Sobres as Greves

V. I. Lenine

1899


Escrito: finais de 1899
Primeira Edição: Revista Proletarskaya Revolyutsiya, No. 8-9, 1924. Publicado de acordo com um manuscrito copiado por mão desconhecida.
Fonte da Presente Tradução: On Strikes, Lenin Internet Archive (marxists.org), 2003.
Tradução de: Primeira Linha Em Rede.
HTML  por José Braz para The Marxists Internet Archive.
Direito de Reprodução: Lenin Internet Archive (marxists.org), 2002. A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.


Nos últimos anos, as greves operárias som extraordinariamente freqüentes na Rússia. Nom existe nengumha província industrial onde nom tenha havido várias greves. Quanto às grandes cidades, as greves nom cessam. Compreende-se, pois, que os operários conscientes e os socialistas se coloquem cada vez mais amiúde a questom do significado das greves, das maneiras de realizá-las e das tarefas que os socialistas se proponhem ao participarem nelas.

Em primeiro lugar, é preciso ver como se explica o nascimento e a difusom das greves. Quem se lembra de todos os casos de greve conhecidos por experiência própria, por relatos de outros ou através dos jornais, verá logo que as greves surgem e se expandem onde aparecem e trabalham centenas (e, às vezes, milhares) de operários; aí dificilmente se encontrará umha fábrica em que nom tenha havido greves; quando eram poucas as grandes fábricas na Rússia, rareavam as greves; mas visto que elas crescem com rapidez tanto nas antigas localidades fabris como nas novas cidades e aldeias industriais, as greves tornam-se cada vez mais freqüentes.

Por que a grande produçom fabril leva sempre às greves? Isso se deve ao facto de que o capitalismo leva, necessariamente, à luita dos operários contra os patrons, e quando a produçom se transforma numha produçom em grande escala, essa luita converte-se necessariamente em luita grevista.

Denomina-se capitalismo a organizaçom da sociedade em que a terra, as fábricas, os instrumentos de produçom, etc., pertencem a um pequeno numero de latifundiários e capitalistas, enquanto a massa do povo nom possui nengumha ou quase nengumha propriedade e deve, por isso, alugar a sua força de trabalho. Os latifundiários e os industriais contratam os operários, obrigando-os a produzir tais ou quais artigos, que eles vendem no mercado. Os patrons pagam aos operários exclusivamente o salário imprescindível para que estes e sua família mal possam subsistir, e tudo o que o operário produz acima dessa quantidade de produtos necessária para a sua manutençom o patrom embolsa: isso constitui o seu lucro. Portanto, na economia capitalista, a massa do povo trabalha para outros, nom trabalha para si, mas para os patrons, e fai-no por um salário: compreende-se que os patrons tratem sempre de reduzir o salário: quanto menos entreguem aos operários, mais lucro lhes sobra. Em compensaçom, os operários tratam de receber o maior salário possível, para poder sustentar a sua família com umha alimentaçom abundante e sadia, viver numha boa casa e nom se vestir como mendigos, mas como se veste todo mundo. Portanto, entre patrons e operários há umha constante luita polo salário: o patrom tem liberdade de contratar o operário que quiger, polo que procura o mais barato. O operário tem liberdade de alugar-se ao patrom que quiger, e procura o que paga mais. Trabalhe o operário na cidade ou no campo, alugue os seus braços a um latifundiário, a um fazendeiro rico, a um contratista ou a um industrial, sempre regateia com o patrom, luitando contra ele polo salário.

Mas, pode o operário, por si só, sustentar essa luita? É cada vez maior o numero de operários: os camponeses arruinam-se e fogem das aldeias para as cidades e para as fábricas. Os latifundiários e os industriais introduzem máquinas, que deixam os operários sem trabalho. Nas cidades aumenta incessantemente o número de desempregados, e nas aldeias o de gente reduzida a miséria: a existência de um povo faminto fai baixarem ainda mais os salários. É impossível para o operário luitar sozinho contra o patrom. Se o operário exige maior salário ou nom aceita a sua rebaixa, o patrom responde: vaia para outro lugar, som muitos os famintos que esperam à porta da fabrica e ficarám contentes em trabalhar, mesmo que por um salário baixo.

