pôr fim rapidamente a essa crise, em sua fase inicial.
Não somente os camaradas presentes a esse Pleno, como também todos os militantes do Partido e, por seu intermédio, o Partido inteiro, compreenderam plenamente a contribuição excepcional das diretrizes edeológicas traçadas em julho pelo Comitê Central. Não somente os camaradas presentes, como também todo o Partido, constataram com profundo alívio e com a maior compreensão que os debates e as diretrizes do Pleno de julho formam uma justa base ideológica para a atividade de nosso Partido no futuro e constituem uma preciosa contribuição ideológica. Esses debates e essas diretrizes aprofundaram a vigilância do Partido a respeito do inimigo de classe e deram as armas necessárias para superar todas as vacilações. Elas representam uma contribuição preciosa para a educação ideológica de nosso Partido, para a educação das massas trabalhadoras.
As diretrizes do Comitê Central, do mês de julho, reforçaram e aumentaram a atividade de nosso Partido.
Entretanto é evidente que o camarada Gomulka não adquiriu logo consciência nítida das resoluções e das diretrizes adotadas em julho pelo Comitê Central; o mesmo aconteceu ao pequeno grupo de camaradas cujas concepções errôneas e cujas ligações pessoais com o camarada Gomulka os impediram de compreender a importância ideológica dos trabalhos do Pleno de julho e das tarefas destinadas a reforçar o Partido, a torná-lo mais combativo na luta contra as vacilações, contra as concepções errôneas, contra a influência da ideologia nacionalista pequeno-burguesa que tenta atingir o Partido, penetrar em suas fileiras.
Eis por que a questão da luta contra o desvio direitista e nacionalista na direção do Partido figurava na ordem do dia do último Pleno do Comitê Central como problema fundamental, assim como a análise de suas causas, de suas origens e dos meios para superar esse desvio. Acontece com frequência, num partido revolucionário, que as vacilações e os erros ideológicos, que não foram superados no tempo devido, que permaneceram ocultos diante do Partido ou que foram defendidos encarniçadamente, se transformam inevitavelmente em desvios da linha de conduta do Partido, se convertem num grave perigo para o Partido e a classe operária. O inimigo de classe se aproveita desses erros para fazer deles uma arma contra o Partido, para enfraquecê-lo e, se possível, afastá-lo do caminho certo. Eis por que o Bureau Político e o último Pleno do Comitê Central julgaram necessário colocar diante do Partido, em toda a sua extensão, sem quaisquer restrições, a questão do desvio direitista e nacionalista na direção de nosso Partido, a fim de superar completamente esse desvio através do esforço comum de todo o Partido.
Antes de tudo o Bureau Político considerou necessário expôr aos camaradas, do modo mais preciso possível, cronologicamente, como foram se acumulando os elementos determinantes da crise na direção do Partido.
Há um ano, por ocasião da primeira conferência dos delegados dos 9 Partidos Comunistas e operários, que tomou a decisão de criar o Bureau de Informação, o camarada Gomulka manifestou vacilações ligadas à sua incompreensão da situação internacional de então. O camarada Gomulka só abandonou essa posição ante a pressão dos camaradas do Bureau Político, mantendo porém suas vacilações e reservas. Procedendo a uma análise autocrítica de sua posição em face das vacilações desse período, o Bureau Político constatou, diante do Comitê Central, que o camarada Gomulka não tinha adotado nesse momento uma posição suficientemente clara e decidida, que as divergências foram então "recolhidas" mas não superadas completamente. O Bureau Político extrai desse fato, para si e para todo o Partido, a lição de que as vacilações e as divergências "recolhidas" mas não superadas completamente continuam a se desenvolver em segredo, assim como os bacilos de uma moléstia que não foram definitivamente mortos, podem renascer com uma força muito maior em outra ocasião. Os bacilos das vacilações ideológicas reapareceram no camarada Gomulka com redobrada força no momento da penosa crise no partido iugoslavo, crise que impeliu esse partido por um caminho falso.
É fora de dúvida que os acontecimentos iugoslavos, em seu desenvolvimento, é que impeliram o camarada Gomulka a fazer sua intervenção no mês de junho no Comitê Central, embora a situação da Iugoslávia, que já estava clara. naquele momento, mas não completamente desenvolvida ainda, somente viesse a ser debatida, três semanas mais tarde, na reunião dos oito partidos integrantes do Bureau de Informação.
Já no Pleno de junho via-se aprofundar cada vez mais q diferença entre o camarada Gomulka e os demais membros do Bureau Político.
Aparentemente o informe apresentado pelo camarada Gomulka no Pleno do mês de junho, em nosso Comitê Central, sobre as tradições históricas do movimento operário polonês, não tinha ligação com os problemas internacionais e as tarefas corrente^ de nosso Partido. Mas isso só na aparência. Em realidade, há um laço íntimo entre esses problemas, um laço que envolve essencialmente uma questão de princípio.
A história de nosso movimento operário, cuja análise errônea, antimarxista, feita pelo camarada Gomulka, em seu informe, surpreendeu o Partido e foi para ele como um golpe imprevisto, desenvolvia-se em contacto estreito e direto com a teoria e a prática do partido bolchevique dirigido por Lenin. Com aquela perspicácia que lhe era peculiar, Lenin seguia o desenvolvimento do movimento operário polonês, tirava da experiência de nosso movimento — tanto de seus êxitos como de seus erros — ensinamentos e conclusões que examinava de maneira detalhada, ressaltando-lhe as linhas gerais em suas obras teóricas. Em uma incomparável análise crítica marxista das diferentes correntes então existentes no movimento operário polonês, mostrou as fontes ideológicas das teorias sectárias de Rosa Luxemburgo que deformavam a atividade do Partido Social-Democrata Polonês, que era então um partido revolucionário marxista, embora não marxista até às últimas consequências. Lenin desmascarava impiedosamente o aspecto chauvinista, nacionalista e burguês dos direitistas do Partido Socialista de então, que ele acusava de agentes da burguesia no seio da classe operária.
Nenhum setor do movimento revolucionário mundial foi estudado, pode-se dizer, de maneira tão detalhada e completa nos escritos e nas obras teóricas de Lenin como o movimento revolucionário polonês. Não estranha que assim tenha sido, porque Lenin conhecia os dirigentes de nosso movimento, ele os havia encontrado mais de uma vez durante os congressos e conferências do Partido, ele os havia escutado e observado durante longos anos. Assim não existe, até o presente, análise de nosso movimento e de suas tradições, baseada no método do materialismo histórico mais penetrante e mais profunda que a análise contida nas obras de Lenin.
O informe apresentado pelo camarada Gomulka ao Comitê Central, no mês de junho, constituía indiscutivelmente uma revisão deliberada da análise leninista da história de nosso movimento, revisão baseada na separação total entre a luta nacional libertadora e a luta de classes. Isso ficou bastante claro pela discussão que houve no Bureau Político, durante várias reuniões, em torno da posição do camarada Gomulka.
A resolução do Bureau Político, tomada imediatamente depois do Pleno de junho, continha a crítica fundamental das concepções errôneas do camarada Gomulka, no informe que apresentou ao Pleno do Comitê Central em 3 de junho. A resolução, entretanto, exprimia a esperança de que o companheiro Gomulka "superará os pontos de vista errôneos pela autocrítica partidária sincera e consequente" e "ao lado de todo o Comitê Central contribuirá para restabelecer a unidade ideológica e orgânica do Partido". Lamentavelmente as esperanças do Bureau Político não se realizaram. Em resposta ao projeto de resolução do Bureau Político, referente ao informe de 3 de junho, o camarada Gomulka replicou com uma argumentação ainda mais desenvolvida. Essa argumentação afunda-se, muito mais ainda que o informe de junho, no lamaçal de opiniões dúbias e errôneas. O Bureau Político criticou verbalmente essa nova argumentação do camarada Gomulka. Em seu conteúdo, embora não na forma, a crítica foi sem dúvida severa.
Finalmente em resposta aos argumentos levantados por todos os demais membros do Bureau Político, sem exceção, o camarada Gomulka apresentou sua demissão do posto de Secretário Geral do Partido, recusando-se a aceitar a discussão sobre o conteúdo do problema. Isso teve lugar após longos e infrutíferos esforços do Bureau Político, feitos em discussões que duraram cerca de duas semanas, visavam a modificação da atitude errônea do camarada Gomulka. A maneira viva como reagiu o Bureau Político fez com que o camarada Gomulka voltasse a si. Ele pediu um dia de prazo para tomar uma decisão. E, com efeito, no dia seguinte declarou que nada tinha contra a resolução do Bureau Político acerca do seu informe de 3 de junho e retirava sua argumentação escrita, em que baseava sua primitiva resposta ao projeto daquela resolução. Deste modo, o projeto foi considerado como aceito por unanimidade e, ante a declaração do companheiro Gomulka de que estava passando mal de saúde e necessitava de descanso imediato, o Bureau Político concordou em que o Pleno de Comitê Central, de julho, fosse convocado e realizado sem a sua participação. Em virtude de ter o camarada Gomulka mudado assim de atitude, o Bureau Político decidiu limitar-se, no Pleno do Comitê de julho, unicamente à análise e apreciação dos problemas que se esboçaram na discussão de junho, no decorrer das reuniões do Bureau, não aludindo às divergências que existiram durante essa discussão e evitando qualquer tendência à polemização. Assim o Bureau Político se esforçava em proteger de novo solapamento a autoridade do camarada Gomulka, uma vez que sua autoridade constituía um apanágio do Partido e que foi, sem dúvida alguma, solapada pelo próprio companheiro Gomulka, ao abandonar a linha fundamental do Partido, abstendo-se de consultar o Bureau Político antes do Pleno de Junho, o que violou, de modo sem precedentes, os princípios de organização de um partido marxista.
