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Fonte: Jornal Combate, nº 2, Portugal. |
Sob o titulo de 50 anos de fascismo, 500 anos de colonialismo, os «Grupos de Trabalho do CIC — Comité para a Independência Imediata e Incondicional das Colónias» editaram um manifesto aos trabalhadores portugueses do qual publicamos a parte final:
«O PAIGC, o MPLA e a FRELIMO sempre declararam que o seu inimigo não era o povo português, mas sim o colonialismo português. Os inimigos do povo e dos soldados portugueses não são os guerrilheiros africanos. Estes são nossos aliados, como o 25 de Abril o demonstrou. O 25 de Abril foi a derrota do exército colonial. Foi o resultado das vitórias dos Movimentos de Libertação e das lutas do povo português contra o capitalismo, o fascismo e o colonialismo. Mas não é só o 25 de Abril que mostra a convergência das nossas lutas. É também o que desde então se passa em Portugal e nas colónias.
«Em Portugal: grandes manifestações populares nas ruas das cidades, vilas e aldeias, numa vaga de lutas contra o fascismo, o capitalismo e o colonialismo. A maior vaga de greves da nossa história mostra a decisão e a capacidade de luta da classe operária, apesar dos insultos e dos lamentos dos reformistas. São as greves na electrónica, nos têxteis, nas confecções, na metalurgia, na química, nos transportes colectivos, etc. São as greves da Timex, da Messa, da Lisnave, da Sandoz, da Sacor do Porto e tantas, tantas outras. São também os assalariados rurais e os camponeses pobres, sobretudo no Alentejo. São os estudantes, os empregados, os funcionários públicos. É a luta dos pescadores. É o combate dos soldados e marinheiros que se unem ao povo, lutando contra o militarismo e o colonialismo, é a resistência dos desertores e dos refractários, é ainda a resistência de oficiais revolucionários que desenvolvem uma luta anti-colonialista e anti-fascista consequente.
«Nas colónias: à luta armada pela libertação nacional, conduzida pelos Movimentos de Libertação, juntam-se as grandes lutas de massas nas cidades. Em Moçambique, Angola, Guiné e Cabo Verde, realizam-se grandes manifestações de rua pela independência e contra a repressão. Ao mesmo tempo, uma enorme vaga de greves assinala a luta dos trabalhadores africanos (e, em certos casos, africanos e europeus) contra a super-exploração de que são vítimas, contra os salários de fome e a repressão: são as greves de estivadores, de ferroviários, de mineiros de carvão, de operários têxteis e outros, de trabalhadores dos transportes urbanos ou das plantações de açúcar. Que lição tirar desta situação? Que o inimigo é o mesmo e que, contra o mesmo inimigo, o mesmo combate!
«Os povos das colónias, ao lutar pela sua libertação, lutaram também pela nossa liberdade. É a altura de, também nós, ao lutar pelo socialismo, contribuirmos para a total libertação dos povos das colónias. Melhor que ninguém, a classe operária saberá tomar, em Portugal, a vanguarda da luta pela destruição do colonialismo e do racismo, pela independência das colónias e pela amizade entre os povos.
«Unidade de acção de todas as organizações, de todos os militantes decididos a travar uma luta antí-colonial consequente, a lutar pela independência imediata e incondicional das colónias!
«Todos, acabemos com os silêncios cúmplices. Denunciemos as manobras neo-colonialLstas e imperialistas.
«Todos, organizemos comités de apoio à luta dos povos das colónias, na fábrica e no campo, nos quartéis, nos bairros e nas escolas.
«Todos, organizemos comícios e reuniões de esclarecimento. Levante-se a questão da guerra e do colonialismo em todas as reuniões de trabalhadores, nos jornais de fábrica, nas manifestações e nas greves.
«Todos, organizemos a solidariedade activa e militante, construindo por sobre o sangue e a opressão a amizade entre o povo português e os povos africanos.
«Todos, pela independência imediata e incondicional das colónias !
«UM POVO QUE OPRIME OUTROS POVOS NAO PODE SER UM POVO LIVRE.»
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