Nova Poesia Galega - 1ª Declaraçom do Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive (EGPGC)(1)

Julho de 1988


Fonte: Galiza Livre.
Transcrição: LuitaouMorre
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Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução: Licença Creative Commons licenciado sob uma Licença Creative Commons.

Índice

Introduçom
Necessidade da violência revolucionária
Método de análise
Origem
Definiçom e princípios
Estratégia
Táctica actual
Conclusom

Introduçom

Esta PRIMEIRA DECLARAÇOM pretende ser uma mínima sintetizaçom justificativa da etapa actual. Tem muitas lagoas e carências, que ainda que as condiçons da clandestinidade nom as justificam, tampouco ajudam muito (recopilaçom, documentaçom, meios, coordenaçom, etc).

Nom se pretendeu fazer uma declaraçom ampla e perpétua; a dinámica da evoluçom, os segredos cara o inimigo e as próprias limitaçons o impedem. Também há a experiência no passado e no presente de "rigorosos e completos tratados" que ficaram em egos ilhados da realidade, rematados no lixo, no fogom ou como peças bibliográficas.

Considerou-se que urgia a sua saída, já que se levavam uns anos de prática sem documento nenhum. Nom som os detalhes e singelismo palpáveis (panorama político mundial, estatal, estratégia global, etc) o que interessa transmitir, senom o fundo, os eixos básicos e as linhas sobre as que gira.

O EG quer animar as discussons e debates ao redor dela, medir erros e acertos, recolher opinions, valoraçons e aportaçons que o ajudem na sua conexom fiável com o seu destinatário: o povo galego, só ele pode ser o protagonista e executor.

O cinco de Fevereiro de 1987 saiu à luz pública o EXÉRCITO GUERRILHEIRO DO POVO GALEGO CEIVE. O mesmo dia foram julgados na Audiência de A Corunha três irmáns, acusados e posteriormente condenados por diversas acçons levadas a cabo a começos de 1986.

Desde entom o EG intenta estar presente na dialéctica do combate do povo. A sua capacidade logística chegou onde os meios o permitiram e nesse vieiro esta a seguir.

Necessidade da Violência Revolucionária

Galiza é uma naçom. Tem um idioma próprio, um território, um colectivo humano que se comporta dum jeio determinado dando lugar a uma psicologia diferenciada, uma economia singular e uma Vontade de Ser demonstrada ao longo da história.

A naçom galega está submetida ao domínio do Estado Espanhol. A ocupaçom militar, o control político, a dependência, o colonialismo ecónomico e o assovalhamento cultural impedem o livre exercício e dereito inalienável de autodeterminaçom do povo.

Por que foi, é e será precisa a violência revolucionária?

a. — Galiza é um povo que desde o século XVIII (1787) passa de representar o 13’5 % do total da povoaçom do Estado Espanhol a representar o 7’6 % em 1970.

b. — Um povo que desde o ano 1800 produziu mais de dous milhons e meio de emigrantes.

c. — Um povo que é analfabeto na sua própria língua por imposiçom do idioma espanhol.

d. — Um povo espoliado das suas riquezas naturais (matérias primas, forestal, pesca...) vítima duma estrutura económica imperialista.

e. — Um povo onde a transformaçom e valor engadido das suas riquezas é feito fóra principalmente.

f. — Um povo desmantelado das suas industrias tradicionais: estaleiros, conserveiras, textís...

g. — Um povo que nom gera postos de trabalho para a sua mocidade.

h. — Um povo sem uma economia autocentrada e desenvolvida que é golpeado constantemente polas altas e baixas nos mercados de produçom, distribuiçom e consumo que controla o Imperialismo.

i. — Um povo sem centros próprios de decissom, sem poder político.

j. — Um poo alienado: com a sua história manipulada, ocultada e negada; com auto-ódio, complexo de inferioridade, resignaçom, fatalismo, diglossia...

l. — Um povo que resiste e sobrevive; com Vontade de Ser depois de quinhentos anos de doma, surdo às campanhas propagandísticas dos poderes fácticos, rejeitador quantitativo de tantas farsas eleitorais espanholas.

m. — Um povo rebelde diante da Constituiçom Espanhola:

"La Constitución se funda sobre la indisoluble unidade de la Nación, patria comun e indivisible de todos los españoles". Art.2.
"El castellano es la lengua oficial del Estado. Todos los ciudadanos tienen el deber de conocerlo y el derecho de emplearlo. Art.3.
"Las fuerzas armadas tienen la tarea de garante de la soberanía y de la independencia de España, defender su integridad nacional y el ordenamiento constitucional". Art.8.
"Economia de mercado..."Art.38. Assim como a quantidade de artigos referentes à garantia da propriedade privada (art.33), mantimento do poder da Igreja e do ensino da religiom católica nas escolas estatais (arts. 16 e 26), etc.

Por todos estes argumentos, nom exaustivos, o EG diz: O povo galego nom pode aguardar dos colonizadores espanhóis a democracia que lhe cumpre para conquerir a Independência. A Independência e o Socialismo nom se choram, conquirem-se.

Para que haja uma justificaçom no combate armado precisa-se:

  1. — Ter a razom, saber expô-la e que seja aceitada.
  2. — Mulheres e homens dispostos a empunhar as armas.
  3. — Meios de todo tipo.

Quando os caules normais de comunicaçom estám baixo control dos monopólios, da banca, da Igreja, o povo nom pode permanecer em silêncio. Quando certos sectores, depois de se fartar de repetir as palavras "democracia" e "terrorismo", chegam paradogicamente a assumi-las ( já Goebells dizia que uma mentira mil vezes repetida remata sendo verdade) há que reeducar a estes sectores.

Está-se já desde há anos na etapa onde a luta pola LNeS deixou de ser património duma elite culturalista e passou a formar parte de sectores populares: classe operária, sector labrego, mulheres galegas oprimidas, sector marinheiro, mocidade, etc. Estes, sobretudo os mais marginados e oprimidos, eram e som os mais convencidos de que sem dar passos qualitativos e de contrapoder no processo de LNeS esta nom seguiria avançando.

Foi um processo duvidador o destes 10/13 anos últimos. Junto a um certo optimismo, baseado nos cantos de madrugadoras "sereias democráticas" espanholas e galegas, o conformismo e a incapacidade de direcçom dos principais responsáveis da luta de LNeS possibilitaram um retraimento e posterior frustraçom política desde o ano 75 ao 86. Foi um certo infantilismo pensar e crer que se podia combater ao sistema no seu próprio terreno e SOMENTE DESDE DENTRO, quando eles controlavam os centros decisivos e neurálgicos de poder.

