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Senhores membros da Assembleia!
Camaradas!
A inauguração que hoje se faz da Assembleia de Representantes da Região Fronteiriça reveste grande significado. A Assembleia tem apenas um objectivo: abater o imperialismo japonês e edificar uma China de democracia nova, quer dizer, a China dos Três Princípios do Povo revolucionários. Na China actual, não pode haver outro objectivo. E é assim porque, agora, os nossos inimigos principais não são os do interior mas sim o fascismo japonês, o fascismo alemão e o fascismo italiano. O Exército Vermelho Soviético bate-se pelos destinos da União Soviética e pelos de toda a humanidade e nós lutamos contra o imperialismo japonês, que prossegue a sua agressão para subjugar a China. O Partido Comunista da China está pela união de todas as forças anti-japonesas do país com vista à liquidação do imperialismo japonês, pela cooperação com todos os partidos e grupos políticos, todas as classes e todas as nacionalidades que resistem ao Japão; todos, excepto os traidores à nação, devem unir-se na luta comum. Tal tem sido a posição consequente do Partido Comunista. Há mais de quatro anos já que o nosso povo tem resistido heroicamente ao invasor, resistência que pôde prosseguir-se graças à cooperação entre o Kuomintang e o Partido Comunista, graças à cooperação de todas as classes, partidos, grupos políticos e nacionalidades do país. Contudo, a vitória ainda não está ganha; para conquistá-la é necessário prosseguir a luta e pôr em prática os Três Princípios do Povo revolucionários.
Por que razão devemos pô-los em prática? Porque, até aqui, os Três Princípios do Povo revolucionários, proclamados pelo Dr. Sun Yat-sen, ainda não foram convertidos em realidade por todo o país. Por que razão não exigimos desde já a realização do socialismo? Como é evidente, o socialismo representa um regime superior, instaurado há já muito na União Soviética, mas na China ainda não existem as condições necessárias para isso. O que aplicamos na região fronteiriça Xensi-Cansu-Ninsia são os Três Princípios do Povo revolucionários. Nunca saímos do quadro desses princípios para resolver qualquer dos nossos problemas práticos. Nas circunstâncias actuais, um deles, o princípio do nacionalismo, implica o esmagamento do imperialismo japonês, enquanto que os outros dois, o princípio da democracia e o princípio do bem-estar do povo, exigem que se sirva o interesse de todos os que lutam contra o invasor e não os interesses dum só sector. No seio do nosso povo, cada indivíduo deve gozar da inviolabilidade da pessoa humana, do direito de intervenção na vida política e do direito à protecção dos seus bens. Cada um deve poder exprimir-se, vestir-se, alimentar-se, trabalhar e instruir-se, numa palavra, cada um deve beneficiar da parte que lhe cabe. Pode dizer-se que a sociedade chinesa é “pequena nas duas extremidades e grande no meio”. O proletariado, numa extremidade, e as classes dos senhores de terras e da grande burguesia na outra, constituem apenas uma minoria; a grande massa do povo é formada pelo campesinato, pequena burguesia urbana e demais classes intermédias. Nenhum partido pode levar a bom termo os negócios de Estado se a sua política não tomar em consideração os interesses dessas classes, se as pessoas que as compõem não beneficiarem do que lhes cabe e não tiverem direito de expressão. As medidas políticas propostas pelo Partido Comunista da China visam a unir todos os que lutam contra o invasor; têm em conta os interesses de todas as classes em luta contra o Japão e, em particular, os interesses do campesinato, pequena burguesia urbana e demais classes intermédias. A política preconizada pelo Partido Comunista, que dá ao povo de todos os sectores possibilidades de se exprimir e lhe assegura trabalho e alimentação, é a política dos Três Princípios do Povo autenticamente revolucionários. Pelo que respeita às relações agrárias, nós praticamos por um lado a redução das rendas e taxas de juro a fim de que os camponeses possam alimentar-se, e, por outro lado, velamos por que essas rendas e juros reduzidos sejam pagos pelos camponeses, de modo que os senhores de terras possam igualmente viver. No que respeita às relações entre o trabalho e o capital, nós ajudamos os operários para que tenham trabalho e possam alimentar-se, e ao mesmo tempo praticamos a política de desenvolvimento da indústria e do comércio, de modo que os capitalistas possam realizar certo lucro. Todas essas medidas visam a unir o nosso povo num esforço comum para resistir ao Japão. É a isso que chamamos política de democracia nova. É a política que responde realmente às condições actuais da China, e esperamos que a respectiva aplicação não se limite à região fronteiriça Xensi-Cansu-Ninsia e às bases anti-japonesas situadas por trás das linhas inimigas, mas sim que se estenda por todo o país.