Quando a ruína do povo chega a tal ponto que nas cidades e nas aldeias há sempre massas de desempregados. quando os patrons amealham enormes fortunas e os pequenos proprietários som substituídos polos milionários, entom o operário transforma-se num homem absolutamente desvalido diante do capitalista. O capitalista obtém a possibilidade de esmagar por completo o operário, de condená-lo à morte num trabalho de forçados, e nom só ele, como também sua mulher e seus filhos. Com efeito, vejam as indústrias em que os operários ainda nom conseguírom ficar amparados pola lei e nom podem oferecer resistência aos capitalistas, e comprovarám que a jornada de trabalho é incrivelmente longa, até de 17 a 19 horas. que criaturas de cinco ou seis anos executam um trabalho extenuante e que os operários passam fame constantemente, condenados a umha morte lenta. Exemplo disso é o caso dos operários que trabalham a domicílio para os capitalistas: mas, qualquer operário lembrará-se de muitos outros exemplos! Nem mesmo na escravidom e sob o regime de escravidom existiu umha opressom tam terrível do povo trabalhador como a que sofrem os operários quando nom podem opor resistência aos capitalistas nem conquistar leis que limitem a arbitrariedade patronal.

Pois bem, para nom permitir que sejam reduzidos a esta tam extrema situaçom de penúria, os operários iniciam a mais encarniçada luita. Vendo que cada um deles por si só é absolutamente impotente e vive sob a ameaça de perecer sob o jugo do capital, os operários começam a erguer-se, juntos, contra seus patrons. Dam início às greves operárias. A princípio é comum que os operários nom tenham nem sequer, umha ideia clara do que procuram conseguir, nom compreendem porque actuam assim: simplesmente quebram as máquinas e destroem as fábricas. A única cousa que desejam é fazer sentir aos patrons a sua indignaçom: experimentam suas forças mancomunadas para sair de umha situaçom insuportável, sem saber ainda por que sua situaçom é tam desesperada e quais devem ser suas aspiraçons.

Em todos os países, a indignaçom começou com distúrbios isolados, com motins, como dim no nosso país a polícia e os patrons. Em todos os países, estes distúrbios dérom lugar, de um lado, a greves mais ou menos pacíficas e, de outro, a umha luita de muitas faces da classe operária pola sua emancipaçom.

Mas que significado tenhem as greves na luita da classe operária? Para responder a essa pergunta devemos deter-nos primeiro em examinar com mais detalhes as greves. Se o salário dos operários se determina -como vimos- por um convénio entre o patrom e o operário, e se cada operário por si só é de todo impotente, torna-se claro que os operários devem necessariamente defender juntos as suas reivindicaçons; devem necessariamente declarar-se em greve, para impedir que os patrons baixem os salários, ou para conseguir um salário mais alto. E, efectivamente, nom existe nengum pais capitalista em que nom sejam deflagradas greves operárias. Em todos os países europeus e na América, os operários sentem-se, em toda a parte, impotentes quando actuam individualmente e só podem opor resistência aos patrons se estiverem unidos, quer declarando-se em greve, quer ameaçando com a greve. E quanto mais se desenvolve o capitalismo, quanto maior é a rapidez com que crescem as grandes fábricas, quanto mais se vêem deslocados os pequenos polos grandes capitalistas, mais imperiosa é a necessidade de umha resistência conjunta dos operários porque se agrava o desemprego, aguça-se a competiçom entre os capitalistas, que procuram produzir mercadorias de modo mais barato possível (para o que é preciso pagar aos operários o menos possível), e acentuam-se as oscilaçons da industrial e as crises. Quando a indústria prospera, os patrons obtenhem grandes lucros e nom pensam em reparti-los com os operários: mas durante a crise os patrons tratam de despejar sobre os ombros dos operários os prejuízos. A necessidade das greves na sociedade capitalista está tam reconhecida por todos nos países europeus, que lá a lei nom proíbe a declaraçom de greves: somente na Rússia subsistírom leis selvagens contra as greves (destas leis e de sua aplicaçom falaremos noutra oportunidade).

