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A delegação ucraniana à primeira reunião da conferência da paz, em Kíev,[21] declarou estar de posse de declarações dos "governos" do Don, do Cáucaso Setentrional e de outras regiões que proclamaram terem-se separado da Rússia e haverem estabelecido relações de amizade com o governo ucraniano-alemão.
"Não somos contrários a tratar com os representantes do Poder Soviético — "disse o presidente da delegação ucraniana, Chelúkhin — mas desejaríamos saber sobre que regiões propriamente se estende o poder da Federação da Rússia, porque estou de posse de declarações de muitos governos (do Don, do Cáucaso Setentrional, etc.) que não desejam permanecer nos limites da Rússia."
Os turcos e os alemães não só não têm nada a objetar contra essa afirmativa dos ucranianos, mas, antes, numa série de documentos oficiais confirmam as pretensões dos "governos" semi-legais mencionados acima, apegando-se a elas como a um meio formal que permita a "autodeterminação" (isto é, a ocupação) de novos territórios. . .
Mas, o que são esses misteriosos "governos" e de onde vieram?
Antes de tudo é estranho que como protetor desses "governos" e como organizador oficial de toda essa campanha se apresente o governo ucraniano dos hétmãs, que só veio à luz por graça. . . não do povo, em todo o caso. Com que direito, propriamente, a delegação ucraniana ousa falar dessa maneira ao Poder Soviético que foi livremente eleito por dezenas de milhões de habitantes da Federação Russa e reuniu em torno de si, entre outros, os importantes soviets regionais do Don, do Kuban, do Mar Negro, do Térek, eleitos por milhões de habitantes dessas regiões?
Que peso pode ter então o atual governo ucraniano, que não só não foi eleito pelo povo, mas não tem atrás de si nem mesmo uma Dieta eleita em base censitária, ao menos do tipo de um Landtag[N22] representante das camadas ricas? Além do mais, pode-se considerar como provado que, se a conferência da paz se tivesse reunido não em Kíev, mas em qualquer outro lugar do território neutro, a Rada Ucraniana, há pouco derrubada, não teria deixado de se fazer presente para declarar que um tratado com o governo dos hétmãs não pode obrigar o povo ucraniano, que não reconhece esse governo? Teriam então surgido dois problemas:
1.°) — que mandato se poderia reconhecer como o mais efetivo, o do governo dos hétmãs ou o da Rada Ucraniana?;
2.°) — que poderia então declarar para justificar-se a atual delegação ucraniana, que aprecia grandemente qualquer "declaração"?
Em segundo lugar, não é menos estranho o fato de a Alemanha, que apoiou a declaração da delegação ucraniana e que, no interesse da "autodeterminação", namora cada vez mais os "governos" dos aventureiros do Don e do Cáucaso Setentrional, não dedicar uma palavra sequer à autodeterminação da Posnânia polonesa, do Schleswig-Holstein dinamarquês e da Alsácia-Lorena francesa. Será ainda necessário, talvez, demonstrar que, em confronto com os protestos em massa dos dinamarqueses, dos poloneses e dos franceses daquelas províncias, as declarações dos "governos" de aventureiros da Rússia Meridional, constituídos a toda pressa e não reconhecidos por ninguém, perdem todo peso, toda importância, todo decoro?
Mas toda essas coisas não vêm a ser senão "minúcias". Passemos ao argumento principal.
Como surgiram, então, os fabulosos "governos" da Rússia Meridional?
"A 21 de outubro de 1917 — diz o "governo" do Dou em sua "nota" — na cidade de Vladikavkaz firmou-se um acordo sobre a formação de um novo Estado federativo, a União-Sul-Oriental, na qual entraram as populações dos territórios das tropas cossacas do Don, do Kuban e de Astracã e povos da montanha do Cáucaso Setentrional e das margens do Mar Negro e os povos livres da Rússia Sul-Oriental."
Quase as mesmas coisas diz o radiograma dos representantes do "governo" do Cáucaso Setentrional, Tchermoiev e Bammátov, chegado às nossas mãos em 16 de maio:
"Os povos do Cáucaso elegeram regularmente uma Assembléia Nacional que, reunida em maio e setembro de 1917, declarou constituída a União dos Povos da Montanha do Cáucaso"; além disso, "a União' dos Povos da Montanha do Cáucaso decide separar-se da Rússia e formar um Estado independente. O território desse Estado terá como fronteiras: ao norte, os limites geográficos que tinham as regiões e províncias do Daguestão, do Térek, de Stávropol, do Kuban e do Mar Negro no ex-império russo, a oeste o Mar Negro e a leste o Mar Cáspio."
