Parte IV


m) As Eleições. O Encerramento do Congresso. 

Depois da aprovação dos estatutos, o congresso adotou uma resolução sobre asorganizações regionais, várias resoluções relativas a diferentes organizaçõesdo partido, e depois de debates extremamente instrutivos sobre o grupo Iújnirabótchi, cuja análise fiz anteriormente, o congresso passou à questãodas eleições para 05 organismos centrais do partido.

Sabemos já que a organização do Iskra, de quem todo o congresso esperava rauma recomendação autorizada, se tinha dividido neste ponto, querendo a minoriada organização tentar no congresso, através de uma luta livre e aberta,conquistar a maioria. Sabemos também que, muito antes do congresso,todos os delegados tinham tomado conhecimento do plano de renovaçãodaredação pela eleição de dois grupos de três para o OC e o CC.Detenhamo-nos neste plano mais pormenorizadamente para esclarecer os debatesno congresso.

Eis aqui o texto exato do meu comentário ao projeto de Tagesordnung docongresso, em que foi exposto este plano* : "O congresso elegerá trêspessoas para a redação do OC e outras três para o CC. Estas seis pessoas emconjunto,  por maioria de 2/3se necessário, completarão a redação do OC e oCC por cooptação, e apresentam ao congresso o relatório correspondente.Depois da aprovação deste relatório pelo congresso, a cooptação posteriorfar-se-á separadamente pela redação do OC e pelo CC."

Deste texto o plano ressalta com uma precisão perfeita e sem o mínimo equívoco:ele significa a renovação da redação com a participação dosmais influentes dirigentes do trabalho prático. Os dois aspectos queassinalei neste plano são imediatamente evidentes para quem se der aotrabalho de ler com alguma atenção o texto citado. Mas nos tempos que corremdevemos determo-nos a explicar mesmo as coisas mais elementares. O planosignifica justamente a renovação da redação, e não necessariamenteque se amplie ou se reduza o número dos seus membros, mas precisamente que serenove, ficando em aberto a questão de um possível alargamento ouredução; a cooptação é prevista apenas para os casos em que for necessária.Entre as hipóteses emitidas por diversas pessoas sobre a questão destarenovação havia também planos de redução ou aumento possível do númerode membros da redação para sete membros (pela minha parte considerei sempreque sete era muito mais conveniente que seis), e até o aumento deste númeropara onze membros (coisa que eu considerava possível no caso de uma uniãopacífica com todas as organizações sociais-democratas em geral, com o Bund e a social-democracia polaca em particular). Mas o mais importante quenormalmente esquecem os que falam do "grupo de três", é que se exigeque os membros do CC participem na solução da questão relativa a cooptaçãoposterior para o OC. Nem um só camarada entre todos os membros daorganização e delegados da "minoria" do congresso que conheciam esteplano e o aprovaram (exprimindo o seu acordo ou de maneira explícita ou peloseu silêncio) se deu ao trabalho de explicar o significado desta exigência.Primeiro: porque se tinha adotado como ponto de partida da renovação da redaçãoprecisamente um grupo de três e só um grupo de três? E evidente que issocareceria em absoluto de sentido se se visasse exclusivamente, oupelo menos principalmente, ampliar esse organismo coletivo, se talorganismo coletivo fosse considerado verdadeiramente "harmonioso". Seriaestranho que para ampliar um organismo coletivo "harmonioso" não separtisse do seu conjunto, mas apenas de uma parte dele. Sem dúvidaque nem todos os membros desse organismo coletivo eram consideradosinteira mente aptos para discutir e resolver o problema da renovaçãoda sua composição pessoal, da transformação do velho círculo redatorialnum organismo do partido. E evidente que mesmo quem pessoalmentedesejasse a renovação sob a forma de ampliação reconhecia que a antigacomposição não era harmoniosa, que não correspondia ao ideal de umorganismo do partido, porque, de outro modo, não havia razão para começar por reduzir o grupo de seis a umgrupo de três para o ampliar.Repito: isto é evidente por si só, e apenas um obscurecimento momentâneo daquestão por questões "pessoais" o pôde fazer esquecer.

Em segundo lugar, do texto antes citado ressalta que mesmo o acordo dos trêsmembros do OC ainda não bastaria para ampliar o grupo de três. Tambémisto é sempre esquecido. Para a cooptação são precisos 2/3 de seis, ou seja,quatro votos; por isso bastaria que ostrês membros eleitos para o CC opusessem o seu "veto" para tornarimpossível qualquer ampliação do grupo de três. Pelo contrário, mesmose dois dos três membros da redação do OC fossem contra a cooptaçãoposterior, esta poderia mesmo assim efetivar-se se os três membros do CC lhetivessem dado o seu acordo. E evidente desta maneira que se pretendia, aotransformar o velho círculo em organismo do partido, dar voz decisiva aosdirigentes do trabalho prático eleitos pelo congresso. Quais eram,aproximadamente, os camaradas que tínhamos em mente, mostra-o o fato de aredação, antes do congresso, ter eleito por unanimidade como sétimo membroo camarada Pavlóvitch, para o caso de ser necessário falar no congresso emnome do nosso organismo coletivo; além do camarada Pavlóvitch, propôs-separa o lugar do sétimo um velho membro da organização do Iskra emembro do CO, mais tarde eleito membro do CC205.

Assim, o plano de eleição de dois grupos de três visava manifestamente:

1) renovar a redação, 2) eliminar nela certos aspectos do velho espírito de círculo,inadequado num organismo do partido (se não houvesse nada a eliminar, nãoteríamos tido que inventar o grupo de três inicial!), e por fim 3) eliminaros traços "teocráticos" de um organismo de literatos (eliminação arealizar fazendo com que destacados militantes práticos intervenham pararesolver a questão da ampliação do grupo de três). Este plano, do qualtodos os redatores tinham sido informados, assentava evidentemente naexperiência de três anos de trabalho e correspondia completamente aosprincípios que pusemos em prática consequentemente em matéria de organizaçãorevolucionária: na época de dispersão em que apareceu o Iskra, muitasvezes se constituíam grupos de modo fortuito e espontâneo, sofrendoinevitavelmente de certas manifestações nefastas do espírito de círculo.A criação do partido implicava e exigia a eliminação destes aspectos; aparticipação de destacados militantes práticos nesta eliminação era imprescindível,já que nos membros da redação se tinham ocupado sempre de questõesde organização, e não era apenas um organismo de literatos que devia entrarno sistema dos organismos do partido, mas sim um organismo de dirigentes políticos.O fato de ter deixado ao congresso a tarefa de eleger o grupo de trêsinicial, era igualmente natural do ponto de vista da política desde sempredefendida pelo Iskra: preparamos o congresso com extremo cuidado, esperandoque fossem plenamente esclarecidas as questões de princípiocontroversas, do programa, da táctica e da organização; não duvidávamos que o congresso seria um congressoiskrista no sentido de que aimensa maioria se solidarizaria nestas questões fundamentais (o que em partedemonstravam também as resoluções sobre o reconhecimento do Iskra comoórgão dirigente); tínhamos pois que deixar aos camaradas sobre cujosombros tinha pesado todo o trabalho de difusão das idéias do Iskra ede preparação da sua transformação em partido decidirem eles próprios quemeram os candidatos competentespara o novo organismo do partido. E unicamente pelo caráter natural doplano dos "dois grupos de três", unicamente pela sua plenaconformidade com toda a política do Iskra e com tudo o que sabiamdela os que tivessem a mais pequena relação com o trabalho, que se podeexplicar a aprovação geral deste plano e a ausência de qualquer outroplano concorrente.

Eeis que no congresso o camarada Rússov propõe, antes de mais, que se elejamos dois grupos de três. Os partidários de Mártov, que nos tinhainformado por escrito da relação deste plano com a falsa acusação de oportunismo, nem sequer pensaram, todavia, em reduzir a discussão sobre ogrupo de seis e o grupo de três à questão de saber se esta acusação erafundada ou não. Nem um deles o mencionou sequer! Nem um deles ousou dizeruma só palavra sobre a diferença de princípio dos matizes ligados aogrupo de seis e ao grupo de três. Preferiram um meio mais corrente e maisbarato: apelar para a piedade, falar de um possível ressentimento, fingirque o problema da redação estava já resolvido com a designação do Iskra como Orgão Central. Este último argumento, utilizado pelo camarada Koltsov contra o camarada Rússov, é manifestamente falso. Na ordem dodia do congresso figuravam - e não acidentalmente, é claro - dois pontosespeciais (ver p. 10 das atas): p. 4- "O OC do partido" e p. 18- "Aeleíçao do CC e da redação do OC". Isto, em primeiro lugar. Em segundolugar, ao designar o OC, todos os delegados declararam categoricamenteque com isso não se confirmava a redação, mas apenas a orientação* ,e nenhum protesto se levantou contra estas declarações.