Mas as greves, por emanarem da própria natureza da sociedade capitalista, significam o começo da luita da classe operária contra esta estrutura da sociedade. Quando os operários despojados que agem individualmente enfrentam os potentados capitalistas, isso equivale a completa escravizaçom dos operários. Quando, porém, estes operários desapossados se unem, a cousa muda. Nom há riquezas que os capitalistas podam aproveitar se nom encontram operários dispostos a trabalhar com os instrumentos e materiais dos capitalistas e a produzir novas riquezas. Quando os operários enfrentam sozinhos os patrons continuam sendo verdadeiros escravos, trabalhando eternamente para um estranho, por um pedaço de pam, como assalariados eternamente submissos e silenciosos. Mas quando os operários levantam juntos as suas reivindicaçons e se negam a submeter-se a quem tem a bolsa de ouro, deixam entom de ser escravos, convertem-se em homens e começam a exigir que seu trabalho nom sirva somente para enriquecer a um punhado de parasitas, mas que permita aos trabalhadores viver como pessoas. Os escravos começam a apresentar a reivindicaçom de se transformarem em donos: trabalhar e viver nom como queiram os latifundiários e capitalistas, mas como queiram os próprios trabalhadores. As greves infundem sempre tal espanto aos capitalistas porque começam a fazer vacilar o seu domínio. "Todas as rodas se detenhem se assim o quer o teu braço vigoroso" di sobre a classe operária umha cançom dos operários alemáns. Com efeito, as fábricas, as propriedades dos latifundiários, as máquinas, as ferrovias, etc., etc., som, por assim dizer, rodas de umha enorme engrenagem: esta engrenagem fornece diferentes produtos, transforma-os, distribui-os onde necessários. Toda esta engrenagem é movida polo operário, que cultiva as terras, extrai os minerais, elabora as mercadorias nas fábricas, constrói casas, oficinas e ferrovias. Quando os operários se negam a trabalhar, todo esse mecanismo ameaça paralisar-se. Cada greve lembra aos capitalistas que os verdadeiros donos nom som eles, e sim os operários, que proclamam os seus direitos com força crescente. Cada greve lembra aos operários que a sua situaçom nom é desesperada e que nom estám sós. Vejam que enorme influência exerce umha greve tanto sobre os grevistas como sobre os operários das fábricas vizinhas ou próximas, ou das fábricas do mesmo ramo industrial. Nos tempos actuais, pacíficos, o operário arrasta em silêncio a sua carga. Nom reclama ao patrom, nom reflecte sobre sua situaçom. Durante umha greve, o operário proclama em voz alta as suas reivindicaçons, lembra aos patrons todos os atropelos de que tem sido vítima, proclama os seus direitos, nom pensa apenas em si ou no seu salário, mas pensa também em todos os seus companheiros que abandonárom o trabalho juntamente com ele e que defendem a causa operária sem medo das provocaçons.

Toda greve acarreta ao operário grande numero de privaçons, tam terríveis que só se podem comparar com as calamidades da guerra: fame na família, perda do salário, freqüentes detençons, expulsom da cidade em que reside e onde trabalhava. E apesar de todas essas calamidades, os operários desprezam os que se afastam de seus companheiros e entram em conchavos com o patrom. Vencidas as calamidades da greve, os operários das fábricas próximas sentem entusiasmo sempre que vêem os seus companheiros iniciarem a luita. "Os homens que resistem a tais calamidades para quebrar a oposiçom de um burguês, saberám também quebrar a força de toda a burguesia", dizia um grande mestre do socialismo, Engels, falando das greves dos operários ingleses. Amiúde, basta que se declare em greve umha fabrica para que imediatamente comece umha série de greves em muitas outras fábricas. Como é grande a influência moral das greves, como é contagiante a influência que exerce nos operários ver seus companheiros que, embora temporariamente, se transformam de escravos em pessoas com os mesmos direitos dos ricos! Toda greve infunde vigorosamente nos operários a ideia do socialismo; a ideia da luita de toda a classe operária pola sua emancipaçom do jugo do capital. É muito freqüente que, antes de umha grande greve, os operários de umha fábrica, umha indústria ou umha cidade qualquer, nom conheçam sequer o socialismo, nem pensem nele, mas que depois da greve difundam-se entre eles, cada vez mais, os círculos e as associaçons, e seja maior o número dos operários que se tornam socialistas.