O tecto de conscienciaçom de certas camadas populares acadou-se há anos. Desde entom, o povo trabalhador está pendente da identidade, capacidade e responsabilidade das suas vanguardas. Segue nesse impasse e pre-fecundaçom das suas filhas e filhos mais dignos. Nom é possível depois de longas lutas — Ferrol e Vigo no 72, três folgas gerais, As Encrobas, mobilizaçons labregas como a campanha contra a "quota empresarial da SSA", folgas comarcais e sectoriais, Ascon, Telanosa, Sidega, Mafriesa... — sair frustrados e derrotados ou no melhor dos casos morrer de fame, ou com remedos subtís como as regulaçons de emprego, bolsas, fundos de promoçom de emprego, jubilaçons antecipadas...É assim como pensam afogar as aspiraçons legítimas das classes populares.

Por todos estes e muitos mais argumentos sociais, culturais, políticos e económicos, o EG pratica a violência revolucionária e libertadora, sendo hoje ademais — nom o único nem o exclusivo — O PRINCIPAL MÉTODO DE COMBATE DAS CLASSES POPULARES ANTE O IMPERIALISMO ESPANHOL, sendo hoje o processo directo de conexom com a mocidade galega marginada, com a mulher oprimida, com a classe operária conscienzada, com os sectores antimonopolistas e antiimperialistas interessados na Independência.

Método de Análise

O EG baseia-se no materialismo dialéctico como método de análise. Estuda, trata e recolhe as experiências de todos os povos irmáns do mundo, e, acorde com a genuidade galega, investiga a sua validez cara à realidade económica, social e cultural para transformá-la.

Aprende da entrega e ensinamento das filhas e filhos do povo. O seu amor, coragem e exemplo dá-lhe a força. Descobre a verdadeira História da Galiza, sem confundi-la com a mistificaçom, ocultaçom, negaçom e confusom. Valora e faz seus os desejos e anseios das massas anónimas e de tantos mártires ao longo do tempo.

Origem

1º. Hoje parece estar bem estudado que o nacionalismo (galeguismo) anterior à Sublevaçom Militar Fascista do 36, cuja máxima expressom social foi o referendum e triunfo em Junho do 36 do Estatuto de Autonomia, nom teve continuidade política organizada (entenda-se, com o respaldo e apoio de alguns sectores populares) na longa noite de terror franquista. Somente teve uma certa releváncia política e cultural no exílio: México, Uruguai, Cuba...

Ainda nom há um estudo rigoroso — agás o breve resumo que lhe adica Harmut Heine em "A guerrilha antifranquista na Galiza" — sobre a participaçom nacionalista (galeguista) na guerrilha, tanto no Exército Guerrilheiro de Galiza como nas diferentes Agrupaçons Guerrilheiras. Agás algum caso individual muito respeitável, como J. José Plá, Mariano Otero Castelao, José Velo Mosquera... todos eles membros do Partido Galeguista, o certo parece ser que a incidência ou peso dos galeguistas na guerrilha era relativamente baixa, ainda na etapa mais álgida de combate, ao redor de fins da 2ª Guerra Mundial.

2º. A guerrilha propriamente antifranquista (referenciada e tratada por autores e vozeiros, ademais do já citado, como M. Silva Ferreiro, F. Aguado Sánchez, Rodriguez Chaos, Alonso Ríos, José R. Barreiro Fernández, Mendez Ferrim, Enrique Líster, V. Freixanes, Sílvio Santiago, Bernaldo Maiz, D. Alvarez Blazquez, X. López Rico, Carlos G. Reigosa, Costa Clavel, Santiago Alvarez, Marcelino Villanueva, César Ríos, Isabel Ríos, "Nova Galiza", "Especial A Nossa Terra".) foi ocasionada polo processo inicial de resistência do 36, polo triunfo da Sublevaçom Militar Fascista no 39, polas consequências da 2ª GM, pola geografia galega, polo seu hábitat e pola rebeldia de tantas galegas e galegos diante do terror franquista.

3º. A luta de LNeS actual arranca de grupos reduzidos nos começos dos anos sesenta, sem apenas conexons com os Pinheiros e adláteres (estes trataram de justificar o seu posicionamento político essencialmente no eido cultural, através da Editorial Galáxia, e outros trabalhos individuais na cultura e na ciência, tendentes a descubrir parcelas concretas: Otero Pedrayo, López Cuevilhas, Carvalho Calero, etc).

Foi essencialmente na década dos setenta quando sectores com mais consciência de classe ingresaram no nacionalismo, protagonizado principalmente pela UPG. Certos núcleos de militantes (chamados Frente Militar, Cultural...) dam os primeiros passos no terreno da violência revolucionária. Eram os anos 74/75. Rematam com o assassinato de Moncho Reboiras o 12 de Agosto de 1975, seguido de outras detençons, exílios e ocultaçons.

Os dirigentes da UPG rejeitam a continuidade da luta armada, entre outros argumentos — a brevedade desta 1ª Declaraçom impede desenvolver mais profundamente — em base a:

a) O afianzamento da luta armada faria-lhes perder inexoravelmente o seu papel de protagonista — dirigente — em favor dos patriotas dispostos a praticá-la.

b) Ficaria ao descuberto o seu objectivo de converter ao nacionalismo galego num movimento testimonial no plano histórico ao situar a contradiçom num plano irredutível com a proposta clara duma revoluçom no nosso país que pasaria pola Independência e o Socialismo.

4º. Justo naqueles anos, curiosamente, outras galegas e galegos com mais consciência de classe praticavam a luta armada. Ademais de militantes galegos no FRAP (Baena seria fusilado junto a quatro combatentes mais o 27-9-75), fala-se da antiga Organizaçom Obreira, que pôde converter-se na organizaçom armada e revolucionária que Galiza precisava. A intromissom de dirigentes antinacionalistas (Pío Moa, Manuel Pérez Martínez...) torceram o carácter político de Organizaçom Obreira, que posteriormente passou a ser Organizaçom Marxista-Leninista Galega (OM-LG). Depois participariam na constituiçom dos GRAPO. Diante da consciência de classe dum Abelardo Colhazo e tantas e tantos outros e outras galegos e galegas, posteriormente militantes do PCE(R), pouca capacidade de convicçom tiveram os argumentos de alguns "dirigentes" nacionalistas da época.

Ainda desde um enfoque errado pola concepçom da luta, táctica e estratégia (sublevaçom das massas a nível de Estado, falta de infraestrutura, acçons precipitadas...) foram galegas e galegos corajosos, rachando com muitos esquemas e prejuízos.

5º. Posteriormente, e já baixo conceitos claramente independentistas (Sumário 76/80 da Audiência Nacional Espanhola, cita-se textualmente na resoluçom da condena: "Pola formaçom dum grupo armado independentista...") depois das primeiras acçons som detidos 16 galegos em Setembro de 1980. Era a esperança e a experiência frustrada do LAR (Luta Armada Revolucionária). Ficam encadeados os seus dirigentes, o resto do LAR, mas as forças políticas que coincidiam — PGP e Galiza Ceive(OLN) — no mesmo projecto nom tiveram capacidade organizativa. Em Novembro do 83, com a autoexclusom de 17 dos seus militantes depois de um intento de disoluçom, Galiza Ceive(OLN)persiste nos seus plantejamentos políticos. Remata outra experiência para organizar a luta armada na Galiza.