Assim,a declaração de que depois de ter confirmado um órgão determinado ocongresso tinha de fato confirmado desse modo a redação -declaraçãomuitas vezes repetida pelos partidários da minoria (Koltsov, p. 321, Possadóvski,ibid., Popov, p. 322, e muitos outros) -, era simplesmente de fatofalsa. Era uma manobra evidente para todos, a qual mascarava o abandono da posição tomada quandotodos ainda podiam de modoverdadeiramente imparcial encarar o problema da composição dos centros.Não era possível justificar o abandono, nem por razões de principio (porquelevantar no congresso a questão da "falsa acusação de oportunismo" seria demasiado desvantajoso para a minoria, a qual nãodisse uma só palavra a esse respeito), nem por uma referência a fatosconcretos sobre a verdadeira capacidade de trabalho do grupo de seis ou dogrupo de três (porque a simples referência a estes fatos teria fornecido umamontanha de provas contra a minoria). Tiveram que escapar-se, portanto, com frasessobre "o todo harmonioso", "coletividade harmoniosa", sobre "aharmonia e a integridade cristalina do todo", etc. Não é de espantar queimediatamente se tenham chamado tais argumentos pelo seu verdadeiro nome:" palavrasmesquinhas" (p. 328). O próprio plano do grupo de três testemunhavaclaramente falta "de harmonia", e as impressões recolhidas pelosdelegados no decorrer de mais de um mês de trabalho em comum forneceram sem dúvidaaos delegados uma grande quantidade de dados para que pudessem julgar demodo independente. Quando o camarada Possadóvski fez alusão (de maneiraimprudente e irrefletida do seu ponto de vista: ver pp. 321 e 325 sobreo emprego "condicional" que ele fez da palavra "fricções") a estesdados, o camarada Muraviov declarou francamente: "Na minha opinião, éagora completamente claro para a maioria do congresso que tais fricções* existem indubitavelmente" (p. 321). A minoria quis compreender a palavrafricções (lançada por Possadóvski e não por Muraviov) exclusivamente nosentido de algo pessoal, não ousando levantar a luva lançada pelo camarada Muraviov, não ousando formular um único argumento que na realidade servisse para a defesa do grupo de seis. Gerou-se uma discussão arquicômicapela sua esterilidade: a maioria (pela boca do camarada Muraviov), declara vercom toda a clareza o verdadeiro significado do grupo de seis e do grupo detrês, enquanto a minoria persiste em não ouvir e afirma que "não temosa possibilidade de fazer essa análise". A maioria não só considerapossível fazer essa análise, como já "a fez" e fala dos resultados paraela perfeitamente claros dessa análise, enquanto a minoria, pelosvistos, reeia essa análise, escudando-se unicamente nas "palavrasmesquinhas". A maioria recomenda "que se tenha em conta que o nosso OC nãoé apenas um grupo de literatos"; a maioria "quer que à cabeça do OCestejam pessoas perfeitamente determinadas, conhecidas do congresso, quepreencham as exigências de que falei" (isto é, exigências não apenasliterárias, p. 327, discurso do camarada Langue). Ainda desta vez, a minorianão ousa levantar a luva e não diz nem uma única palavra sobre quem, na suaopinião, pode fazer parte de um organismo coletivo que não seja apenas literário,nem diz quem é uma pessoa "perfeitamente determinada e conhecida docongresso". A minoria continua a entricheirar-se por trás da famosa"harmonia". Mais ainda. A minoria serve-se mesmo de argumentos que sãoabsolutamente falsos em princípio, e que por isso provocam, muito justamente,uma resposta violenta. "O congresso - vejam só - não tem o direito,nem moral nem política, de modificar a redação" (Trótski, p. 326), "éuma questão demasiado delicada (sic!)" (ibid.) "como devemcomportar-se os membros não eleitos  daredação perante o fato de o congresso não querer que eles façam mais parte da redação?" (Tsariov,p. 324)*4.

Taisargumentos remetiam já a questão inteiramente para o campo da piedade edo ressentimento, sendo um reconhecimento manifesto da bancarrota noterreno dos argumentos verdadeiramente de princípio, verdadeiramente políticos.E a maioria definiu imediatamente esta maneira de pôr o problema pelo seu verdadeironome: filistinismo (camarada Rússov). "Na boca de revolucionários- disse justamente o camarada Rússov - ouvimos singularesdiscursos que estão em evidente desacordo com o conceito de trabalho departido, de ética de partido. O argumento essencial que os adversários daeleição dos grupos de três formulam reduz-se a um ponto de vistapuramente filistino sobre os assuntos do partido" (todos os sublinha dossão meus)... "colocando-nos neste ponto de vista que não é de partido esim filistino, em cada eleição iremos encontrar-nos perante a questãode saber se Petrov se não ofenderia vendo que em vez dele foi eleito Ivanov,se determinado membro do CO se não ofenderia vendo que em vez dele foi eleitooutro para o CC. Camaradas, onde é que isto nos vai levar? Se nos reunimosaqui não para nos obsequiarmos mutuamente com agradáveis discursos outrocarmos amabilidades filistinas, mas para criar um partido, não podemosde maneira nenhuma estar de acordo com esse ponto de vista. Trata-se de elegerfuncionários e não pode colocar-se a questão de falta de confiança emnenhum dos não eleitos, mas apenas do bem da causa e de que a pessoaeleita seja adequada para o cargo para que é designada" (p. 325).

Aconselharíamostodos os que querem entender por si próprios as causas da cisão do partido echegar às suas raízes no congresso que leiam e releiam odiscurso do camarada Rússov, cujos argumentos a minoria não refutou, comonem sequer os pôs em dúvida. Aliás é impossível contestar verdades tãoelementares e primárias, cujo esquecimento tão justamente explicou o própriocamarada Rússov só por "excitação nervosa". E para a minoriaesta é efetivamente a explicação menos desagradável de como eles tinhampodido abandonar o ponto de vista de partido para passar a um ponto de vistafilistino e de círculo*5.

Masa minoria estava a tal ponto impossibilitada de encontrar argumentos razoáveise sérios contra as eleições que, para além de introduzir espíritofilistino nos assuntos do partido, chegou a métodos de caráterfrancamente escandaloso. De fato, como não chamar assim ao métodoutilizado pelo camarada Popov, que aconselhou o camarada Muraviov "a nãoaceitar encargos delicados" (p. 322)? Que é isto senão querer"introduzir-se na consciência alheia", segundo a justa expressão docamarada Sorókine (p. 328)? Que é isto senão especular sobre "questõespessoais" à falta de argumentos políticos? Ao afirmar que"sempre protestamos contra tais meios", o camarada Sorókine tinha ou nãorazão? "Será admissível a conduta do camarada Deutsch, queprocurou de maneira ostensiva pôr no pelourinho os camaradas que não estavamde acordo com ele?"*6 (p. 328).

Façamoso balanço dos debates sobre a questão relativa à redação. A minoria nãorefutou (nem tentou refutar) as numerosas indicações da maioria sobre o fatode que os delegados conheciam o projeto do grupo de três desde aabertura do congresso e antes do congresso e de que, por consequência,esse projeto se baseava em considerações e dados independentes dosacontecimentos e discussões do congresso. A minoria, ao assumir a defesado grupo de seis, tomava uma posição inadmissível e errada quanto aosprincípios baseada em considerações filistinas. A minoriamostrou ter esquecido completamente o ponto de vista de partido quantoà escolha dos funcionários, sem procurar sequer fazer uma apreciação de cada candidato para um cargo, da sua adequação ou não adequação àsfunções desse cargo. A minoria furtou-se ao exame da questão afundo, invocando a famosa harmonia, "vertendo lágrimas", "tomandoatitudes patéticas" (p. 327, discurso de Langue), como se "se quisessematar" alguém. A minoria chegou mesmo a "introduzir-se na consciênciaalheia", a gritar que as eleições eram "criminosas", a usar deoutros meios igualmente inadmissíveis, sob a influência da "excitaçãonervosa" (p. 325).

Aluta do espírito filistino contra o espírito de partido, das "questõespessoais" do pior gosto contra as considerações políticas, das palavras mesquinhascontra os conceitos mais elementares do deverrevolucionário, eis o que foi a luta à volta do grupo de seis e do grupode três na trigésima sessao do nosso congresso.

Ena 31.ª sessão, quando, por maioria de 19 votos contra 17 e três abstenções,o congresso rejeitou a proposta para confirmação do conjunto daantiga redação (ver p. 330 e a errata), e quando os antigosredatores voltaram para a sala das sessões, o camarada Mártov, na sua"declaração em nome da maioria da antiga redação" (pp. 330-33 1), deuprovas, em proporções ainda maiores, das vacilações e da mesmainstabilidade da posição política e das concepções políticas. Examinemosem pormenor cada um dos pontos da declaração coletiva e da minharesposta (pp. 332-333) a esta declaração.

"Apartir de agora - diz o camarada Mártov depois da não confirmação daantiga redação - o velho Iskra já não existe, e seria mais lógicomudar-lhe o nome. De qualquer maneira, vemos na nova decisão do congresso umarestrição substancial do voto de confiança dado ao Iskra numa dasprimeiras sessoes do congresso."

Ocamarada Mártov, com os seus colegas, levanta uma questão, verdadeiramenteinteressante e instrutiva sob muitos aspectos, sobre a coerência política. Já lhe respondi ao invocar aquilo quetodos tinham dito quando daconfirmação do Iskra (p. 349 das atas, cf. acima, p. 82)*7.E indubitável que estamos na presença de um dos mais gritantes exemplos defalta de consequência em política. Da parte de quem? Da parte da maioria docongresso ou da maioria da antiga redação, deixamos ao leitor o cuidado dejulgar. E ainda ao leitor que deixamos o cuidado de decidir de duas outrasquestões postas muito a propósito pelo camarada Mártov e pelos seuscolegas: 1) é um ponto de vista filistino ou um ponto de vista departido que revela o desejo de ver "uma restrição do voto de confiançaao Iskra" na decisão do congresso de proceder à eleiçãodos funcionários para a redação do OC? 2) a partir de que momento deixa realmente de existir ovelho "Iskra" ? A partir do n.0 46,quando Plekhánov e eu começamos ambos a dirigi-lo, ou a partir do n.0 53,         quando a maioria da antiga redação se colocou à cabeça dele? Sea primeira questão é uma questão de princípio das maisinteressantes, pelo contrário a segunda é uma questão de fato dasmais interessantes.

