Um Dia de Trabalho para os Trabalhadores em Greve

5 de Julho de 1974


Fonte: Jornal Combate, nº 2, Portugal.
Originais enviados por: Manoel Nascimento.
Transcrição e HTML:
Fernando A. S. Araújo, Abril 2008.
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CAMARADAS:

APOIEMOS ESTA CAMPANHA LANÇADA PELOS TRABALHADORES DA TIMEX.

Várias tendências políticas reformistas e reaccionárias, bem como direcções reformistas de sindicatos, têm vindo a lançar uma campanha para convencer os trabalhadores a darem ao Governo Provisório um dia do seu salário.

Que enorme ousadia, ou que grande estupidez, a dos governantes! Este governo é constituído pelos representantes directos do grande capital, da alta finança. Neste governo colaboram tendências reformistas que, dizendo apoiar os trabalhadores, são das mais activas na repressão às greves, na calúnia aos trabalhadores quando das negociações para os contratos de trabalho. Neste governo, o Ministério do Trabalho não é uma arma ao serviço dos trabalhadores, mas um instrumento que tenta conciliar os trabalhadores com o capital, isto é, manter os explorados na dependência dos exploradores. Vamos ser nós, os explorados, que já damos à burguesia o nosso suor e a miséria das nossas familias, a dar-lhes ainda um dia dos miseráveis salários que eles nos pagam?! Que grande cinismo, o desses senhores!

Contra esta campanha da burguesia e dos seus servidores reformistas, os trabalhadores da TIMEX lançaram uma campanha revolucionária:

UM DIA DE TRABALHO PARA OS TRABALHADORES EM GREVE.

A greve é a grande arma de luta dos trabalhadores. As nossas vitórias só se obtêm pela luta e nunca implorando misericórdia aos patrões. Apoiar as greves é apoiar a grande luta de todos os trabalhadores pela libertação do trabalho.

Os patrões querem-nos impedir de fazer greve e tentam encostar-nos entre a espada e a parede dizendo-nos:

«Se não fizeres greve, obterás salários de miséria. Mas se fizerem greve, não vos pagaremos qualquer salário e vencervos-emos pela fome».

Contra esta táctica do patronato, trabalhadores como os da Sogantal e outros lutam apoderando-se colectivamente das próprias mercadorias que produzem e vendendo-as directamente. O dinheiro assim obtido deve sustentar a continuação da luta.

Devemos unir-nos também para reunir fundos que permitam a todos os trabalhadores começar e continuar greves sem temer a chantagem dos patrões. POR ISSO, DEVEMOS ORGANIZAR NAS NOSSAS FABRICAS, NAS NOSSAS EMPRESAS, UM DIA DE TRABALHO PARA OS TRABALHADORES EM GREVE.


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