Então, nas vésperas da vitória da Revolução de Outubro, que derrubou o governo de Kerenski, grupelhos de aventureiros ligados a esse governo reuniram-se, pelo que se vê, em Vladikavkaz, proclamaram-se governos "com plenos poderes" e declararam que o sul da Rússia se separava desta última sem se dar ao trabalho de pedir o consentimento da população. Naturalmente, num país livre como a Rússia, a ninguém é proibido entregar-se a sonhos separatistas, mas é fácil compreender que o Poder Soviético não podia nem devia recuar ante as declarações aventureiras dos sonhadores com os quais os povos do sul da Rússia não têm absolutamente nada de comum. Não duvidamos de que se a Alemanha desse aos cidadãos uma liberdade semelhante a essa de que agora se goza na Rússia, a Posnânia, a Alsácia-Lorena, a Polônia, a Curlândia, a Estônia, etc., seriam cobertas por uma rede de governos nacionais, os quais teriam muito mais motivos de se chamarem governo do que os Bogaievski, os Krasnov, os Bammátov e os Tchermoiev, que foram repelidos por seus povos e agora vivem na emigração. . .
Assim surgiram os fabulosos "governos" do sul da Rússia.
A "nota" do "governo" do Don e o radiograma de Tchermoiev falam do passado, de setembro e de outubro de 1917 e de Vladikavkaz, refúgio dos generais reformados. Daquela época até hoje, entretanto, transcorreu cerca de um ano. Durante esse período, formaram-se os soviets populares regionais do Don, do Kuban-Mar Negro e do Térek, que agrupam em torno de si milhões de habitantes, cossacos e alienígenas, abkházios e russos, tchetchenos e inguchos, ossétios e kabardinos, georgianos e armênios. As populações dessas regiões de há muito já reconheceram o Poder Soviético e gozam amplamente do direito de autodeterminação que lhes foi concedido. E Vladikavkaz, antiga residência dos Karaúlov e dos Bogaievski, dos Tchermoiev e dos Bammátov, de há muito se proclamou sede do Soviet Popular do Térek. Que importância, pergunta-se, podem ter os generais fossilizados e suas declarações próprias de aventureiros, feitas no verão de 1917, em face desses fatos conhecidos de todos! Em setembro e outubro ainda havia na Rússia o governo de Kerenski, que lançava raios e coriscos contra o Partido Bolchevique, o qual então tinha sido posto fora da lei e hoje se encontra no Poder. Se a delegação ucraniana e o governo alemão dão aos meses de setembro e outubro de 1917 um tal valor sacramental, por que então não convidam à conferência de paz os restos do governo de Kerenski, que naquela época ainda gozava de boa saúde, assim como fazem com os restos do "governo" dos Tchermoiev e dos Karaúlov que em setembro e outubro de 1917 também gozavam de boa saúde?
Ou ainda: por que justamente setembro de 1917 é preferível a abril de 1918, mês em que a Rada Ucraniana, que tinha quase pronta uma delegação para as negociações com o Poder Soviético, num momento foi varrida da cena política "na base" da "interpretação" alemã do princípio de autodeterminação dos povos ?. . .
Ou finalmente: por que a declaração do general cossaco Krasnov, repudiado por seus homens, prisioneiro das tropas soviéticas perto de Gátchina em fins de 1917 e depois libertado pelo Poder Soviético sob palavra de honra, é considerada um "ato político de grande importância" e a declaração, por exemplo, do Conselho dos Comissários do Povo da Criméia, que reuniu em torno de si centenas de milhares de russos e de tártaros e que por três vezes reafirmou pelo rádio a indissolubilidade dos vínculos que unem a Criméia à Federação da Rússia é considerada sem importância política?
Por que o general Krasnov, repudiado pelos cossacos, desfruta da particular proteção dos governantes ucraniano-alemães, enquanto o Conselho dos Comissários do Povo da Criméia, livremente eleito pela população, foi massacrado, num ato de banditismo?