"Comose decidiu agora - prossegue o camarada Mártov - eleger uma redação detrês pessoas, eu declaro em meu nome e em nome dos meus outros trêscamaradas que nenhum de nós fará parte dessa nova redação. Pela minhaparte, acrescentarei que, se é exato que alguns camaradas quiseram inscrevero meu nome como um dos candidatos a esse "grupo de três", vejo-meobrigado a ver nisso uma ofensa que não merecia (sic!). Digo isto emvirtude das circunstâncias em que se decidiu alterar a redação.

Decidiu-seisso por causa de certas "fricções"*8, da incapacidade paraatuar da antiga redação, e o congresso resolveu essa questão numdeterminado sentido, sem nada perguntar à redação sobre essas fricções esem nomear sequer uma comissão para pôr a claro isso da sua incapacidadepara atuar"... (O estranho é que a ninguém da minoria ocorreu propor aocongresso que "perguntasse à redação" ou nomeasse uma comissão! Nãoseria porque, depois da cisão da organização do Iskra e do fracassodas conversações sobre as quais escreveram os camaradas Mártov e Starover,isso teria sido inútil?)... "Nestas circunstâncias, devo considerar a hipótesede certos camaradas de que eu aceitaria trabalhar na redação reformada destamaneira como uma mancha na minha reputação política"...*9 

Foipropositadamente que reproduzi na íntegra este raciocínio, para apresentarao leitor uma amostra e o ponto de partida do que floresceu com tanta abundânciadepois do congresso e que não podemos qualificar de outro modo senãocomo querela mesquinha. Já empreguei esta expressão na minha Cartaà Redação do "Iskra" e, apesar do descontentamento da redação,sou obrigado a repeti-la pela sua exatidão incontestável. E errado crer-seque tais querelas implicam "motivos baixos" (como conclui a redação donovo lskra): qualquer revolucionário minimamente familiarizado com asnossas colónias de exilados e emigrados certamente pôde ver dezenas deexemplos destas querelas, em que se colocavam e examinavam até à sociedadeas mais absurdas acusações, suspeitas, auto-acusações, questões"pessoais", etc., querelas provocadas pela "excitação nervosa" econdições de vida anormais, bafientas. Não há um só homem sensato que seponha a procurar a todo o custo motivos baixos nestas querelas, pormais baixas que se iam as suas manifestações. E é apenas por uma"excitação nervosa" que se pode explicar esta meada emaranhada deabsurdos, de questões pessoais, de horrores fantásticos, de penetrações naconsciência alheia, de ofensas e de calúnias imaginárias que nos oferece oexcerto que reproduzi do discurso do camarada Mártov. As condições de vidabafientas geram entre nós centenas destas querelas, e um partido político nãomereceria consideração se não ousasse dar o seu verdadeiro nome à doençade que sofre, fazer um diagnóstico implacável e procurar o meio de cura.

Namedida em que se pode distinguir nesta meada algo de princípio, tem de sechegar inevitavelmente à conclusão de que "as eleições nada têmde comum com uma ofensa à reputação política", que "negar o direito docongresso de proceder a novas eleições, de introduzir qualquer modificaçãonos quadros de funcionários, de selecionar os componentes dos organismos aosquais outorga poderes", significa embrulhar a questão, e que "oponto de vista do camarada Mártov segundo o qual podia eleger-se parte doantigo organismo revela uma enorme confusão de conceitos políticos" (comodisse no congresso, p. 332)*10.

Omitoa observação "pessoal" do camarada Mártov relativa à questão de saberquem teve a iniciativa do plano do grupo de três e passo à caracterização"política" do significado que ele deu à não confirmação da antigaredação:... "O que se passou agora é o último ato da luta que sedesenrolou durante a segunda metade do congresso"... (Muito bem! e estasegunda metade começa no momento em que Mártov, a propósito do § 1 dosestatutos, caiu no apertado abraço do camarada Akímov)... "Não é segredopara ninguém que, quanto a esta reforma, não se trata de "capacidade paraatuar", mas de uma luta pela influência sobre o CC"... (Em primeirolugar, não e segredo para ninguém que se tratava tanto da capacidadepara atuar como de uma divergência sobre a composição pessoal doCC, visto que o plano de "reforma" foi apresentado quando ainda não sepodia falar da segunda divergência e quando, em conjunto com o camarada Mártov,tínhamos escolhido como sétimo membro da redação o camarada Pavló vitch!Em segundo lugar, já mostramos, apoiados em documentos, que se tratavada composição pessoal do CC, e que à la fin des fins *11o problema se reduziu a uma diferença de listas: GlébovTravínskiPopov e GlébovTrótski—Popov)... "A maioria da redação mostrou que não queriaver transformado o CC num instrumento da redação"... (Começa a cantilenade Akimov: a questão da influência, pela qual luta qualquer maioria, emqualquer congresso de partido, sempre e em todo o lado, a fim de consolidar esta influência por umamaioria nos organismos centrais, passapara o domínio dos mexericos oportunistas sobre o "instrumento" da redação,sobre "um simples apêndice" da redação, comodisse o próprio camarada Mártov um pouco mais tarde, p. 334.) ... "E porisso que foi preciso reduzir o número de membros da redação (!!). E é porisso que não posso fazer parte de tal redação"... (Vejam só com maisatenção este "e é por isso que": como poderia a redaçãotransformar o CC num apêndice ou num instrumento? Exclusivamente nocaso de ter três votos no Conselho e abusar desta superioridade? Nãoé claro? E não será também claro que o camarada Mártov, eleito terceiromembro, poderia sempre impedir qualquer abuso e eliminar apenas com o seuvoto qualquer superioridade da redação no Conselho? A questão reduz-se,pois, precisamente, à composição pessoal do CC, e desde logo fica bem claroque isso de instrumento e apêndice são meros mexericos.)... "Emconjunto com a maioria da antiga redação, eu pensava que o congresso poriafim ao "estado de sítio" no seio do partido e instalaria nele um regimenormal. Na prática, o estado de sítio com as suas leis de exceção contracertos grupos foi prolongado e até se agravou. Só se se mantiver a composiçãoda antiga redação podemos garantir que os direitos conferidos à redaçãopelos estatutos não serão utilizados em prejuízo do partido"...

Estaé a passagem integral do discurso do camarada Mártov em que lançou pelaprimeira vez a famigerada palavra de ordem do "estado de sítio". Eagora vede a minha resposta:

..."Aocorrigir a declaração de Mártov sobre o caráter particular do plano dosdois grupos de três, nem sequer penso, no entanto, em opor-me ao que o próprioMártov diz sobre o "significado político" da iniciativa que tomamos nãoconfirmando a antiga redação. Pelo contrário, estou inteira mente e semrestrições de acordo com o camarada Mártov em que esta decisão tem grandeimportância política, mas não no sentido que lhe atribui Mártov. Este é,disse ele, um ato da luta pela influência no CC na Rússia. Eu vou mais longedo que Mártov. Toda a atividade do Iskra enquanto grupo particular foiaté agora uma luta pela influência, mas agora trata-se de algo mais,trata-se de consolidar organicamente esta influência e não só de lutar porela. A profundidade da nossa divergência política com o camarada Mártov sobre este ponto manifesta-se claramente quando ele me lança à cara estedesejo de exercer influência no CC, ao passo que eu me prezo de ter procuradoe de continuar a procurar consolidar esta influência através da organização.Verifica-se que até falamos linguagens diferentes. De que servi ria todo onosso trabalho, todos os nossos esforços, se viessem a ser coroados pelamesma velha luta pela influência, e não pela plena aquisição e consolidaçãoda influência? Sim, o camarada Mártov tem toda a razão: o passo dado éincontestavelmente um grande passo político, que prova que foi escolhida umadas tendências que atualmente se nos apresentam para o trabalho futuro donosso partido. E não estou nada assustado com as palavras terríveis sobreo "estado de sítio no Partido", sobre as "leis de exceção contracertas pessoas ou certos grupos", etc. Para os elementos instáveis ehesitantes não somente podemos, mas devemos, criar o "estado de sítio" ,e os nossos estatutos na sua totalidade, todo o nosso centralismo a partirde agora aprovado pelo congresso, tudo isso mais não é do que um "estadode sítio" contra as fontes tão numerosas de imprecisão política. Contraa imprecisão necessitamos justamente de leis especiais, ainda que sejam deexceção, e o passo dado pelo congresso indicou a direção política justa,dando uma base sólida a tais leis e a tais medidas."*12

Sublinheineste resumo do meu discurso no congresso a frase que o camarada Mártovpreferiu omitir no seu "Estado de Sitio" (p. 16). Não admira que estafrase lhe tenha desagradado e que não tenha querido compreender o seu sentidobem claro.

Quesignifica a expressão "palavras terríveis", camarada Mártov?

Significa troçar, troçar dos que dão grandes nomes a coisas pequenas, queembrulham uma questão simples com uma fraseologia pretensiosa.

O único, pequeno e simples fato que pôde servir e serviu de pretexto à"excitaçãonervosa" do camarada Mártov consistia exclusivamente no fato de ocamarada Mártov ter sofrido uma derrota no congresso, na questãorelativa à composição pessoal dos centros, O significado políticodeste simples fato foi que a maioria do congresso do partido, depois de tertriunfado, consolidou a sua influência estabelecendo também a maioria nadireção do partido, lançando, no terreno da organização, uma base para aluta, por meio dos estatutos, contra aquilo que essa maioria consideravahesitação, instabilidade e imprecisão*13. Falar a propósitodisto de "luta pela influência" com uma espécie de horror no olhar equeixar-se do "estado de sítio" era apenas fraseologia pretensiosa, apenaspalavras terríveis.

Ocamarada Mártov não está de acordo com isto? Porque não tentademonstrar-nos se houve no mundo um congresso de partido, se é concebível emgeral um congresso de partido em que a maioria não consolidou a influênciaconquistada: 1) estabelecendo a mesma maioria nos centros; 2) dando-lhe poderpara neutralizar a hesitação, a instabilidade e a imprecisão?