Nestas cinco referências — guerrilha nacionalista (galeguista), guerrilha propriamente antifranquista, frente militar da UPG, galegas e galegos dos GRAPO, e LAR — resume-se o desenvolvimento da violência revolucionária nos perto de 50 últimos anos.

Há uma grande diferença entre o nacionalismo dos povos já livres e o nacionalismo dos que aspiram à liberdade. A palavra nacionalismo sem dúvida nenhuma está desacreditada, enquanto que comunmente é aplicada ao nacionalismo das naçons que já posuem a soberania nacional. Aplicado o termo nacionalismo aos povos oprimidos significa algo diferente. Trata-se de conquerir os direitos do povo a Ser, de reivindicar o inalienável exercício da sua libertaçom para que a sua pessoalidade seja respeitada e nom assovalhada.

O EG é o resultado pragmático e organizado de duas geraçons de combatentes decididos a entregar por solidariedade e sacrifício revolucionário a sua capacidade e experiência. É a resposta dos mais oprimidos, marginados e explorados diante da injustiça que os afoga e o ódio que produz a opressom. É pola coerência ideológica com o seu motor principal e dirigente, a classe trabalhadora galega, polo que assume e PRATICA a violência revolucionária.

Nom viveu a Sublevaçom Militar Fascista do 36, mas os seus membros conheceram no próprio corpo as consequências da derrota. Na longa noite de terror conheceram a repressom, contemplando impotentes a morte do Ditador que desde a sua ivernaçom agonizante continuou assassinando e torturando. Atrás ficaram cunetas cheias de mártires do povo, cadeias afestadas de morte e tortura; atrás ficaram montes silandeiros em noites fechas e claras onde a esperança frustrou-se uma vez mais.

Engendrou-se também pola iniciativa da mocidade galega que rachou com os tabús e esquemas "educativos" reprodutores do sistema colonialista espanhol. Da mocidade que quer construir uma sociedade solidária numa naçom livre. Da mocidade rebelde perante o paro, a droga e o consumismo escravizante, impostos polos três poderes reais do imperialismo espanhol: Exército, Capital e Igreja católica. Daqui que a mocidade galega guerrilheira chame e abra as portas do EG aos resto das irmás e irmáns para que algum dia o povo seja dono das suas riquezas, do produto do seu trabalho, dos meios de produçom e, em definitiva, do poder político.

Definiçom e Princípios

O EGPGC é a organizaçom para conquerir a Independência e o Socialismo na nossa Pátria.

Aspira a ser o instrumento armado do povo oprimido, dos homens e mulheres que trabalham ou estám no paro à força, da mocidade que luta contra a sua marginaçom, do sector agrário, dos marinheiros e de todos os sectores populares antimonopolistas e antiimperialistas que combatem pola Revoluçom na Galiza.

É a organizaçom armada galega, ainda em germe, criada polos sectores mais conscienciados do povo, para respostar à violência OPRESSORA do Estado Espanhol, engrenagem e apêndice controlado e dirigido polo Imperialismo.

Assume que sòmente quando o povo conscienciado o reconheça como verdadeiro e amplamente seu acadará a força e o tino para ser a ferramenta que cumpre para deslocar de Galiza aos colonialistas e aos seus instrumentos de opressom: forças de ocupaçom, monopólios, caciques de toda caste... Esta luta é ademais a sua aportaçom como mostra de irmandade e solidariedade com todos os povos do mundo no combate contra o Imperialismo.

O seu projecto revolucionário nom esquece os ensinamentos da história. Nasce das trabalhadoras e trabalhadores, nom é um projecto duma ou várias cabeças, senom da maduraçom das condiçons materiais da sociedade galega e do estudo do actual sistema das forças produtivas, assim como duma conscienciosa análise da sua estrutura social e das relaçons de dependência colonial. A luta pola LNeS de Galiza vem intimamente ligada à luta pelo SOCIALISMO. Nom só a Independência nacional é necessária, senom que a emancipaçom das classes trabalhadoras mais oprimidas é fundamental. Nom há projecto revolucionário se a consecuçom de Independência nom vai acompanhada da transformaçom radical da sociedade, da apropriaçom dos meios de produçom pola classe trabalhadora. Noutro aspecto afirma-se a INCAPACIDADE objectiva e histórica da burguesia e da pequena burguesia como classe para dirigir o processo de LN que implique a verdadeira transformaçom da sociedade criadora de homens e mulheres realmente livres.

O EG é o instrumento da classe trabalhadora principalmente para receber a que, INDEPENDENTEMENTE DA SUA IDEOLOGIA, sempre que esta nom seja antagónica com os interesses das classes populares, anseie uma sociedade nova. Recolhe o melhor do passado e do presente para erradicar no futuro as relaçons humanas e modo de produçom da sociedade capitalista. Implantar um novo sistema social, baseado na aboliçom da propriedade privada dos grandes meios de produçom, da banca, e de todos aqueles que possam supor a usurpaçom da plus-valia gerada pola venda de trabalho, respeitando a propriedade privada adquirida como consequência do trabalho honesto e sem exploraçom, sempre e quando esteja destinada ao aproveitamento directo polo seu proprietário.

Na medida em que uma sociedade livre nom pode ser tal em tanto mantenha relaçons de opressom entre os seus membros, LUTA E LUTARÁ POLA ABOLIÇOM DA SOCIEDADE PATRIARCAL e pola igualdade real de direitos entre mulheres e homens. Por uma autêntica sociedade criativa genuína do povo, que rache com a "doma e castraçom seculares". Uma sociedade onde os descubrimentos, avances científicos e sociais sejam aproveitados e disfrutados sem diferenças nem privilégios por todas as mulheres e por todos os homens.

No que respeita à nossa língua diz que Galiza, terra assovalhada e amputada polo imperialismo espanhol, viu-se obrigada a viver de costas, e de jeito "antinatura", a Portugal. O reintegracionismo militante no terreno da normativa idiomática está avaliado polos mais preclaros e eruditos lingüistas do país. O reintegracionismo militante no terreno da normativa forma parte da concepçom de que uma Galiza Independente sentirá a necessidade natural (e desta vez nom haverá travas imperialistas que a reprimam) de integrar-se na comunidade luso-afro-brasileira.

O EG nom reconhece a divisom provincial, nem a demarcaçom territorial de Galiza, onde a nossa naçom perdeu comarcas e povos do SEU TERRITÓRIO em favor de Espanha. O EG nom é correia de transmissom armada de partido, organizaçom ou colectivo político nenhum. Coincide com TODAS as organizaçons que lutem conseqüentemente pola INDEPENDÊNCIA e o SOCIALISMO na nossa Pátria.

