A Classe Operária, o jornal do Partido Comunista do Brasil, que circula desde 1º de mai 1925 é um jornal que nasceu para ser um instrumento de difusão das ideias do Partido, de seu programa, e também como ferramenta de estruturação partidária. Seu surgimento, há tantas décadas, correspondeu a uma sugestão da Internacional Comunista que, em 1º de Julho 1923, escreveu ao Partido recomendando a transformação da revista Movimento Comunista, criada por Astrogildo Pereira em 1922 para ser um instrumento de articulação para a fundação do Partido Comunista do Brasil. A proposta da Internacional Comunista era transformar a revista em um jornal operário de massas com o título histórico, A Classe Operária. Os obstáculos com que o jornal se defrontou em sua longa existência foram o retrato da falta de democracia no país e da truculência governamental contra a organização dos trabalhadores. Enfrentou perseguições policiais no ambiente de escassas liberdades democráticas da República Velha e da República Nova que nasceu com a revolução liberal 1930; viveu períodos de clandestinidade durante as ditaduras do Estado Novo (1937-1945) e de 1964. Nos anos de chumbo da ditadura militar 1964, A Classe Operária chegou a ser escrita no exílio e transmitida ao Brasil através da Rádio Tirana. Cabia aos militantes gravar estes conteúdos e transformá-lo em jornais impressos, muitas vezes precariamente, em mimeógrafos ou mesmo através de máquinas de datilografia. Mesmo precárias, eram edições que transmitiam o conteúdo politicamente consistente do combate à ditadura, levando as orientações partidárias para cada rincão onde houvesse um comunista em atividade. Teve entre seus editores, sobretudo nos períodos heroicos de enfrentamento da repressão policial das ditaduras, alguns gigantes da luta operária no Brasil, como Otávio Brandão, Maurício Grabois, Pedro Pomar, João Amazonas, Carlos Danielli, entre outros. A consulta à coleção de A Classe Operária aqui disponível é, além de muito instrutiva e informativa sobre a história dos comunistas e da luta operária no Brasil, uma homenagem a estes heróis que foram autores práticos dessa história e a registraram, por escrito, nas páginas do jornal comunista. Nos tempos de abertura democrática, A Classe Operária sempre circulou abertamente; no passado, foram períodos democráticos curtos. Hoje, quando o Brasil vive seu mais longo período histórico de consolidação democrática, o Partido Comunista do Brasil reconquistou sua legalidade em 1985 e, com ele, A Classe Operária pode sair da clandestinidade e voltar à luz do dia. O jornal vive hoje uma fase de fortalecimento de sua vocação original de se dirigir diretamente aos trabalhadores e ser um instrumento de estruturação partidária. A Classe Operária nunca se afastou de sua característica fundamental de ser um jornal comunista e revolucionário, instrumento da organização de classe e partidária dos trabalhadores. Seu jornalismo se distingue justamente pela consciência dessas imposições de classe, consciência que é um dos pressupostos do jornalismo comunista que se desenvolve em torno de três balizas principais: a política do Partido; o programa do Partido; a filosofia do Partido, que é o marxismo leninismo. Esta apresentação eletrônica da coleção de A Classe Operária contém os exemplares que sobreviveram à fúria repressiva através das décadas. Ela foi possível graças ao historiador e militante comunista José Luiz Del Roio, ao IAP (Instituto Astrojildo Pereira) e ao CEDEM (Centro de Documentação e Memória da UNESP), instituição fez o tratamento da coleção sendo, atualmente, depositária para consultas. A Fundação Maurício Grabois registra aqui seu agradecimento ao emprenho e à autorização de todos para a reprodução eletrônica deste conteúdo histórico fundamental. Muito obrigado, camaradas e amigos! José Carlos Ruy - Editor de A Classe Operária Leia texto de Otávio Brandão sobre "A Classe Operária" |