O Bureau Político comunicou ao Pleno do Comitê Central a doença do companheiro Gomulka, apresentando uma resolução no sentido de lhe enviar um telegrama e acreditava que o camarada Gomulka, tudo faria, de seu lado, para colaborar na superação da crise passageira — com ela parecia então — surgida na direção do Partido. O Bureau Político nutria esperanças de que, tudo fazendo para liquidar a crise, impediria a revelação no exterior das divergências ideológicas surgida; na direção do Partido. Nutria esperanças de que o camarada Gomulka ajudaria a superar essas divergências, de acordo com o próprio Bureau Político, ou seja, do modo mais vantajoso para o Par tido, através da gradual superação das causas da crise. Lamentavelmente, o camarada Gomulka, pela sua conduta, em nada ajudou a direção do Partido nessa tarefa. Declarando em carta ao Pleno de julho a_sua concordância com a posição do Bureau Político e solidarizando-se com as resoluções do Pleno, o camarada Gomulka não hesitava em expôr, ao mesmo tempo antes de partir em férias e durante estas, em conversações com os camaradas do Bureau Político e com outros não pertencentes ao Bureau, pontos de vista visivelmente contraditórios com sua declaração. Pondo em dúvida a justeza da resolução do Bureau de Informação a respeito dos métodos de transformação socialista do campo, chegou a afirmar aos companheiros da nossa delegação à Conferência do Bureau de Informação que eles não tinham o direito de votar a favor da resolução do Bureau de Informação, na parte relativa à transformação socialista do campo.
Toda a reação nacional e internacional principiou a cantar hinos triunfais sobre a nova brecha na frente democrática e anti-imperialista, tentando colocar o camarada Gomulka no mesmo pedestal de heróis do "comunismo nacionalista". Mas todo esse alarma barulhento, provocado pelos imperialistas, parecia não chegar aos ouvidos e à consciência do camarada Gomulka. Aparentemente ele não era capaz de compreender os danos, visíveis para todo o mundo, decorrentes do seu silêncio ante a campanha reacionária desencadeada, danos esses causados aos interesses da Polônia. O camarada Gomulka não foi capaz de compreendê-los.
Sem prevenir a direção do Partido sobre a sua decisão, o camarada Gomulka voltou das férias a 16 de agosto, para reiniciar o seu trabalho também na qualidade de Secretário Geral do Partido. O Bureau Político considerava inadmissível que, sobre esse assunto, só o camarada Gomulka decidisse, sem se comunicar com o Bureau, principalmente em face da crise existente na direção, em consequência da atitude do próprio camarada Gomulka, e da qual já se falava não apenas no país como também no exterior. Uma vez que o camarada Gomulka, claramente, não sentia necessidade de se comunicar com o Bureau, este decidiu dar mais um passo para concitar o camarada Gomulka e uma mudança real e não apenas formal em sua atitude através de uma autocrítica, retificação de sua conduta ante o Partido, discussão prévia com o Bureau Político de seus projetos e resoluções, estudando também, junto com o Bureau, como responder à altura as explorações da reação em torno da pessoa do camarada Gomulka, a fim de esclarecer a situação dentro do Partido e também fora deste, na vida política do país. É claro que o camarada Gomulka não deu mostras de compreensão da situação criada e tencionava recusar-se a fazer autocrítica, concordando por fim em que faria sua autocrítica perante o Pleno do Comitê Central, submetendo-a previamente ao Bureau Político,
Em consequência dessas conversações o Bureau considerou como infrutíferos os seus esforços no sentido de mudar a atitude do companheiro Gomulka. O Bureau decidiu, entretanto, ouvir ainda a declaração autocrítica que ele declarou ir fazer. Realizaram-se em seguida as reuniões do Bureau a 18 e 19 de agosto, com a participação do companheiro Gomulka. Sua atitude, nessas reuniões, não foi autocrítica mas ofensiva. O camarada Gomulka declarou ter chegado à conclusão de que, diante da situação criada, seria melhor para o Partido que ele permanecesse no posto máximo da direção.
Quanto à atitude do camarada Gomulka a respeito de suas opiniões e vacilações políticas, ainda desta vez ele nada encontrou para dizer, além de alguns lugares comuns formais. Somente depois de uma crítica severa e unânime de sua atitude, feita por todos os membros do Bureau, é que o camarada Gomulka se dispôs a uma tentativa indecisa e tímida de autocrítica, censurando-se a violação do princípios de organização, que cometera no Pleno de junho. O Bureau Político considerou essa autocrítica por demais vacilante e insuficiente. No dia seguinte foi entregue ao camarada Gomulka o projeto de resolução do Bureau Político "sobre o desvio direitista e nacionalista na direção do Partido, suas origens e os meios de superá-lo". O camarada Gomulka declarou então que em princípio concordava em aderir a essa resolução, não estando ainda convencido, porém, da justeza das censuras contidas no ponto quinto da resolução, referentes à crítica dos erros na direção do Partido durante a ocupação alemã. Depois de meditar sobre alguns fatos e diante da atitude dos demais membros do Bureau, concordou em aprovar também esse ponto da resolução. Comprometeu-se, ademais, a fazer no Pleno do Comitê Central sua autocrítica fundamental, cujo texto submeteria previamente à apreciação do Bureau, anunciando também que nesse Pleno pediria demissão do cargo de Secretário Geral do Partido.
Iniciaram-se os preparativos para o Pleno do Comitê Central. Na reunião de 21 de agosto, o companheiro Gomulka, que dois dias antes havia concordado com o ponto quinto da resolução, voltou a fazer-lhe formal oposição, permanecendo irredutível nessa atitude, a despeito das numerosas provas trazidas por diversos companheiros, que vinham confirmar a apreciação, aliás bastante moderada, dos erros a que se refere aquele ponto. Voltando atrás em seu compromisso de dois dias antes, o camarada Gomulka recusou-se a submeter sua autocrítica ao Bureau Político. Depois votou a favor da resolução, com exclusão do quinto ponto, cuja formulação rejeitou categoricamente, vindo a assumir a mesma atitude na reunião do Bureau Político a 23 de agosto, apesar de lhe terem sido apresentados novos documentos, que confirmavam a indubitável justeza das censuras. Nesse estado de coisas, o Bureau Político submeteu a questão à discussão e deliberação do Comitê Central.
Passo agora à análise política e apreciação do caráter dos erros, que o Bureau Político definiu como desvio direitista e nacionalista. A característica fundamental desse desvio não pode sofrer dúvida, a meu ver, uma vez que não se trata de vacilações acidentais, deslises ou formulações errôneas, mas de um sistema de pensamentos contrários à tinha fundamental do Partido e de uma posição claramente definida, que em caso algum pode ser conciliada com os princípios orgânicos do Partido, baseados nos princípios orgânicos e nos fundamentos ideológicos do marxismo-leninismo.
No informe apresentado pelo camarada Gomulka ao Comitê Central, em junho, sobre a apreciação da história e das tradições do movimento operário na Polônia, quais os elementos principais que nos chamam a atenção? Em primeiro lugar, o fato do que ele se desligou da base da luta de classe, dos objetivos revolucionários fundamentais dessa luta. O camarada Gomulka trata das tradições e da história do movimento operário na Polônia de maneira unilateral e falsa. Ele trata a questão da independência da Polônia desligada do conjunto da luta de classe do proletariado. Ora, o movimento revolucionário operário na Polônia, em sua luta pela independência nacional, tarefas que iam bem mais longe: procurava derrubar o poder da burguesia e o regime capitalista e visava conquistar o poder político. Em suas aspirações, ele se chocava não apenas com a resistência encarniçada da burguesia, mas também com a oposição igualmente encarniçada de seus agentes no movimento operário, à frente dos quais estava a ala direita do Partido Socialista Polonês.
Os chefes dessa ala, aliados ao grupo de Pilsudski, compreendiam a palavra de ordem de independência, proclamada pelo Partido Socialista Polonês de maneira completamente diferente dos operários desse partido e de sua ala esquerda. Para a direção direitista, esta palavra de ordem constituía a arma mais importante para destruir e paralisar os objetivos revolucionários, de classe, do movimento operário, a fim de ligá-los estreitamente aos objetivos políticos visados pela burguesia.
A burguesia polonesa procurava conquistar seu próprio Estado, fosse este embora um Estado reduzido e sob a dependência dos países ocupantes, porque ela via aí, em primeiro lugar, uma garantia de seu poder político. De acordo com esses objetivos principais da burguesia, a ala direita do Partido Socialista Polonês desejava limitar o desenvolvimento do movimento revolucionário, para que não ultrapassasse a etapa da conquista da independência como base do regime capitalista. A classe operária podia, no quadro desse regime, quando muito desenvolver a luta por suas palavras de ordem parciais, econômicas e políticas, e isso sobretudo com a ajuda da tática parlamentar.
Tal era a diferença essencial, fundamental, entre as tarefas e os objetivos por que lutavam as duas correntes adversárias no movimento operário na Polônia. O companheiro Gomulka declarou, a propósito, que
"na questão da independência da Polônia o Partido Socialista Polonês demonstrou muito realismo político, compreendendo a realidade política muito melhor que o Partido Social-Democrata Polonês. Mas para os marxistas o realismo político possui importância não em separação com os objetivos básicos da luta de classes e sim quando estreitamente ligados com a revolução proletária. Diz Stálin que "a questão dos direitos das nações não é uma questão separada e autossuficiente, mas uma parte da questão geral da revolução proletária, subordinada ao todo, e exigindo um exame do ponto de vista do todo".
O camarada Gomulka estava decidido a "colocar com base ideológica do partido unificado", uma concepção de luta pela independência, que não era a concepção leninista, mas a do partido socialista polonês. Ora, isso é um abandono claro dos princípios do marxismo-leninismo, é uma revisão do leninismo, segundo o pranto de vista da ideologia oportunista e nacionalista, é em realidade uma capitulação ideológica diante das tradições nacionalistas do Partido Socialista Polonês.
Nesses raciocínios sobre o problema da independência, o camarada Gomulka não se deixou guiar pelo espírito revolucionário e de classe, e sua obstinação em defender concepções nitidamente falsas, o fez subestimar grandemente a influência da revolução vitoriosa na Rússia em 1917 sobre a recuperação pela Polônia de sua independência nacional.
Em resposta ao projeto de resolução do Bureau Político, diz o camarada Gomulka:
"Não concordo com a tese de que faliu a concepção do Partido Socialista Polonês sobre a independência, pois surge a questão de saber qual a concepção triunfante".
E a essa questão, responde o próprio camarada Gomulka:
"A concepção do Partido Socialista Polonês sobre a independência era uma concepção burguesa, nacionalista, e como tal não faliu, mas venceu em 1918. O fato de que a Polônia recuperou a sua independência em consequência da revolução russa e dos movimentos revolucionários na Europa não afeta isso em nada".
Que significa isso? Como compreendê-lo? Como definir tal modo de pensar? Não há dúvida de que não se trata do método do materialismo histórico, obrigatório para os marxistas. Mas todo o raciocínio do camarada Gomulka está imbuído dessa espécie de escolástica confusa, o que indica que ele caiu num plano de considerações sociais altamente perigoso e decididamente estranhas ao marxismo.