Evidentemente aqui não se trata da autenticidade das "declarações" nem das massas que sustentam essas "declarações", e ainda menos do conceito de "autodeterminação", barbaramente corrompido e deformado pelos saqueadores oficiais, mas simplesmente disto: tais "declarações" são muito convenientes para os ucraniano-alemães que se comprazem tecendo tramas imperialistas, porque essas "declarações" mascaram comodamente suas aspirações à conquista e subjugação de novos territórios. É característico que em meio a toda a série de delegações do pretenso governo do Don, tão "legal" quanto a delegação do general Krasnov, os ucraniano-alemães tenham voltado sua atenção para esta última, visto como as restantes delegações conservam "orientação" não alemã. O caráter fictício e artificioso do "governo" Krasnov-Bogaievski é além disso a tal ponto evidente, que uma série de ministros designados por Krasnov (Paramonev, ministro da instrução popular, e Semiónov, ministro da agricultura), oficialmente recusaram o encargo, fundamentando sua recusa no fato de que "suas nomeações para ministros foram feitas pelo general Krasnov na ausência dos mesmos." Mas os promotores ucraniano-alemães da autodeterminação realmente não se perturbam com isso, pois Krasnov é útil a esses senhores como anteparo.
Não menos característico é o fato de que a chamada União Sul-Oriental, que em janeiro ainda estava no reino dos mortos, tenha sido em maio subitamente ressuscitada em determinado ponto da Ucrânia ou mesmo em Constantinopla; além disso, nem todos os povos do Cáucaso Setentrional sabem que os "governos" por eles sepultados continuam a "existir" ilegalmente, não se sabe se em Constantinopla ou em Kíev, onde se aprestam para ditar-lhes leis. Evidentemente, nem sequer essa pouco hábil maquinação perturba os promotores ucraniano-alemães da autodeterminação, porque lhes dá a possibilidade de tirarem vantagens dela.
Tais são as ações dos aventureiros da Rússia Meridional sedentos do poder, de uma parte, e dos idealizadores das maquinações políticas, de outra parte.
Qual é então a atitude desses povos da Rússia Meridional sob cujo nome se mascaram os senhores promotores da autodeterminação, quanto ao problema da independência ?
Comecemos pelo Don. Desde fevereiro existe a República Soviética Autônoma do Don, que reúne em torno de si a enorme maioria da população da região. Não é segredo para ninguém que no congresso regional realizado em abril, ao qual compareceram mais de 700 delegados, foi confirmada por aclamação a indissolubilidade dos laços com a Rússia, da qual a República do Don constitui uma parte autônoma.
Eis o que diz, em sua resolução de 28 de maio, o Comitê Executivo da República do Don acerca das pretensões do "governo" Krasnov-Bogaievski, agora mesmo tirado do forno:
"O Comitê Executivo Central da República Soviética do Don leva ao conhecimento do Conselho dos Comissários do Povo e da Conferência de Paz em Kíev que no Don não existe outro poder senão o Comitê Executivo Central e o seu Presidium. Os membros de qualquer outro governo que se tenha declarado ou se declare tal são réus de alta traição e se verão entregues aos tribunais populares com tal imputação. Efetivamente, foi-nos comunicado que na Conferência de Paz interveio uma delegação do governo do Don. Nós, como representantes do Poder estatal, declaramos ao Conselho dos Comissários do Povo e à Conferência de Paz de Kíev que, sem as credenciais do Poder Soviético da República do Don, nenhum delegado deve ser admitido levar a efeito negociações de paz e se existem delegados desse gênero, afirmamos que não são legais, que se arrogam uma qualidade que não possuem e que os entregaremos aos tribunais como réus de alta traição. O Comitê Executivo Central pede à Conferência de Paz afastar a delegação do pretenso "governo do Don", porque ela é ilegal e não pode ser admitida a levar a efeito negociações de paz.
O presidente do Comitê Executivo Central
V. Kovaliov
O Secretário: V. Pujilev
(Aprovada a 28 de maio) Tzarítzin."
Passemos ao Kuban. Todos conhecem a República Soviética Autônoma do Kuban e do Mar Negro, que reuniu em torno de si 90 % da população de todas as partes e de todos os distritos da região, sem exceção.