Antesdas eleições, o nosso congresso tinha de resolver a questão: era à maioriaou à minoria do partido que se devia reservar um terço dos votos noOC e no CC? O grupo de seis e a Lista do camarada Mártov significavam que oterço nos cabia a nós e os dois terços aos seus partidários. O grupo de trêsno OC e a nossa lista significavam que dois terços eram para nós, e um terçopara os partidários do camarada Mártov. O camarada Mártov recusou-se achegar a um acordo conosco ou a ceder, e provocou-nos para o combate, porescrito, diante do congresso; mas depois de ter sofrido a derrota peranteo congresso, pôs-se a chorar e começou a queixar-se do "estado de sítio"!Ora não será isto uma querela mesquinha? Não será isto uma nova manifestaçãode tibieza própria de intelectuais?

Nãopodemos deixar de recordar a propósito a brilhante definição sociopsicológicadesta última qualidade dada recentemente por K. Kautsky. Os partidossociais-democratas de diferentes países estão atualmente sujei tos muitasvezes a doenças do mesmo gênero, e ser-nos-á muito, muito útil aprendercom camaradas mais experientes o diagnóstico justo e o trata mento acertado.Por isso, a definição de alguns intelectuais dada por Kautsky só na aparêncianos afastará do nosso tema.

  ... "No momento atual, denovo nos interessamos vivamente pela questão do antagonismo entre osintelectuais*14 e o proletariado. Os meus colegas"(Kautsky é também um intelectual, literato e redator) "em muitos casosindignar-se-ão ao ver que eu admiro este antagonismo. Mas o fato é que eleexiste, e a táctica mais inadequada seria (neste como noutros casos) tentardesembaraçarmo-nos dele negando o fato. Este antagonismo é um antagonismosocial que se manifesta nas classes e não em indivíduos isolados. Tal comoum capitalista, um intelectual pode, individualmente, entregar-se por inteiroà luta de classe do proletariado. Em tais casos, quando isto tem lugar,ointelectual muda também de caráter. No que vou dizer a seguir, não tratareiprincipalmente dos intelectuais deste tipo, que ainda hoje são exceçãono seio da sua classe. A seguir, quando não houver qualquer reserva especial,entendo por intelectual apenas um intelectual comum que se situa noterreno da sociedade burguesa, e que e um representante característico daintelectualidade como classe. Esta classe mantém-se num certo antagonismo com o proletariado.

"Este antagonismo é deum gênero diferente do antagonismo entre o trabalho e o capital. Ointelectual não é um capitalista. E verdade que o seu nível de vida éburguês e que ele é obrigado a manter este nível a menos que se transformenum vagabundo, mas ao mesmo tempo vê-se obrigado a vender o produto do seutrabalho e por vezes mesmo a sua força de trabalho e sofre com frequência aexploração dos capitalistas e certa humilhação social. Assim, não existenenhum antagonismo econômico entre o intelectual e o proletariado. Mas a suasituação na vida, as suas condições de trabalho, não são proletárias;daí um certo antagonismo nos sentimentos e nas idéias.

"O proletário não énada enquanto permanecer um indivíduo isolado. Toda a sua força, todas assuas capacidades de progresso, todas as suas esperanças, as suas aspirações,tira-as da organização, da sua atuação sistemática em comum com osseus camaradas. Sente-se grande e forte quando faz parte de um grande e forteorganismo. Este organismo é tudo para ele, enquanto um indivíduo isolado, emcomparação com ele, significa muito pouco. O proletário luta com a maiorabnegação como uma parcela da massa anônima, sem pretender vantagenspessoais, glória pessoal; ele cumpre o seu dever em qualquer cargo onde sejacolocado, submetendo-se voluntariamente à disciplina, que penetra todos osseus sentimentos, todo o seu pensamento.

"O que sucede com ointelectual é muito diferente. Ele não luta empregando, de um modo ou deoutro, a força, mas servindo-se de argumentos. As suas armas são os seusconhecimentos pessoais, as suas capacidades pessoais, as suas convicçõespessoais. Só se pode fazer valer pelas suas qualidades pessoais. A inteiraliberdade de manifestar a sua personalidade apresenta-se-lhe, pois como aprimeira condição de êxito no seu trabalho. Só muito dificilmente sesubmete a um todo, como parte auxiliar desse todo, e submete-se-lhe pornecessidade e não por inclinação pessoal. A necessidade de uma disciplina,reconhece-a apenas para a massa e não para os espíritos de elite. Ele próprio,é evidente, considera-se entre os espíritos de elite...

... "A filosofia de Nietzsche, com o seu culto do super-homem, para quem tudo se reduz a conseguiro pleno desenvolvimento da sua própria personalidade, para quem qualquersubmissão da sua pessoa a qualquer grande objetivo social se apresenta vil edesprezível, esta filosofia é a verdadeira concepção do mundo dointelectual, ela torna-o absolutamente incapaz de participar na luta de classedo proletariado.

"Ao lado de Nietzsche,Ibsen é um representante destacado da concepção do mundo daintelectualidade, concepção que coincide com a sua maneira de sentir. O seudoutor Stockmann (no drama Um Inimigo do Povo) não é um socialista,como muitos supunham, mas o tipo de intelectual que deve necessariamenteentrar em conflito com o movimento proletário e, em geral, com qualquermovimento popular, desde que tente atuar nele. Isto porque a base do movimentoproletário, como a de qualquer movimento democrático*15, é orespeito pela maioria dos camaradas. O intelectual típico à la Stockmannvê na "compacta mamona" um monstro que deve ser derrubado.

"O modelo ideal dointelectual que se deixou penetrar inteiramente pelo espírito proletário,que, sendo um brilhante escritor, perdeu os traços psicológicos próprios daintelectualidade, que se integrava nas fileiras sem murmurar, trabalhava emqualquer cargo que lhe confiassem, se tinha consagrado inteiramente à nossagrande causa e desprezava os chorosos queixumes (weichlicbes Gewinsel) sobreo esmagamento da sua personalidade, que tantas vezes ouvimos por parte dosintelectuais formados no espírito de Ibsen e Nietzsche quando lhes aconteciaficar em minoria, o modelo ideal deste intelectual, como daqueles de que omovimento socialista necessita, era Liebknecho. Poder-se-ia igualmente citaraqui Marx, que nunca se pôs em primeiro plano e se submetia de maneiraexemplar à disciplina do partido no seio da Internacio nal, onde mais de umavez ficou em minoria."*16

Precisamentechorosos queixumes de intelectual que ficou em minoria, e nada mais, foi a renúnciade Mártov e dos seus colegas ao cargo apenas por não ter sido confirmado oantigo círculo, as lamentações sobre o estado de sítio e as leis de exceção"contra determinados grupos" que não eram caros a Mártov quando dadissolução do Iújni Rabótchi e da Rabótcheie Dielo, mas quese lhe tornaram caros quando da dissolução do seu organismo coletivo.

Precisamentechorosos queixumes de intelectuais em minoria foram afinal todas as queixas,censuras, alusões, lamentações, mexericos e insinuações sobre a <ocompacta maioria", de que correram rios no nosso congresso do partido*17(e ainda mais depois do congresso), por obra e graça do camarada Mártov.

Aminoria queixava-se amargamente de que a compacta maioria tinha as suas reuniõesprivadas: na verdade, a minoria de algum modo tinha que encobrir o fato, paraela desagradável, de que os delegados que convidava para as suas reuniõesprivadas se recusavam a lá ir, e aqueles que de bom grado o teriam feito (os Egórov, os Mákhov, os Brúker) não podiam ser convidados pela minoriadepois de toda a luta travada entre uns e outros no congresso.

Lamentaram-seamargamente da "falsa acusação de oportunismo": na verdade, de algummodo se tinha que encobrir o fato desagradável de que precisamente osoportunistas, que apoiavam com muito mais frequência os anti-iskristas, eem parte os próprios anti-iskiristas, formavam a compacta minoria,agarrando-se com ambas as mãos à manutenção do espírito de circulo nosorganismos, do oportunismo nos raciocínios, do filistinismo nos assuntos departido, da instabilidade e tibieza própria de intelectuais.

Mostraremosno capítulo seguinte em que consiste a explicação do fato político altamenteinteressante de no fim do congresso se ter formado uma "compacta maioria",e por que razão a minoria, apesar de todas as solicitações, evita como maior cuidado a questão das causas e a história da sua formação.Mas terminemos primeiro a análise dos debates no congresso.

Duranteas eleições para o CC, o camarada Mártov propôs uma resoluçãoextremamente característica (p. 336), cujos três aspectos principais são oque eu qualificava por vezes de "xeque-mate em três lances". São estesos traços: 1) votam-se as listas de candidatos para o CC, e nãocandidatos individuais; 2) depois da leitura das listas, deixa-se passar duassessões (para os debates, com certeza); 3) na ausência de uma maioriaabsoluta, reconhece-se a segunda votação como definitiva. Esta resoluçãoé de uma estratégia engenhosamente concebida (devemos fazer justiça, mesmoao adversário!), com a qual não está de acordo o camarada Egórov (p. 337),mas que seguramente garantiria a vitória completa a Mártov, se ogrupo de sete, formado pelos bundistas e os partidá rios da "RabótcheieDielos", não tivesse abandonado o congresso. A estratégia explica-sejustamente porque a minoria iskrista não tinha nem podia ter um"acordo direto" (que existia na maioria iskrista) não só com o Bund e Brúker,mas nem sequer com os camaradas Egórov e Mákhov.