Assim o camarada Gomulka pôs em dúvida a justeza das palavras de ordem formuladas pelo Partido Comunista Polonês, no período decorrido entre as duas guerras. Não ligar então o problema do governo e o problema da independência — nem à revolução proletária nem às palavras de ordem da ditadura do proletariado, equivalia, é preciso dizer claramente, a falar de um governo burguês e de uma independência nacional no quadro do regime da burguesia. Era assim precisamente que os direitistas do Partido Socialista Polonês colocavam o problema do governo operário e camponês e o da independência nacional. Eles colocavam esse problema dessa maneira porque eram agentes da burguesia no movimento operário. Mas o Partido Comunista Polonês era um Partido revolucionário e marxista e censurar-lhe o fato de ter ligado a questão da independência e a do governo à revolução proletária e à ditadura do proletariado, é coisa difícil de ser compreendida por um marxista.
Evidente que no momento em que o hitlerismo preparava sua agressão contra a Europa, agressão que ameaçava igualmente a polônia, o partido
Comunista Polonês devia pôr em primeiro plano a palavra de ordem da defesa da independência do país, e foi isso o que ele fez. O sentido da luta de classes muda então essencialmente. Cria-se uma frente nacional na luta contra o invasor imperialista, que procura submeter a seu talante as nações mais fracas. A guerra torna-se então uma guerra nacional justa, contra o bandido imperialista mais perigoso no momento. E foi essa atitude que o Partido Operário Polonês adotou durante a ocupação, desde o começo de sua existência .
O Partido Operário Polonês que estava na vanguarda da luta pela libertação nacional, ligou essa luta à da tomada do poder pelas massas populares, com a classe operária à frente.
Dessa luta nasceu o Conselho Nacional, instituição representativa da nação.
No período da luta pelo poder político, sob a forma do conselho nacional e dos conselhos locais, assistimos q uma cooperação particularmente bem sucedida entre as forças internas polonesas, constituídas pelas massas trabalhadoras do campo e das cidades e as forças revolucionárias do estado soviético, convertido numa potência armada graças ao regime soviético, isto é, ao regime baseado na ditadura do proletariado. Foi precisamente graças a essa cooperação das forças revolucionárias internacionais que pôde surgir esta forma particular de poder político, à qual demos o nome, na Polônia e em outros países, de democracia popular. Não pode haver a menor dúvida acerca do caráter de classe dessas forças e do caráter de classe do poder político nos países de democracia popular, poder baseado na hegemonia da classe operária, que marcha na vanguarda de uma ampla frente das massas trabalhadoras, em primeiro lugar, dos camponeses pobres e médios. No período em que se constituiu o Conselho Nacional alguns de nossos camaradas subestimaram a correlação das forças de classe e em particular a importância da cooperação entre essa forças, que lutavam pelo poder político e o poderoso exército da URSS, como força revolucionária e libertadora, como força aliada de classe e não somente aliada militar.
Foi essa apreciação errônea da correlação das forças de classe que deu lugar a tais vacilações tendentes a deformar a concepção do Conselho Nacional, e mencionadas no parágrafo quinto da resolução do Comitê Central. O caráter dessas vacilações manifestou-se da forma mais clara no artigo do camarada Bienkowski, publicado na "Tribuna Wolnosi" (Tribuna da Liberdade), órgão central de nosso Partido, em 1,° de julho de 1944, três semanas antes, portanto, da posse do Comitê Polonês de Libertação Nacional, como órgão executivo do Conselho Nacional. Esse artigo, intitulado "Nossa posição", não poderia ser publicado sem o prévio assentimento do camarada Gomulka, encarregado pela direção do Partido do controle das publicações.
Nesse artigo definindo a posição do Partido em face do problema fundamental do poder político, quase às vésperas da libertação da Polônia, a concepção sobre o Conselho Nacional está de modo geral incorreta. A questão do Conselho foi afastada e não figura como objeto de considerações políticas.
Vejamos como o autor do artigo aprecia a composição das forças políticas:
"Parece entretanto que na vida interno da Polônia algo começa a aparecer. O circulo mágico, circunscrito pela reação e em cujo interior se desenrolava os acontecimentos, foi ultrapassado, o encanto sumiu. A decomposição no seio ao Conselho de Unidade Nacional e a evolução marcante na posição ao Partido Populista, a gradual libertação aos grupos reunidos no Comitê Central Popular, sob a pressão morai da reação, prenunciam que estamos entretanto na fase em que a consolidação das forças democráticas se torna um postulado real".
Às vésperas da libertação do país, no momento decisivo da luta pelo poder, o autor desse artigo dirige-se claramente aos agrupamentos políticos que constituíam a base do campo reacionário, isto é, à ala direita do Partido Agrário dirigido por Mikolajczyk, e ao Comitê criado pelo grupo de Londres visando a destruição do Conselho Nacional.
Não se poderia definir essa atitude senão oportunista, de renúncia à palavra de ordem da luta pelo poder das massas trabalhadoras, sob a hegemonia da classe operária, como tentativa de tugir a essa mesma luta para a qual nosso Partido mobilizava e dirigia as massas como organizador e dirigente ao Exército Popular, como organização de vanguarda no seio do Conselho Nacional.
Mais adiante escreve Bienkowski;
"Lançando mão da ficção de unidade, o Conselho de Unidade Nacional refreava e golpeava as tentativas de real unificação da nação. A nocividade do Conselho de Unidade Nacional consistia em que representava um biombo para o aparelho reacionário dos delegados londrinos, uma vez que possuindo em seu seio duas facções democráticas (SL e WRN — socialistas de direita) emprestava um aspecto de larga base social à política perniciosa e inimiga das aspirações nacionais, desenvolvida pelo aparelho clandestino.
Se o Partido Populista, segundo ressalta da severa apreciação do aparelho dos delegados londrinos, publicada num os órgãos desse partido, concorda conosco quanto à definição do caráter e do papel desse aparelho — ele deve ter coragem para tirar as conclusões subsequentes.
Adotamos a posição de que o lema fundamental do dia é a unificação, a consolidação de todas as forças do campo democrático. Não por desejarmos eliminar quaisquer facções. Somos de opinião de que nas condições em que se acha a Polônia, deve formar-se uma ampla frente nacional, abarcando todos aqueles que adotam a posição de luta pela libertação da Polônia. Mas nos oporemos a todas as tentativas de desviar a luta em curso para a trilha do ajuste de contas internos e para a guerra civil".
Bastou um simples sinal de descontentamento, aparente aliás, no órgão dos líderes reacionários do Partido Populista para que os elementos direitistas, infiltrados em nosso Partido, começassem a clamar que "o Partido Populista está de acordo conosco", e nesta base ilusória estabelecessem uma concepção nova de "consolidação de todas as forças do campo democrático", salientando logo que não se pode pensar em "querer eliminar qualquer facção". Que representa isso, senão uma proposta para entrar no Conselho de Unidade Nacional, onde se achavam todas as facções reacionárias, tendo à frente os "nacionais-democratas" e a camarilha governamental de antes da guerra? No momento de luta pelo poder sob a hegemonia da classe operária, no momento em que o I Exército Popular, lutando ao lado dos exércitos soviéticos, devia entrar no solo pátrio, apresenta-se a concepção de "uma frente nacional ampla, abarcando a todos", isto é, inclusive toda a reação. E a essa reação que tremia de medo, a mesma que nos massacrava, a nós do Partido Operário Polonês, a golpes de machado nas florestas, que nos denunciava à Gestapo e espumava de ódio contra nós, promete-se que nos "oporemos a quaisquer tentativa de desviar a luta em curso para a trilha dos ajustes de contas internos e da guerra civil".
Se no período anterior era dever do Partido indicar à nação que o inimigo único era o ocupante hitlerista, que era necessário o desaprovar as tentativas de guerra civil, feitas pela reação, uma vez que objetivamente isso ajudava o ocupante, na véspera da libertação, no momento da derrota decisiva do ocupante, a luta pelo poder político se colocava em primeiro plano. No momento em que os trabalhadores se preparavam para estabelecer novas leis revolucionárias, apoiando-se no poder de Estado sob a hegemonia da classe operária, o camarada Bienkowski nesse artigo se limitava a persuadir a reação da necessidade de uma reforma da Constituição, o que teria assegurado a Mikolajczyk a hegemonia do movimento. Qual a saída que os oportunistas, infiltrados em nosso Partido, viam então? Ela era assim apontada no artigo de Bienkowski:
"A pressão dessa força deve tender a afastar sem demora dos postos supremos (por exemplo, presidente, comandante em chefe do exército) as pessoas sem apoio popular e que conduzam uma política contrária aos interesses elementares da Polônia. É claro que se os representantes da reação, que ocupam os altos postos, quiserem pronunciar-se contra a vontade do povo assim expressa, quiserem conservar os postos conquistados, a única consequência que poderá resultar daí será depô-los das funções por meio dessa força extra-constitucional decisiva, que é a vontade da maioria da nação e reestruturar o governo de acordo com os postulados da democracia polonesa".
Assim, pois, reestruturar o governo reacionário de Londres, fazendo novas nomeações para os postos de presidente e de comandante supremo, a fim de assegurar a posição de Mikolajczyk e de Kwapinski e outros dirigentes do Partido Populista (antigo partido camponês reacionário) e do WRN (organização fascista, pseudo socialista) devotados de corpo e alma à reação, tal é todo o programa oportunista que o pequeno grupo direitista de nosso Partido apresentou no momento da luta pelo poder político, grupo esse que, malgrado todos os desmentidos, era patrocinado pelo camarada Gomulka.
Em seu artigo, Bienkowski diz ainda:
"O caminho aqui indicado é o caminho que o nosso Partido advoga e segue há tempos. Se o recordamos hoje é por termos principalmente em mente as tarefas que esperam o SL (Partido Populista) e o WRN. É sobre eles, como responsáveis diretos pelo governo de Londres, que recai o dever de sair da situação em que caíram, saída essa que não somente não enfraquecerá suas influências, atualmente em regressão, mas virá aumentá-las indubitavelmente, aumentando ao mesmo tempo as influências de todo o campo democrático. Além desse, não há outro caminho".
Deve afirmar categoricamente que "Nossa Posição" não era a posição do Partido, mas a do grupo direitista no seio do Partido. O Partido criava através de todo o país Conselhos Nacionais locais, formava então destacamentos novos do Exército Popular, estreitava os laços entre os operários e os camponeses, não por combinações de cúpula, mas pela luta das massas e o trabalho de organização na base. Nosso Partido preparava-se, com ardor e convicção, para lutar pelo poder. Nada permitia julgar que nas organizações locais alguém pusesse em dúvida a vitória. Por que então o grupo oportunista existente na direção do Partido, durante esse período, e sob a proteção do camarada Gomulka, procurava outros caminhos? Parece-me que se podem indicar em resumo duas razões dessa falta de confiança.
