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Fonte: Jornal Combate, nº 2, Portugal. |
TANSCREVEMOS O COMUNICADO N.° 25 DA CPS DOS TRABALHADORES
DOS CTT, DE 29/6, QUE ENVIADO PARA TODOS OS ÓRGÃOS
DE INFORMAÇÃO AINDA NENHUM PUBLICOU
(títulos e sublinhados do «Combate»):
«Continua a abater-se sobre nós, os trabalhadores dos CTT, uma grande campanha de calúnias; continua persistentemente a ser deturpado o verdadeiro sentido da nossa luta; continuam a ser miseravelmente deturpados os factos, de modo a virar contra nós a opinião pública, a virar contra nós os outros trabalhadores, de modo a tentar lançar a dúvida e a confusão entre nós, de modo a tentar isolar a Comissão Pró-Sindicato dos trabalhadores.
«Diariamente recebe esta Comissão centenas de telefonemas e telegramas de todo os pontos do País em que os trabalhadores dos CTT lhe demonstram o seu apoio, lhe comunicam a sua decisão de prosseguir unidos na luta que encetaram e lhes exigem constantemente que desmintam e denunciem as caluniosas afirmações lançadas contra a Comissão e contra todos os trabalhadores dos CTT. São estas vozes indignadas de trinta e cinco mil trabalhadores e o direito que consideramos ter o público de ser correctamente informado, as únicas, razões que nos levam a vir agora, mais uma vez, desmentir as falsidades e insinuações lançadas contra nós. Lançadas contra nós pela Direcção da Organização Regional de Lisboa do chamado Partido Comunista Português, organização que apesar de se afirmar partido dos trabalhadores e defensor dos seus interesses, mais se tem distinguido nesta campanha encarniçada contra a nossa luta; organização que, conhecendo certamente a realidade dos factos (pois essa realidade esteve sempre a vista de todos os trabalhadores dos CTT, entre os quais certamente tem militantes e dos jornalistas que nos tem procurado), os tem vindo a deturpar e falsificar nos seus comunicados, nos seus comícios, na sua imprensa e mesmo através dos outros órgãos de informação, por meio de artigos e declarações de membros ou simpatizantes seus.
«Veiamos pois alguns dos pontos mais importantes do comunicado da D. O. R. L, do chamado «PCP», saído nos jornais de 28-6-74:
1.º — Sobre a constituiçlo da Comissão Pró-Sindicato afirma que ela é constituída por elementos surgidos após o 25 de Abril, em substituição dos trabalhadores que, há cerca de quatro anos, se batiam honesta e duramente pela criação de um Sindicato, dando a entender que os componentes desta Comissão não haviam realizado até então nenhum trabalho em prol dos trabalhadores.
Devemos esclarecer que, da Comissão Pró-Sindtcato constituída ha cerca de quatro anos, apenas dois elementos se mantinham ainda na luta, uma vez que os restantes se foram afastando pelos mais diversos condicionalismos. Pois bem: esses dois elementos estão na base do trabalho de reorganização da Comissão Pró-Sindicalo e fazem parte integrante da mesma.
Mas é evidente que uma Comissão que pretende organizar o trabalho sindical numa Empresa de trinta e cinco mil trabalhadores não pode funcionar com um número reduzido de elementos e por isso mesmo foi alargada para satisfação dos enormes problemas que todos os trabalhadores sentem. E foram os restantes membros da Comissão democraticamente escolhidos e ratificados pelos trabalhadores, tanto na reunião magna realizada a 5 de Maio no Pavilhão dos Desportos de Lisboa, como em votação posterior a nível nacional, entre todos os trabalhadores.
2.º — Continua o «PCP» afirmando que a Comissão Pró-Sindicato «decidiu, nas costas da maioria dos trabalhadores dos CTT, desencadear uma greve» Porque será que considera o «PCP» que nunca será de mais repetir essa falsidade? Como já várias vezes afirmámos e a esmagadora maioria dos trabalhadores dos CTT o vem confirmando, foi a greve decidida pelos trabalhadores, numa ampla reunião de Delegados, por contactos telefónicos com alguns pontos do Pais que não se encontravam presentes e em Assembleias realizadas em muitos locais de trabalho. NÃO FOI DECIDIDA PELA COMISSÃO PRÓ-SINDICATO. Esta limitou-se a organizá-la, por incumbência dos trabalhadores. Ainda mais, esta greve foi decidida a 12 de Junho e foi ainda dado tempo, até ao dia 17, para que surgisse, por parte das entidades Governamentais uma contraproposta negociável.
«Ora isto sabe-o muito bem o «PCP», quanto mais não seja porque disso foi informado um membro do seu Comité Central que, antes de iniciada a greve, se deslocou às nossas instalações. Não percebemos pois porque se insiste na mentira, procurando impedir que todo o público se encontre verdadeiramente esclarecido.
3.º — Quanto ao abandono dos homens de maior isenção, pedimos à D. O. R. L. que nos informe quem eles são.
4.º — Refere ainda o comunicado várias acusações a indivíduos que trabalham nos CTT e que estariam altamente comprometidos com o fascismo.
Pois a CPS agradeceria imenso que lhe fossem facultados esses nomes, com as respectivas provas, a fim de se juntarem a outras já na sua posse, para acelerar o devido saneamento...
Temos ainda a dizer que vários e destacados elementos ligados ao fascismo se opuseram activamenle à greve.
5º — Diz ainda a D. O. R. L: «Trabalhadores dos CTT! É de vos e unicamente de vós que depende a aceitação da proposta governamental! Que em todas as estações se façam amplas reuniões de trabalhadores e que aprovem moções aceitando a proposta do Governo».
Pois apenas temos a dizer que na esmagadora maioria dos locais de trabalho se realizaram já amplas reuniões de trabalhadores, reuniões em que a proposta do Governo foi rejeitada em massa.
Entretanto, os mesmos trabalhadores aprovaram novo caderno reivindicativo, que já foi entregue.
«Apenas vimos aclarar alguns pontos fundamentais, pois a lista de mentiras e calunias é longa.
«Tem, no entanto, a Comissão Pró-Sindicalo dos Trabalhadores dos CTT outras tarefas mais urgentes e importantes do que entrar em polémica com organizações políticas. Nunca foi essa a nossa intenção e esperamos que não nos continuem a obrigar a ocupar o nosso tempo em tais respostas. Para isso basta que as organizações políticas que, por quaisquer razões se opõem à nossa luta, o façam honestamente, não usando, para isso, de calúnias e falsificações dos factos que poderão ter algum efeito na opinião pública, mas que, na realidade, reposta a veracidade dos factos — e a verdade acabará sempre por vir ao de cima e vencer — só contribuirão para o descrédito de tais organizações.
«Mais uma vez afirmamos que se respondemos à Direcção do chamado «PCP», o fazemos por ele ter sido até agora o porta-estandarte da luta que nos é movida, a principal forca que apoiou a ofensiva contra nós, trabalhadores.
«A principal tarefa desta Comissão é desenvolver o trabalho sindical, a luta unitária dos trabalhadores na defesa dos seus interesses e necessidades, a constituição e organizaççáo do nosso Sindicato.
«Nestas tarefas continuará o seu trabalho, apoiada pela esmagadora maioria dos trabalhadores, passando por cima das provocações e ataques que poderão defender alguns interesses, mas que não serão certamente os dos trabalhadores.»
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