Lembrai-vosque o camarada Mártov se lamentou no congresso da Liga, pretendendo que a"falsa acusação de oportunismo" implicava um acordo direto entre ele e o Bund. Repito, foi o medo que inspirou a Mártov esta idéia, e justamente odesacordo do camarada Egórov com a votação das listas (o camarada Egórov "ainda não tinha perdido os seus princípios", provavelmente os princípiosque o levaram a associar-se com Goldblat na apreciação da importânciaabsoluta das garantias democráticas) mostra visivelmente o fato deenorme importância de nem mesmo com Egórov ter podido efetivar-se um""acordo direto". Mas a coligação podia fazer-se e fez-setanto com Egórov como com Brúker, coligação no sentido de que o seu apoioera assegurado) aos martovistas todas as vezes que os martovistas entrassem emsério conflito conosco, e que Akímov e os seus amigos tivessem que optarpelo mal menor. Não havia nem há sombra de dúvida de que, a títulodo mal menor, como aquilo que menos conduzia aos objetivos iskristas (vero discurso de Akímov sobre o § 1 e as suas "esperanças" postas em Mártov),os camaradas Akímov e Líber teriam votado evidentemente pelo grupo deseis para o CC e pela lista de Mártov para o CC. A votaçãopor listas, o deixar passar as duas sessões e a nova votação visavam obterprecisamente este resultado com precisão quase mecânica, sem nenhum acordodireto.

Mascomo a nossa compacta maioria continuava a ser uma maioria compata, omovimento de flanco que o camarada Mártov propunha era apenas uma manobradilatória, e não podíamos deixar de rejeitá-la. A minoria (numa declaração,p. 341) por escrito deu rédea solta às suas       queixas a este respeito, recusando, a exemplo de Martínov e Akímov,participar na votação e nas eleições para o CC "dadas as condiçõesnas quais estas se efetuavam". Depois do congresso, estas queixas contra ascondições anormais das eleições (ver Estado de Sítio, p. 31) foramespalhadas a torto e a direito perante centenas de comadres do partido. Mas emque         consistia esta anormalidade?Na votação secreta que tinha sidoprevista antecipadamente pelo regulamento do congresso (§ 6, p. 11 dasatas), e na qual seria ridículo ver "hipocrisia" ou "injustiça"? Naformação de uma compacta maioria, essa "coisa monstruosa" para osintelectuais dados às lamúrias? Ou no desejo anormal destes respeitáveisintelectuais de faltar à palavra que tinham dado, antes do congresso,de reconhecer a validade de               todas as suas eleições (p. 380, § 18, do regulamento do congresso)?

Ocamarada Popov fez uma subtil alusão a este desejo quando, no dia daseleições, perguntou diretamente no congresso: "O bureau tem a certeza deque a decisão do congresso é válida e legítima quando metade dosparticipantes nele se recusaram a votar?*18 O bureau respondeunaturalmente que tinha a certeza e recordou o incidente com os camaradas Akimov e Martínov. O camarada Mártov juntou-se ao bureau e declarouterminantemente que o camarada Popov se enganava e que "as decisões docongresso são legítimas" (p. 343). Que o leitor julgue por si próprioda coerência política, pelos vistos altamente normal, a qual se manifestaquando se compara esta  declaração perante o partido com a conduta depois do congresso ecom a frasedo Estado de Sítio sobre "a insurreição desencadeada já nocongresso por metade do partido" (p. 20). As esperanças que o camarada Akímov depositava no camarada Mártov foram mais fortes que as efêmeras boasintenções do próprio camarada Mártov.

"Venceste", camarada Akimov!

 *  *  *

Paramostrar a que ponto era uma "palavra terrível" a famigerada fraserelativa ao ""estado de sitio", frase que adquiriu já para sempre umsentido   tragicômico, pode-secitar alguns pormenores, insignificantes na aparência, mas no fundo muitoimportantes, do fim do congresso, fim esse que teve lugar depois daseleições. O camarada Mártov está agora obcecado por esse "estado de sítio"tragicômico, afirmando muito a sério a si próprio e ao leitor que oespantalho por ele inventado significava uma perseguição anormal, umacossar, um atropelo da "minoria" pela "maioria". Vamos mostrar emseguida como as coisas se passaram depois do congresso. Mas basta mesmoprestar atenção ao fim do congresso para ver que, depois das elições, a"compacta maioria" não só não persegue os pobres martovistas,atropelados, ofendidos e levados ao patíbulo como, pelo contrário, lhesoferece ela própria (pela boca de Liádov) dois lugares, de três, nacomissão das atas (p. 354). Pegai nas resoluções sobre os problemastácticos e sobre outros pontos (p. 355 e segs.) e vereis que se tratoudos problemas a fundo de um ponto de vista puramente prático, em que asassinaturas dos camaradas que apresentaram resoluções incluem frequentementemisturados tanto representantes da monstruosa e compacta "maioria" comopartidários da "humilhada e ofendida" "minoria" (pp. 355, 57, 363, 365,367 das atas). Verdadeiramente, acaso se assemelha isto a um""afastamento do trabalho" e a todos os outros "atropelos"?

Aúnica discussão de fundo interessante, mas infelizmente demasiado curta,travou-se a propósito da resolução de Starover sobre os liberais. A julgarpelas assinaturas que a subscrevem (pp. 357 e 358), esta foiadotada pelo congresso porque três partidários da "maioria" (Braun, Orlov e Óssipov) votaram em bloco tanto por ela como pela resoluçãode Plekhánov, por não verem a contradição irredutível que existia entreambas. À primeira vista, não há contradição irredutível entre elas,visto que a de Plekhánov estabelece um princípio geral, exprime uma certaatitude do ponto de vista de princípios e da táctica para com o liberalismoburguês na Rússia, e a de Starover tenta determinar as condiçõesconcretas nas quais são admissíveis "acordos temporários" com"tendências liberais ou democrático-liberais". Os temas destas duasresoluções são diferentes. Mas a de Starover sofre precisamente de imprecisãopolítica, sendo por isso fútil e mesquinha. Ela não define o conteúdode classe do liberalismo russo, não indica as tendências políticas definidasque o refletem; não elucida o proletariado sobre as tarefas fundamentais de propaganda e agitação relativamente a essas tendências definidas;confunde (em virtude da sua imprecisão) coisas diferentes como o movimentoestudantil e a Osvobojdénie, prescreve de modo mesquinhoe casuístico três condições concretas nas quais são admissíveis"acordos temporários". Neste caso como em muitos outros, a imprecisãopolítica conduz à casuística. A ausência de um princípio geral e o desejode enumerar as "condições" levam a uma enumeração mesquinha e,rigorosa mente falando, inexata, dessas condições. Com efeito,examinai estas três condições de Starover: 1) "as tendências liberais oudemocrático-liberais" devem "afirmar claramente e sem equívoco que, nasua luta contra o governo autocrático, se colocam resolutamente ao lado dasocial -democracia russa". Que diferença há entre as tendências liberaise as tendências democrático-liberais? A resolução não fornece dados pararesponder a esta questão. Não consistirá a diferença em que as tendênciasliberais exprimem a posição das camadas politicamente menos progressistas daburguesia, enquanto as tendências democrático-liberais exprimem a posiçãodas camadas mais progressistas da burguesia e da pequena burguesia? Se assimé, como pode o camarada Starover admitir que as camadas burguesas menosprogressistas (mas progressistas apesar de tudo, senão não se poderia falarde liberalismo) "se colocarão resolutamente ao lado da social-

-democracia"??Isto é um absurdo, e ainda que os representantes dessa tendência "oafirmassem claramente e sem equívoco" (hipótese totalmente impossível),nós, partido do proletariado, teríamos o dever de não acreditar nassuas declarações. Ser liberal e colocar-se resolutamente ao lado dasocial-democracia, eis duas coisas que se excluem mutuamente.

Prossigamos.Admitamos o caso seguinte: "as tendências liberais ou democrático-liberais"declararão claramente e sem equívoco que, na sua luta contra a autocracia,se colocam resolutamente ao lado dos socialistas-revolucionários. Hipótesebem menos inverosímil (considerando a essência democrático-burguesa da tendênciados socialistas-revolucionários) que a do camarada Starover. A resoluçãodeste, em virtude do seu caráter impreciso e casuístico, implica que nestecaso acordos temporários com liberais deste gênero são inadmissíveis. E no entanto, esta conclusão, que decorre necessariamente da resoluçãodo camarada Starover, conduz a uma tese francamente falsa. Os acordostemporários são também admissíveis com os socialistas-revolucionários(vede a propósito disto a resolução do congresso) e, por consequência, comos liberais que se colocarem ao lado dos socialistas- revolucionários.

Segundacondição: se essas tendências "não inscreverem nos seus pro gramasreivindicações contrárias aos interesses da classe operária e dademocracia em geral, ou que obscurecem a sua consciência". Aqui temos omesmo erro: não existiram nunca, nem podem existir, tendências democrático-liberaisque não inscrevam nos seus programas reivindicações contrárias aosinteresses da classe operária e que não obscureçam a sua (do proletariado)consciência. Mesmo uma das frações mais democráticas da nossa tendênciademocrático-liberal, a dos socialistas-revolucionários, for mula no seuprograma, confuso como todos os programas liberais, reivindi cações contráriasaos interesses da classe operária e obscurecedoras da sua consciência. Dessefato deve-se tirar a conclusão de que é imprescindível "desmascarara estreiteza e a insuficiência do movimento de emancipação da burguesia",mas de modo algum que sejam inadmissíveis acordos temporários.