Estratégia

Hoje o fundamento principal para chegar à Independência e o Socialismo na Galiza é o DESENCADEAMENTO DA GUERRA POPULAR PROLONGADA. Vários e diversos os métodos de luta: políticos, institucionais, sindicais, económicos... Uns serám principais e outros serám complementários. NO PRESENTE E NO FUTURO, O DECISIVO E DEFINITIVO SERÁ O DA RESPOSTA ARMADA.

O princípio básico da GPP é derrotar ao inimigo no menos tempo possível com o menor custo e sacrifício.

Os elementos objectivos para enjuizar a GPP som:

1º. — Galiza é uma naçom pequena. O EIE ainda é poderoso.

2º. — Galiza sofre uma longa subjugaçom secular, num contexto colonizador intereuopeu.

3º. — Galiza nom tem país vizinho com um sistema político progressista ou solidário (as esperanças do "25 de Abril" esvaíram-se).

4º. — O MLNeS ainda nom tem força avondo para ressolver a curto prazo as contradiçons principais com o inimigo.

5º. — Galiza tem um desenvolvimento económico que sem ser puramente capitalista, tampouco é totalmente precapitalista.

6º. — A vitória da Sublevaçom Militar Fascista do 36 nos primeiros dias teve uns resultados repressivos e de opressom de graves conseqüências.

7º. — A estrutura social da emigraçom, as suas longas raízes, extensom e tradiçom, possibilitou e favoreceu umas saídas vantajosas para os diferentes sistemas ou regimes dos séculos passados, atenuando as confrontaçons sociais.

8º. — A composiçom das forças de ocupaçom e repressom espanholas está formada por uma quantidade nada desdenhável de nados na Galiza. As novas geraçons do Exército Espanhol, polícia e Guarda Civil nom têm uma implicaçom directa na Sublevaçom Militar Fascista do 36. Estes factores actuais amortiguam na consciência popular uma clarificaçom da verdadeira e própria funçom sua: a de repressores do povo baixo nómina do EIE.

9º. — Uma grande importância do sector de serviços e pequenos proprietários.

10º. — Um contexto europeu com uma ocupaçom e domínio militar do braço armado do Imperialismo, a OTAN, mais um control económico e cultural imperialista, a CEE.

11º. — Um nascimento, ou continuaçom, específico do actual nacionalismo galego nos anos sessenta hegemonizado por elites culturais. Sem infravalorar A SUA GRANDE APORTAÇOM ao desenvolvimento do MLNeS, e sem esquecer que a contradiçom principal do 39 ao 60 na Galiza nom era espanholismo/nacionalismo, senom antifranquismo/luta de classes. O desenvolvimento amplamente social ficara truncado no 39.

12º. — UMA ENORME E IMENSA MAIORIA DO POVO FORMADA POR TRABALHADORAS, TRABALHADORES, UM SISTEMA AGÁRIO CADUCO AVELHENTADO E MISERENTO, UM SECTOR MARINHEIRO TOTALMENTE DEPENDENTE E EMPOBRECIDO, UMA MOCIDADE MARGINADA, UMA MASSA IMPORTANTÍSSIMA DE PARADOS À FORÇA, UMA SITUAÇOM DA MULHER VÍTIMA DA SOCIEDADE PATRIARCAL E UMAS GRANDES CAMADAS POPULARES AUTÓNOMAS QUE SOFREM AS CONSEQÜENCIAS DA COMPETÊNCIA MONOPOLISTA.

13º. — A distribbuiçom do hábitat, a parróquia, a estrutura das vilas e cidades, a falta duma grande urbe.

14º. — Hábitos e costumes da vida galega.

Estes elementos nom relacionados exaustivamentesom os que entre outros condicionam a Estratégia Geral da GPP como meio principal para a consecuçom da Independência e o Socialismo.

Sem mudar hábitos e costumes para adaptar-se a esta estratégia, sem conhecer as leis do combate presente e futuro, sem dominá-las e sem investigá-las o povo nom sairá vitorioso.

A estratégia da GPP nom há de ser a de que só a violência revolucionária levará à meta final. Esta é errónea. Segundo as etapas e as possibilidades de organizaçom e propaganda, tanto legais como ilegais, haverá que combinar, excluir ou praticar a luta legal institucional com as demostraçons de CONTRAPODER. Haverá (um suposto) situaçons concretas onde seja oportuno participar nos referendos, ou bem capitalizar CLARAMENTE ou potenciar o absentismo conscienciado e politizado.

Que é preciso para desencadear a GPP?

  1. — Consolidaçom do EGPGC no seio do povo
  2. — Ampliaçom das bases operativas e da teia de aranha açorada e invisível.
  3. — Iniciativa e aprovisionamento.
  4. — Anulaçom das forças de ocupaçom e repressoras.
  5. — Agrupamento e popularizaçom das forças políticas e toma de poder.

1º. — CONSOLIDAÇOM DO EGPGC NO SEIO DO POVO: Isto só será possível mediante a compartimentaçom rígida, clandestina e original, acorde com as leis de seguridade da GPP na Galiza. Hoje o EG tem a experiência dos primeiros passos dados e persiste constantemente no conhecimento e investigaçom da idiosincrásia e realidade actual, na análise da situaçom política mundial.

Para consolidar-se tem que fazer chegar o poder da sua detonaçom ao resto da massa explosiva que é o povo. Por simpatia a onda revolucionária actuará nos recunchos mais afastados.

Supom despertar e organizar no terreno da violência revolucionária a força que dam a opressom e o sofrimento. Hoje ainda nom pode chegar a cada galega ou galego, mas a doença, a opressom, está implícita, nom é um invento do EG.

Ninguém deve aguardar a que o chamem. Que ninguem seja vital e imprescindível no circuito fechado.

A consolidaçom só será possível se os vasos comunicantes que o regam lhe dam vida: partidos políticos, organizaçons, colectivos, sindicatos, intelectuais, independentes, ecologistas, organizaçons feministas, culturais, da mocidade, antirrepressivas, etc, existentes na Galiza o respaldam e defendem. O EG respeitará a independência total de cada uma delas.

Construir uma CORTINA DE SILÊNCIO, de protecçom e defesa, é premisa fundamental para os que se identifiquem ou simpatizem com o EG. Datos fóra de lugar, alporizaçons "heroicas", críticas subjectivas e demais vícios anticlandestinos, é informaçom que se lhe está facilitando ao inimigo.

SILÊNCIO TOTAL CARA O INIMIGO!! Guerra aos "orelhas", lingüeteiros, caluniadores e chivatos!!