Essa política tem sido prosseguida vitoriosamente por nós, e conquistou a aprovação da totalidade do povo. Mas houve insuficiências. Alguns comunistas ainda não sabem como cooperar democraticamente com as pessoas que não pertencem ao Partido; no seu trabalho, mantêm um estilo estreito de “porta fechada” ou sectário; ainda não compreendem que os membros do Partido têm o dever de cooperar com os não-comunistas que são pela resistência, não tendo o direito de repeli-los. Isso significa que devemos escutar atentamente a opinião das massas populares, manter-nos ligados a estas e não desligar-nos delas. No Programa Administrativo da Região Fronteiriça Xensi-Cansu-Ninsia, há um artigo que impõe aos membros do Partido Comunista uma cooperação democrática com os não-comunistas, impõe não agir arbitrariamente nem tomar pessoalmente tudo em mãos; esse artigo dirige-se exactamente aos camaradas que ainda não compreenderam a política do nosso Partido. Os comunistas devem ouvir atentamente as opiniões dos não membros do Partido e dar-lhes a possibilidade de se exprimirem. Se o que os outros dizem está correto, nós aplaudimos e aprendemos dos seus pontos fortes; se o que dizem está errado, deixamo-los igualmente concluir a exposição, e depois damos-lhes pacientemente as necessárias explicações. Em nenhuma circunstância devem os comunistas julgar-se infalíveis nem tomar atitudes arrogantes, crendo-se bons em tudo e pensando que os outros não servem para coisa alguma; nunca devem encerrar-se entre quatro paredes, ser fanfarrões ou comportar-se como tiranos. Exceptuados os reaccionários obstinados que, de conivência com os invasores japoneses e os traidores, sabotam a Guerra de Resistência e a união, os quais, bem entendido, não têm direito à palavra, todos devem ser livres de se exprimirem, não importando que as opiniões que emitam estejam erradas. Os negócios do Estado são negócios públicos de todo o país e não negócios privados dum partido ou dum grupo. Assim, os comunistas têm o dever de cooperar democraticamente com os não-comunistas, não tendo o direito de afastá-los nem de monopolizar tudo. O Partido Comunista é um partido ao serviço dos interesses da nação e do povo; não tem objectivos privados a prosseguir. Ele deve pois submeter-se ao controle do povo e jamais infringir a vontade deste. Os seus membros devem situar-se entre as massas populares e não acima destas. Senhores membros da Assembleia! Camaradas! O princípio de cooperação democrática com os não-comunistas, adoptado pelo nosso Partido, é definitivo e imutável. Enquanto houver partidos na sociedade, os seus membros serão sempre uma minoria e os não-membros a maioria; sendo assim, os membros do nosso Partido terão sempre a obrigação de cooperar com os não-membros, devendo começar já a fazê-lo corretamente aqui, nesta Assembleia. Em minha opinião, os representantes comunistas, guiados por essa política, hão de ganhar boa têmpera e saberão ultrapassar a atitude de “porta fechada”, o sectarismo. Não somos uma pequena seita que se crê infalível, nós devemos, absolutamente, aprender a abrir totalmente as portas à cooperação democrática com os não-comunistas e aprender a consultar os demais. Talvez ainda haja comunistas capazes de dizer: “Se se tem de cooperar com os outros, eu retiro-me!”. Mas eu estou persuadido de que tais comunistas são em percentagem muito reduzida. Posso assegurar-vos que a maioria esmagadora dos nossos membros saberá aplicar a linha do Comité Central. Ao mesmo tempo eu gostaria de pedir a todos os camaradas não-comunistas que compreendam as nossas intenções e entendam que o Partido Comunista de modo nenhum é uma reduzida seita ou grupúsculo que prossegue objectivos privados. Não! O Partido Comunista busca sincera e honestamente a melhor solução para os negócios do país. Mas as nossas falhas também são numerosas. Nós não receamos evocá-las e estamos decididos a corrigi-las. E haveremos de fazê-lo, reforçando o nosso trabalho de educação no seio do Partido e cooperando democraticamente com os não-comunistas. Só submetendo as nossas falhas a esse fogo cruzado do interior e do exterior é que conseguiremos corrigir-nos e resolver corretamente os problemas do país.
Senhores membros da Assembleia! Vós destes-vos ao incômodo de vir participar a esta reunião e eu felicito-me bastante por poder saudar esta distinta Assembleia e desejar-lhe pleno êxito nos trabalhos.
Inclusão | 23/08/2015 |