Enfim,a terceira "condição" do camarada Starover (exigindo que osdemocratas-liberais façam do sufrágio universal, igual, direto e secretopalavra de ordem da sua luta) também é falsa na formulação geral emque nos é dada: não seria razoável declarar que os acordos temporáriose particulares são, em qualquer caso, inadmissíveis com as tendênciasdemocrático-liberais que defendem a palavra de ordem de uma constituiçãocensitária, uma constituição "cerceada" em geral. No fundo, poderíamosclassificar aqui a "tendência" dos senhores da Osvobojdénie; masatar-se as mãos, proibindo antecipadamente os "acordos temporários",ainda que com os liberais mais timoratos, seria uma miopia política incompatívelcom os princípios do marxismo.

Balanço:aresolução do camarada Starover, assinada igualmente pelos camaradas Mártove Axelrod, é errada; e o terceiro congresso fará bem se a anular.Padece de imprecisão política na sua posição teórica e táctica,de casuística nas "condições" práticas que estipula. Confunde duasquestões diferentes: 1) o desmascaramento dos traços "anti-revolucionáriose anti-proletários" de qualquer tendência democrático-liberal e aobrigatoriedade da luta contra estes traços e 2) as condições emque são possíveis acordos temporários e particulares com qualquerdestas tendências. Esta resolução não apresenta o que é necessário (análisedo conteúdo de classe do liberalismo) e apresenta o que não é necessário(prescrição de "condições"). De maneira geral, num congresso dopartido, é absurdo querer elaborar as "condições" concretas de acordostemporários quando ainda não se apresentou nenhum contratante determinado,sujeito desses possíveis acordos. E ainda que tal "sujeito" existisse,seria cem vezes mais racional deixar o cuidado de precisar as "condições"do acordo temporário aos organismos centrais do partido, como aliás fez ocongresso com a ""tendência" dos senhores socialistas-revolucionários(ver a modificação introduzida por Plekhánov no final da resolução docamarada Axelrod, pp. 362 e 15 das atas).

Quantoàs objeções apresentadas pela "minoria" à resolução de Plekhánov,eis o único argumento que o camarada Mártov invocou: a resolução de Plekhánov "termina com uma conclusão mesquinha: é preciso desmascarar um literato. Nãoserá "armar-se com um malho para abater uma mosca"?" (p. 358). Esteargumento, em que a ausência de idéias é dissimulada por uma expressãomordaz - "conclusão mesquinha" - dá-nos uma nova amostra dafraseologia pretensiosa. Primeiro, a resolução de Plekhánov fala em"desmascarar perante o proletariado a estreiteza e a insuficiência do movi mentode emancipação da burguesia, sempre que essa estreiteza e insuficiência semanifestem". Por isso é a mais pura futilidade a afirmação do camarada Mártov (no congresso da Liga, p. 88 das atas) de que "toda a atenção se deveconcentrar unicamente em Struve, num só liberal". Em segundo lugar,comparar o senhor Struve a uma "mosca", quando se trata da possiblidade deacordos temporários com os liberais russos, é sacrificar à mordacidade amais elementar evidência política. Não, o senhor Struve não é uma mosca,é uma grandeza política; e se o é, não será porque pessoalmente seja uniafigura muito destacada. A sua qualidade de grandeza política advém -lhe dasua posição, a sua posição de único representante do liberalismo russo,do liberalismo com certa organização e capacidade de atuar no mundoda clandestinidade. Por isso, falar dos liberais russos e da atitude do nossopartido para com eles sem ter em conta precisamente o senhor Struve, eprecisamente a Osvobojdénie - é falar para não dizer nada. Outentará talvez o camarada Mártov indicar-nos mesmo que seja só uma "tendência liberalou democrático-liberal" na Rússia que possa, no momento atual, mesmo delonge, comparar-se à tendência da Osvobojdénie? Seria curioso versemelhante renrativa*19!

"O nome de Struve nada significa para os operários", declarou o camarada Kostrov em apoio do camarada Mártov. Este é já, sem ofensa para oscamaradas Kostrov e Márrov, um argumento à Akimov. Este é já um argumentocomo o do proletariado no genitivo207.

Quaissão os operários para quem "o nome de Struve não significa nada" (domesmo modo que o da Osvobojdénie mencionado na resolução de Plekhánov ao lado do nome do senhor Struve)? São os operários que conhecem muitíssimopouco ou não conhecem absolutamente nada das "tendências liberais e democrático-liberais"na Rússia. Perguntamos qual deve ser a atitude do congresso do nosso partidopara com esses operários: deverá encarregar os membros do partido de dar aconhecer a esses operários a única tendência liberal definida existente naRússia? ou deve calar um nome pouco conhecido dos operáriosprecisamente em virtude da insuficiência dos seus conhecimentos políticos?Se o camarada Kostrov, depois de ter dado o primeiro passo na esteira docamarada Akimov, não quer dar o segundo passo, resolverá seguramente estaquestão no primeiro sentido. E tendo-a resolvido no primeiro sentido, verácomo o seu argumento era inconsistente. Em todo o caso, as palavras"Struve" e Osvobojdénie, na resolução de Plekhánov, podemdar aos operários muito mais do que as palavras "tendência liberal edemocrático-liberal", na resolução de Srarover.

Nomomento atual, o operário russo não pode tomar conhecimento na prática dastendências políticas mais ou menos francamente expressas do nossoliberalismo a não ser através da Osvobojdénie. A literatura liberallegal não serve neste caso porque é demasiado nebulosa. E nós devemos com omaior zelo (e perante massas operárias o mais vastas possíveis) dirigir aarma da nossa crítica contra os elementos da Osvobojdénie para que nomomento da revolução futura o proletariado russo possa, com a verdadeiracritica das armas, paralisar as inevitáveis tentativas dos senhores da Osvo bojdéniede cercear o caráter democrático da revolução.

Àparte a "perplexidade", de que falei anteriormente, do camarada Egórov sobre o nosso "apoio" ao movimento de oposição e revolucionário, osdebates sobre as resoluções não forneceram material interessante, e deresto quase não houve debates.

Ocongresso terminou com breves palavras do presidente recordando o caráterimperativo das decisões do congresso para todos os membros do partido.

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* Ver a minha Carta à redação do "Iskra", p. 5, e as atas da Liga, p. 53

* Ver p. 140 das atas, o discurso de Akhnov: ... "dizem-me que das eleiçõespara o OC falaremos no fim"; o discurso de Muraviot contra Akímov  "que toma demasiado a peito a questão da futura redação do OC"(p. 141); "discurso de Pavlóvitch declarando que, uma vez designadoo órgão, tínhamos "materiais concretos com os quais podemos fazer asoperações com que o camarada Akímov tanto se preocupa", e que. quanto à"submissão" do Iskra ""às decisões do partido", não podiahaver nisso nem sombra de dúvida (p. 142); o discurso de Trotski: " senão  confirmamos a redação oque é que nós confirmamos no Iskra?... Não é o nome, mas a orientação... não é o nome, mas a bandeira" (p. 142); o discurso de Martínov: ..."Considero, como de resto muitos outros camaradas, que ao discutir oreconhecimento do Iskra como jornal duma certa tendência, como nosso ÓrgãoCentral, não devemos falar agora do modo de eleição ou de confirmação dasua redação; falaremos disso mais tarde, no lugar correspondente da ordem dodia"...(p. 143)

* Terminou o congresso sem que soubéssemos a que"fricções" o camarada Possadóvski se referia. Quanto ao camarada Muraviov, na mesma sessão (p.322) pôs em dúvida que se tivesse interpretado fielmente o seu pensamento, equando se retificavam as atas declarou francamente que "falava de fricçõesque tinha havido nos debates no congresso sobre diversas questões, de fricçõesde um caráter de princípio, cuja existência, infelizmente, é no momentoatual uma fato que ninguém negará" (p. 353).

*4CF. o discurso do camarada Possadóvski:... " Ao escolher três membrosentre os seis da antiga redação, dizeis desse modo que os outros três sãoinúteis, supérfluos. E não tendes nem o direito nem motivos fundados parafazer."

*5 O camarada Mártov, no seu Estado de Sítio, abordou esta questãodo mesmo modo que todos os outros problemas por ele tratados. Não se deu aotrabalho de esboçar um quadro completo da discussão. Muito modestamente,rodeou a única verdadeira questão de princípio surgida nesta discussão:amabilidades filistinas ou eleição de funcionários? Ponto de vista departido ou ressentimento dos Ivan Ivánovitch? Também aqui o camarada Mártov contentou-se em extrair passagens isoladas e desgarradas deste incidente,acrescentando toda a espécie de injúrias contra mim. É bem pouco, camaradaMàrtov!

Ocamarada Mártov insiste particularmente em perguntar-me a mim por que razão nãose elegeu no congresso os camaradas Axelrod, Zassúlitch e Starover. O pontode vista filistino por ele adotado impede-o de ver como são-indecorosas taisperguntas (porque não pergunta isso ao seu colega de redação, o camarada Plekhánov?). No fato de eu considerar que "houve falta de tato" naconduta da minoria no congresso quanto à questão do grupo de seis e exigirao mesmo tempo que se informe disso o partido, vê Mártov uma contradição.Não há qualquer contradição nisto, como bem facilmente poderia dar-seconta o próprio Mártov, se se quisesse ter dado ao trabalho de fazer umaexposição coerente de todas as peripécias do problema, e não defragmentos. Ter falta de tato era pôr a questão do ponto de vista filistino,fazendo apelo à piedade e ao ressentimento; os interesses da publicidade departido teriam exigido uma apreciação, quanto ao fundo, das vantagensdo grupo de seis em comparação com o grupo de três, apreciação doscandidatos aos cargos, apreciação dos matizes: a minoria não dissesequer uma palavra acerca disto no congresso.

