Às Tentativas de Isolamento os Trabalhadores dos CTT Respondem com a Unidade da sua Luta

5 de Julho de 1974


Fonte: Jornal Combate, nº 2, Portugal.
Originais enviados por : Manoel Nascimento.
Transcrição e HTML:
Fernando A. S. Araújo, Abril 2008.
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Segundo informações recolhidas e discutidas com um grupo de trabalhadores dos CTT e comunicados emanados da Comissão Pró-Sindcato. redigimos:

Face à determinação dos trabalhadores dos CTT em não racharem na sua luta e em não deixarem isolar os seus legitimos representantes na condução deste processo reivindicativo por melhores condições de vida e de relação na empresa, ergue-se uma ampla frente de sabotagem (da DORL do «PCP», do Governo Provisório e da Junta, passando pelos órgãos de imprensa pertença do capital, logo mais nitidamente, ao serviço da burguesia) que não tem recuado perante o uso de todos os meios de dissuação, da calúnia ao boato, passando pela tentativa de repressão directa através da ocupação de locais de trabalho pela tropa, comandada por milicianos.

Toda esta campanha é claramente explicitada no comunicado à população dos trabalhadores dos CTT, de 25 de Junho, onde se diz:

«Ao longo de toda a acção de luta empreendida por divervos sectores tornaram-se claras as tentativas realizadas para dividirem entre si os trabalhadores dos CTT. Manobras essas iniciadas por alguns chefes do sector técnico das Telecomunicações e apoiadas e incentivadas por antigos e já exonerados Administradores cujas ligacões ao fascismo eram sobejamente conhecidas. Manobras que conseguiram inicialmente a adesão duma parte do referido sector — que integra 3% do total dos trabalhadores dos CTT— mas que terminaram na derrota mais acabada, pois apenas uma reduzidíssima minoria de trabalhadores não aderiram solidariamente com a grande maioria dos seus camaradas.

«Outro tipo de tentativas diferentes desta, mas visando o mesmo objectivo — a divisão dos trabalhadores — consistiu na realizaçção de manifestaçções em diversas localidades do Pais, nas quais participaram como fomentadores membros de conhecidas organiracões politicas. bem como um grémio de comerciantes, no caso de Viseu. Essas manobras tiveram um resultado oposto ao que essas pessoas esperavam, pois os trabalhadores dos CTT souberam reagir às duras condições a que os sujeitavam, mantendo quase por toda a parte a firmeza na acção e a unidade em torno dos seus objectivos. Manobras que culminaram com a apresentação directa aos trabalhadores, passando por cima dos seus legítimos representantes, de uma proposta de salários, proposta essa sobre a qual, em vários locais de trabalho, certos chefes tentaram fazer os trabalhadores realizar votações assinadas e individuais, na inexistência de quaisquer reuniões em que se discutisse democraticamente o seu significado e das posições colectivas a adoptar. Manobras que apenas momentaneamente obtiveram algum êxito pois os trabalhadores souberam dar a devida resposta.»

O interrogarmo-nos sobre algumas questões concretas pode tornar ainda mais clara a compreensão de todo este processo:

a) Qual a razão porque «O Século», afirmou, em titulo, que «A greve de zelo cria dificuldades ao Governo», afirmação falsa pois essa greve de zelo nunca existiu?

b) Porque, o locutor de serviço da E. N. quando perante um comunicado emanado da Comissio Pró-Sindicato, com pedido de transmissão, o começou imediatamente a censurar?

c) Porque e que o Governo se «esqueceu» de informar que os trabalhadores dos CTT sempre afirmaram que os cadernos reivindicativos apresentados eram negociáveis, o que se demonstra com a retirada da reivindicação das 35 horas semanais, aceitando o horário de trabalho da lei geral a ser promulgada?

d) O Governo que tanto clama contra as «greves selvagens» porque escondeu do público que a greve dos trabalhadores dos CTT teve um período de pré-aviso?

e) Porque continua a não negociar o 2.º caderno reivindicativo dos trabalhadores dos CTT e impõe a sua contra-proposta de 21 de Junho, escamoteando que nele os pontos mais importantes dizem respeito ao saneamento e ao controlo da política de pessoal pelos trabalhadores, continuando a responder na base de um pretenso caderno reivindicativo meramente salarial?

f) Porque e que nem o Governo nem o MDP ou o «PCP», organizações que se mostram tão empenhadas na reconstrução da economia (dos patrões), não só tentam sabotar na prática esta luta, como tentam esconder a grande vitória alcançada pelos trabalhadores dos CTT, expressa na sua grande unidade e solidariedade activa?


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