Primeiro — Esta falta de confiança derivada da subestimação das forças da classe operária, da subestimação da força da aliança entre operários e camponeses, aliança que cresceu e se reforçou sob a direção de nosso Partido, ao fogo da luta contra o ocupante.
Segundo — Esta falta de confiança derivada da incompreensão das aspirações de libertação social da URSS, que resultam dos princípios edeológicos do Partido Comunista Bolchevique da URSS e de seu papel na frente internacional de luta de todas as forças democráticas populares contra o imperialismo.
O Companheiro Gomulka teima hoje em negar às censuras contidas no item quinto da resolução do Bureau Político, item esse formulado com excepcional benevolência. Inicialmente ele qualificou as censuras referentes a esse período de incongruências e invencionices. Depois desculpara-se pela falta de memória, reconhecendo apenas que, desde a criação do Conselho Nacional (na organização do qual, é preciso dizê-lo, ele desempenhou o papel mais ativo), ele tem estado todo o tempo a favor de uma união com o Comitê Central Popular. Na realidade isso não muda a sua posição política. O Comitê Central Popular não representava nenhuma força política real. Tratava-se de um organismo de caráter excessivamente artificial e diversionista. Podia-se ter alguma ilusão, quanto ao seu caráter social e político, nos primeiros dias de sua existência — e na verdade a direção do Partido deixou-se dominar, num curto período, por essa ilusão, que entretanto foi logo desfeita. Se ela não desapareceu de todo para o companheiro Gomulka, isso não se deve ao fato de ele não estar orientado, depois das conferências que presidiu, acerca da posição e do caráter diversionista desse grupo, mas pelo fato de que essa ilusão encobre o afastamento do camarada Gomulka das posições de classe, afastamento que se originara na subestimação das forças populares, reunidas em torno do nosso Partido no fogo da luta nacional e de libertação contra o ocupante.
A profunda incompreensão dos princípios ideológicos do marxismo-leninismo, que sempre serviram de guia ao Partido Comunista (bolchevique) da URSS e que determinam ainda hoje seu papel de vanguarda na frente internacional da luta contra o imperialismo, essa é, acreditamos nós, uma das principais fontes das hesitações ideológicas do camarada Gomulka. Eis por que nós o submetemos à crítica franca e à autocrítica, a fim de desarraigar do Partido todos os elementos de desconfiança e descrença na grande força de solidariedade internacional das massas trabalhadoras, contida na ideologia do marxismo-leninismo. Esse veneno da desconfiança e da descrença, em particular a respeito da URSS, foi inculcado no povo, e continua a sê-lo, pelos inimigos mais ferozes das massas trabalhadoras. Ele sempre causou e causa ainda prejuízos incalculáveis aos interesses fundamentais de nosso país e enfraquece nossa posição internacional.
Não podemos deixar envoltas em silêncio, nesta análise crítica, outras posições errôneas de que trata a resolução de nosso último Comitê Central e que, acumulando-se gradualmente, conduziram o camarada Gomulka ao desvio direitista e nacionalista que o afastaram da linha fundamental de nosso Partido.
Sua posição errônea sobre a relação de forças de classes no campo, fê-lo perder de vista as perspectivas da transformação progressiva da agricultura em novas formas, facilitando e acelerando a construção da base do regime socialista, objetivo essencial do programa de nosso Partido.
Como então definir as tendências que colocam em pé de igualdade o camponês pobre e o camponês rico, na utilização das estações de máquinas agrícolas? Ora, isso praticamente significa pôr essas máquinas à disposição dos elementos capitalistas do campo e tornar mais difícil sua utilização pelos camponeses pobres.
Que encerravam as vacilações do camarada Gomulka? Que é que motivava sua oposição à resolução do Bureau de Informação na parte que trata das diretrizes ideológicas e do programa dos partidos marxistas para a transformação social da agricultura, para a libertação do camponês pobre e do camponês médio da exploração dos elementos especuladores e capitalistas?
Essas são incontestavelmente tendências oportunistas a fim de evitar a luta de classe contra os elementos capitalistas no campo, luta sem a qual não poderia, nesse setor, realizar-se a marcha vitoriosa para o socialismo.
Esta mesma tendência oportunista manifesta-se com nitidez nas declarações do camarada Gomulka, feitas ainda recentemente a propósito do método de unificação dos dois partidos operários. Essas declarações deixam transparecer uma concepção de que os dois partidos iam fundir-se sem eliminar, de fato, os elementos direitistas, ideologicamente estranhos, que se acham ainda entre os antigos quadros do Partido Socialista Polonês, os quais, até recentemente, estavam ligados ao WRN, e sem travar uma árdua luta contra a influência dessa ideologia estranha. Essa é uma concepção perigosa, susceptível de entravar seriamente a formação ideológica do Partido unificado, capaz de dar lugar a tendências nocivas, conciliatórias, de tolerância para com as correntes e opiniões ideologicamente hostis e de enfraquecer assim a coesão ideológica e orgânica do Partido unificado, de obstaculizar sua constituição na base da comprovada doutrina do marxismo-leninismo.
Não se pode deixar de ver nessa atitude uma renovação das concepções social-democratas que não chegaram a ser superados completamente e que renascem sempre. Nosso Partido iniciou e deve prosseguir, sem cessar, na luta implacável contra essas concepções.
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Acabamos de caracterizar as faltas cometidas pelo camarada Gomulka, que, como o constata a resolução do Comitê Central, não são fortuitas e por acaso, mas formam, a despeito das contradições internas, um sistema determinado de concepções de caráter direitista e nacionalista.
Cada um de nós deve procurar as origens desses. erros. Onde estão as suas raízes? Por que apareceram eles, com toda a sua força, justamente nestes últimos meses?
Todos nós somos partidários da maior flexibilidade tática, mas devemos todos combater, e combateremos com o maior vigor, todo afastamento dos princípios fundamentais do marxismo e toda deformação desses princípios.
Analisando há tempos as razões do fracasso de destacados líderes da II Internacional, como Kautsky e Otto Bauer, Lenin indicava que esse fato era sobremodo educativo. Eles compreendiam perfeitamente a necessidade de uma tática flexível, aprendiam e ensinavam aos outros a dialética marxista e muito daquilo que fizeram — acrescenta Lenin — permanecerá como valiosa contribuição para a literatura socialista, mas ao aplicar essa dialética cometeram tais erros, mostram-se tão não-dialéticos, tão incapazes de considerar as mudanças rápidas das formas e de dar a essas formas novo conteúdo, que a sua sorte não é mais invejável que a de muitos oportunistas. Sobre isso escrevia Lenin, em 1920:
"A causa fundamental de seu fracasso consiste em que se deixaram "hipnotizar" por uma forma determinada de crescimento do movimento operário e do socialismo, esquecendo-se de sua unilateralidade; tiveram medo de ver a ruptura, brusca, inevitável pelas circunstâncias objetivas, e continuaram repetindo as verdades elementares aprendidas de memória e à primeira vista indiscutíveis: três é maior do que dois. Porém a política se parece mais com a álgebra do que com a aritmética, e ainda mais com as matemáticas superiores do que com as matemáticas simples. Na realidade, todas as formas antigas do movimento socialista encheram-se de um conteúdo novo e portanto um novo sinal apareceu diante das cifras, o sinal "menos", enquanto nossos sábios continuavam (e continuam) afirmando tenazmente a todo o mundo que "menos três" é maior que "menos dois"(1).
Mantendo as devidas proporções, pode-se aventurar a afirmação de que os erros do companheiro Gomulka têm a mesma origem: o modo não dialético, mecânico, de conceber o conteúdo concreto da luta de classes.
Além disso, a maneira de pensar do camarada Gomulka está contaminada de um particularismo nacionalista, de um espírito nacionalista ilimitado, que restringe o horizonte político, não permite ver a ligação estreita que existe, na época atual, entre as aspirações nacionais e as aspirações internacionais, e que conduz a conclusões políticas falsas e bastante nocivas.
Daí a tendência a separar, na análise do passado do movimento operário polonês, o problema da independência do problema da luta de classes do proletariado, daí a interpretação errônea da natureza da democracia popular, das transformações que se operam em seu seio, daí também o desvio para posições de um "meio termo" entre a democracia burguesa liberal e a democracia socialista.
Daí, como o indica a resolução, a tendência de não ver ou de não sublinhar esta verdade de que não há diferença de qualidade entre o caminho polonês para o socialismo, apesar de certos traços particulares, e o caminho geral do desenvolvimento para o socialismo. Essa tendência não quer ver que o caminho polonês é uma variante do caminho geral — uma variante que surgiu precisamente graças à vitória do socialismo na URSS, uma variante baseada na experiência da edificação socialista na URSS, levando em conta possibilidades inerentes a um novo período histórico e condições particulares do desenvolvimento histórico da Polônia.
Daí também deriva a incompreensão da essência das relações que unem os países de democracia popular ao país do socialismo triunfante, e da profunda solidariedade de suas relações, que se distinguem nitidamente das relações existentes entre os países de democracia popular e os países capitalistas.
Daí finalmente deriva a incompreensão do caráter da luta pela defesa da soberania, ameaçada pela expansão do imperialismo americano e a de seus agentes alemães.
Esses erros decorrem de uma posição absolutamente falsa, anti-leninista, na questão nacional, de uma posição oportunista absolutamente falsa na questão camponesa. Existe aí uma analogia flagrante com fenômenos similares que não foram freados e que conduziram a uma degenerescência total na Iugoslávia.
Os laços de semelhança entre esses fenômenos não são fortuitos, porque têm a mesma origem. Como explicar que esses erros não tenham vindo à tona senão ultimamente?
Durante longo tempo todo o vigor da luta de nosso Partido foi dirigido; contra as forças reacionárias e fascistas, que aspiravam, por vezes abertamente, ao retorno dos governos dos capitalistas e latifundiários, e de tal modo que o pensamento do camarada Gomulka não revelou suas debilidades nem o oportunismo ideológico de que estava contaminado. O camarada Gomulka promoveu com paixão e espírito combativo, para empregar a sua terminologia,! a cooperação das forças populares, profundamente democráticas, com a vasta frente de todas as forças progressistas, sem excluir a burguesia liberal, contra as forças reacionárias e fascistas.
