Mais adiante, encontrará o leitor um telegrama cifrado, interceptado pelo governo soviético, que põe a nu a verdadeira natureza da Rada e as verdadeiras intenções das missões militares dos "nossos aliados" em relação à paz. Verifica-se, através o telegrama, que já se concluiu uma aliança entre a missão francesa e a Rada e que os "membros da missão francesa trabalham em contato direto com a Rada." Verifica-se, outrossim, através o telegrama, que tal aliança visa "manter um simulacro de frente russa até fevereiro ou março e adiar a conclusão definitiva do armistício para a primavera." Finalmente, através o telegrama, verifica-se que a missão francesa concluiu "um acordo com as autoridades militares" (isto é, com o "governo" de Kalédin) sobre o "abastecimento de carvão e viveres para as frentes romena e sul-ocidental" (que segundo o plano teria de ser mantido pela Rada. J. St.).
Em resumo: existe, como se vê, uma aliança entre a Rada, Kalédin e a missão militar francesa, tendo o objetivo de comprometer a paz e "adiá-la" "até a primavera". A missão militar francesa não age assim por iniciativa própria, mas segundo as "instruções urgentes do governo francês."
Não queremos ocupar-nos aqui com o comportamento das missões militares dos "nossos aliados". A sua função foi suficientemente esclarecida: em agosto ajudaram Kornílov, em novembro a Rada e Kalédin, em dezembro abasteceram de automóveis blindados os rebeldes. Tudo isto serve à guerra "à outrance". Não duvidamos de que a luta dos povos da Rússia por uma paz democrática fará com que fracassem os planos agressivos dos "aliados", cujas missões portam-se como se estivessem na África Central. Bem depressa, porém, os "aliados" deverão convencer-se de que a Rússia não é a África Central. . . A nós, entretanto, interessa, principalmente, a miserável função assumida pela Rada.
Agora sabemos por que motivo a Rada concentra as unidades ucranianas na frente romeno-sul-ocidental: sob a palavra de ordem da "nacionalização" do exército, a Rada tenta ocultar seu acordo com a missão francesa sobre o adiamento do armistício para a primavera.
Agora sabemos por que a Rada não deixa passarem os exércitos soviéticos enviados contra Kalédin: sob a palavra de ordem da "neutralidade" no que se refere a este, ela procura esconder a aliança que concluiu com Kalédin para combater os soviets.
Agora sabemos por que a Rada protesta contra a "ingerência" do Conselho dos Comissários do Povo na vida interna da Ucrânia: com as tagarelices em torno da não intervenção, a Rada procura ocultar a ingerência efetiva do governo francês na vida da Ucrânia e de toda a Rússia para liquidar as conquistas da revolução.
Os camaradas ucranianos muito freqüentemente fazem-me a pergunta: o que é a Rada? Eis a minha resposta.
A Rada, ou, mais precisamente, a sua Secretaria Geral, é o governo dos traidores do socialismo, que se dizem socialistas para enganar as massas. Exatamente como faziam os governos de Kerenski e de Sávinkov, os quais também se diziam socialistas.
A Rada, ou, mais precisamente, a sua Secretaria Geral, é um governo burguês aliado a Kalédin, que luta contra os soviets. Antes era o governo de Kerenski, que, aliado a Kornílov, desarmava os soviets da Rússia. Agora é o governo da Rada que, aliado a Kalédin, desarma os soviets da Ucrânia.
A Rada, ou, mais precisamente, a sua Secretaria Geral, é um governo burguês que, aliado aos capitalistas anglo-franceses, luta contra a paz. Antes era o governo de Kerenski que protelava a conclusão da paz, condenando milhões de soldados a serem carne de canhão. Agora é o governo da Rada que tenta comprometer a causa da paz "protelando a conclusão do armistício para a primavera".
O governo de Kerenski por isso foi derrubado, graças aos esforços comuns dos soldados da Rússia.
Nós não duvidamos de que também o governo da Rada será derrubado graças aos esforços dos operários e dos soldados da Ucrânia.
Só uma nova Rada, a Rada dos soviets dos operários, soldados e camponeses da Ucrânia, pode salvaguardar os interesses nacionais da Ucrânia contra os Kalédin e os Kornílov, contra os latifundiários e os capitalistas.
O Comissário do Povo
J. Stálin.
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Inclusão | 27/11/2007 |