A estanquidade total da informaçom entre a militância política, sindical, cultural, etc, e as combatentes guerrilheiras e guerrilheiros ou a sua infraestrutura deve EVITAR RADICALMENTE QUALQUER TRASVASE INFORMATIVO E PERIGOSO. Qualquer informaçom ao respeito pode ter conseqüências que se pagam com a tortura, com a cadeia ou com a própria vida.

2º. — AMPLIAÇOM DAS BASES OPERATIVAS E DA TEIA DE ARANHA AÇORADA E INVISÍVEL: É uma evidência que as Bases Operativas estám crescendo. Ainda assim o EG hoje só é o germe armado e fecundo. Só florescerá e multiplicará na evoluçom do combate, isto é, levando à prática a sua teoria.

As Bases Operativas geram-se por induçom mediante a prosecuçom duma linha correcta. Na capacidade de captaçom, educaçom e formaçom das novas guerrilheiras e guerrilheiros está o miolo da questom.

O EG está criando um estilo, um jeito novo de ser dos seus membros. Educa ao militante armado de novo tipo nas experiências doutros povos e funde-as na genuinidade galega. O mesmo que o povo tem uma língua própria, um jeito de sentir, de viver, de morrer, um território, um mar, um céu e umas circusntâncias históricas concretas, também tem e seguirá tendo a capacidade para parir a guerrilheira e o guerrilheiro do seu seio.

Para ampliar as Bases Operativas (2, mínimo, 3 ou 4, máximo, guerrilheiras ou guerrilheiros) precisa-se:

A. — Combater sem trégua.

B. — Induzir à luta a quem aceite o projecto de LNeS, seja dum jeito independente (por iniciativa individual), seja aguardando que a teia de aranha enlace, seja buscando-a. (A iniciativa individual é um risco que o EG nom deixa de valorar. Podem-se desperdiçar elementos humanos muito úteis em acçons CONDENADAS AO FRACASO por falta de experiência, meios, preparaçom política e/ou guerrilheira. Portanto este recurso SÓ estará justificado nos casos excepcionais de ilhamento ou desconexom. A responsabilidade e eficácia destas acçons — por iniciativa individual própria — é requisito imprescindível para que sejam asumidas polo EG.)

C. — Nascer da consciência da classe organizada de partidos, sindicatos, mocidade, colectivos... que tendo em conta esta chamada deiam já passos práticos na medida das suas possibilidades.

D. — Aprender a praticar a violência revolucionária noutros povos irmáns, baixo qualquer céu dos oprimidos, recolhendo os ensinamentos, os meios, as experiências e revertindo-as no seio do povo.

3º. — INICIATIVA E APROVISIONAMENTO: A concretizaçom de quem é o inimigo do povo e as suas formas de espoliaçom e dominaçom é fundamental em cada momento da história para a realizaçom dentro da estratégia que pretenda o seu fim.

A obviedade desta asseveraçom nom precisa argumento, só duma correcta aplicaçom na prática, pola grande influência que tem em todo o MLNeS presente e futuro.

A respeito disto é preciso resolver a pergunta base do "que fazer?"

a — Qual é a estratégia que tem carácter revolucionário porque cria nas massasuma consiência de classe e nacional gerando uma praxe combativa?

b — Qual seria a estratégia que, quando menos, neutralizara as críticas dos sectores produtivos -de grande influência ideológica e organizativa- que hoje som contrários às acçons do EG e OBJECTIVAMENTE ESTÁM MAIS PRÓXIMOS?

c — Qual é a estratégia que a esta altura da história criaria um enfrentamento entre os interesses dalguns sectores da burguesia própria (ou aspirantes) e da estrangeira, e da própria entre si?

Esta questons só têm soluçom correcta se se conhecem perfeitamente as características e reacçons do povo.

Temos definida a nossa naçom com dependente e colonial, mas o certo é que esta definiçom é capital usado só pola vanguarda, e a maiores malamente. Na imensa maioria uma explicaçom ao concreto desta consigna é difícil de encontrar. A ignorância sobre a própria realidade é um mal comum das sociedades subdesenvolvidas e com caracteres de relaçons precapitalistas no campo e na costa nom urbana. Daí o grande peso da Igreja.

Adjunto a isto devem-se pôr os inquéritos nos que o fnómeno "terrorista" acadou uns resultados percentuais mais altos de atençom. É bem doado de explicar este resultado se além do dito anteriormente valorássemos na sua justa medida o poderoso efeito da propaganda do Poder por uma banda -a mais importante- e a dura experiência repressiva que viveu e vive o nosso povo pola outra.

Destruir como detergente estes alienantes focos de contaminaçom e parálise é a estas alturas o EFEITO PRIMORDIAL DAS ACÇONS.

O conjunto desta resumida análise vai-nos dar os parámetros por onde desenvolver a estratégia actual e as operaçons a realizar:

A aproximaçom destes parámetros, para uma maior claridade, esta na práctica das seguintes acçons e execuçons:

Em definitiva, todos aqueles casos que mostrem a claras o papel socio-económico e político que o sistema impom ao povo galego: país espoliado dos seus recursos e de dependência política e económica; ou aqueles que produzam confianza no EG e que criem as condiçons adequadas para pular pola auto-organizaçom popular.

É evidente que diante dum CETME ou subfusil a cem metros de distância só se poderá respostar com outra arma de condiçons similares ou superiores (melhor). Se nom se dispom dela nom se pode fazer frente nem escolher este tipo de enfrentamento directo. É uma lei primária de combate.

Os meios para o combate sempre serám relativos e escolhidos segundo uma série de factores (que nom vamos a descubrir diante do inimigo) onde a capacidade técnica, económica, a originalidade e o momento oportuno, serám fundamentais em tal selecçom possível.

Essencialmente som três as fontes de aprovisionamento: o mercado legal, os circuitos ocultos e o PRÓPRIO INIMIGO.

O binómio guerrilheiro/meios é também o que vai decidir a escolha concreta do tipo de acçons.

4º. — ANULAÇOM DAS FORÇAS DE OCUPAÇOM E REPRESSORAS: É Galiza um país ocupado no senso militar? Sem a menor dúvida. Todo o aparelho repressor e de ocupaçom está baixo mando directo e control do EIE; defende os interesses dos espanhóis imperialistas e demais estrangeiros; forma parte fundamental da superestrutura do EIE, cuja essência é seguir hegemonizando o domínio duma classe minoritária sobre a imensa maioria.

Como país dependente e colonial (em muitos casos, nom em todos, diante da escassez de postos de trabalho e a sua retribuiçom económica superior aos das classes trabalhadoras) Galiza produz um bom contingente de homens para a Guarda Civil, Polícia, Exército, carceleiros. etc. Todo este contingente, ademais dos estrangeiros (castelans, andaluzes...) pola idiosincrásia da naçom galega convive no seio dalguns sectores populares (ainda nom conscienciados avondo), no seio das suas próprias famílias galegas (que logo reprimem) e ainda que as suas relaçons sociológicas nom som normais, tampouco se pode dizer que estejam ilhados como já lhes acontece noutros processos de LNeS.

