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Primeira Edição: .....
Fonte: Edições 4º Congresso do Partido Comunista Revolucionário (PCR)
Brasil 2008.
Transcrição: Rafael Freire
HTML: Fernando A. S. Araújo
A situação internacional da RFSR está caracterizada atualmente por um certo equilíbrio que, extremamente instável, criou, entretanto uma conjuntura original na política universal.
Esta originalidade consiste no que segue: de uma parte, a burguesia internacional está tomada de uma ira e uma hostilidade furiosa em relação à Rússia Soviética e está pronta para, a qualquer instante, se precipitar para esmagá-la. De outra parte, todas as tentativas de intervenção armada, que custaram a essa burguesia centenas de milhões de francos, terminaram em completo fracasso, apesar do Poder dos Sovietes ser então mais fraco que hoje, e de os grandes proprietários e os capitalistas russos colocarem exércitos inteiros sobre o território da RFSR. A oposição contra a guerra com a Rússia Soviética está extremamente fortificada em todos os países capitalistas, nutrindo o movimento revolucionário do proletariado e envolvendo as massas mais amplas da democracia pequeno-burguesa. A diversidade de interesses existente ente os diferentes Estados imperialistas se exasperou e se exaspera a cada dia de forma mais profunda. O movimento revolucionário, entre as centenas de milhões de pessoas oprimidas do Oriente cresce com uma forma notável. Em conseqüência de todas essas condições, o imperialismo internacional não tem condições para sufocar a Rússia Soviética apesar de ser mais forte que ela e está obrigado reconhece-la e a entrar em relações comerciais com ela.
O resultado foi um equilíbrio talvez extremamente oscilante, extremamente instável, mas um equilíbrio que permite a Republica Socialista existir, por um tempo curto evidentemente, em seu círculo capitalista.
Com a base neste estado de coisas, as relações entre as forças sociais no mundo inteiro se estabelecem da seguinte maneira:
A burguesia internacional, privada de conduzir uma guerra declarada contra a Rússia Soviética, fica na expectativa, espreitando o momento ou as circunstancias que lhe permitirão empreender esta guerra.
O proletariado dos países capitalistas avançados, em todos os lugares, tem diante de si uma vanguarda composta pelos Partidos Comunistas que cresce, marchando sem descanso para a conquista da maioria do proletariado em cada país, arruinando a influencia dos antigos burocratas trade-unionistas e os privilegiados da classe operária americana e ocidental, corrompidos pelos privilégios imperialistas.
A democracia pequeno-burguesa dos países capitalistas, representada em sua parte avançada pelas Internacionais dois e dois e meio: é atualmente o sustentáculo principal do capitalismo, na medida em que sua influencia se estende ainda sobre a maioria ou sobre uma parte considerável dos operários e empregados da indústria e do comércio, que acreditam, no caso de uma revolução, que perderão seu bem-estar relativo, resultante dos privilégios do imperialismo. Mas a crise econômica crescente piora em todos os lugares a situação das massas, e esta circunstancia, acrescida à fatalidade cada vez mais evidente de novas guerras imperialistas, se o capitalismo subsistir, torna este pilar cada vez mais vacilante.
As massas laboriosas dos países coloniais e semicoloniais, massas que compõem a enorme maioria da população do globo, foram levadas à vida política no início do século XX, graças às revoluções da Rússia, Turquia, Pérsia e China. A guerra imperialista de 1914-1918 e o Poder Sovietes na Rússia transformam definitivamente essas massas em um fator ativo da política universal e da destruição revolucionária do imperialismo, ainda que se obstinem em não vê-lo os pequeno-burgueses esclarecidos da Europa e da América, entre eles os líderes das Internacionais dois e dois e meio. A Índia britânica está à frente desses países, e a revolução cresce tanto mais rapidamente quanto uma parte do proletariado industrial e ferroviário se torna mais considerável e outra parte se torna mais selvagem pelo terror exercido pelos ingleses, que recorrem cada vez mais às mortes em massa (Amristar), às flagelações públicas etc...
A situação política interior da Rússia Soviética está determinada elo fato de que nesse país nós vemos, pela primeira vez ao longo da história universal, a existência, durante vários anos, de duas classes apenas: o proletariado educado durante várias dezenas de anos por uma indústria mecânica muito jovem, mas nem por isso moderna e grande, e a classe dos pequenos camponeses, compondo a enorme maioria da população.
Os grandes proprietários rurais e os grandes capitalistas não desapareceram na Rússia. Mas eles foram submetidos a uma completa expropriação, completamente derrotados politicamente enquanto classe, e seus destroços se escondem entre os empregados governamentais do poder dos Sovietes. Sua organização de classes conservou-se apenas no estrangeiro, sob a forma de uma emigração que varia provavelmente de um milhão e meio a dois milhões de pessoas e que possui mais de meia centena de jornais cotidianos em todos os partidos burgueses e “socialistas” isto é, pequeno-burgueses), assim como os restos de um exercito de múltiplas ligações com a burguesia internacional. Essa emigração trabalha com todas as suas forças e com todos os meios para arruinar o Poder dos Sovietes e restaurar o capitalismo na Rússia.
Dada esta situação interior, o proletariado russo, enquanto classe dominante, deve se propor principalmente agora a determinar judiciosamente e realizar as medidas indispensáveis para dirigir o campesinato, para manter uma aliança firme com ele, para percorrer as numerosas etapas sucessivas conducentes à coletivização total da agricultura. Esta tarefa na Rússia é particularmente difícil, tanto em virtude do caráter atrasado de nosso país, como por sua desolação extrema após sete anos de guerra imperialista e civil. Mas, apesar desta particularidade, esta tarefa é um dos problemas mais difíceis da organização socialista; tais problemas se colocarão em todos os países capitalistas, com a única exceção talvez da Inglaterra. Entretanto, mesmo no que concerne à Inglaterra, é impossível esquecer que, se a classe dos pequenos agricultores-fazendeiros é excepcionalmente pouco numerosa, em contrapartida encontra-se aí uma proporção excepcionalmente elevada de operários e empregados levando uma existência pequeno-burguesas, graças à escravidão de fato de centenas de milhões de habitantes das colônias “pertencentes” à Inglaterra.
Por isso, do ponto de vista da evolução da revolução proletária universal, enquanto processo de conjunto, a importância do período atravessado pela Rússia consiste em que ele permite provar e verificar pela prática a política de um proletariado que tem nas mãos o poder governamental em relação a uma massa pequeno-burguesa.
Este texto foi uma colaboração do |
Inclusão | 16/08/2011 |