No momento em que as forças principais da reação e do fascismo foram esmagadas, a democracia popular na Polônia entrou em nova fase de desenvolvimento. Mas desde o momento em que os capitalistas e os elementos especuladores, que se aproveitavam das dificuldades do período de após guerra e exploravam o campesinato pobre, começaram a se reforçar, outro contradição fundamental surgiu entre as forças populares, profundamente democráticas, isto é, os operários e os camponeses, de uma parte, e as. forças capitalistas da cidade e do campo, de outra parte. Foi então, quando se tornou aguda a luta de classes no campo, que surgiram claras as brechas na posição de combate do camarada Gomulka e que se revelou sua debilidade ideológica. É fora de dúvida que não é apenas em nosso país, mais também nos outros países de democracia popular, como o atesta eloquentemente o sinal de alarme iugoslavo, que a contradição entre as forças capitalistas e as anticapitalistas coexistentes no regime de democracia popular,! assumem cada vez mois um lugar de primeiro plano, tal como o indica a resolução. As forças capitalistas desejariam obter o "congelamento" da atual correlação de forças, à espera de uma situação mais propicia. Elas aspiram a uma "estabilização" que mantenha no sistema da democracia popular, mesmo na medida atual, as possibilidades de desenvolvimento dos elementos capitalistas, pois eles contam com sua flexibilidade e com o fato de que o capitalismo nasce organicamente da pequena economia mercantil, da mesma forma como contam com um apoio eventual do exterior.
Por outro lado, a classe operária deseja que continuamente se desenvolvam os elementos socialistas, pela expropriação e a liquidação dos elementos capitalistas. Quanto aos camponeses pobres e médios, eles querem libertar- se da exploração e da supremacia do camponês rico. Esta aspiração continua a fortalecer a aliança entre operários e camponeses e dar-lhe uma base mais sólida.
Nestas condições o caráter oportunista, dissimulado, do pequeno grupo direitista de nosso Partido, aparece à superfície e se torna evidente a tendência a atenuar a agudeza da luta de classe, a criar um clima favorável para o kulak e suas aspirações naturais à expansão econômica e à expansão política que dela decorre inevitavelmente.
A longa experiência do movimento operário nos ensina que o oportunismo geralmente marcha de braço dado com o nacionalismo, as mais das vezes sob a forma de "social-nacionalismo". É o que acontece entre nós. Mais ainda que em outra parte, o oportunismo em nossas fileiras é sempre misturado de nacionalismo, aproveitando o fato de que não se extirparam ainda os preconceitos nacionalistas e o complexo antirrusso e antissoviético, habilmente entrelaçados pelo inimigo de classe.
Hoje que os contradições entre o campo imperialista e o campo anti-imperialista vão crescendo, a atitude para com a URSS torna-se, mais do que nunca, a pedra de toque do internacionalismo sincero, da fidelidade à causa do socialismo e constitui, ao mesmo tempo, a base única e firme da independência e da soberania de nosso país.
A incompreensão do papel da União Soviética, conduzindo ao desvirtuamento das relações entre os países de democracia popular e a URSS, é a expressão, antes de tudo, da pressão ideológica de forças estranhas e inimigas de classe, da pressão dos elementos capitalistas, que reagem sobre nossa vida política e procuram infiltrar-se em nossas fileiras.
O caráter de classe do oportunismo, como também do nacionalismo, é determinado por tendências de conciliação ou de aproximação, sob qualquer forma que seja, com a burguesia.
Na polêmica que manteve, em 1915, com o menchevique Potresov, Lenin lança muita luz sobre a ligação característica entre o oportunismo e o "social-nacionalismo". Em seu trabalho "Sob bandeira estranha", escreveu Lenin:
"Os laços de parentesco ideológico e político, a ligação, ou melhor, a identidade do oportunismo e do social-nacionalismo não deixam nenhuma dúvida... O social-nacionalismo nasceu do oportunismo e é deste precisamente que ele tira sua força. Todo partidário do internacionalismo, que não seja um adversário consequente e decidido do oportunismo, é uma miragem e nada mais. Certas pessoas desse tipo podem talvez considerar-se sinceramente "internacionalistas", mas as pessoas devem ser julgadas não de acordo com o que pensam de si mesma, mas de acordo com seu comportamento político: o comportamento político desses "internacionalistas", que não são adversários consequentes e decididos do oportunismo, constituirá sempre uma ajuda ou um apoio à corrente nacionalista".
Que perspicácia genial, que palpitante interesse essas palavras apresentam para nós!
Esta análise leninista não pode ser aplicada à fraseologia "internacionalista", pretensiosa, oca e mentirosa de Tito?
A compreensão da natureza deste problema não deve tornar-se um sinal de alarme para todo o Partido? Não deve ela mobilizar todos os membros do Partido, fiéis às magníficas tradições de nosso movimento, para a luta enérgica contra o desvio nacionalista e direitista em nosso Partido?
Nosso Partido, que deu tantas provas de dedicação à classe operária, a seus interesses e a seu ideal, há de reagir desta forma, e não de outra, diante desse perigo. A autocrítica feita pelo camarada Gomulka, no terceiro dia do Pleno, ajudará incontestavelmente o Partido neste terreno; essa auto-crítica mostra, por outro lado, que o camarada Gomulka, sob a influência da crítica severa mas franca e sincera do Comitê Central, compreendeu a necessidade de proceder à retificação de sua posição anterior, profundamente errada.
A despeito das vacilações oportunistas e nacionalistas do camarada Gomulka, que se reforçaram particularmente após a primeira reunião do Bureau de Informação, o Comitê Central e o Bureau Político aplicavam uma linha política justa, eles defendiam os princípios ideológicos marxistas do Partido Operário Polonês e reforçavam a união do Partido com a classe operária.
O resultado desta justa linha política de nosso Partido é o crescimento considerável de sua autoridade junto às massas trabalhadoras, em primeiro lugar entre a classe operária, como se pôde ver por todas as eleições sindicais e pelas eleições dos conselhos de empresa Sua autoridade cresceu igualmente entre as massas camponesas, conforme demonstram as eleições nas cooperativas. O aumento rápido dos efetivos do Partido atesta também a confiança crescente que nele depositam as massas populares.
A forma categórica pela qual a direção do Partido se opôs ao informe apresentado ao Comitê Central, em junho, pelo camarada Gomulka, assim como a atitude da direção para com os erros por ele cometidos antes e depois disso, atestam que a direção permaneceu fiel aos princípios do marxismo-leninismo e às tradições revolucionárias do Partido,
Contudo, seria um abandono dos princípios do marxismo não submeter à autocrítica — quando se fez a análise do desvio nacionalista e direitista — as debilidades e as faltas importantes surgidas em todos os órgãos dirigentes de nosso Partido, a começar pelo Bureau Político. Diante do informe do mês de junho do camarada Gomulka, informe sem precedente por sua forma e seu conteúdo alguns camaradas perguntaram a si mesmos, não sem razão, como o Bureau Político tinha admitido uma situação na qual o secretário geral do Partido pôde, sem o assentimento do Bureau Político, desenvolver diante do Pleno do Comitê Central uma linha oportunista e nacionalista tão acentuada.
É agora claro para todos que os erros cometidos em junho pelo camarada Gomulka e as concepções errôneas posteriores, não são nem acidentais nem desligadas umas das outras, esses erros já se fizeram sentir antes e embora se tivessem manifestado fragmentariamente numa outra etapa de seu desenvolvimento, não deixaram de causar dano ao Partido.
Convém frisar que, antes de se transformarem em desvios, as vacilações oportunistas e direitistas do camarada Gomulka nem sempre foram rechaçadas com suficiente energia pela direção do Partido. Esse fato prova ainda quão forte continua a pressão dos concepções social-democratas pequeno-burguesas e do nacionalismo sobre as fileiras de nosso Partido e quanto é grave o perigo do desvio direitista e nacionalista em nosso Partido, nas condições de uma situação internacional mais tensa, nas condições de marcha da democracia popular para o socialismo em nosso país.
A experiência do nosso Partido prova plenamente a justeza da tese proclamada pelo Bureau de Informação, há dez meses, isto é, que
"o perigo principal para a classe operária, na hora atual, consiste em subestimar suas próprias forças e em superestimar as forças do campo imperialista".
É preciso, dizer, aqui, que as faltas e as debilidades cometidas então pela direção do Partido, concernentes à análise da situação internacional e da situação no próprio país, provêm precisamente da subestimação das forças do classe operária e da superestimação das forças da reação.
A subestimação das forças da classe operária e a superestimação das forças da reação estão sempre ligados à tendência de adaptação à mentalidade e aos preconceitos pequeno-burgueses, os quais, ao contrário, devem ser combatidos e transformados.
O grande atraso do Partido na frente cultural, no trabalho entre os intelectuais, é devido em primeiro lugar a esta posição.
Por outro lado, na questão do ritmo de desenvolvimento da democracia popular para o socialismo, a atitude do Partido careceu de clareza, por causa da subestimação das forças da classe operária e da superestimação das forças da reação.
A posição do camarada Gomulka nessa questão também se fez sentir, até certo ponto, sobre os trabalhos do Bureau Político. A própria perspectiva socialista foi indicada pelo Partido demasiado tarde e até a realização do Pleno de julho, era unicamente tratada como matéria de declarações.
O Comitê Central não analisou a relação entre o crescimento dos elementos socialistas, dos elementos da pequena produção mercantil e dos elementos capitalistas na vida econômica do campo. Também neste domínio a política do Partido carecia de clareza. O Comitê Central não rechaçou com suficiente energia as concepções oportunistas sobre a coexistência harmoniosa e o desenvolvimento dos "três setores" — estatal, privado e cooperativista — em nossa economia, concepções que iam ganhando os diversos organismos de nosso Partido. Particularmente perigosa foi então a tolerância da direção do Partido para com as diversas manifestações do camarada Gomulka no sentido de apaziguar a luta de classes, cada vez mais aguda, no campo e para com o crescimento dos elementos capitalistas no campo, o que não podia deixar de resultar para as organizações do Partido na perda da perspectiva revolucionária, no enfraquecimento de sua combatividade de classe e no surgimento, aqui e ali, de "teorias" sobre a atenuação da luta de classes.
O fato de o Bureau Político não se ter oposto à fixação de um preço único para os serviços dos centros de máquinas agrícolas, significava ceder às tendências direitistas e oportunistas do camarada Gomulka, visando nivelar as diferenças de classe no campo. A ideia mesma dos centros de máquinas agrícolas, como arma para defender contra a exploração do kulak, o pequeno camponês que não possui instrumentos nem gado, saiu deformada. Tal falta de diferenciação de classe caracterizou também "a ajuda de boa vizinhança".