O terror e o medo ao aparelho repressos e de ocupaçom, a conseqüência da Sublevaçom do 36 e da vitória, ainda pervive. As novas geraçons de vinte, trinta anos, ainda nom conheceram dum jeito massivo a repressom policial, a tortura, a cadeia, o exílio, e a ocultaçom.

Entre outros argumentos o EG deduz que um enfrentamentoaberto já cara à anulaçom destas forças nom ajudariaa desenvolver a consciência independentista e de classe. Para enfrentar-se abertamente já às forças repressoras espanholas cumprem ainda maiores cotas de participaçom popular na luta directa pola Independência e o Socialismo. Por estes argumentos considera que só se deve de enfrentar a estes inimigos do povo em acçons de defesa ou resistência.

Será na dinámica da espiral "acçom/repressom/acçom" onde estas forças repressoras jogarám o seu papel, sendo nesta evoluçom prevísível onde a consiência do povo acadará os níveis suficientes para considerar quando e onde é o momento oportuno para começar com a anulaçom das mesmas.

Já que miles desta 1ª Declaraçom do EG irám parar às mans das forças de ocupaçom e repressoras espanholas, o EG informa-lhes:

a — Vocês som filhos de galegas e galegos que foram ou som labregos , obreiros, marinheiros... Seus avós também o foram e possivelmente também os bisavós e todos os seus devanceiros. Entom, por nascimento e criaçom, som filhos dos de abaixo, dos oprimidos, dos explorados, da classe social assovalhada.

b — Um país dependente e colonial, como Galiza, ao nom ter uma economia autocentrada e desenvolvida, ao nom ter postos de trabalho estáveis e retribuídos justamente, obriga aos nascidos na Galiza a incorporar-se ampliamente nas forças repressoras.

c — As suas filhas e filhos, pais e parentes, nom estám marginados na sociedade galega na que vivem. Evite que isso possa suceder algum dia. Aos seus chefes isto nom lhes importa; som, por ideologia e praxe, espanhóis colonialistas, SOM DE ARRIBA !

d — Evitem — sejam inteligentes — ser marginados, viver atrincheirados, sós, nos seus clubes, associaçons... Nom lhes suceda o que JÁ ACONTECEU e segue a a contecer em outras latitudes do Estado. Nom obriguem ao povo a que os margine, os arrincone em guettos, casas-quartéis...

e — Seus chefes participam e disfrutam das prebendas e privilégios que reparte -aos que cumprem- a superestrutura que integram, a mesma que faz que uma minoria (minoria, oligarquia, governo duns poucos, banca, monopólios...) de indivíduos autoproclamados "demócratas" (Estado) reprimam por meio de vocês a milhons e milhons de seres humanos.

f — Os povos de todo o mundo somos irmáns, e portanto solidários, sejam andaluzes, casteláns, extremenhos, norte-americanos. Se vocês som profissionais e dizem servir aos interesses populares nom podem torturar (seja tortura dura ou branda, psicológica ou caluniadora ou irrespetuosa) e matar.

g — Na Galiza têm que viver, aqui estám familiares, vizinhos, amigos da infáncia que logo (ou já) podem ser os seus inimigos. Evite-o.

h — Se sementam ódio, repressom, tortura (sim, tortura tam requeterepetida; nom se fala da do sessenta, nem da do setenta, senom da dos 86, 87, 88), o Tribunal Popular nom perdoará.

i — Seus chefes ordenam e vocês executam, Logo eles irám para Espanha, boas residências, clubes protegidos, e vocês -logicamente- quererám viver na Galiza, botar a partida tranquilos no bar, ir à festa da parróquia... Que executem eles ! Assim passou em Cuba a finais de século, no Sahara, em Irlanda, em Marrocos. Que defendiam miles e miles de galegos em Cuba contra os mambisses? Nom se manchem as mans. O povo vigia.

j —Nom se odeia jamais à pessoa (se estivesse doente: sádicos, fanáticos, torturadores viscerais, psicópatas... E os seus chefes e companheiros que o permitem som também responsáveis), é ao que representa e PORQUE EXECUTA E CUMPRE ordens que som antinaturais.

l— O EG está contra o racismo e a genofóbia. O lugar de nascimento é um factor accidental e uma circunstância casual. Som os feitos os que contam.

5º. — AGRUPAMENTO E POPULARIZAÇOM DAS FORÇAS POLÍTICAS E TOMA DO PODER: Antes de entrar no conceito próprio deste ponto concreto, cumpre um brevíssimo esboço do panorama político do Estado Espanhol e do mundo.

A luta pola LNeS tanto em Euskalherria, nos países Cataláns, Canárias e Galiza acadou participaçons das classes populares mais altas que nunca. Precisa-se que o inimigo tenha múltiples frentes para que a sua capacidade operativa se veja mermada. À medida que os colaboradores directos e indirectos comprovem os resultados na direcçom geral do timom político espanhol, eles mesmos abandonarám o barco (CG, PNG, etc), ou bem o preço do transporte os anule totalmente, convertendo-se em fósseis que nada têm que fazer senom continuar a situar-se ao pé dos opressores espanhóis.

Toda a filosofia actual do Estado Espanhol tem como síntese, ademais da "indisoluble unidad de la Nación", a pertença à CEE com a sua "livre economia de mercado" (capitalismo), a integraçom no braço armado do imperialismo (OTAN), o control espiritual e social da Igreja Católica... Tudo isto adornado como os valores da cultura ocidental e com a venda das riquezas e património dos povos, onde poucos sectores da economia galega ficam sem controlar polo imperialismo.

A filosofia da CEE é a do Imperialismo, quem como corvo destripador de continentes saquea qual pirata contemporáneo os bens alheios em benefício próprio, enquanto centos de milhons de seres humanos estám na miséria, vivem ilhados da civilizaçom marginados e oprimidos. É a filosofia militarista de assovalhamento e domínio; para prova actual (que logo nom se diga que começarom os russos) o projecto em marcha do control do espaço para reduzir militarmente aos povos que querem ser livres, conhecido popularmente como "Guerra das Galáxias", cujo despilfarro económico monstruoso tentam justificar. O campo dos países socialistas vê-se obrigado a contrarrestá-lo (contra a sua vontade e bem estar) e possivelmente a melhorá-lo como contra-ofensiva. Mais uma vez os povos livres terám de travar o afám de continuidade de domínio do Imperialismo.

Hoje quase a metade da povoaçom mundial vive no Socialismo. Jamais nenhum sistema político avançou e se implementou com a sua força, em apenas setenta anos.

