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  Marxismo

Doutrina social que tomou o nome do seu fundador, Marx, no seculo XIX.

— “É completa e harmônica: dá aos homens uma concepção unitária do mundo, que não se pode conciliar com nenhuma superstição, com nenhuma reação, com nenhuma defesa da opressão burguesa O marxismo é o sucessor legitimo de tudo o que o gênero humano criou de melhor no seculo XIX: a filosofia clássica alemã, a economia politica inglesa e o socialismo francês" . (Lenine) . — “O marxismo não é apenas uma teoria do socialismo; é uma concepção do mundo, um sistema filosófico do qual emana, logicamente, o socialismo proletário de Marx”. (Stalin).

— “O marxismo é uma doutrina revolucionaria e, portanto, polemica: mas este caráter polemico não contradiz, em absoluto, sua natureza cientifica” (Lenine).

— O marxismo não é um dogma, valido rigidamente para qualquer região do mundo e quaisquer condições, mas um guia seguro de ação e estudo das condições gerais e particulares. O marxismo permite não só a interpretação, mas ensina também a transformar o mundo social. O marxismo não é, como o pretendem alguns, um quadro limitado de ideias e princípios, dentro do qual caibam, mecanicamente, todos os fenômenos e todos os fatos que vão surgindo na variação constante da vida A essência do seu conteúdo dialético está em aplicar uma tese geral que, pelos seus fundamentos e por seu alcance, é ajustável internacionalmente a cada situação, de acordo com as características particulares Por isso, é fecunda a ação que se inspira na teoria marxista Não é nenhum fruto da especulação de algum pensador isolado da vida que se desenrola ao seu redor; não é tampouco uma doutrina formulada com os dados da realidade colhidos num só determinado país ou num único momento O marxismo é o resultado do exame de fatos inegáveis que se registam no panorama do mundo e se sucederam no curso histórico da vida social. Como filosofia da vida; não se pode circunscrever a manifestações isoladas dos fenômenos. Como interpretação cientifica da historia, aplica-se ao exame das experiências, tão diversas entre si, de todos os povos e de todos os países. Como doutrina econômica e social, é a projeção da sociedade capitalista num campo teórico e representa a transição dos diversos regimes anteriores para novas formas sociais de produção.

Labriola tem razão quando afirma: "Nos países em que o marxismo quiser desenvolver-se, não poderá limitar-se a ser simplesmente um produto do “pensamento estrangeiro”. Se quiser triunfar num país, far-se-á necessário um esforço para conseguir explicar, dentro desse país, a realidade histórica concreta à luz dos princípios do marxismo; em demonstrar que o método dialético, o materialismo dialético, é um método universal, no sentido de que a realidade concreta de que se trata, quaisquer que sejam as suas características especificas, tem sua própria explicação em si mesma, na luta das suas contradições internas, e que todas essas “características especificas” nascem de uma raiz, da luta de classes, do desenvolvimento da luta dos antagonismos, na realidade concreta — histórica, econômica, geográfica — do país que se estuda”.

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O marxismo procede filosoficamente do hegelismo, quanto à dialética, e do Feuerbachismo, quanto ao materialismo Marx fez do método dialético de Hegel o fundamento de uma inversão radical da tese da primazia do pensamento. O pensamento não determina, segundo Marx, o processo histórico e com ele as relações econômicas. estas é que são o fator real e principal determinantes, a estrutura fundamental sobre a qual se erguem superestruturas dependentes. Esta ideia fundamental deu origem ao materialismo dialético e ao materialismo histórico.

O valioso de Hegel, para Marx, é o método e não o conteúdo. O conteúdo hegeliano refere-se sobretudo à tese sustentada com insistência da primazia do “Espirito Absoluto” e do autodesenvolvimento do espirito. Para Marx, a realidade é o contrario: o primário, é a natureza; o secundário, o pensamento (o espirito). A natureza, porém, não é concebida aqui num sentido simplesmente materialista e determinista. A natureza é também o conteúdo sobre o qual se aplica o método dialético: o materialismo dialético da mesma forma que o materialismo histórico são completamente alheios ao mecanicismo. A natureza é, no fundo, não a supressão da liberdade, mas a condição da liberdade. Esta liberdade se realiza na natureza quando nela aparece o homem como o motivo da historia.

A aplicação da dialética na interpretação da historia proporciona uma imagem coerente do curso histórico e permite passar, por sua vez, à critica do existente — a sociedade capitalista — posto que esta não é mais que a ultima e caduca etapa desta fase histórica, o momento necessário para a transformação em organização socialista. A historia se desenvolve condicionada pelas formas de produção; a economia como fator principal e real da historia produz por sua vez formas culturais. Estas formas, consideradas pelos "idealistas" como produções do pensamento (espirito), não são mais que manifestações das relações de produção, superestrutura da atividade econômica.

Mas a superestrutura não será sempre o resultado de uma vinculação eternamente direta e imediata das “ideias" com a “economia". A economia, como fator real e principal determinante, produz superestruturas que podem tornar-se independentes e predominantes, relativamente, em determinados momentos. Quando se estabelecer a sociedade comunista, essa independência se acentuará sobremodo. Este “salto à liberdade" só se verificará, entretanto, ao fim de um largo desenvolvimento, após uma serie de negações e superações necessárias, que se manifestarão através da historia. Desde as antigas formas de produção até o moderno e atual capitalismo, passando pelo escravismo e o domínio feudal, a historia é, segundo o marxismo, a luta incessante e cruel entre os oprimidos e os opressores. Esta luta, que culmina no imperialismo, entre os expropriadores e expropriados, entre os burgueses e os proletários, tem que terminar forçosamente com uma revolução, através da qual o proletariado deve tomar o poder. Mas esta tomada do poder não será, entretanto, o final do processo histórico, não constituirá ainda de um modo decisivo o “salto à liberdade".

O Estado, que em mãos da burguesia é um instrumento de opressão (e não como crê o liberalismo politico o ponto de coincidência dos interesses nacionais), transformar-se-á, em mãos do proletariado, em um instrumento de libertação. Para este fim, o proletariado se servirá do Estado (Ditadura do Proletariado) como um meio para a supressão de classes; inclusive, por fim, do próprio Estado e da classe proletária como tal.

O proletariado não é, por conseguinte, uma etapa final: é simplesmente o instrumento da libertação definitiva, com a supressão de todas as classes; o proletariado é a negação do capitalismo, a antítese, que ao ser negado, por sua vez, se supera na síntese, na sociedade sem classes. Somente quando a sociedade sem classes se estabelecer na face da terra, em fase histórica, à custa da Ditadura do Proletariado, a economia deixará de ser o fator real determinante para converter-se em superestrutura da mesma sociedade, pois as forças produtivas socialistas chegarão a um nível tal, que haverá uma imensa abundancia de produtos, o que permitirá ao homem mais depressa se libertar do condicionamento econômico, realizando o seu “salto à liberdade". E, então, a supremacia do econômico sobre o politico cederá lugar, paulatinamente, à primazia do politico sobre o econômico, o que equivale à maior importância da atividade humana livre sobre a necessidade material. O determinismo da historia e da natureza não são para o marxismo o determinismo de uma matéria inerte e passiva; são o determinismo de uma dialética que reconhece a transformação da quantidade em qualidade, e no seu oposto.

  Fonte: Introdução ao Estudo do Marxismo
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