A direção do Partido não deu prova de um espírito suficientemente crítico, no que se refere à realização da política de colonização dos Territórios Recuperados, que tem beneficiado particularmente os camponeses ricos. É preciso constatar também que a direção do Partido nem sempre esteve à altura de sua tarefa em face dos desvios nacionalistas do camarada Gomulka. A apreciação errônea do Partido Comunista Polonês e do Partido Socialista Polonês, antes da guerra, se tornou evidente mais de uma vez nos informes e escritos do camarada Gomulka.
Nós nos recordamos igualmente do tom defensivo do informe do camarada Gomulka ao Comitê Central, em outubro de 1947, sobre a criação do Bureau de Informação dos partidos comunistas, com a participação do Partido Operário Polonês. Ele se havia dedicado particularmente a mostrar e frisar a diferença existente entre os membros do Partido Operário Polonês e os membros do Partido Comunista. Ele influenciou a tal ponto o camarada Bienkowski, que este alguns dias mais tarde, durante um comício consagrado à memória de 50 membros do Partido Comunista Polonês, enforcados pela Gestapo, declarou que aqueles camaradas não eram comunistas, porém membros do Partido Operário Polonês.
É claro que a direção do Partido nem sempre se solidarizou com essas concepções; ela as criticou por vezes, mas até o Pleno de junho não as havia rechaçado com suficiente firmeza.
A tolerância de que deu prova a direção do Partido com relação aos erros direitistas e nacionalistas do camarada Gomulka, e antes de tudo para com a incompreensão que ele demonstrava sobre o papel da URSS, da qual resultava o falseamento das relações entre os países de democracia popular e a URSS, e o apaziguamento oportunista da agudeza da luta de classes no desenvolvimento da democracia Popular, repercutiram negativamente sobre a atuação prática do Partido e a educação de seus membros.
Nossos esforços para tornar conhecida do Partido a experiência da edificação socialista da URSS foram insuficientes. Em particular nada fizemos, durante toda a existência da Polônia Popular, para tornar conhecida do Partido a vida do campo socialista soviético, para mostrar-lhe a verdade sobre a edificação socialista e para contrabalançar as falsidades propagadas pela reação a respeitos da situação do campo na União Soviética. Não demos a conhecer ao Partido, na medida do suficiente, as conquistas do pensamento marxista-leninista. Nosso trabalho de divulgação nesse domínio tem sido fraco. Mas estamos atrasados, sobretudo, no que se refere ao ensino da História do Partido Comunista (b) da URSS, ao seu papel de vanguarda no movimento operário internacional.
Não nos opusemos suficientemente à maneira abstrata do camarada Gomulka tratar o trabalho ideológico do Partido, separando-o das transformações sociais concretas no próprio país e de suas perspectivas de desenvolvimento para o socialismo.
A debilidade da propaganda do marxismo-leninismo, no Partido, era tolerada, da mesma forma que eram tolerados a confusão ideológica entre os intelectuais do Partido e o abandono da análise marxista dos problemas da literatura, das artes, das ciências. A posição adotada pelo jornal "Kuznica" ("A Forja") é uma prova disso, entre outras.
Este estado de coisas afetou particularmente a ofensiva do nosso Partido no domínio cultural, exerce seu efeito sobre nossas escolas superiores, onde domina ainda as concepções não marxistas, pseudocientíficas, sobretudo nas letras e na filosofia. Quanto ao trabalho de propaganda entre as massas e a atividade cultural, os membros de nosso Partido muitas vezes revelaram adaptação à mentalidade e aos preconceitos pequeno-burgueses, em lugar de combatê-los e superá-los eficazmente. Um reflexo desse estado de coisas pode ser encontrado nas revistas de divulgação e nos programas de rádio.
A tolerância para com os erros oportunistas e nacionalistas do camarada Gomulka e a negligência na tarefa de transmitir ao Partido a experiência histórica do Partido Bolchevique da URSS, conduziram igualmente ao afastamento dos princípios do marxismo-leninismo na questão do papel do Partido. A direção do Partido não se opôs com suficiente energia às tendências para um recrutamento amplo e sem espírito crítico, o que significava neglicenciar o princípio fundamental do leninismo, segundo o qual o Partido é a agremiação dos melhores elementos da classe operária, o destacamento de vanguarda da classe operária e a forma de organização superior de classe do proletariado.
O esquecimento destes princípios e a falta de vigilância fizeram com que se admitissem no Partido elementos indesejáveis, de origem social estranha, arrivistas para quem o "carnet" do Partido constituía um instrumento destinado quase unicamente a lhes proporcionar toda espécie de proveitos e vantagens, o que é incontestavelmente um desvirtuamento do Partido. Isso causava, sem dúvida alguma, sérios prejuízos ao Partido .
A proteção dispensada à direção e aos membros do Partido, que trabalham no aparelho estatal, também tem sido insuficiente. Isto conduzia a uma separação entre os órgãos do Partido e o trabalho cotidiano nos órgãos do Estado, bem como à limitação da influência do Partido sobre esse trabalho e à burocratização e desligamento do Partido dos seus militantes pertencentes ao aparelho estatal, os quais se mostravam mais fracos sob o aspecto político.
Todas essas debilidades têm como origem o subestimação do papel de vanguarda do Partido e de todos os seus organismos nas transformações políticas, econômicas e culturais na Polônia.
Essa subestimação caracterizou-se particularmente pela atitude pratica do companheiro Gomulka em relação ao Partido e, antes de tudo, ao aparelho partidário. Mais uma vez torna-se necessário afirmar que a direção do Partido não se opôs com suficiente energia a essa tendência a diminuir o papel do Partido. Expressão política disso foi a distribuição dos quadros do Partido, que procurava enfraquecer o aparelho do Partido em favor do aparelho do Estado, a tendência a reduzir numericamente o aparelho do Partido e á falta de cuidados suficientes para criar-lhe condições de trabalho normais.
Outro erro muito sério consistiu no trabalho defeituoso da direção, que se separava não somente dos militantes do Partido, como também dos membros do Comitê Central, e na falta de trabalho coletivo nos diferentes organismos do Partido.
A subestimação do papel dirigente do Partido, a ausência de espírito coletivo no trabalho e a falta de compreensão do papel do aparelho do Partido produziram resultados necessariamente negativos.
Ressentimo-nos até agora de uma grande falta de quadros, e a origem dessa debilidade deve ser procurada nesses fenômenos negativos. Um dos princípios fundamentais do leninismo proclama que
"o Partido, como agremiação dos melhores homens da classe operária, é a melhor escola para a formação de dirigentes da classe operária, capazes de dirigir todas as formas de organização de sua classe" (Stálin).
E se o magnífico movimento que colocou operários nos postos de direção, na administração e na indústria, foi detido nestes últimos anos, não se pode ver aí somente o resultado do trabalho defeituoso de nossas seções de quadros, de nossos centros de ensino, inclusive das escolas superiores. É o resultado, antes de tudo, da subestimação do papel dirigente do Partido e de todos os seus organismos nas transformações políticas, econômicas e culturais da Polônia, isto é, o resultado da subestimação dos princípios do trabalho coletivo em todas as instâncias do Partido, pois o Partido é "a melhor escola de formação dos dirigentes da classe operária".
O papel ineficaz dos sindicatos, principal correia de transmissão entre o Partido e as massas trabalhadoras na vida e na luta da classe operária, tornou-se objeto de nossas constantes preocupações. Devemos dizer que muitas vezes os sindicatos não se dedicam a aumentar a atividade das massas trabalhadoras na produção, seu papel é sempre ineficaz na emulação do trabalho, no movimento dos inovadores e dos racionalizadores da produção, na formação profissional dos operários e sua nomeação para os postos de direção. Os sindicatos não dão a indispensável atenção ao melhoramento das condições de vida materiais e culturais das massas trabalhadoras. Uma lacuna incontestável na atividade dos sindicatos é o fraco trabalho de suas organizações de base e o fato de que os militantes sindicais são muitas vezes desligados das massas trabalhadoras. Por outro lado, observamos fatos inquietantes: diversos elementos do aparelho econômico, tornando-se burocratizados, por vezes hostis, subestimam os sindicatos, não os levam em consideração.
Sem dúvida todos esses fenômenos negativos têm a sua origem na subestimação do papel dirigente do Partido, porque é princípio fundamental do leninismo que
"o Partido, como a melhor escola dos líderes da classe operária, graças à sua experiência e autoridade, é a única organização capaz de assumir a direção do proletariado em luta e transformar assim todas as organizações não partidárias da classe operária em órgãos auxiliares e correias de transmissão que as ligam ao Partido. O Partido é a mais elevada forma de organização de classe do proletariado". (Stálin).
O projeto de resolução, submetido pelo Bureau Político ao Comitê Central, indica o caminho para superar o desvio direitista e nacionalista no nosso Partido.
Contudo é preciso que chamemos a atenção de nossos camaradas para os métodos de luta contra os erros e os desvios da linha fundamental do Partido. Os erros, por si só, não constituem perigo quando são notados e corrigidos. Acontece também que às vezes os erros ideológicos não se evidenciam por si mesmos, mas se torna mais fácil a sua compreensão pela crítica dos camaradas.
A compreensão dos erros implica numa análise autocrítica das causas que lhes deram origem. E isto se torna tanto mais necessário, quando a posição social ou partidária do camarada que adota essas concepções é elevada. Pois, em vista do autoridade de que goza o camarada que ocupa um posto responsável, suas concepções se estendem a um círculo mais vasto.
Nosso Partido atingiu uma força e uma coesão ideológicas tais que nenhum outro Partido aliado pôde nem pode atingir, pois nosso Partido é guiado, em sua atividade, pelo método e a teoria do marxismo-leninismo, método provado ao fogo de longas lutas revolucionárias e na experiência histórica do movimento operário internacional. Assim desejamos que o novo Partido unificado seja igualmente forte e que sua coesão ideológica seja também poderosa; não poderemos atingir esse fim senão exercendo a maior vigilância ideológica em cada organismo do Partido. Esta vigilância ideológico do Partido se forma pela crítica e a autocrítica dos erros cometidos, em cada organização; para que esses erros não ultrapassem o quadro da organização, e pela crítica em todo o Partido, no caso de que esses erros comecem a exercer uma influência maior, revestindo o caráter de um desvio de linha de conduta do Partido. A crítica e a autocrítica corajosas não prejudicam o Partido, Muito ao contrário, elas o reforçam do ponto de vista ideológico.