Nom há tal reparto do mundo, como tampouco perdurou o Tratado de Tordesilhas, nem a força capaz de deter aos povos que querem ser livres. Aí estám Cuba, Vietname, Argélia, Angola, Irlanda, Nicarágua.

É neste contexto do panorama mundial que o EG tem que resolver e desenvolver a GPP. Será nas suas diferentes etapas e situaçons, presentes e que lhe aguardam, onde o agrupamento e popularizaçom das forças políticas galegas no caminho da Independência e o Socialismo será obrigada. Este agrupamento será sempre um resultado paralelo aos passos positivos do EG na medida da sua potência libertadora; é daí donde sairá o Poder Político ao serviço do Povo.

A Toma do Poder é a necessidade que toda guerrilheira e guerrilheiro tem que sentir como primeira chance para construir a nova sociedade que proclama. A Toma de Poder é a consumaçom máxima do povo para exercer as suas concepçons de Justiça proletária e Labrega no reparto do produto do trabalho, na paz fecunda, no respeito mútuo a todos os povos do mundo...

Sem ânsia de Poder o povo galego jamais será livre !!!

Na Galiza a Toma do Poder nom implica necessariamente a destruiçom do Estado Imperialista Espanhol.

A Toma do Poder virá dada pola GPP onde as galegas e galegos destruam as cadeias que os mantenham atados a Espanha. O processo revolucionário vai estar condicionado por como vaia no resto das naçons do Estado, mas nom absoluta e totalmente condicionado. Daí que nom seja imprescindível a destruiçom do EIE; basta com que esteja o suficientemente debilitado como para que se veja obrigado a deixar-nos livres, independentemente de que logo, na prática, as cousas sucedam dum jeito ou doutro. A concepçom de destruir o EIE junto com bascos, cataláns e canários é ERRÓNEA, já que parte da autoamputaçom do nosso povo, da incapacidade para, polos nossos meios e baseando-nos principalmente nas nossas forças acadar os objectivos propostos: a Independência e o Socialismo. Devemos esterilizar, estirpar e erradicar o virus histórico da desconfiança em nós mesmos (sem cair tampouco no errro contrário: sobreestimaçom e chauvinismo).

O EG tampouco esuqece que o imperialismo ianque -inimigo número um- intervirá com quantas técnicas sofisticadas e de contrainsurgência disponha.

Precisa-se do máximo apoio político e social para contrarrestar a guerra psicológica (principal ferramenta do inimigo hoje) que os centros neurálgicos dos opressores espanhóis estám fomentando nos "mass-media" e que alguns "dirigentes" galegos também espalham.

Táctica Actual

A voz do EG nom pode ficar num gemido ilhado baseado num projecto voluntarioso, romântico ou utópico, deslabazado dos coraçons, opressons e ódios que implica a injustiça contra as mulheres e os homens. A dor das oprimidas e oprimidos nom é exclusiva dos seus membros. Saber ser povo com consciência de liberdade é o seu presuposto principal. Guiados pelas melhores luzes dos nossos devanceiros: dos Irmandinhos aos Mártires de Carral, de Rosalia a Bóveda, de Castelao a Foucelhas, de Benigno Álvarez a Gomes Gaioso, de Moncho Reboiras a Abelardo Colhazo continua a longa marcha dos martires galegos na conquista da liberdade.

O inimigo tratará uma e mil vezes de cercar, ilhar e aniquilar ao EG.

A táctica é a iniciativa constante nas acçons; golpear onde a nossa gente nos escoite; descubrir os pontos débeis do sistema colonialista e impedir a continuaçom do espólio dos recursos (materias primas, aforros, energia,...) e do produto do nosso trabalho.

Diante da deformaçom capitalista habitual dos meios de informaçom e intoxicaçom ideológica (em mans da burguesia e ao serviço do imperialismo espanhol) fazer que o discurso armado da guerrilha chegue ao seio do povo trabalhador é condiçom sine qua non. Para isto recorrerá aos métodos legítimos da defesa comunicativa.

A táctica é golpear onde lhes doa e fugir, ajudar com a práctica a concienciar, aparecer diante do inimigo de súbito, atacar e agachar-se no seio do povo, PROCURAR SEMPRE buscar a originalidade criativa das massas populares, fazer acçons que ajudem a desencadear a GPP, apoiar as lutas das classes populares galegas quando a sua intervençom seja oportuna como defesa dos seus interesses, induzir e fomentar o uso da violência revolucionária no seio das massas (especialmente nos sindicatos) como resposta aos conflictos que vaiam surgindo, assessorar na técnica armada e revolucionária.

A TÁCTICA ACTUAL É FUNDAMENTALMENTE A GUERRA PSICOLÓGICA E DE DESGASTE.

Ir sempre, sempre, a operaçons e acçons a ganhar. Nom ir jamais a acçons onde se empregue toda a sua capacidade técnica e guerrilheira em uma só operaçom. Respeitar SEMPRE a saúde e os bens do povo.

Diante dos missís assassinos: dinamita libertadora. Diante do lasser mortal: fouce justicieira. Diante do uniforme verde ou marrom: roupa comum. Diante do automóvel: pés em rua e corredoiras. Diante de estradas controladas: caminhos invissíveis. Diante de potentes emisoras: ondas telepáticas do povo. Diante de fronteiras controladas: noites libertadoras pola raia seca ou húmida. Diante do consumismo imposto e escravizante: ar livre, arte, música, poesia. Diante doalcoholismo: trabalho revolucionário. Diante da repressom sexual. Amor em liberdade. Diante da opressom da mulher: tunda à sociedade patriarcal. Diante da droga: Socialismo. Diante da vida vegetativa, rutinária e negativa: iniciativa, pensamento popular, imaginaçom e acçons certeiras.

Jamais haverá guerrilheiras e guerrilheiros deixando-se arrastrar por uma norma social imposta polo Imperialismo.

O fortalecimento do EG no seio do povo só se poderá construir dando passos, praticando a guerrilha na técnica contemporánea: quando nom haja dinamita, butano doméstico; quando nom haja metralhetas, caçadeiras... O povo debe usar as armas que tenha, onde as tenha e sejam oportunas, até que a capacidade logística permita expropriá-las a quem as emprega contra ele ou permita comprá-las ou fabricá-las.

A táctica actual virá dada pola força para avançar e resistir na dinámica da tradicional espiral “acçom/repressom/acçom”. Que nenhum contra-ataque do inimigo seja anulador da força organizativa, operativa e de extensom do EG.

O EG está demonstrando que o inimigo nom é invencível. Ensinar os caminhos e sendeiros nascidos do ódio, a inteligência e a coragem para respostar ao monopolizador da violência terrorista do EIE é a sua missom.

Conclusom

Através destas linhas o EG tratou de expor a necessidade da violência revolucionária, a sua origem, o método de análise, a sua definiçom e princípios, a estratégia e a táctica actual. A tarefa está iniciada (sempre é uma continuidade) e as condiçons objectivas nom som as mesmas do 74 nem do 80.