A greve ensina os operários a compreender onde repousa a força dos patrons e onde a dos operários; ensina a pensarem nom só no seu patrom e nos seus companheiros mais próximos, mas em todos os patrons, em toda a classe capitalista e em toda a classe operária. Quando um patrom que acumulou milhons às custas do trabalho de várias geraçons de operários nom concede o mais modesto aumento de salário e inclusive tenta reduzi-lo ainda mais e, no caso de os operários oferecerem resistência, pom na rua milhares de famílias famintas, entom os operários vêem com clareza que toda a classe capitalista é inimiga de toda a classe operária e que os operários só podem confiar em si mesmos e em sua uniom. Acontece muitas vezes que um patrom procura enganar, de todas as formas, aos operários, apresentando-se diante deles como um benfeitor, encobrindo a exploraçom dos seus operários com umha dádiva insignificante qualquer, com qualquer promessa falaz. Cada greve sempre destrói de imediato este engano, mostrando aos operários que seu "benfeitor" é um lobo com pele de anho.

Mas a greve abre os olhos dos operários nom só quanto aos capitalistas, mas também ao que se refere ao governo e às leis. Do mesmo modo que os patrons se esforçam para aparecerem como benfeitores dos operários, os funcionários e os seus lacaios esforçam-se para convencer os operários de que o czar e o governo czarista se preocupam com os patrons e os operários na mesma medida, com espírito de justiça. O operário nom conhece as leis e nom convive com os funcionários, em particular os altos funcionários, razom pola qual dá, freqüentemente, crédito a tudo isso. Eclode, porém, umha greve. Apresentam-se na fábrica o fiscal, o inspector fabril, a polícia e, nom raro, tropas, e entom os operários percebem que infringírom a lei: a lei permite aos donos de fábricas reunir-se e tratar abertamente sobre a maneira de reduzir o salário dos operários, ao passo que os operários som tachados de delinqüentes ao se colocarem todos de acordo! Despejam os operários das suas casas, a policia fecha os armazéns em que os operários poderiam adquirir comestíveis a crédito e pretende-se instigar os soldados contra os operários, mesmo quando estes mantenhem umha atitude serena e pacifica. Dá-se inclusive aos soldados ordem de abrir fogo contra os operários, e quando matam trabalhadores indefesos, atirando-lhes polas costas, o próprio czar manifesta a sua gratidom às tropas (assim fijo com os soldados que matárom grevistas em Iaroslavl, em 1895). Torna-se claro para todo operário que o governo czarista é um inimigo jurado, que defende os capitalistas e ata de pés e maos os operários. O operário começa a entender que as leis som adoptadas em benefício exclusivo dos ricos, que também os funcionários defendem os interesses dos ricos, que se tapa a boca do povo trabalhador e nom se permite que ele exprima as suas necessidades e que a classe operária deve necessariamente arrancar o direito de greve, o direito de participar duma assembleia popular representativa encarregada de promulgar as leis e de velar por seu cumprimento. Por sua vez. o governo compreende muito que as greves abrem os olhos dos operários, razom porque tanto as teme e se esforça a todo custo para sufocá-las o mais rápido possível. Um ministro do Interior alemám, que ficou famoso polas suas ferozes perseguiçons contra os socialistas e os operários conscientes, declarou em umha ocasiom, nom sem motivo, perante os representantes do povo: "Por trás de cada greve aflora o dragom da revoluçom". Durante cada greve cresce e desenvolve-se nos operários a consciência de que o governo é seu inimigo e de que a classe operária deve preparar-se para luitar contra ele polos direitos do povo.

Assim, as greves ensinam os operários a unirem-se; as greves fazem-nos ver que somente unidos podem agüentar a luita contra os capitalistas; as greves ensinam os operários a pensarem na luita de toda a classe patronal e contra o governo autocrático e policial. Exatamente por isso, os socialistas chamam as greves de "escola de guerra", escola em que os operários aprendem a desfechar a guerra contra seus inimigos, pola emancipaçom de todo o povo e de todos os trabalhadores do jugo dos funcionários e do jugo do Capital.

