A Classe Operária e a Questão Nacional

V. I. Lénine

3 (16) de Maio de 1913

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Primeira Edição: Escrito a 3 (16) de Maio de 1913.
Fonte: Obras Escolhidas em três tomos, Edições "Avante!", 1984, t2, pp 98-99.
Tradução: Edições "Avante!" com base nas Obras Completas de V. I. Lénine, 5.ª ed. em russo, t.23, pp. 149-150.
Transcrição: Manuel Gouveia
HTML:
Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Edições "Avante!" — Edições Progresso Lisboa — Moscovo, 1977.

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A Rússia é um país heterogéneo do ponto de vista nacional. A política governamental, a política dos latifundiários apoiados pela burguesia, está inteiramente impregnada do nacionalismo das centúrias negras.

Essa política está apontada contra a maioria dos povos da Rússia, que constituem a maioria da sua população. Ao mesmo tempo, levanta a cabeça o nacionalismo burguês das outras nações (polaca, judaica, ucraniana, georgiana, etc.), procurando desviar a classe operária, através da luta nacional ou da luta por uma cultura nacional, das suas grandes tarefas mundiais.

A questão nacional exige uma formulação e resolução claras por todos os operários conscientes.

Quando a burguesia lutava pela liberdade juntamente com o povo, juntamente com os trabalhadores, ela defendia a completa liberdade e a completa igualdade das nações. Os países avançados, a Suíça, a Bélgica, a Noruega, etc., dão-nos um exemplo de como nações livres vivem pacificamente em conjunto ou se separam pacificamente umas das outras num regime realmente democrático.

Hoje a burguesia receia os operários, procura a aliança com os Purichkévitch, com a reacção, trai a democracia, defende a opressão ou a desigualdade das nações, procura corromper os operários com palavras de ordem nacionalistas.

Só o proletariado defende nos nossos dias a verdadeira liberdade das nações e a unidade dos operários de todas as nações.

Para que diferentes nações livre e pacificamente vivam em conjunto ou se separem (quando isto lhes for mais conveniente), constituindo Estados diferentes, para isso é necessária a completa democracia defendida pela classe operária. Nenhum privilégio para nenhuma nação, para nenhuma língua! Nem a mínima perseguição, nem a mínima injustiça para com a minoria nacional! — tais são os princípios da democracia operária.

Os capitalistas e latifundiários querem a todo o custo dividir os operários das diferentes nações, enquanto eles próprios, os poderosos deste mundo, vivem excelentemente em conjunto como accionistas de «negócios» que «rendem» milhões (como as minas do Lena) — quer sejam ortodoxos ou judeus, russos ou alemães, polacos ou ucranianos, todos aqueles que possuem capital exploram em boa harmonia os operários de todas as nações.

Os operários conscientes são pela completa unidade dos operários de todas as nações em todas as organizações operárias, sejam elas educativas, sindicais, políticas, etc. Que os senhores democratas-constitucionalistas se desonrem negando ou diminuindo a igualdade de direitos dos ucranianos. Que a burguesia de todas as nações se entretenha com as frases mentirosas sobre a cultura nacional, sobre as tarefas nacionais, etc., etc.

Os operários não se deixarão dividir com quaisquer discursos melífluos sobre a cultura nacional ou a «autonomia nacional cultural». Os operários de todas as nações defendem juntos, unidos, em organiza-ções comuns, a completa liberdade e a completa igualdade de direitos — garantia da verdadeira cultura.

Os operários criam em todo o mundo a sua cultura internacional, desde há muito preparada pelos defensores da liberdade e os inimigos da opressão. Ao velho mundo, ao mundo da opressão nacional, das querelas nacionais ou do isolamento nacional, os operários opõem o novo mundo da unidade dos trabalhadores de todas as nações, no qual não há lugar para nenhum privilégio nem para a mínima opressão do homem pelo homem.


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Inclusão 09/02/2016