Só quem tenha consciência real de assovalhado e explorado terá a força precisa para levar o projecto adiante. Só a classe trabalhadora galega está hoje capacitada para ser o motor do EG, boscando alianças com os labregos e labregas, com os marinheiros e com as outras classes populares. Ainda é uma incógnita a descifrar (pola sua importância quantitativa) a do papel que lhe corresponderá jogar ao sector agrário, assim como a resoluçom das suas contradiçons (proprietários) dum jeito correcto. Também as tem a classe trabalhadora no seu seio: INTG, CXTG, CCOO, nom afiliados.

A complexidade, sincronizaçom, seguridade, compartimentaçom e recursos para construir esta máquina humana que aspira a ser instrumento armado ao serviço do povo nom foi doada. Ainda é muito cedo para fazer valoraçons. Quem arrimamos o ombro já sentimos um pequeno orgulho e recompensaçons, apesar do curto andar.

Se o exemplo do EG ficasse num sacrifício voluntarioso seria uma frustraçom mais. Ainda assim, em qualquer parte da Terra os processos de consolidaçom das organizaçons armadas revolucionárias nom coalharam nem cimentaram dum jeito singelo, programado e ordenado, onde tudo estivesse previsto. SOMOS OS GALEGOS E AS GALEGAS OS QUE TEMOS QUE RESOLVER ESTAS QUESTONS E ACERTAR. Foi depois de muitos intentos e frustraçons (lei da dialéctica) que outros povos e combatentes aprenderam. Tampouco chega com soltar amarras e embarcar-se no rumbo da luta armada; o povo tem que asegurar-se de chegar sam e salvo à outra ribeira, e comprobar de antemám que o preço que vai pagar compensa.

O EG anda nisso, em chegar ao eslabom decisivo que ata, somete e oprime ao povo galego. Chegar a esta meta, isto é, conquerir a Independência e o Socialismo, é um processo longo e duro, e ademais cumpre atinar na análise das condiçons objectivas ou reais.

Jamais o Estado opressor reconhecerá o direito a ser livre a um povo submetido (alteraria o seu status), sendo sempre a luta pola Independência e o Socialismo um acto ilegal para o opressor.

Na técnica e concepçom contemporânea da Guerra Revolucionária nom é fundamental a delimitaçom de grandes frentes (como na concepçom clássica) nem a concentraçom total do fogo num espaço concreto. Um punhado de guerrilheiras e guerrilheiros, se dominam as leis da ciência libertadora da violência revolucionária, podem desgastar contingentes de forças realmente superiores, chegando a demonstrar que apesar da desproporcionalidade dos meios e recursos dos dous combatentes; uma força reduzida pode atacar ao opressor e rachar o tópico da sua invencibilidade.

Conhecer as experiências doutros povos, num século cheio de vitórias para os movimentos de LNeS, é impostergável. Desde Cuba ao Vietname, de China a Argélia, de Irlanda a Nicarágua, desde O Salvador ao Sahara... As vias libertadoras têm tal riqueza espiritual e material revolucionário que desconhecê-las é imperdoável.

A guerrilha faz-se praticando-a. A necessidade de saber, de fazer e de prever é a que vai animar e obrigar a estudar, investigar e provar. Assim fizeram os demais e assim está a fazer o EGPGC.

É o ódio que gera a opressom, a dor da injustiça, a bílis que produz a exploraçom, a imposiçom do idioma espanhol, etc, o que dá força para soportar os sacrifícios e privaçons, a tortura, a cadeia ou a entrega da própria vida.

Independentemente de que o EG fizesse uma análise que justificasse o caminho das armas, é preciso que o povo galego o assuma. A validez da violência revolucionária só será viável na medida em que a interrelaçom e desenvolvimento das etapas e campanhas tácticas seja reconhecida realmente em expressons ou exteriorizaçons populares medíveis. Sera o futuro quem clarifique o presente começado.

O EG apoia a todos os partidos, organizaçons, colectivos, ou independentes que lutam e compartem o mesmo projecto: Independência e Socialismo. Está convencido da legitimidade que o guia e só reconhece como tribunal ao povo galego.

O sendeiro foi, é e será, longo e duro. Mas um povo temperado no sufrimento da resistência secular à escravitude, ao feudalismo, à emigraçom, ao capitalismo e ao imperialismo de toda caste, nom se conforma com farangulhas. Singelamente quer e luta por ser livre, por desenvolver as suas forças humanas e materiais e por viver em paz e harmonia com todos os povos do mundo, especialmente com os vizinhos, aos que está unido por vínculos históricos e culturais.

A LIBERDADE HÁ QUE CONQUERI-LA!

I N D E P E N D Ê N C IA!!!

VIVA GALIZA CEIVE E SOCIALISTA!!!

ANTES MORTOS QUE ESCRAVOS!!!

Galiza. Julho de 1988


Notas de rodapé:

(1) O autor EG, é um anónimo poeta que nem foi diplomado pola Universidade de Harvard nem tem título nenhum de doutor honoris causa.
Aprendeu a soletrear no banquinho da falhado duma velha cas, regentada pola bimba dum ex-guarda civil da post-guerra, ou possivelmente em qualquer coelheira das importadas de Espanha.
O seu trabalho «Nova poesia galega», numa linguagem comum, é um berro entre o humano e o ouveo lobisómil. As imagens que apresenta som evolutivas e actuais, claras e rotundas. Recolhem as bágoas dos seculares socalcos amandiáns e as figuras rosalianas das canterias compostelanas.
Entre o poema da Revoluçom Nacional Popular e a glotal estridente Independência! nom há separaçom. Entre o Poder Popular e o seu outro poema Socialismo nom há contradiçons antagónicas. Só que EG pretende mostrar ao seu povo a madurez dos feitos, dos conceitos, das ideias e iniciativas.
EG possivelmente seja recompensado com a soidade de qualquer cadaleito herreriám, lheseriám ou monterrosiám. Talvez com a metralha da sua onda libertadora «desapareça» sem pegadas ou seja ultimado no cham por chumbacentos raios picoletos, castanho-beiges ou sociais, gibraltarenhos-tatcheriáns ou hespanhóis.
A esperança duma nova vida, numa sociedade autêntica, longe de paradisos celestiais, é o que lhe dá vida e sustento. Se os nossos filhos, encontram uma Galiza que Seja, um povo que regente, um Estado próprio, sem fronteiras nem alfândegas, sem amis delimitaçons que as da consciência duma comunidade num estadio social novo, sem patriarcas nem opressores, serám fecundaçons deste autor e de autores semelhantes.
O nosso autor nom perde a visom latente dum fim palpável a disfrutar, a amar num manhá nom tam afastado uma Galiza Ceive e Socialista. (retornar ao texto)

Inclusão 24/09/2014