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Onde está meu filho? História de um desaparecido político
"...Boa parte da população brasileira, anestesiada com a falsa euforia da década, ao mesmo tempo que amortecido o seu poder de observação pela brutal censura imposta aos meios de comunicação, talvez desconheça, completamente, o que significou esse período, a década de 70, na história política do nosso país. Como explicar hoje, ou daqui a alguns anos, as prisões ilegais, a tortura, os desaparecimentos de centenas de brasileiros, cujo “crime” não era outro senão lutar contra um modelo injusto e massacrador, imposto com os sucessivos governos militares implantados a partir de 1964? Esses homens, essas mulheres, até crianças, são hoje fantasmas na memória de alguns. Exagero na mente de outros. Dor imensa, no peito dos amigos e dos familiares, estes sim, incapazes de esquecer. Mas, como imaginar um Brasil tão violento e, ao mesmo tempo, tão recente? A história de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pernambucano de Olinda, é um retrato desse tempo. Sua vida foi abruptamente podada, logo após ter completado apenas 26 anos. Nunca as autoridades reconheceram sequer a sua prisão. Nunca houve uma explicação para sua morte. O governo do General Ernesto Geisel, através do Ministro da Justiça, Armando Falcão, chegou a ir aos veículos de comunicação, após uma pressão firme de entidades nacionais e internacionais, divulgar a versão oficial para o desaparecimento de Fernando e de mais 26 brasileiros presos por organismos de segurança. Todos estavam sendo “procurados”, todos estavam na “clandestinidade”. A mãe de Fernando, dona Elzita Santa Cruz, define com precisão o que o ministro falseara: “que clandestinidade é esta que faz de um filho respeitoso e um pai digno, um ser monstruoso que despreza a dor de sua mãe, de sua esposa e do seu único filho?”. Ao mesmo tempo, argumentava que Fernando tinha emprego e residência fixos, comprovadamente. A farsa estava desmontada."
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Sumário
Prefácio
1ª PARTE — A FASE FURIOSA DA REPRESSÃO
Capítulo I
O Quatriênio do Terror (1970/74)
Desaparecimento e Busca
A Ira Cega dos “Homens”
Capítulo II
A Aflição dos “Esperantes”
A Oposição na Luta
O Papel da Imprensa
A Farsa do Poder
2.ª PARTE — O SISTEMA AMEAÇA E GARANTE A IMPUNIDADE
Capítulo III
A Missão em que o Velho Marechal Falhou
Políticos Vacilam, mas Vítimas Pedem “Apenas Justiça”
“Para que Nunca Mais Aconteça”
3.a PARTE — OS COMPANHEIROS, A DOR DA FAMÍLIA
Capítulo IV
Os Sonhos Juvenis
Sentimento de Perda e Revolta
Em Vez do Dia, Veio a Noite
Meu Amigo, Meu Irmão Fernando
“Onde Está Meu Filho?”
A Família Santa Cruz: Dor e Resistência
Feridas Não Cicatrizadas
Anexos
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Fonte
dhnet
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Inclusão 26/08/2013