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Primeira Edição: Le Paria, 1 de agosto de 1922.
Fonte: Selected Works of Ho Chi Minh Vol. 1, Editora: Foreign Languages Publishing House
Transcrição: Roland Ferguson e Christian Liebl
Tradução do inglês: Gabriel Zerbetto Vera
HTML de: Fernando A. S. Araújo, julho 2007.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.
Há muito tempo divulgamos por esta plataforma uma série de assassinatos perpetrados por nossos “civilizadores”, que continuam impunes. A sombria lista negra cresce a cada dia.
Recentemente, um anamita de 50 anos, empregado há 35 no Departamento Ferroviário da Cochinchina, foi assassinado por um oficial branco. Aqui seguem os fatos.
Le Van Tai tinha sob sua supervisão outros quatros anamitas que trabalhavam prevenindo os trens de cruzarem uma ponte enquanto ela estivesse elevada para a passagem de embarcações. A função era de fechar a ponte para a navegação dez minutos antes dos trens passarem sobre ela.
No dia 2 de abril, às 16h30, um dos anamitas foi fechar a ponte e abaixar a sinalização. Foi então que uma lancha do governo apareceu com um oficial naval das docas que retornava de uma caçada. A lancha apitou. O empregado nativo foi até a metade da ponte e acenou com uma bandeira vermelha para indicar ao barco que o trem estava para passar e que a navegação estava desta forma suspensa. Eis o que se sucedeu.
A lancha se aproximou de um dos pilares da ponte. O oficial saltou e foi atrás do empregado anamita. Prudentemente, este fugiu em direção à casa de Tai. O francês o perseguiu, atirando-lhe pedras. Quando ouviu a agitação, Tai saiu da casa para se encontrar com o representante da civilização, que a ele se dirigiu assim: “Seu troglodita estúpido, por que não levantou a ponte?” Em resposta, Tai – que não sabia francês – apontou para o sinal vermelho. Este simples gesto deixou o colaborador do Sr. Long irritado, que friamente saltou sobre Tai e, depois de longo espancamento, jogou-o dentro de um forno próximo.
Terrivelmente queimado, o funcionário anamita foi levado ao hospital, onde morreu depois de seis dias de sofrimento atroz. O oficial francês não foi processado.
Em Marselha, a prosperidade oficial da Indochina está em relevo; em Anã, as pessoas morrem de fome. Aqui a lealdade é louvada, lá assassinatos são perpetrados. O que vocês nos dizem disso, ó mil vezes grande Majestade Khai Dinh e Excellentissimo Sr. Sarraut?
PS – Embora a vida de um anamita não valha um centavo, por um arranhão no braço o senhor inspetor geral Reinhardt recebeu 120 mil francos como compensação. Igualdade! Amada igualdade!
Inclusão | 07/07/2007 |