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Fonte: Le Socialiste, 1-8 de maio de 1904.
Tradução: Juliana Danielle Gasparin. (traduzido da versão em inglês existente no MIA), março 2009.
HTML: Fernando A. S. Araújo.
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O Dia dos Trabalhadores este ano se destaca particularmente porque está sendo celebrado em meio aos estrondos da guerra. Por causa disso, seu caráter como uma manifestação em favor da paz mundial tem a vantagem este ano. Mas, mais do que nunca, na presença da guerra, especificamente a manifestação proletária deve também ser a expressão desta idéia, que a realização da paz universal não pode ser concebida a não ser ligada à realização de nosso objetivo final socialista.
Se a Guerra Russo-Japonesa tem demonstrado algo, é a vaidade das especulações daqueles socialistas "humanitários" que afirmam ter encontrado a paz mundial no sistema de equilíbrio da Dupla e da Tripla Alianças. Estes panegiristas de alianças militares não foram capazes de expressar suficientemente seu encantamento com o período de trinta anos de paz na Europa central e, baseados neste fato, proclamaram com toda a naturalidade possível "paz na marcha" e "humanidade em paz". O estrondo dos canhões do Porto Arthur – que fizeram as trocas de estoque da Europa tremer convulsivamente – relembram as vozes inteligíveis destes ideólogos socialistas da sociedade burguesa que, em suas fantasias da paz européia, esqueceram apenas uma coisa: as modernas políticas coloniais, que tem, desde agora, ido além do estágio dos conflitos locais europeus transportando-os ao Grande Oceano. A Guerra Russo-Japonesa agora dá a todos uma noção de que mesmo a guerra e paz na Europa – seu destino – não é decidido entre as quatro paredes do concerto europeu, mas fora dele, no gigantesco redemoinho do mundo e das políticas coloniais.
E é este o real significado da atual guerra para a social-democracia, mesmo se deixarmos de lado seu efeito imediato: o colapso do absolutismo russo. Esta guerra devolve o olhar fixo do proletariado internacional à grande sequência política e econômica do mundo e violentamente dissipa em nossas classes sociais o particularismo, a insignificância de idéias que se formam em qualquer período de calmaria política.
A guerra completamente rasga todos os véus nos quais o mundo burguês – este mundo de fetichismo econômico, político e social – constantemente nos enrola.
A guerra destrói a aparência que nos leva a acreditar na evolução social pacífica; na onipotência e inatingibilidade da legalidade burguesa; no exclusivismo nacional; na estabilidade de condições políticas; na direção consciente das políticas por estes “estadistas” ou partidos; na significação capaz de sacudir o mundo das brigas nos parlamentos burgueses; no parlamentarismo como o assim chamado centro da existência social.
A guerra desencadeia – ao mesmo tempo que as forças reacionárias do mundo capitalista – as forças geradoras da revolução social que fermentam em suas profundezas.
Sim, dessa vez nós celebramos o Dia dos Trabalhadores sob um vento cortante, o ritmo dos eventos no mundo aceleraram fortemente.
Inclusão | 08/05/2009 |
Última alteração | 24/01/2016 |