Todos se lembram do Congresso da Região do Kuban e do Mar Negro, no qual tomaram parte muitos tchetchenos e inguchos e que se instalou em abril deste ano sob a presidência do cossaco I. Poluián, Congresso que reafirmou solenemente a indissolubilidade dos laços que unem aquela região à Rússia e que também solenemente declarou fora da lei os vários aventureiros como Filimonov e Krasnov. De resto, as dezenas de milhares de habitantes do Kuban que empunham armas e defendem com os seus peitos a Rússia Soviética de Sukhum a Bataísk, exprimem, de maneira bastante eloqüente, os sentimentos e as simpatias do Kuban e do Mar Negro. Não falemos sequer da frota, da qual os protetores dos Krasnov e dos Filimonov ainda esperam a destruição
Enfim, a região do Térek. Não é segredo para ninguém que no Térek há um Soviet Popular do Térek, que reúne em torno de si todos, ou quase todos (95 %) os auis e as stanitzas,[N23] as vilas e cidades menores, para não falar das grandes cidades. Desde o I Congresso Regional realizado em janeiro do corrente ano, todos os delegados, sem exceção, pronunciaram-se pelo Poder Soviético e pela indissolubilidade dos laços com a Rússia. O II Congresso, realizado em abril, mais amplo e mais numeroso que o primeiro, de novo confirmou solenemente os laços com a Rússia, declarando a região uma república soviética autônoma da Federação da Rússia. O III Congresso Regional que se realiza agora dá um passo adiante, passando das palavras aos fatos e convida os cidadãos a pegarem em armas para defenderem o Térek, e não só o Térek, das irrupções de hóspedes não convidados. A chamada nota do chamado governo do Don fala muitíssimo em "povos livres do sudeste" que aspirariam à separação da Rússia. Considerando que os fatos são a melhor refutação das "declarações", damos a palavra aos fatos.
Antes de mais nada, vejamos a resolução do Soviet Popular do Térek.
"O Soviet Popular do Térek tomou conhecimento, através de alguns telegramas, de que os delegados do Cáucaso Setentrional, atualmente em Constantinopla, proclamaram a independência do Cáucaso Setentrional e deram comunicação desse fato ao governo imperial turco e a outros Estados.
O Soviet Popular do Térek, composto dos grupos tchetcheno, kabardino, ossétio, ingucho, cossaco e alienígena atesta que os povos da região do Térek não deram nunca delegação a ninguém e em nenhum lugar com aquele objetivo e que se indivíduos isolados, residentes atualmente em Constantinopla, estão se fazendo passar por delegados dos povos da região do Térek e agem em seu nome, isto quer dizer apenas que se arrogam uma qualidade que não têm e que são aventureiros.
O Soviet Popular do Térek exprime seu espanto ante miopia política e a ingenuidade do governo turco que se deixou induzir em erro por semelhantes aventureiros.
O Soviet Popular do Térek, formado pelos citados grupos declara que os povos de sua região constituem uma parte inseparável da República Federativa da Rússia.
O Soviet Popular do Térek protesta contra a tentativa levada a efeito pelo governo transcaucásico de induzir o Cáucaso Setentrional a aderir ao ato que declara a independência da Transcaucásia" (vide Naródnaia Vlast, órgão do Soviet Popular do Térek).
(Resolução aprovada por unanimidade a 9 de maio).
Demos agora a palavra aos tchetchenos e aos inguchos, denegridos pelos seus usurpadores e protetores. Eis a resolução do seu grupo, que representa todos ou quase todos os inguchos e tchetchenos.
"A reunião extraordinária do grupo tchetcheno-ingucho do Soviet Popular de Térek, tendo discutido o comunicado sobre a declaração de independência do Cáucaso Setentrional, aceitou por unanimidade a seguinte resolução: a declaração de independência do Cáucaso Setentrional é um ato de excepcional importância que não deve ser consumado sem o conhecimento e aprovação de toda a população interessada.
O grupo tcheteheno-ingucho constata que o povo tcheteheno-ingucho não enviou nenhum delegado para efetuar negociações de nenhuma espécie com a delegação otomana em Trebizonda ou com o governo otomano em Constantinopla, e que o problema da independência nunca foi discutido em nenhum órgão e em nenhuma assembléia que exprimisse a vontade do povo tcheteheno-ingucho.
Por isso, os indivíduos que ousam falar em nome de um povo, que não os elegeu, são considerados pelo grupo tcheteheno-ingucho como gente que não representa nada e como inimigos do povo.
O grupo tcheteheno-ingucho declara que o único caminho para salvar os povos da montanha do Cáucaso Setentrional e as liberdades conquistadas pela revolução, consiste na estreita união com a democracia revolucionária da Rússia.