Mas a "escola de guerra" ainda nom é a própria guerra. Quando as greves alcançam grande difusom, alguns operários (e alguns socialistas) começam a pensar que a classe operária pode limitar-se às greves e às caixas ou sociedades de resistênciai [1] , que apenas com as greves a classe operária pode conseguir umha grande melhora em sua situaçom e até sua própria emancipaçom. Vendo a força que representam a uniom dos operários e até mesmo suas pequenas greves, pensam alguns que basta aos operários deflagrarem a greve geral em todo o pais para poder conseguir dos capitalistas e do governo tudo o que queiram. Esta opiniom também foi expressada polos operários de outros países quando o movimento operário estava em sua etapa inicial e os operários ainda tinham muito pouca experiência.

Esta opiniom, porém, é errada. As greves som um dos meios de luita da classe operária por sua emancipaçom, mas nom o único, e se os operários nom prestam atençom a outros meios de luita, atrasam o desenvolvimento e os êxitos da classe operária. Com efeito, para que as greves tenham êxito som necessárias as caixas de resistência, a fim de manter os operários enquanto dure o conflito. Os operários (comumente os de cada indústria, cada ofício ou cada oficina) organizam essas caixas em todos os países, mas na Rússia isso é extremamente difícil, porque a polícia as persegue, apodera-se do dinheiro e prende os operários. Naturalmente, os operários sabem resguardar-se da polícia; naturalmente, a organizaçom dessas caixas é útil, e nom queremos dissuadir os operários de se ocuparem disso. Mas nom se deve confiar em que, estando proibidas por lei, as caixas operárias podam contar com muitos membros; e sendo escasso o numero de cotizantes, essas caixas nom terám grande utilidade. Além disso, até nos países em que existem livremente as associaçons operárias, e onde som muito fortes as caixas, até neles a classe operária de modo algum pode limitar-se às greves na sua luita. Basta que sobrevenham dificuldades na indústria (uma crise como a que agora se aproxima da Rússia, por exemplo) para que os patrons temporariamente provoquem greves, porque às vezes lhes convém suspender temporariamente o trabalho e lhes é útil que as caixas operárias esgotem os seus fundos. Daí nom poderem os operários limitar-se, de modo algum, às greves e às sociedades de resistência.

Em segundo lugar, as greves só som vitoriosas quando os operários já possuem bastante consciência, quando sabem escolher o momento para desencadeá-las, quando sabem apresentar reivindicaçons, quando mantenhem contacto com os socialistas para receber volantes e folhetos. Mas operários assim ainda há muito poucos na Rússia, e é necessário fazer todos os esforços para aumentar o seu número, tornar conhecida nas massas operárias a causa operária, fazê-las conhecer o socialismo e a luita operária. Esta é a missom que devem cumprir os socialistas e os operários conscientes, formando, para isso, o partido operário socialista.

Em terceiro lugar, as greves mostram aos operários, como vimos, que o governo é o seu inimigo e que é preciso luitar contra ele. Com efeito, as greves ensinárom gradualmente à classe operária, em todos os países, a luitar contra os governos polos direitos dos operários e polos direitos de todo o povo. Como já dixemos, essa luita só pode ser levada a cabo polo partido operário socialista, através da difusom entre os operários das justas ideias sobre o governo e sobre a causa operária. Noutra ocasiom referiremo-nos em particular a como se realizam na Rússia as greves e a como devem utilizá-la os operários conscientes. Por enquanto devemos assinalar que as greves som, como já afirmamos linhas atrás, umha "escola de guerra", mas nom a própria guerra; as greves som apenas um dos meios de luita, umha das formas do movimento operário.

Das greves isoladas, os operários podem e devem passar, e passam realmente, em todos os países, à luita de toda a classe operária pola emancipaçom de todos os trabalhadores. Quando todos os operários conscientes se tornam socialistas, isto é, quando tendem para esta emancipaçom, quando se unem em todo o país para propagar entre os operários o socialismo e ensinar-lhes todos os meios de luita contra os seus inimigos, quando formam o partido operário socialista, que luita para libertar todo o povo da opressom do governo e para emancipar todos os trabalhadores do jugo do capital, só entom a classe operária se incorpora plenamente ao grande movimento dos operários de todos os países, que agrupa todos os operários, e hasteia a bandeira vermelha em que estám inscritas estas palavras:

"Proletários de todos os países, unide-vos!"


Notas:

[1] As “caixas de resistência” correspondem ao fundo de greve. (retornar ao texto)

Inclusão 17/01/2005