Estudandoatentamente as atas, o camarada Mártov teria podido encontrar nos discursosdos delegados toda uma série de argumentos contra o grupo de seis. Eisalguns excertos desses discursos: primeiro, o antigo grupo de seis deixaperceber claramente algumas asperezas no sentido de matizes de princípio;segundo, seria desejável uma simplificação técnica do trabalho redatorial;terceiro, os interesses da causa passam por cima das amabilidades filiseinas;só a eleição permitirá garantir que as pessoas escolhidas sejam adequadasaos cargos; quarto, não se pode limitar a liberdade de eleição pelocongresso; quinto, o partido agora não precisa apenas de um grupo deliteratos no OC, o OC não precisa apenas de homens de letras, mas também deadministradores; sexto, o OC deve dispor de pessoas perfeitamentedeterminadas, conhecidas do congresso; sétimo, um organismo formadopor seis pessoas é muitas vezes incapaz de atuar, e o seu  trabalho não se fezgraças a estatutos anormais, masa despeito deles; oitavo, dirigir um jornal é assunto do partido (e nãodum circulo), etc. - Que o camarada Mãrtov tente, se se interessa tantopelas causas da não eleição destas pessoas, compreender cada umadestas considerações e refutar nem que seja uma só delas.

*6 Foi assim que o camarada Sorókine, naquela mesma sessão, compreendeuas palavras do camarada Deursch (cf. p. 324: "diálogo violento com Orlov"). O camarada Deutsch explica (p. 351) que "não disse nadasemelhante", mas reconhece imediatamente que disse algo de muito, muito "semelhante". "Eu não disse: quem se decidirá - explica ocamarada Deutsch -, mas estou com curiosidade dever quem se decidirá [(sicf)o camarada Deutsch corrige-se, indo de mal a pior!) a apoiar uma propostatão criminosa (sic!) como a eleição do grupo de três" (p. 351). Ocamarada Deutsch não refutou, antes confirmou, as palavras do camarada Sorókine. O  camarada Deutsch confirmou a censura deste último de que "todas as noções se ralharamaqui" (nos argumentos da minoria a favor do grupo de seis). O camaradaDeustch confirmou a oportunidade da alusão do camarada Sorókine a estaverdade elementar de que " nós somos membros do partido e devemosagir guiados exclusivamente por considerações políticas". Gritar que aseleições foram criminosas é rebaixar-se não só a uma atitudefilistina, mas francamente ao escandalozinho!

*7 Ver o presente tomo, pp. 293-294. (N. Ed.)

*8O camarada Mártov faz provavelmente alusão à expressão do camarada Possadóvski:"fricções". Repito que o camarada Possadóvski não explicou no entantoao congresso onde ele queria chegar, e o camarada Muraviov, que usou amesma expressão, explicou que falava de fricções de princípio que tinhamsurgido nos debates do congresso. Os leitores lembrar-se-ão  que o únicoexemplo de verdadeiros debates de princípio, debatesnos quais tinham participado quatro redatores (Plekhánov, Mártov, Axelrod eeu) se referia ao § 1 dos estatutos, e que os camaradas Mártov e Starover sequeixaram por escrito da "falsa acusação de oportunismo" como umdos argumentos a favor da "alteração" da redação. Nesta carta, ocamarada Mãrtov descobria uma ligação clara do "oportunismo"como plano de alteração da redação, mas no congresso contentou-se em fazeruma vaga alusão a "certas fricções". A "falsa acusação de oportunismo estava já esquecida!

*9O camarada Mártov acrescentou ainda: "Talvez Riazánov consentisse fazeresse papel, mas não o Mártov que conheceis, penso eu, pelo seu trabalho,"Como se tratava de um ataque pessoal contra Riazánov, o camarada Mártovretirou as suas palavras. Mas Riazánov figurou no congresso como tiporepresentativo, não por estas ou aquelas qualidades pessoais (seria deslocadofalar delas), mas pela fisionomia política do grupo "Borbá",pelos seus erros políticos. O camarada Mártov faz muito bem emretirar as ofensas pessoais, supostas ou reais, mas não se devem esquecer porisso os erros políticos que devem servir de lição ao partido. O grupo "Borbá" foi acusado no nosso congresso de semear o "caosorganizativo" e a "fragmentação que nenhuma consideração de princípiojustificava" (p. 38, discurso do camarada Mártov). Tal conduta políticamerece seguramente ser censurada, não só quando a vemos manifestar-se numpequeno grupo antes do congresso do partido num período de caos geral, mastambém quando a vemos depois do congresso do partido, quando seelimina o caos, mesmo quando a vemos da parte da "maioria da redação do lskrae da maioria do grupo "Emancipação do Trabalho".

*10 Ver V. I. Lénine, ObrasCompletas, 5.ª ed. Em russo, t. 7, p. 305. (N. Ed.)

*11No fim dos fins. (N. Fel.)

*12Ver V.I. Lenine, Obras Completas, 5.ª ed. Em usso, t. 7, pp.307-398 (N. Ed.)

*13Como se manifestaram no congresso a hesitação, a instabilidade e a imprecisãoda minoria iskrista? Primeiro, no fraseado oportunista sobre o § 1 dosestatutos; segundo, na coligação com os camaradas Akímov e Líber, a qualse desenvolveu rapidamente na segunda metade do congresso; terceiro, nafaculdade de rebaixar a questão da eleição dos funcionários para o OC a umnível filistino, a palavras mesquinhas e até à penetração na consciênciaalheia. E depois do congresso tão belas qualidades amadureceram, e os botõesderam flores e frutos.

*14 Traduzo pelaspalavras intelectual, intelectualidade, os termos alemães Literat,Literatentum. que englobam não só os literatos, mas todos os homensinstruídos, das profissões liberais em geral, os trabalhadores intelectuais (brainworker, como dizem os ingleses), ao contrário dos trabalhadores manuais.

*15É muito característico do confusionismo que os nossos martovistas provocaramem todos os problemas de organização o fato de que, depois de terem feitouma viragem para Akímov e para uma democracia deslocada, estão aomesmo tempo irritados pela eleição democrática da redação, eleiçãofeita no congresso e de antemão prevista por todos. Será este também ovosso princípio, scnhores?

*16 Karl Kautsky, "Franz Mehring., Neue Zeit, XXII, I, S. 99-101, 1903,n.º 4.

*17Ver pp. 337, 338, 340, 352, etc., das atas do congresso.

*18P. 342. Trata-se da eleição do quinto membro do Conselho. Foram entregues 24boletins (44 votos ao todo), dos quais havia dois em branco.            

*19No congresso da Liga, o camarada Mártov aduziu ainda este argumento contra aresolução do camarada Plekhánov: A principal objeção contra esta resolução,o principal defeito desta resolução, é que ela desconhece inteiramente ofato de que temos o dever de não nos furtarmos, na luta contra a autocracia,a uma aliança com os elementos democrático-liberais. O camarada Lénineteria chamado a tal tendência uma tendência martinoviana. Esta tendênciamanifesta-se já no novo Iskra" (p. 88).

Estapassagem é uma coleção de "pérolas" duma rara riqueza. 1) As palavrassobre a aliança com os liberais são uma completa embrulhada. Ninguémfalou sequer de uma aliança, camarada Mártov, mas apenas de acordos provisóriosou particulares. São coisas muito diferentes. 2) Se na sua resolução Plekhánov não fala de uma "aliança" inacreditável e só fala, em geral, de"apoio", isso não é um defeito, mas um mérito da sua resolução. 3) Ocamarada Mártov não seria capaz de se dar ao trabalho de nos explicar o quecaracteriza, em geral, as "tendências martinovianas."? Não vai dizer-nosqual é a relação destas tendências com o oportunismo? Não quererá ver arelação dessas tendências com o parágrafo primeiro dos estatutos? 4) Naverdade, estou a arder de impaciência para ouvir o camarada Mártov dizercomo se manifestaram as "tendências martinovianas" no "novo" Iskra. Peço-lhe, camarada Mártov, livre-me o mais rapidamente possível dostormentos da espera!


Notas:

(1) Ver a minha Carta à redação do "Iskra", p. 5, e as atas da Liga, p. 53

(2) Ver p. 140 das atas, o discurso de Akhnov: ... "dizem-me que das eleiçõespara o OC falaremos no fim"; o discurso de Muraviot contra Akímov  "que toma demasiado a peito a questão da futura redação do OC"(p. 141); "discurso de Pavlóvitch declarando que, uma vez designadoo órgão, tínhamos "materiais concretos com os quais podemos fazer asoperações com que o camarada Akímov tanto se preocupa", e que. quanto à"submissão" do Iskra ""às decisões do partido", não podiahaver nisso nem sombra de dúvida (p. 142); o discurso de Trotski: " senão  confirmamos a redação oque é que nós confirmamos no Iskra?... Não é o nome, mas a orientação... não é o nome, mas a bandeira" (p. 142); o discurso de Martínov: ..."Considero, como de resto muitos outros camaradas, que ao discutir oreconhecimento do Iskra como jornal duma certa tendência, como nosso ÓrgãoCentral, não devemos falar agora do modo de eleição ou de confirmação dasua redação; falaremos disso mais tarde, no lugar correspondente da ordem dodia"...(p. 143)

(3) Terminou o congresso sem que soubéssemos a que"fricções" o camarada Possadóvski se referia. Quanto ao camarada Muraviov, na mesma sessão (p.322) pôs em dúvida que se tivesse interpretado fielmente o seu pensamento, equando se retificavam as atas declarou francamente que "falava de fricçõesque tinha havido nos debates no congresso sobre diversas questões, de fricçõesde um caráter de princípio, cuja existência, infelizmente, é no momentoatual uma fato que ninguém negará" (p. 353).

(4) CF. o discurso do camarada Possadóvski:... " Ao escolher três membrosentre os seis da antiga redação, dizeis desse modo que os outros três sãoinúteis, supérfluos. E não tendes nem o direito nem motivos fundados parafazer."