A dissimulação ou a atenuação dos erros podem enfraquecer consideravelmente o Partido. Por outro lado, persistir em defender posições errôneas cria um grande perigo que, se não é combatido, pode conduzir a uma grave crise e causar prejuízo irreparável, não somente ao Partido, mas ainda a todo o país.
A posição antimarxista dos dirigentes do Partido iugoslavo oferece o exemplo de uma tal crise que produz danos incalculáveis ao povo da Iugoslávia, quebra os laços internacionais ideológicos e de organização com a URSS e com os países da democracia popular e aumenta a agressividade dos imperialistas. Os dirigentes iugoslavos recusaram aos partidos que se achavam a seu lado, no Bureau de Informação, o direito de criticar seus erros, fugindo assim ao controle ideológico da organização internacional e colocando-se fora dessa organização.
O Pleno de nosso Comitê Central, que se realizou no mês de julho, examinou a situação do partido iugoslavo, definiu o caráter de seus erros e condenou seus dirigentes, que não hesitaram em romper a frente única da luta revolucionária contra o imperialismo, no momento em que os ataques do imperialismo se tornavam cada vez mais agressivos. Depois, os dirigentes iugoslavos convocaram um congresso do Partido, cujos trabalhos foram inteiramente dirigidos contra os países da democracia popular e contra a URSS.
Os militantes iugoslavos que se pronunciam contra essa política nefasta dos dirigentes do Partido são reduzidos ao silêncio pelo terror, repressão, assassinatos.
Que existe ainda de comunista e de democrático em um Partido cujos dirigentes, em sua fatuidade, achavam que ele era o melhor e o mais revolucionário dos partidos, que ele ia construir o socialismo mais rapidamente que os outros partidos, que não comete e jamais cometeu erros e que não admitirá crítica, venha de onde vier? Em tal partido nada mais resta de comunismo e de democracia. O que restou foi a atitude hostil para com os partidos membros do Bureau de Informação em lugar da solidariedade e da ligação ideológica. Eis aí o que conduz o abandono do método leninista de crítica e de autocrítica no quadro da organização ideológica internacional.
Muito ao contrário, os trabalhos de nosso último Comitê Central são um o exemplo que permite mostrar o quanto a crítica e a autocrítica aberta e franca dos erros revelo justa e produtiva para o fortalecimento ideológico do Partido.
Foi graças a essa crítica e autocrítica que o Partido saiu vitorioso em sua luta contra as vacilações ideológicas na direção do Partido. A arma dessa crítica e autocrítica franca e sincera ajudou a direção do Partido a elevar consideravelmente o nível político, teórico e ideológico do Partido, fortalecer e enriqueceu sua direção e dará certamente ao Partido a grande experiência da luta contra o perigo de desvio da linha fundamental do Partido. Essa crítica e autocrítica tornaram o Partido mois combativo, aumentaram sua vigilância, fizeram crescer a atividade de seus quadros, permitiu-lhes resistir à influência ideológica estranha e fortaleceu sua coesão e sua. autoridade.
O companheiro Gomulka, que manifestou vacilações na questão iugoslava, caracterizados por mim na primeira porte do informe, não quis até agora decidir-se por uma autocrítica clara, aberta e resoluta.
Fomos colocados diante duma tarefa de grande importância: superar o desvio ideológico. Mobilizaremos todo o Partido para esse fim, mas não toleraremos que essa luta contra o desvio direitista e nacionalista, que punha em perigo nossas conquistas, faça renascer os métodos sectários e esquerdistas.
Velaremos todos, como se se tratasse da menina de nossos olhos, sobre as preciosas conquistas do Partido Operário Polonês, suas magníficas e gloriosas tradições de luta contra o ocupante, de trabalho pleno de abnegação e de sacrifícios das dezenas e das centenas de milhares de membros de nosso Partido para a edificação dos alicerces da Polônia Popular.
Nosso Partido está ligado a seus dirigentes. Aprecia sua contribuição ao trabalho e à luta de todo o Partido, neles deposita a sua confiança, mas não os reconhece senão como os realizadores da ideia que é a ideia do Partido e da classe operária.
O Partido coloca, acima de qualquer ligação com tal ou qual individualidade, e fidelidade aos ideais revolucionários, a firmeza em sua realização, a vigilância diante de toda tentativa de infiltração de influências estranhas.
É isso que faz a força de nosso Partido. Ele não realizará seu trabalho sobre o princípio dos chefes, mas colocará em primeiro plano o esforço coletivo dos militantes e de toda a massa do Partido. Conduzimos a luta contra o desvio direitista e nacionalista em condições que não são fáceis: os elementos pequeno-burgueses exercem sua pressão e o inimigo de classe se entregou a uma campanha tremenda de excitação, tirando de seu arsenal argumentos chauvinistas e antissemitas os mais demagógicos e os mais perniciosos.
Temos a mais profunda convicção de que o Partido, a despeito dessas dificuldades, sairá reforçado dessa luta, mais unido que nunca, mais bem armado do ponto de vista ideológico, mais aguerrido e imunizado contra as influências oportunistas, mais maduro do ponto de vista político para realizar o grande tarefa que hoje lhe compete: a união da classe operária, a criação do Partido unificado da classe operária.
Mais de uma vez, no passado, nosso Partido provou, e provará ainda hoje que está em condições de frustrar as tentativas do inimigo, que sabe repelir a pressão da ideologia estranha, que permanece fiel à ideia do socialismo, a ideia do marxismo-leninismo, que não decepcionará a classe operária, que não trairá o ideal e as aspirações pelas quais lutaram e pereceram, no curso de muitas gerações, os melhores filhos da classe operária e do povo.
No segundo ponto da ordem do dia do Pleno figurava a questão das tarefas correntes do Partido no domínio da político econômica e social no campo.
As decisões adotadas nesta questão armam o Partido, e em primeiro lugar suas organizações camponesas e os preparam para cumprir as tarefas importantes que se colocam diante delas
O Pleno indicou os caminhos concretos de luta da classe operária, dos camponeses, pequenos e médios, com vistas a limitar a exploração que os elementos capitalistas fazem no campo, a fim de proporcionar uma ajuda geral à imensa maioria da população agrícola, aos camponeses pequenos e médios, para arrebatar dos mãos dos kulaks a supremacia no campo.
O Pleno indicou os meios para a realização desses fins em todos os domínios da vida agrícola, notadamente a manutenção de um preço equitativo, compensador, para o trigo, a aplicação duma justa política fiscal e de uma política de classe na concessão de créditos agrícolas, a ampliação e a reorganização dos centros de máquinas agrícolas e a garantia de sua utilização, em primeiro lugar por aqueles que têm maior necessidade de ajuda, isto é, pelos camponeses que não possuem instrumentos nem gado. Por outro lado, o Comitê Central indicou a necessidade que havia de melhorar o funcionamento das cooperativas "de ajuda mútua camponesas", dar-lhes um caráter de massa, imprimir-lhes um espírito democrático. O Comitê Centra! sublinhou, além disso, que era indispensável depurar e renovar todo o aparelho econômico e administrativo no campo.
As decisões do Pleno constituem indiscutivelmente um vasto plano concreto de ajuda aos camponeses, pequenos e médios, e de sua defesa diante da exploração capitalista.
É fora de dúvida que, ao serem postas em vigor, essas decisões aumentarão consideravelmente a atividade das massas camponesas, permitirão que elas ergam a espinha e se oponham com sucesso aos kulaks, na luta pela limitação da exploração capitalista no campo, pelo melhoramento de sua situação material e cultural.
Seguindo as decisões de julho, o Comitê Central, definiu de maneira precisa a posição do Partido no problema do cooperativismo no campo e forneceu uma resposta concreta a toda uma série de questões que preocupam as massas camponesas. O Comitê Central frisou que o Partido considera a passagem da economia individual, que é um processo de longa duração, para a economia coletiva agrícola como o único caminho que permite aumentar realmente e de maneira rápida o bem estar no campo, suprimir a miséria e liquidar a exploração capitalista. Ao mesmo tempo, a sessão plenária teve que advertir contra qualquer precipitação, que só poderia ser prejudicial nesse domínio, equivalente a se lançar na aventura'.
O Comitê Central advertiu que toda corrida atrás de resultados numéricos é nociva e acentuou que as cooperativas de produção deverão ser exemplares.
O Comitê Central estabeleceu que diante das possibilidades reais do Estado, no domínio técnico e financeiro e considerando o fato de que as massas camponesas só se inclinarão para as formas de economia coletiva na base de sua própria experiência, o desenvolvimento das cooperativas de produção no campo não poderá deixar de assumir nos próximos anos um caráter numericamente limitado. O Comitê Central acentuou que a organização das cooperativas de produção deverá efetuar-se dentro de um espírito rigorosamente benevolente e declarou que todas as tentativas eventuais de golpear esse princípio serão severamente combatidas. Com toda certeza pode-se dizer que as decisões do Comitê Central farão jorrar suficiente luz sobre o problema do desenvolvimento das cooperativas de produção agrícola e contribuirão, em grande parte, para esmagar no nascedouro todas as tentativas do inimigo de classe, que visam semear a confusão e a perturbação nesse terreno.
As decisões do Comitê Central reservam um lugar importante às questões agrícolas do Estado e traçam as diretrizes para aumentar rapidamente a produção de trigo e gado, o que, por outro lado, lhe dá a possibilidade de conceder uma ajuda maior aos camponeses.
As tarefas assinaladas pelo Pleno para a agricultura implicam na mobilização dos esforços de todo o nosso Partido, e sobretudo de suas organizações camponesas. O Partido deve dar uma atenção bem maior do que tem dado até agora ao campo.
Durante os seus quatro dias de trabalho, o Comitê Central procedeu a um exame geral do caminho de desenvolvimento pelo qual o Partido conduz as massas trabalhadoras da Polônia, apoiado na unidade de ação de todo o bloco democrático. A ideia que nos guia nesse caminho é a da Polônia Popular que marcha para um novo regime social. E este novo regime é o socialismo.
O Partido Operário Polonês tomou a responsabilidade de construir este regime em nossas condições nacionais particulares. O caráter específico , destas condições é formado pela herança dos séculos, a herança de lutas s , de provações trágicas, a herança de condições econômicas, culturais e espirituais. Somente numa árdua luta revolucionária é que se podem quebrar u as numerosas resistências que as antigas relações sociais, oriundas da exploração e da submissão do homem, opõem ao novo regime.