Essa união é ditada não só pelo inato amor à liberdade, mas também pelas relações econômicas que no curso dos últimos decênios fundiram estreitamente o Cáucaso Setentrional e a Rússia Central num todo indivisível."
(Aprovada a 9 de maio. Vide Naródnaia Vlast, órgão do Soviet Popular do Térek).
E eis um trecho do inflamado discurso do camarada Cheripov, orador dos inguchos e dos tchetchenos, na reunião do Soviet Popular do Térek, trecho bastante preciso e capaz de fazer cessar qualquer censura dirigida aos daguestanos:
"Graças à grande revolução russa, recebemos a belíssima liberdade pela qual os nossos antepassados bateram-se durante «éculos e, vencidos, foram passados a fio de espada. Agora, que nos foi garantido o direito à autodeterminação, o povo não cederá jamais a ninguém esse direito. Da independência do Cáucaso Setentrional falam hoje os latifundiários, os príncipes, os provocadores, os espiões e todos aqueles contra os quais Chamil[N24] travou uma luta de morte durante cinqüenta anos. Existem tentativas isoladas da parte desses inimigos do povo no sentido de proclamar a independência do Cáucaso e de formar o imanado. Mas eu afirmo que aos antepassados desses príncipes Chamil cortou a cabeça e que hoje ele faria o mesmo. O nosso grupo, que representa o povo ingucho e tchetcheno, expressou, com a conhecida resolução da reunião extraordinária, o seu ponto de vista sobre o problema da declaração da independência do Cáucaso Setentrional." (Vide o citado número de Naródnaia
Estes são os fatos.
Serão todos eles conhecidos pelos fautores teuto-ucraniano-turcos da autodeterminação? Naturalmente que são. Os soviets regionais da Rússia Meridional agem de fato abertamente, aos olhos de todos, e os agentes desses senhores lêem os nossos jornais com suficiente atenção para não deixarem escapar fatos conhecidos de todos
A que se reduz nesse caso a declaração acima citada da delegação ucraniana sobre os fabulosos "governos", declaração apoiada através de palavras e fatos pelos alemães e turcos?
Somente a uma coisa: servir-se dos falsos " governos», como de anteparos para conquistar e subjugar novos territórios. Sob a cobertura da Rada Ucraniana, os alemães avançaram "na base do tratado de Brest-Litovsk" (compreende-se!) e ocuparam a Ucrânia. Mas agora, evidentemente, a Ucrânia esgotou suas possibilidades de servir de anteparo, de cobertura, enquanto os alemães têm necessidade de continuar avançando. Daí a procura de uma nova cobertura, de um novo anteparo. E uma vez que a procura gera a oferta, os Krasnov, os Bogaiev, os Tchermoiev e os Bammátov não tardaram a se apresentar, oferecendo os seus serviços. E não é de excluir a hipótese de que num futuro próximo os Krasnov e os Bogaiev, manobrados e abastecidos pelos alemães, marchem em direção à Rússia para "libertar" o Don enquanto os alemães terão o cuidado de jurar pela enésima vez fidelidade ao acordo de Brest-Litovsk. A mesma coisa deve-se dizer quanto ao Kuban, ao Térek, etc.
Aqui está o nó da questão!
O Poder Soviético cavaria a própria sepultura se não mobilizasse todas as forças, sem exceção, para resistir aos saqueadores e opressores.
E assim o fará.
O Comissário do Povo
J. Stálin,
Notas de fim de tomo:
[N21] A Conferência da Paz entre os representantes da República Soviética Russa e os do hetmanado ucraniano iniciou seus trabalhos a 23 de maio de 1918, em Kíev. (retornar ao texto)
[N22] Landtag: assembléias representativas dos países isolados que compunham a Áustria e a Alemanha. (retornar ao texto)
[N23] Aúl: aldeia montanhesa do Cáucaso e da Criméia. Stanitza: aldeia cossaca. (retornar ao texto)
[N24] Chamil (1798-1871), ousado e genial chefe dos cireassianos, organizou as guerrilhas das tribos montanhesas contra as tropas tzaristas que por volta de 1830 atacaram o Daguestão. Resistiu até 1857, ano em que foi capturado pelo príncipe Bariatinski, comandante-chefe das tropas tzaristas. A guerra prolongou-se todavia até 1865 e terminou pela conquista, por parte dos russos, de toda a zona ocidental do Cáucaso. (retornar ao texto)
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Inclusão | 21/01/2008 |