(5) O camarada Mártov, no seu Estado de Sítio, abordou esta questãodo mesmo modo que todos os outros problemas por ele tratados. Não se deu aotrabalho de esboçar um quadro completo da discussão. Muito modestamente,rodeou a única verdadeira questão de princípio surgida nesta discussão:amabilidades filistinas ou eleição de funcionários? Ponto de vista departido ou ressentimento dos Ivan Ivánovitch? Também aqui o camarada Mártovcontentou-se em extrair passagens isoladas e desgarradas deste incidente,acrescentando toda a espécie de injúrias contra mim. É bem pouco, camaradaMàrtov!

O camaradaMártov insiste particularmente em perguntar-me a mim por que razão nãose elegeu no congresso os camaradas Axelrod, Zassúlitch e Starover. O pontode vista filistino por ele adotado impede-o de ver como são-indecorosas taisperguntas (porque não pergunta isso ao seu colega de redação, o camarada Plekhánov?). No fato de eu considerar que "houve falta de tato" naconduta da minoria no congresso quanto à questão do grupo de seis e exigirao mesmo tempo que se informe disso o partido, vê Mártov uma contradição.Não há qualquer contradição nisto, como bem facilmente poderia dar-seconta o próprio Mártov, se se quisesse ter dado ao trabalho de fazer umaexposição coerente de todas as peripécias do problema, e não defragmentos. Ter falta de tato era pôr a questão do ponto de vista filistino,fazendo apelo à piedade e ao ressentimento; os interesses da publicidade departido teriam exigido uma apreciação, quanto ao fundo, das vantagensdo grupo de seis em comparação com o grupo de três, apreciação doscandidatos aos cargos, apreciação dos matizes: a minoria não dissesequer uma palavra acerca disto no congresso.

Estudandoatentamente as atas, o camarada Mártov teria podido encontrar nos discursosdos delegados toda uma série de argumentos contra o grupo de seis. Eisalguns excertos desses discursos: primeiro, o antigo grupo de seis deixaperceber claramente algumas asperezas no sentido de matizes de princípio;segundo, seria desejável uma simplificação técnica do trabalho redatorial;terceiro, os interesses da causa passam por cima das amabilidades filiseinas;só a eleição permitirá garantir que as pessoas escolhidas sejam adequadasaos cargos; quarto, não se pode limitar a liberdade de eleição pelocongresso; quinto, o partido agora não precisa apenas de um grupo deliteratos no OC, o OC não precisa apenas de homens de letras, mas também deadministradores; sexto, o OC deve dispor de pessoas perfeitamentedeterminadas, conhecidas do congresso; sétimo, um organismo formadopor seis pessoas é muitas vezes incapaz de atuar, e o seu  trabalho não se fezgraças a estatutos anormais, masa despeito deles; oitavo, dirigir um jornal é assunto do partido (e nãodum circulo), etc. - Que o camarada Mãrtov tente, se se interessa tantopelas causas da não eleição destas pessoas, compreender cada umadestas considerações e refutar nem que seja uma só delas.

(6) Foi assim que o camarada Sorókine, naquela mesma sessão, compreendeuas palavras do camarada Deursch (cf. p. 324: "diálogo violento com Orlov"). O camarada Deutsch explica (p. 351) que "não disse nadasemelhante", mas reconhece imediatamente que disse algo de muito, muito "semelhante". "Eu não disse: quem se decidirá - explica ocamarada Deutsch -, mas estou com curiosidade dever quem se decidirá [(sicf)o camarada Deutsch corrige-se, indo de mal a pior!) a apoiar uma propostatão criminosa (sic!) como a eleição do grupo de três" (p. 351). Ocamarada Deutsch não refutou, antes confirmou, as palavras do camarada Sorókine. O  camarada Deutschconfirmou a censura deste último de que "todas as noções se ralharamaqui" (nos argumentos da minoria a favor do grupo de seis). O camarada Deutsch confirmou a oportunidade da alusão do camarada Sorókine a estaverdade elementar de que " nós somos membros do partido e devemosagir guiados exclusivamente por considerações políticas". Gritar que aseleições foram criminosas é rebaixar-se não só a uma atitudefilistina, mas francamente ao escandalozinho!

(7) Ver o presente tomo, pp. 293-294. (N. Ed.)

(8) O camarada Mártov faz provavelmente alusão à expressão do camarada Possadóvski:"fricções". Repito que o camarada Possadóvski não explicou no entantoao congresso onde ele queria chegar, e o camarada Muraviov, que usou amesma expressão, explicou que falava de fricções de princípio que tinhamsurgido nos debates do congresso. Os leitores lembrar-se-ão  que o únicoexemplo de verdadeiros debates de princípio, debatesnos quais tinham participado quatro redatores (Plekhánov, Mártov, Axelrod eeu) se referia ao § 1 dos estatutos, e que os camaradas Mártov e Starover sequeixaram por escrito da "falsa acusação de oportunismo" como umdos argumentos a favor da "alteração" da redação. Nesta carta, ocamarada Mãrtov descobria uma ligação clara do "oportunismo"como plano de alteração da redação, mas no congresso contentou-se em fazeruma vaga alusão a "certas fricções". A "falsa acusação de oportunismo estava já esquecida!

(9) O camarada Mártov acrescentou ainda: "Talvez Riazánov consentisse fazeresse papel, mas não o Mártov que conheceis, penso eu, pelo seu trabalho,"Como se tratava de um ataque pessoal contra Riazánov, o camarada Mártovretirou as suas palavras. Mas Riazánov figurou no congresso como tiporepresentativo, não por estas ou aquelas qualidades pessoais (seria deslocadofalar delas), mas pela fisionomia política do grupo "Borbá",pelos seus erros políticos. O camarada Mártov faz muito bem emretirar as ofensas pessoais, supostas ou reais, mas não se devem esquecer porisso os erros políticos que devem servir de lição ao partido. O grupo "Borbá" foi acusado no nosso congresso de semear o "caosorganizativo" e a "fragmentação que nenhuma consideração de princípiojustificava" (p. 38, discurso do camarada Mártov). Tal conduta políticamerece seguramente ser censurada, não só quando a vemos manifestar-se numpequeno grupo antes do congresso do partido num período de caos geral, mastambém quando a vemos depois do congresso do partido, quando seelimina o caos, mesmo quando a vemos da parte da "maioria da redação do lskrae da maioria do grupo "Emancipação do Trabalho".

(10) Ver V. I. Lénine, ObrasCompletas, 5.ª ed. Em russo, t. 7, p. 305. (N. Ed.)

(11) No fim dos fins. (N. Fel.)

(12) Ver V.I. Lenine, Obras Completas, 5.ª ed. Em usso, t. 7, pp.307-398 (N. Ed.)

(13) Como se manifestaram no congresso a hesitação, a instabilidade e a imprecisãoda minoria iskrista? Primeiro, no fraseado oportunista sobre o § 1 dosestatutos; segundo, na coligação com os camaradas Akímov e Líber, a qualse desenvolveu rapidamente na segunda metade do congresso; terceiro, nafaculdade de rebaixar a questão da eleição dos funcionários para o OC a umnível filistino, a palavras mesquinhas e até à penetração na consciênciaalheia. E depois do congresso tão belas qualidades amadureceram, e os botõesderam flores e frutos.

(14) Traduzo pelaspalavras intelectual, intelectualidade, os termos alemães Literat,Literatentum. que englobam não só os literatos, mas todos os homensinstruídos, das profissões liberais em geral, os trabalhadores intelectuais (brainworker, como dizem os ingleses), ao contrário dos trabalhadores manuais.

(15) É muito característico do confusionismo que os nossos martovistas provocaramem todos os problemas de organização o fato de que, depois de terem feitouma viragem para Akímov e para uma democracia deslocada, estão aomesmo tempo irritados pela eleição democrática da redação, eleiçãofeita no congresso e de antemão prevista por todos. Será este também ovosso princípio, scnhores?

(16) Karl Kautsky, "Franz Mehring., Neue Zeit, XXII, I, S. 99-101, 1903,n.º 4.

(17) Ver pp. 337, 338, 340, 352, etc., das atas do congresso.

(18) P. 342. Trata-se da eleição do quinto membro do Conselho. Foram entregues 24boletins (44 votos ao todo), dos quais havia dois em branco. 

(19) No congresso da Liga, o camarada Mártov aduziu ainda este argumento contra aresolução do camarada Plekhánov: A principal objeção contra esta resolução,o principal defeito desta resolução, é que ela desconhece inteiramente ofato de que temos o dever de não nos furtarmos, na luta contra a autocracia,a uma aliança com os elementos democrático-liberais. O camarada Lénineteria chamado a tal tendência uma tendência martinoviana. Esta tendênciamanifesta-se já no novo Iskra" (p. 88).

Estapassagem é uma coleção de "pérolas" duma rara riqueza. 1) As palavrassobre a aliança com os liberais são uma completa embrulhada. Ninguémfalou sequer de uma aliança, camarada Mártov, mas apenas de acordos provisóriosou particulares. São coisas muito diferentes. 2) Se na sua resolução Plekhánov não fala de uma "aliança" inacreditável e só fala, em geral, de"apoio", isso não é um defeito, mas um mérito da sua resolução. 3) Ocamarada Mártov não seria capaz de se dar ao trabalho de nos explicar o quecaracteriza, em geral, as "tendências martinovianas."? Não vai dizer-nosqual é a relação destas tendências com o oportunismo? Não quererá ver arelação dessas tendências com o parágrafo primeiro dos estatutos? 4) Naverdade, estou a arder de impaciência para ouvir o camarada Mártov dizercomo se manifestaram as "tendências martinovianas" no "novo" Iskra. Peço-lhe, camarada Mártov, livre-me o mais rapidamente possível dostormentos da espera!

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Inclusão27/12/2002