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Editorial

5 de Julho de 1974


Fonte: Jornal Combate, nº 2.
Transcrição: Manoel Nascimento.
HTML:
Fernando A. S. Araújo, Abril 2008.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

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1. Os trabalhadores não podem esperar que os objectivos das suas lutas venham a ser prosseguidos pelas facções, organizações ou instituições da classe burguesa. Isto resulta da própria contradição fundamental da sociedade capitalista: que opõe dum lado a burguesia exploradora e de outro as massas exploradas. Nesta sociedade, a classe dominante tem como objectivo fundamental explorar os trabalhadores. Não existe, para ela, progresso, liberdade, democracia, igualdade ou paz fora deste quadro.

2. Nos momentos de crise, este facto pode, por vezes, tornar-se menos claro. A velocidade com que certas Instituições burguesas se desenvolvem, as contradições violentas que as opõem a outras, o tom radical de certas afirmações ou actos dão a ilusão que estão em vias de passar para o lado do povo. Essa esperança é alimentada por aqueles que separados prática e ideologicamente dos trabalhadores não são capazes de ver a História senão como a acção da burguesia e não acreditam na possibilidade da luta dos explorados conduzir ao socialismo.

No caso português, e estando já suficientemente provado o carácter burguês e reaccionário da Junta de Salvação Nacional e do Governo Provisório, há quem pense que o Movimento das Forças Armadas tem possibilidades de se radicalizar e conduzir a sociedade portuguesa para o socialismo.

3. Analisando a experiência destes meses tudo permite afirmar que o movimento da Forças Armadas é uma organização da burguesia: a «liberdade», a «democracia» e a «paz», na exploração. O modo como esses objectivos estão sendo prosseguidos já é suficientemente clarao. A guerra colonial de agressão aos povos das colónias continua. Nos quartéis as «normas da democracia», froam aplicadas, exemplarmente, com proibição de reuniões e manuitenção da disciplina militarista, acabando na prisão de oficiais milicianos que se recusaram a participar na repressão aos trabalhadores. Entretanto é imposta uma nova lei de imprensa que na prática constiui a reorganização da censura das lutas dos trabalhadores, censura que já vinha sendo feita internamente nos grandes orgãos de informação, pelo capital financeiro que os domina. Organlzam-se acções militares, para além de toda espécie de pressões, contra as lutas dos trabalhadores.

Serão necessárias mais provas?

4. Os trabalhadons não podem confiar a sua libertação a organizações e faccões da burguesia. Criam as suas organizacões próprias, quer para a obtenção de objectivos imediatos, quer para a obtenção de objectivos históricos: a conquista do Poder Político e a construção do socialismo.


CAMARADA ESCREVE E RELATA A TUA LUTA!

Este jornal não é órgão de nenhuma organização política, nem pretende vir a sê-lo. Por isso. não publicaremos qualquer correspondência assinada por qualquer organização política.

Este jornal dá a palavra aos trabalhadores em luta. É essa a nossa razão de ser.

Procuraremos que grupos de trabalhadores inseridos numa luta se reunam e que, da discussão conjunta das formas de organização e dos métodos de actuação empregados, resultem textos que analisem as lutas nas suas vitórias e nas suas derrotas.

Para que este jomal seja, cada vez mais, expressão dos trabalhadores e dos oprimidos, é necessário que todos nos escrevam.

Camarada: é escrevendo-nos e relatando as tuas experiências que farás deste jornal, cada vez mais, a livre voz dos explorados e dos oprimidos.

Para toda a correspondência, escrever para AV SANTOS DUMONT. 48, r/c.-Dto LISBOA-2.


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