ECCE HOMO Ou como se chega a ser o que se é
Friedrich Nietzsche |
"Não deixa de ser curiosa e surpreendente a imagem que Nietzsche nos oferece de si mesmo neste escrito agreste e, por vezes, de tom alucinatório; ou a maneira como interpreta alguns rasgos do seu pensamento e da tarefa que aqui empreendeu. Fala-nos, por exemplo, do seu ódio ao idealismo, do seu ateísmo instintivo, quase visceral, portanto não apenas teoricamente postulatório, da sua indiferença total à experiência religiosa (será essa uma das razões por que foi de todo insensível à mística cristã, na sua avaliação exclusivamente «moral» do cristianismo?). Vê-se sobretudo como psicólogo, com um faro infalível e umas antenas psicológicas para a múltipla imundície oculta no fundo das almas. Tenta, por isso, delinear a psicologia do cristianismo - negação da vontade viver - cujo nascimento deriva, aos seus olhos, do ressentimento e que investe sobretudo no antagonismo mortal à vida; e também a psicologia do “sacerdote”, do qual denuncia o instinto de negação e de perversão sob os seus mais santos conceitos de valor. De facto, Nietzsche exalta repetidamente, sem temer a monotonia, a sua mestria em descobrir instintos de decadência, em inverter perspectivas, a sua psicologia da «visão dos recantos» e, citando Ovídio, a sua “apetência pelo negativo” (“nitimur in vetitum”). Segundo ele próprio afirma, não pretende (como os sacerdotes) «melhorar» a humanidade, mas tão-só desmascarar os esconderijos e o subterrâneo do ideal, subverter o ideal ascético e os seus danos, derrubar ídolos, lutar contra o mundo fictício, narrar a história oculta dos filósofos (dos quais muitos são “sacerdotes disfarçados”!), investigar as " (da Apresentação)
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Índice |
Apresentação |
Prefácio |
Porque sou tão sábio |
Porque sou tão sagaz |
Porque escrevo tão bons livros |
O Nascimento da Tragégia |
As Considerações Intempestivas |
Humano, Demasiado Humano |
Aurora |
A Gaia Ciência |
Assim Falou Zaratustra |
Para Além do Bem e do Mal |
Genealogia da Moral |
Crepúsculo dos Ídolos |
O Caso Wagner |
Porque sou um destino |
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