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Bernstein, Eduard | ||||||||||||||||||||||||||
(1850-1932): Escritor social-democrata alemão. Tornou-se amplamente conhecido quando, no fim do seculo passado, pretendeu uma revisão dos fundamentos do marxismo (daí o nome de revisionismo dado a essa tendencia): O seu revisionismo, que, do ponto de vista eclético e pequeno-burguês, atacava o caráter dialético das doutrinas de Marx, negava suas conclusões revolucionarias (teorias da miséria crescente e da derrocada final do regime, revolução violenta, concepção do Estado, etc.) e propunha-se a acrescentar à economia social da burguesia seus “complementos" e “correções", revelando, desde o inicio, os característicos da ideologia imperialista da aristocracia operaria. O bernsteinianismo representava, desse modo, nos quadros da social-democracia e da Segunda Internacional de antes da guerra, o reflexo ideológico da prática oportunista dos líderes social-democratas e trade-unionistas. Em progressão continua, sua teoria caminhou para a traição, com a posição cada vez mais equivoca de Kautski. Após a guerra, seu revisionismo constituiu o evangelho oficial cerradamente defendido por toda a social-democracia internacional e seus líderes, que tiravam todos seus argumentos do seu arsenal (ver, por exemplo, o programa de Heidelberg da social-democracia alemã, 1925): Em suas concepções filosóficas, Bernstein lutou, sobretudo, contra o materialismo dialético e exigiu, ao mesmo tempo que Conrad Schmidt, a “volta a Kant". Em sua confissão antimarxista, Die Voraussezungen des Sozialismus, 1899, (As premissas do socialismo), atacou o método dialético hegeliano nestes termos: “Constitui o que há de traidor na doutrina marxista, a cilada que se coloca à frente de toda observação consequente das coisas". Em seus livros, Bernstein submeteu a completa revisão as afirmações fundamentais do marxismo. Manifestou-se contra a teoria marxista, que demonstra a existência da luta de classes, combatendo a doutrina de Marx, que aponta como inevitável o crack do capitalismo, a revolução socialista e a ditadura do proletariado. Afastando-se da meta final do proletariado — que é o socialismo — Bernstein propôs uma formula oportunista: “O movimento é tudo; a meta final, nada". Foi um dos defensores da fusão do marxismo com o idealismo e o kantismo. Lénin, numa série de trabalhos (Marxismo e Revisionismo, Que fazer?, O Estado e a Revolução, etc.) fez uma critica demolidora das teorias revisionistas de Bernstein). Sobre a publicação da correspondência entre Marx e Engels, realizada por Bernstein, Lénin escreveu um artigo no Pravda. n. 268, de 28 de Novembro de 1920, onde se lê: “A correspondência de Marx e de Engels apareceu há algumas semanas, em Stuttgart, da casa editora Dietz, em quatro grandes volumes. Compreendem um total de 1.386 cartas, escritas no intervalo de tempo compreendido entre 1844 e 1883, inclusive. O trabalho de redação, isto é, a preparação de Prefácios aos grupos de cartas dos diferentes períodos, foi realizado por Ed. Bernstein. Como era de esperar, seu trabalho não é satisfatório, nem do ponto de vista técnico, nem do ponto de vista ideológico. Bernstein não se deveria ter encarregado — depois de sua “evolução" tristemente celebre para as concepções do extremo-oportunismo — da organização de publicar cartas como essas, profundamente penetradas de espirito revolucionário. Os Prefácios de Bernstein são, em parte, desprovidos de conteúdo, e, em parte, simplesmente falsos, quando, por exemplo, em lugar de definição direta, clara e precisa, dos erros oportunistas de Lassalle e de Schweizer, denunciados por Marx e Engels, se encontram frases ecléticas e ataques tais como “Marx e Engels nem sempre tiveram razão contra Lassalle" (tomo III, pagina XVIII), ou, noutro trecho, que eles estiveram “mais perto", do ponto de vista tático, de Schweizer do que de Liebknecht (t. IV, pág. X): Nenhum outro conteúdo têm esses ataques a não ser o de camuflar e dourar o oportunismo. Infelizmente, a atitude eclética, em relação à luta ideológica de Marx contra muitos de seus adversários, cada vez mais se generaliza no seio da social-democracia alemã atual. Do ponto de vista técnico, o índice deixa muito a desejar — um só para os 4 volumes. Os nomes de Kautski, de Stirling, foram omitidos. As notas referentes às diferentes cartas são muito exigias e constam dos Prefácios de redator em lugar de estarem distribuídas ao lado das cartas correspondentes como o fez Sorge, etc. O preço de venda da edição é excessivo — perto de 20 rublos pelos 4 volumes. É fora de duvida que se poderia e era dever publicar a correspondência completa, com menos luxo, a um preço mais acessível, e publicar em coletânea as passagens mais importantes do ponto de vista ideológico para difundi-las largamente entre os operários. Estes defeitos da edição, certamente tornarão difícil o estudo da correspondência. É lamentável, pois o seu valor cientifico e politico é imenso”. Obras de Bernstein: Sozialismus und Demokratie in der grossen englischen Revolution, 1895, (O socialismo e a democracia na grande revolução inglesa); Die Voraussezungen des Sozialismus und die Aufgaben der Soziaildemokratie, 1899, (As premissas do socialismo e as tarefas da social-democracia); Zur Theorie and Geschichte des Sozialismus, (Contribuição à teoria e a historia do socialismo); coletânea de artigos em três volumes, 1901; etc. |
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Fonte: Lênin - Materialismo e Empirocriticismo | ||||||||||||||||||||||||||
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