As antigas relações sociais formaram, no perpassar dos séculos, uma ideologia que respondia às necessidades e às aspirações das classes privilegiadas. A essa velha ideologia opõe-se apenas uma adversária decidida e lógica — isto é, a ideologia do marxismo-leninismo, única ideologia revolucionária da classe operária. É nessa ideologia que o futuro partido unificado das massas trabalhadoras deverá apoiar-se de maneira firme e irredutível. Toda vacilação ideológica não é e não pode ser mais que o reflexo da antiga ideologia sobre a mentalidade dos homens.
É no trabalho cotidiano, na dura vida das massas trabalhadoras que reside toda a potência criadora do homem, sua grande força de transformação social. Esta força criadora foi a fonte de inspiração revolucionária dos maiores representantes do pensamento progressista social. E foi essa força criadora que deu nascimento à ideologia revolucionária do proletariado, que o gênio de Marx e de Lenin transformou num imenso programa social. É o grande e genial chefe do proletariado mundial, o dirigente do Partido Comunista Bolchevique da URSS, o Generalíssimo Stálin quem guia e enriquece hoje essa ideologia.
Nos longos combates revolucionários contra o tzarismo, contra o fascismo externo e interno, contra a bárbara invasão hitlerista, o movimento operário polonês, tendo o nosso partido à frente, alcançou uma força e uma maturidade que lhe permitem dirigir o vasto movimento social das massas trabalhadoras das cidades e dos campos, representadas pelo Bloco Democrático. Em sua luta heroica e sem vacilação contra o ocupante, as massas trabalhadoras da Polônia receberam a ajuda fraternal, plena de sacrifícios, do exército libertador dos povos soviéticos. Foi graças o essa ajuda que o país arruinado pelo invasor hitlerista conquistou sua liberdade e que as massas populares, num esforço incessante, constroem hoje a Polônia Popular. O plano dessa edificação será traçado pelo Partido operário unificado — o representante mais fiel da grande ideologia revolucionária do proletariado — o marxismo-leninismo — com a ajuda e o apoio político de todos os partidos do Bloco Democrático.
Um grande acontecimento histórico, a fusão do Partido Operário Polonês e do Partido Socialista Polonês, a unificação política da classe operária polonesa, se efetua na base da experiência de 80 anos de desenvolvimento do movimento operário polonês, de 100 anos do movimento operário mundial, na experiência da revolução russa vitoriosa, na experiência de 31 anos de edificação vitoriosa do socialismo na URSS, na base da ideologia do marxismo-leninismo.
O Partido operário unificado assume a maior responsabilidade histórico para os destinos do povo polonês, é ele que garante seu desenvolvimento. Ele estará em condições de agrupar, de maneira duradoura, todas as forças do Bloco Democrático, de assegurar a posição política e cultural que a Polônia pode e tem o direito de ocupar entre os povos amigos do progresso. Somente esse partido, que se apoia na aliança dos operários, dos camponeses e dos trabalhadores intelectuais, pode assegurar ao povo polonês um crescente bem estar.
Desde hoje, vemos a nova base social e política da Polônia desenvolver-se, em ritmo cada vez mais rápido, sobre as ruínas causadas pela guerra.
É fora de dúvida que a única garantia do desenvolvimento cada vez mais acelerado do país não pode ser outra que não um partido infinitamente devotado à ideologia revolucionária do proletariado, inabalável em sua fidelidade e em sua ideologia, capaz de pôr à prova seus princípios criadores em nossas condições particulares.
Nosso Pleno libertou plenamente a direção do Partido das infiltrações estranhas e das hesitações ideológicas que pesavam sobre ela, defendeu o Partido contra o perigo do desvio direitista e nacionalista, traçou e colocou de maneira clara diante do Partido as tarefas urgentes e os meios que permitam lutar contra esse perigo, e aí está uma contribuição de valor excepcional.
A direção do Partido sai dessa reunião unida e homogênea, fortalecida pela grande contribuição da discussão ideológica, cujo nível atesta a força e a firmeza do Partido.
Quão ridículas e miseráveis se revelam os cálculos da reação, que especulava com a acentuação das vacilações e das brechas ideológicas na direção do Partido. O Partido Operário Polonês representa por si mesmo, por seus melhores quadros, uma herança inapreciável, de uma firmeza revolucionária excepcional. A vigilância combativa do Partido, sua ligação cotidiana com as massas trabalhadoras, é a melhor garantia de sua firmeza ideológica! Assim a conclusão que decorre dos trabalhos do Comitê Central para todo o Partido é esta: ligar mais e melhor que nunca todos os organismos do Partido às massas trabalhadoras.
Não devemos contentar-nos, a não ser por um instante, com nossas realizações na edificação da Polônio Popular. Elas constituem apenas o ponto de partida dos grandes objetivos e das grandes tarefas que se levantam diante de nós. Temos por missão suprimir e liquidar definitivamente a opressão e a espoliação dos trabalhadores, reinantes no antigo regime social. Muitos dos elementos dessa opressão e dessa espoliação não foram destruídos. Nosso Partido deve aprender cada vez mais a procurar a raiz do mal e eliminá-la com tenacidade, sistematicamente, sem demora. Para realizar eficazmente essa tarefa, nosso Partido deve também depurar suas fileiras, afastar todos os elementos estranhos do ponto de vista de classe e de ideologia, que conseguiram penetrar em certos organismos, por ocasião do rápido crescimento cio nossos efetivos. É preciso ligar mais estreitamente as organizações de base do Partido com os trabalhadores mais dedicados e os operários de vanguarda, com os trabalhadores intelectuais ma s devotados à causa social. É neles, antes de tudo, que o Partido deve apoiar-se.
Nosso Pleno possui o grande mérito de haver traçado uma via clara de desenvolvimento do campo polonês de haver elaborado um plano de ajuda por parte do Estado à categoria mais numerosa, que é também a mais desfavorecida do campo, isto é, os pequenos e médios camponeses. A fim de combater cada vez com mais eficiência as duras condições das massas trabalhadoras, a herança do passado, é necessário que nos ocupemos cada vez mais das necessidades cotidianas do operário e de sua família. É necessário que descubramos as causas dos descontentamentos e, em nossa ligação cotidiana com os operários, aprender a conhecer melhor e a melhor definir suas necessidades e as questões pelas quais eles mais se interessam.
O Partido deve elevar sem cessar a consciência das massas trabalhadoras, seu senso de responsabilidade de construtores e criadores da nova Polônia Popular. Só deste modo é possível fortalecer a influência da classe operária sobre os amplas massas trabalhadoras, em primeiro lugar sobre as principais camadas dos camponeses. Tornar crescente a atividade e sempre mais relevante o papel dos sindicatos e dos conselhos de empresa, eis a condição primeira do desenvolvimento e do fortalecimento da atividade geral da classe operária. Só desta maneira é possível aumentar e reforçar o papel dirigente das massas trabalhadoras em nosso Estado.
Os êxitos que temos conquistado até o presente, nós os devemos unicamente ao novo caminho e às novas formas de estrutura da Polônio Popular. Podemos multiplicar rapidamente estes resultados, através da mobilização de todas as forças patrióticos que amadureceram, se consolidaram e se tornaram aguerridas no seio das massas trabalhadoras, em condições extremamente difíceis, que implicavam uma firmeza e um espírito de sacrifício excepcionais. no momento da luta libertadora e ma s tarde nas condições não menos difíceis que se segaram à libertação.
O Partido poderá mobilizar mais rapidamente as massas para um trabalho criador na edificação e no reforçamento do novo regime da democracia popular, na medida em que souber superar os obstáculos levantados pela influência das ideologias estranhas.
O curso dos acontecimentos mundiais, sobretudo vistos à luz da experiência do ano de 1947, mostra a necessidade de reforçar os laços de solidariedade e de cooperação pacífica de todas as forças progressistas, democráticas e anti-imperialistas, em primeiro lugar do movimento operário revolucionário.
Amamos nosso país e nosso povo, a ele somos profundamente ligados por laços culturais e pelas mais nobres tradições nacionais, e amaremos nosso povo tanto mais profundamente quanto ligarmos esse sentimento ao da solidariedade com as forças democráticas e anti-imperialistas de todo o mundo.
A grande significação e a rica contribuição ideológica de nossa sessão plenária reside no fato de que ela traçou para o Partido as tarefas da luta contra o desvio direitista e nacionalista, reforçou no Partido a consciência do papel de vanguarda da URSS e do Partido Comunista Bolchevique da URSS na luta pela libertação do homem, na luta pelo progresso do mundo, pelo independência e a soberania de todos os povos, na luta pela independência e o soberania da Polônia.
Eis por que devemos reforçar, sem cessar, nas fileiras de nosso Partido o sentimento de laços internacionais, formar nossos quadros no espírito de fidelidade aos princípios revolucionários do internacionalismo.
Reforcemos nosso ligação com as massas trabalhadoras, prestando maior atenção a suas necessidades e a suas preocupações cotidianas, arrancando obstinadamente de nossa vida os vestígios da opressão e da espoliação do homem;
Reforcemos a aliança entre os operários e os camponeses, na base da luta pelo progresso agrícola, pela ajuda aos camponeses pequenos e médios;
Aprofundemos o caráter democrático e popular de nosso Estado, consolidando as bases socialistas de nossa economia nacional;
Formemos nosso Partido e as massas trabalhadoras no espírito da fidelidade ao programa de nosso Partido e exercendo uma estreita vigilância sobre sua ideologia;
Fortaleçamos os laços internacionais com a URSS e os países de democracia popular, assim como com as forças progressistas em todo o mundo;
Prosseguindo com firmeza em seu caminho, sob a bandeira do marxismo-leninismo, à frente das massas trabalhadoras polonesas, — nosso Partido, como força principal do futuro partido unificado, cumprirá com dignidade e com êxito estas tarefas históricas.
Levai o todo o Partido, e por seu intermédio, às massas trabalhadoras, a grande experiência e a grande contribuição de nosso último Pleno.
Eu vos desejo cordialmente os melhores resultados na realização dessas tarefas.
Notas de rodapé:
(1) N. da R. — V. I. Lenin — “A doença infantil do “esquerdismo” no comunismo”, págs. 120 e 121 — Editorial Vitória — Rio. (retornar ao texto)
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Só o Partido que organize a sério campanhas de denúncias que realmente interessem a todo povo poderá converter-se em nossos dias em vanguarda das forças revolucionárias.
Lenin
Inclusão | 22/02/2013 |